segunda-feira, novembro 26

FATAL

Poema


Fatal

Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma atriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem
como se dissessem: acomoda-te no teu galho
eu penso: bonitos como potros. Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero.
Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso.

Adélia Prado

[No dia 23 de dezembro de 2003 pouco tempo após ter conhecido, tardiamente, a poesia da Adélia Prado, pela qual me apaixonei, coloquei o poema Fatal.]

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