domingo, setembro 16

"GUERRA CIVIL" NA JUSTIÇA?

Posted by PicasaFernando Delgado

Tenho lido, e ouvido, nos últimos tempos, que o governo está a tomar medidas legislativas que impedem os jornalistas de pugnar pela defesa do interesse público. Alguns jornalistas dos mais letrados, e os seus patrões, entraram em estado de levitação afirmando, com as letras todas, que é uma nova ditadura que aí vem! Deu-me vontade de rir ... desculpem mas deve ser dos nervos ...

Pois são aqueles que se dedicam, como seu mister, a informar, sendo pagos para isso, que se não comprazem com as leis que lhes imporão limites à divulgação de certas informações, como por exemplo, o teor de escutas efectuadas em processos judiciais, que divulgam peças como o “Diário de uma Estrangeira” enquanto as autoridades com voz activa na matéria assobiam para o ar.

Arrumando livros nas estantes encontrei um opúsculo intitulado: “Declarações de voto sobre um contraprojecto de Lei de Imprensa (Do parecer da Câmara Corporativa sobre a proposta e o projecto de Lei de Imprensa).” O que me sugeriu a descoberta, além de me trazer à memória nomes sonantes do antigo e do novo regime, foi que esta é uma discussão muito antiga e que, hoje, já ninguém se lembra o que se discutiu ontem mesmo que ontem tenha sido, literalmente, ontem.

Passou-me pelas mãos também uma edição do “Príncipe”, de Maquiavel, e nela reparei em dois sublinhados que resultaram, certamente, da minha primeira leitura: “Os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar”. “Os homens, em geral, julgam mais com os olhos do que com as mãos, porque todos podem ver facilmente, mas poucos podem sentir.”

Aos raros homens e mulheres que podem sentir é que a sociedade deveria cometer a delicada tarefa de julgar outros homens e mulheres. Mas, no nosso país, a massificação do mister da justiça, ainda nos idos dos anos 70, deu “nozes a quem não tem dentes”.

E assim, a administração da justiça atingiu os píncaros da impotência, permitindo que sejam despejadas para a opinião pública peças de processos, informações e contra informações, insinuações e contra insinuações, enfim, o horror de, em cada caso que capte audiências, e "venda", acusação e defesa se digladiem na praça pública. Entretanto, pelos interstícios, vão-se fazendo uns ajustes de contas .... assim a modos de uma "guerra civil".
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TELMA MONTEIRO

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sábado, setembro 15

A FRONTEIRA

Os combates feudais não puseram em causa o traçado da fronteira entre Portugal e a Galiza que, por consenso largamente aceite, seguia o curso do rio Minho e, mais para leste, o do rio Lima. (...) antes de meados do século XII, Portugal já era considerado um “reino”, o que significa, pelo menos, que tinha um território próprio.

Apesar disso, Afonso Henriques não desistiu facilmente de incorporar no seu reino os condados do Sul da Galiza. Em 1140, voltaria a tentar apoderar-se do território de Toroño, e na década de 1160 retomaria as suas pretensões sobre os distritos de além-Minho, conseguindo, até, uma posição de supremacia que o então rei de Leão Fernando II teve dificuldade em abalar, até que a conjuntura se alterou para sempre devido ao “infortúnio” de Badajoz.

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”9. “A homenagem a Afonso VII”, pg. 104 (24).
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DIAS FELIZES


Já não vou falar mais deste infeliz acontecimento. Mas esta é uma boa notícia: ao manter Scolari a FPF garante que Portugal conseguirá a proeza de não perder os quatro jogos que lhe faltam disputar: Cazaquistão, Azerbeijão, Arménia e Finlândia. Adversários de tomo está bem de ver. O problema está em que para garantir a qualificação Portugal deverá precisar de os ganhar a todos ...
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sexta-feira, setembro 14

CASO RENAN

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REGRA V

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra V“Todo o método consiste na ordem e disposição dos objectos sobre os quais é preciso fazer incidir a penetração da inteligência para descobrir qualquer verdade. A ele permaneceremos cuidadosamente fiéis, se reduzirmos gradualmente as proposições complicadas e obscuras a proposições mais simples, e em seguida, se, partindo da intuição das que são as mais simples de todas, tratarmos de nos elevar pelos mesmos graus ao conhecimento de todas as outras.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”

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CATATAU RESPONDEU AO DESAFIO: “Os Livros que NÃO mudaram minha vida”.
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ESTRANHA FORMA DE VIDA!


