sábado, abril 27

POLÍTICA (2)

Os discursos. No palco da política os discursos desvalorizam-se cada dia que passa. Por vezes aflora no discurso político uma ou outra, rara, faceta de autêntica inovação. Aí surge uma réstia de esperança no ressurgimento do prestígio perdido da política. Ontem na sic notícias Ferro Rodrigues ensaiou, uma vez mais, um discurso promissor que, em síntese, assenta na ideia de que é preciso, e urgente, criar uma alternativa política no lugar da tradicional alternância. Ou seja, ir além de um modelo de alianças entre os partidos tradicionalmente situados à esquerda ou à direita, conforme a lógica tradicional do entendimento de esquerda e direita. Ir mais longe nos alinhamentos políticos/partidários em prol de uma alternativa política de governo aberta. Não um governo de iniciativa presidencial mas um governo de iniciativa cidadã através de partidos que a tenham sido capazes de reconquistar representando aspirações e interesses de todos e de cada um dos cidadãos. No fundo a manifestação de uma exigência de reforma do próprio modelo de representação politica através do voto livre e democrático, não contra os partidos, mas com partidos renovados através da sua autêntica abertura à participação (repito – participação!). É preciso promover uma reforma do modelo da democracia representativa para que, nas minhas palavras, não seja a própria democracia a ser posta em causa. E a paz. E a liberdade.
(raramente me pronuncio acerca de pronunciamento públicos de políticos e ainda mais raramente acerca dos pronunciamentos públicos do Ferro Rodrigues por pudor que resulta de uma amizade duradoura e antiga. Mas na presente situação não dá mais para estar calado.)

 

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