No dia 11 de Setembro de 2001, pelas oito da manhã, fui levar o meu filho à escola. Era o primeiro dia de aulas. Foi um final de ano penoso. Por volta da hora do almoço reparei num aparelho de TV que, contra o que era hábito, estava ligado numa sala que antecedia o meu gabinete de trabalho. Assisti, em directo e incrédulo, ao momento em que o segundo avião trespassou uma das torres. A ficção tornara-se realidade.
Não menosprezo a importância do acontecimento e o seu significado político global. O terrorismo existe. Estabelece os alvos a atingir, parece orientar-se por uma estratégia maduramente pensada algures, tem apoios de estados, grupos económicos e povos, gera dinâmicas de radicalização político-religiosa e alimenta o ambiente para o fortalecimento de ideologias fundamentalistas e políticas securitárias, tendencialmente, restritivas das liberdades.
Passaram cinco anos. Quase tudo já foi dito acerca dos efeitos da estratégia política de combate ao terrorismo concebida e executada pela administração Bush. Existe uma vasta bibliografia acerca do assunto. Bush entrou, aparentemente, num beco sem saída. Sairá da Casa Branca sem honra nem glória. Blair ainda sairá antes. Outros já saíram, ou ficaram, mas ninguém lhes atribui importância alguma.
Sou contra o terrorismo. Não restem dúvidas. Mas o terrorismo é um fenómeno antigo e um tema cuja abordagem aconselha prudência. Sou contra a política e a ideologia da administração Bush mas admirador da América e do seu povo. Afinal sou um cidadão normal. A maioria dos cidadãos do mundo, ao que penso, com mais ou menos palavras, defendem esta mesma posição: são contra o terrorismo e a administração Bush.
Na próxima 2ª feira, dia 11 de Setembro de 2006, pelas oito da manhã vou levar o meu filho à escola. É uma escola laica e será, de novo, o seu primeiro dia de aulas.