É possível que, mais uma vez, tenha que ser uma organização internacional a tomar uma decisão que caberia às entidades nacionais responsáveis: despedir Scolari! Quer dizer, a UEFA pode suspendê-lo de funções, por um período mais ou menos longo, a FPF segura-o, pagando, e um tal senhor Murtosa, que dizem que é muito competente, passa a dar a cara. E os patrocinadores de Scolari vão continuar a pagar a alguém que já não (ganha) vende nada? É que o mercado das ilusões é muito sensível. Estranha forma de vida!
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quinta-feira, setembro 13

CHILE - 11 DE SETEMBRO

Fotografias de Hélder Gonçalves

O Hélder Gonçalves – Professor Engenheiro – meu companheiro, fotógrafo amador, dos bons, para meu gosto, também nunca esqueceu o 11 de Setembro – não é esse! – É o do Chile – 1973. Coisas que nos ficam na memória! Não há nada a fazer. São as lições da história! As marcas das balas, o bombardeamento do Palácio de La Moneda, com Allende lá dentro, o apelo desesperado através da rádio, a sua vida dada em troca da defesa da honra.

Coisa de heróis românticos. Neruda, já estava doente, vistoriaram-lhe a casa, morreu poucos dias depois. Ruy Belo, numa praia portuguesa, com certeza, escreveu um poema daqueles de cortar o coração – pelo menos o meu – e nós recebemos, por aqueles meses da revolução portuguesa, os resistentes chilenos. O Hélder Gonçalves mandou-me as fotografias a tempo, estranhou o silêncio do lado de cá, insistiu, eu agradeço, mas a máquina pifou, de vez em quando acontece, e não postei.

O 11 de Setembro passou e o que o Hélder sugere é uma homenagem aos desaparecidos, que a ditadura chilena não era de modas e “desembarcou”, no alto mar, com a conivência dos “democratas” americanos, os opositores que se deixaram apanhar, alguns deles, antes de terem percebido a tragédia em que mergulhara o Chile cuja história sempre tinha ensinado, e praticado, a tradição democrática.
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A VERDADE

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra IV – “Para a investigação da verdade é necessário o método.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”
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JÁ BASTA

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terça-feira, setembro 11

"A DIRECÇÃO DO ESPÍRITO"

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra III – “No que respeita aos objectos considerados, não é o que o que o outro pensa ou aquilo que nós próprios conjecturamos que é preciso procurar, mas aquilo que podemos ver por intuição com clareza e evidência, ou aquilo que podemos deduzir com certeza: nem é de outro modo, com efeito, que se adquire a ciência.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”
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CORRENTES DE LEITURA

Posted by PicasaIlustração daqui

O António – Fim de Semana Alucinante, o Joaquim - Respirar o Mesmo Ar e o Porfírio – Machina Speculatrix já corresponderam ao desafio da corrente “10 Livros que Não Mudaram a Minha Vida”. Como seria de esperar, como soe dizer-se, “cada cor seu paladar”. É mesmo esse o encanto destas coisas…
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segunda-feira, setembro 10

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UMA PRENDA PARA O DIOGO

Posted by PicasaFotografia de Família
(Clique para ampliar)


No primeiro dia de aulas do meu filho, lembrei-me que, este verão, ele foi acampar, pela primeira vez, com os amigos. Coube-me em sorte ir buscá-los, a Porto Covo, no fim da aventura. Acho que nunca na minha vida tinha ido a Porto Covo.

