segunda-feira, setembro 6

Maria João Pires

Uma das maiores figuras da cultura portuguesa, a pianista Maria João Pires, está desiludida. Ao contrário de tantos outros optou por ficar em Portugal. Investiu as suas energias e prestígio num arrojado projecto cultural no interior.

No interior promovendo a verdadeira deslocalização, o combate, a sério, contra a desertificação humana, o equivalente a umas 20 Secretarias de Estado. Enfim o mais difícil. Ainda para mais os incêndios, deste verão, tocaram a Belgrais.

É que há territórios do interior que apoiam, através da sua própria existência física, ou dos rendimentos que geram, projectos culturais. É o caso de Belgrais, de Maria João Pires, como de um outro, que conheço melhor, o da "Fundação de Fronteira e Alorna", de Fernando Mascarenhas. O ano passado também ardeu uma grande área do montado de sobro, situado no Alentejo, que financia, em parte, as actividades desta Fundação.

Os projectos culturais destas entidades, sob o impulso de mulheres e homens verdadeiros defensores da cultura, sofrem também, em silêncio, com os incêndios.

No seu desabrimento Maria João Pires assume as dificuldades das iniciativas ousadas e, quantas vezes, a impotência dos seus mentores face à desconfiança, à inveja e à ignorância. Portugal deixa-se abandonar pelos seus melhores filhos ou exila-os na sua própria terra. Resta Espanha e o Atlântico, não é?

"Pianista Vai Dirigir Projecto Cultural em Salamanca"


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