Limpar o pó dos livros tem esta faceta extraordinária de nos fazer redescobrir livros, opúsculos, panfletos, e outros documentos, que estiveram dezenas de anos fora do nosso olhar.
A minha mulher é que é responsável por esta empreitada ao tomar a iniciativa de mandar pintar a casa toda. Foi assim que surgiu, entre outros, este opúsculo, muito bem conservado, contendo a "Alocução aos Socialistas", de António Sérgio. Editado pela "Editorial Inquérito" contém a seguinte anotação, a lápis, no cimo da primeira página: "60475=11/7/47=709 6$00".
Por coincidência está a decorrer a campanha para o Congresso do PS. Tenho ouvido, com atenção, Manuel Alegre. Sem menosprezo pelos outros candidatos ouço com prazer Manuel Alegre. Ele próprio explicou o porquê da importância da palavra.
Estou convicto que a diferença entre os candidatos não está tanto nos programas, mas nos protagonistas. Sem menosprezo pelos programas. Mas, convenhamos, que, na política, é muito mais fácil elaborar e apresentar um "bom programa" do que fazer emergir e afirmar, face à nação, um bom candidato, ou seja, um verdadeiro protagonista.
Manuel Alegre é um protagonista autêntico tanto quanto se pode ser autêntico na política. É um homem da palavra. Com espessura humana e intelectual. Veja aqui uma biografia sua.
E o blog da sua candidatura
Ainda a propósito da sua entrevista de ontem, à SIC- Notícias, aqui deixo uma nova transcrição da "Alocução aos Socialistas", proferida por António Sérgio, no 1º de Maio de 1947.
Nela surge a abrir, curiosamente, a frase que, em 1974, encimava a declaração de princípios do extinto MES (Movimento de Esquerda Socialista) cuja adopção deve ter resultado, certamente, da iniciativa de César de Oliveira.
""A emancipação dos trabalhadores" (escreveu ainda Antero naquele mesmo artigo - O Socialismo e a Moral) "deve ser obra do próprio esforço dos trabalhadores; por conseguinte, antes de tudo, e como primeira condição, da sua energia moral, da sua perseverança, da sua firme dignidade; numa palavra: não somente da agitação colectiva (muitas vezes superficial e inconsistente) mas da sólida virtude dos indivíduos".
Tal pensava o poeta: da sólida virtude dos indivíduos. E se assim sucedia naquele tempo dele, meus amigos; se era assim há sessenta anos, - com maioria de razão o devemos pensar neste nosso, quando a ideia socialista já tanto avançou no seu rumo, já tanto se impôs como ideia. Sim, já tanto se impôs como ideia: e, por isso, o importante, na nova fase em que estamos, é que se imponham os indivíduos em que tal ideia encarna, - pela sua firme dignidade, pela sua energia moral."
A minha mulher é que é responsável por esta empreitada ao tomar a iniciativa de mandar pintar a casa toda. Foi assim que surgiu, entre outros, este opúsculo, muito bem conservado, contendo a "Alocução aos Socialistas", de António Sérgio. Editado pela "Editorial Inquérito" contém a seguinte anotação, a lápis, no cimo da primeira página: "60475=11/7/47=709 6$00".
Por coincidência está a decorrer a campanha para o Congresso do PS. Tenho ouvido, com atenção, Manuel Alegre. Sem menosprezo pelos outros candidatos ouço com prazer Manuel Alegre. Ele próprio explicou o porquê da importância da palavra.
Estou convicto que a diferença entre os candidatos não está tanto nos programas, mas nos protagonistas. Sem menosprezo pelos programas. Mas, convenhamos, que, na política, é muito mais fácil elaborar e apresentar um "bom programa" do que fazer emergir e afirmar, face à nação, um bom candidato, ou seja, um verdadeiro protagonista.
Manuel Alegre é um protagonista autêntico tanto quanto se pode ser autêntico na política. É um homem da palavra. Com espessura humana e intelectual. Veja aqui uma biografia sua.
E o blog da sua candidatura
Ainda a propósito da sua entrevista de ontem, à SIC- Notícias, aqui deixo uma nova transcrição da "Alocução aos Socialistas", proferida por António Sérgio, no 1º de Maio de 1947.
Nela surge a abrir, curiosamente, a frase que, em 1974, encimava a declaração de princípios do extinto MES (Movimento de Esquerda Socialista) cuja adopção deve ter resultado, certamente, da iniciativa de César de Oliveira.
""A emancipação dos trabalhadores" (escreveu ainda Antero naquele mesmo artigo - O Socialismo e a Moral) "deve ser obra do próprio esforço dos trabalhadores; por conseguinte, antes de tudo, e como primeira condição, da sua energia moral, da sua perseverança, da sua firme dignidade; numa palavra: não somente da agitação colectiva (muitas vezes superficial e inconsistente) mas da sólida virtude dos indivíduos".
Tal pensava o poeta: da sólida virtude dos indivíduos. E se assim sucedia naquele tempo dele, meus amigos; se era assim há sessenta anos, - com maioria de razão o devemos pensar neste nosso, quando a ideia socialista já tanto avançou no seu rumo, já tanto se impôs como ideia. Sim, já tanto se impôs como ideia: e, por isso, o importante, na nova fase em que estamos, é que se imponham os indivíduos em que tal ideia encarna, - pela sua firme dignidade, pela sua energia moral."