Já sem falar no Parque de Campismo a única coisa que se aproveita é a paisagem natural que a custo vai sobrevivendo aos desvarios da intervenção devastadora do homem. Mas os rapazes sobreviveram e exercitaram a sua capacidade de gerir, com autonomia, o quotidiano incluindo uma ida a pé a Sines caminhando 3 horas e meia.

Mas esta prosa vem a propósito de ter descoberto, à vinda, que o meu filho tinha levado com ele “A Cabana do Pai Tomás”, de Harriet Beecher Stowe, para que um amigo o lesse. Reparei que esse exemplar me foi oferecido pelo Carlos Diogo, um colega de escola, certamente pelo meu aniversário.

Ele vive nos Estados Unidos e está representado na fotografia oficial da turma do 1º ano no liceu de Faro que ilustra este post. Que a tome como prenda minha em retribuição daquele livro que tanto me comoveu.
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O Diogo é o nono, na fila de cima, a contar da esquerda. Eu próprio sou o terceiro, na fila do meio, a contar da direita. O António Bexiga é o terceiro, na fila de baixo, a contar da direita. As professoras são a Dra. Madruga (mãe de muitos filhos entre eles a atriz Teresa Madruga - que será feito dela?) e a Dra. Maria José(?).
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SALVADOR ALLENDE

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domingo, setembro 9

UMA SEPULTURA EM LONDRES

Posted by PicasaKarl Marx

Quem estiver interessado pode ler o poema “Uma sepultura em Londres”, de Jorge de Sena, a que faço referência no artigo “Apetecia-me escrever …”
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"A BAIXA" À DIREITA

Posted by PicasaMaria José Nogueira Pinto

Nogueira Pinto à frente da Baixa

Estava à vista esta nomeação. É uma ideia que vem de longe. A falência da aliança de direita no governo e na CML deixou despojos entre ruínas. Depois do “Zé” vem a “Zézinha” e está fechado o arco do poder na CML. Os extremos unem-se em torno do PS. Manobras perigosas! Um amigo pergunta-me quando chegará a hora de Louçã assumir a Economia e Paulo Portas a Administração Interna. Humor negro está bem de ver …
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Movimento religioso feminino

(…) “Com efeito, a partir de 1147, o rei concentra a sua política no povoamento e reestruturação do Entre Douro e Mondego, sobretudo nos territórios recém-conquistados. Nessa altura, os seus principais objectivos orientam-se para a defesa e consolidação do território a fim de evitar a sua recuperação pelos sarracenos. Esta concentração de esforços tinha como contrapartida um certo alheamento para com os territórios de regime senhorial a norte da serra de Estrela. Dir-se-ia, pois, que Afonso Henriques considerava o movimento religioso feminino como um assunto que não lhe dizia respeito a si, mas aos nobres e à Igreja. De facto, eram eles os primeiros interessados em proteger os mosteiros onde podiam professar as viúvas e as filhas excluídas do casamento. Como é evidente, este aspecto da política régia não diminui em nada o importante papel desempenhado pelo nosso primeiro rei na história religiosa do seu tempo: mas mostra quais eram as suas preferências espirituais e, ao mesmo tempo, de que maneira ele as articulava com as suas responsabilidades de soberano. Confirma o que anteriormente vimos acerca da sua progressiva consciência daquilo a que podemos chamar, com evidente anacronismo, as suas funções de chefe de Estado. Foi essa consciência que o levou a tornar-se cada vez mais independente da aristocracia nortenha e que o orientou na escolha dos seus auxiliares, nas suas actividades militares, na política de repovoamento, nas relações com o papa, com os bispos e com os outros soberanos.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”8. “Eremitas, cistercienses e monjas”, pg. 97 (23).
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sexta-feira, setembro 7

APETECIA-ME ESCREVER ...

Posted by PicasaSean Perry

O artigo com o título em epígrafe já está disponível no site do “Semanário Económico”. Reproduzo-o na íntegra com uma chamada de atenção para a nota que pode ser lida no IR AO FUNDO E VOLTAR.
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"Quando se meditou muito sobre o homem, por ofício ou vocação, acontece-nos sentirmos nostalgia dos primatas. Esses ao menos não têm segundas intenções." - Albert Camus

Apetecia-me escrever acerca das relações entre a idiossincrasia dos povos e o mercado; entre a opressão e a criatividade; entre os regimes políticos e a economia; entre a liberdade e a justiça social. Apetecia-me descrever uma visita de férias a Cuba, incensar o seu belo povo, mais as suas conquistas sociais menos a falta de liberdade.

Apetecia-me escrever acerca de falências e taxas de juro, “modelos de governação” e “mercados de risco”, compras e vendas, salários e desemprego. Apetecia-me transcrever o poema “Uma sepultura em Londres”, de Jorge de Sena e a nota em que ele diz que, em 1969, “não podia anotar-se, para notícia dos distraídos, que esta sepultura era obviamente a de Karl Marx”. Estranho não é? Estávamos no tempo da ditadura.

Apetecia-me escrever, à saída de férias, acerca do clima. Das inundações nos países ricos e nos países pobres. De terramotos. De incêndios. De calamidades naturais, suas origens e trágicas consequências, que não escolhem nem os hemisférios nem os indicadores de desenvolvimento sócio económico dos países. Será o “desenvolvimento sustentável” levado a sério na agenda do futuro G8/13?

Apetecia-me escrever acerca da guerra do Iraque e da “tocata e fuga”, ou “fuga sem tocata”, do quarteto dos Açores. Das mentiras planetárias inventadas para a justificar. Dos políticos vulgares que esquecem as promessas, mentem e se contorcem ao sabor das quotas de popularidade, fazendo do verbo omitir a sua religião de todos os dias. Sou dos que ainda acreditam que na política, a”boa moeda” haverá de expulsar a “má moeda”. Imaginem!

Apetecia-me escrever que uma das medidas que, em breve, deverá obter consagração legal, no âmbito da reestruturação do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) é a que transformará o INATEL em “fundação de direito privado e utilidade pública”, consagrada no PRACE (“Programa para a Reestruturação da Administração Central do Estado”) da seguinte forma:

“Deixa de integrar o MTSS saindo da Administração Central do Estado: O Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores, I. P. – INATEL, sob a forma de fundação de direito privado e utilidade pública.”

Apetecia-me escrever que esta reforma está atrasada uns sete anos, uma minudência, e, desculpem a imodéstia, tem direitos de autor pois foi elaborada, do princípio ao fim, com detalhe técnico e consenso com os parceiros sociais, no tempo em que eu próprio era presidente daquela instituição da qual saí vai para cinco anos.

Apetecia-me escrever, com detalhe, acerca do caso em apreço, que é somente um entre muitos que mostram como as reformas da administração pública, em Portugal, sempre se atrasam, prisioneiras de preconceitos ancestrais e cinismos beatos, e ai daqueles que as quiserem prontas, em tempo útil, que o Estado estrebucha, os privados salivam e o povo geme.
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POPULISMO A CADA ESQUINA

Posted by PicasaEl Pais

Madeleine: Kate McCann entra nas instalações da PJ sob apupos e vaias

O populismo espreita a cada esquina. É a segundo vez que me refiro a este caso que hoje tem honras de primeira página nos jornais e televisões de muitos países.

Seja qual for o desenvolvimento do processo judicial todos os cidadãos têm direito a serem defendidos de toda e qualquer ameaça de julgamento popular.

Será pedir muito às autoridades policiais que mantenham a populaça à distância dos McCann que até ontem eram heróis populares e, a partir de hoje, ameaçam tornar-se execráveis vilões?

Neste caso particular não é só a defesa do mais elementar direito à presunção de inocência, no âmbito de um processo judicial, é a própria imagem do país que está em causa. Já basta o que basta!...
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0 VINHAS

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PROGRESSOS A OCIDENTE ...

Posted by PicasaJoe Skipper/Reuters

Guantánamo prepara julgamentos

As novas correntes para os tornozelos dos detidos na base norte-americana em Guantánamo foram apresentadas hoje... [Sem comentários…]
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