sexta-feira, junho 19

PROJECTAR


Eu sei, tenho a certeza, que alguns destes ilustres economistas já ganharam grosso dinheiro com estudos, projectos e pareceres acerca das chamadas grandes obras públicas cuja oportunidade questionam. Caso vença a tese anti-obreira alguém lhes baterá à porta com novas encomendas para que as voltem a estudar, projectar e interpretar, de preferência, as mesmíssimas grandes obras públicas. É um lobby como outro qualquer!
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JORGE DE SENA

Devolver Jorge de Sena aos portugueses - Parte do espólio que foi doado pela família de Jorge de Sena já está na Biblioteca Nacional de Portugal. Em Setembro, os restos mortais do escritor, que há 50 anos partiu para o exílio no Brasil e nos Estados Unidos, serão transladados para o cemitério dos Prazeres em Lisboa.

Uma notícia importante, embora com erros, pois os restos mortais serão trasladados, … será feita justiça, compreenda quem compreender … eu continuarei, modestamente, a pugnar pela divulgação da sua obra …
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quinta-feira, junho 18

ANTÓNIO PEDRO RUELLA RAMOS

Foi este homem que permitiu que o jornal “Esquerda Socialista”, órgão do extinto MES, se tornasse realidade. Após o 25 de Abril, quase certamente a pedido do José Manuel Galvão Teles, a Renascença Gráfica compôs e imprimiu aquele jornal e alguns dos mais interessantes cartazes de autoria do Robin Fior. Nada era interdito e lembro-me de ter andado pelas instalações do Bairro Alto a acompanhar a produção de alguns trabalhos. A certa altura, no contexto das vicissitudes da chamada imprensa do MES, as dívidas contraídas exigiram um grande esforço de saneamento financeiro que permitiu saldá-las quase todas o que não impediu, quer-me parecer, que tivesse ficado alguma por pagar à Renascença Gráfica. Nunca mais ninguém falou nisso. Mais tarde, quando fui presidente do INATEL, foi adjudicada, por concurso público, à Lisgráfica a impressão da Revista “Tempo Livre”. Era, e continua a ser, uma encomenda de razoável dimensão, física e financeira, para o nosso meio editorial. Os concursos eram anuais. Lembro-me que num dos anos a Lisgráfica perdeu o concurso para outro fornecedor que apresentou melhores condições. O António Pedro Ruella Ramos deve ter ficado aborrecido. Não mexeu uma palha, não mandou recado, nem recriminação. Um grande Senhor!
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AUTOEUROPA

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quarta-feira, junho 17

O Nuno Teotónio Pereira e as desventuras eleitorais do MES


Nuno Teotónio Pereira foi, recentemente, evocado numa cerimónia comemorativa do 85º aniversário da Associação de Inquilinos Lisbonenses. Um dia, pelos idos de 2004, numa série de postas, fiz-lhe uma breve, e escassa, referência considerando que é uma das personalidades mais marcantes da história do MES (Movimento de Esquerda Socialista). Fiquei com uma dívida por pagar.

O Arquitecto Nuno Teotónio Pereira é uma daquelas personalidades raras na qual se juntam um notável curriculum profissional e uma postura de intervenção cívica, persistente e pertinente, assumida desde os tempos da oposição à ditadura. Ele é, na verdade, um dos arquitectos portugueses contemporâneos que foi capaz, como poucos, de integrar, sem cedências à facilidade, as preocupações sociais e a arte de «arquitectar». Há por esse país muitas obras de sua autoria, ou co-autoria, que testemunham esta simbiose.

Nos tempos de brasa do 25 de Abril foi um dos mais proeminentes dirigentes do MES, posição que saiu reforçada aquando da ruptura do grupo de Jorge Sampaio, ocorrida no 1º Congresso de Dezembro de 1974. O MES, na sua curta existência, só participou, de parte inteira, nas duas primeiras eleições da nossa III República: as eleições para a Assembleia Constituinte, disputadas em 25 de Abril de 1975, e as primeiras eleições para a Assembleia da República disputadas em 25 de Abril de 1976.

As nossas esperanças iniciais eram muitas elevadas. A lista do MES, pelo círculo de Lisboa, às eleições para a Assembleia Constituinte, foi encabeçada pelo Afonso de Barros a que se seguiram o Eduardo Ferro Rodrigues, o Augusto Mateus e o Luís Martins (padre, ainda a exercer…). A lista candidata às primeiras eleições legislativas, realizadas em 25 de Abril de 1976, foi encabeçada pelo Nuno Teotónio Pereira, seguido do subscritor destas linhas.

Poder-se-ia pensar que o MES havia encontrado o seu líder. Puro engano. Ao contrário dos restantes partidos, sem excepção, a personalidade que encabeçava a lista por Lisboa nunca foi, no caso do MES, o líder do partido pela simples razão de que no MES nunca existiu um líder. O que hoje penso é que, por incrível que pareça, sempre assumimos, do princípio ao fim, o que poderia designar-se como uma obsessão pelo colectivo.

Estávamos perante as primeiras eleições, verdadeiramente, livres e democráticas, após quase 50 anos de ditadura. Ainda hoje me interrogo como foi possível que tenhamos, no MES, encarado essas eleições, cuja transcendência política era inegável, como meros actos de pedagogia, mais do que actos destinados à disputa do poder. Ainda hoje me questiono acerca das raízes da concepção que permitiram à UDP (com o BE ainda tão longe!) ter obtido, nas eleições para a Assembleia Constituinte, menos votos do que o MES, a nível nacional, e feito eleger um deputado.

Existem muitas evidências dessa atitude de participação «não interesseira» do MES, desde o discurso anti-eleitoralista, que emanava de uma desconfiança, de raiz ideológica, acerca da verdadeira natureza da democracia representativa que, na verdade, aceitávamos como um mal menor, até à ausência de sinais de personalização nas campanhas eleitorais nas quais nunca foram utilizadas sequer fotografias dos cabeças de lista pelo círculo de Lisboa. A participação nas campanhas, embora tenha utilizado todos os meios, à época disponíveis, nunca cedeu um milímetro à personalização.

Após o fracasso da candidatura do MES à constituinte, ainda mais me parece estranho, à distância de 35 anos, a abdicação de personalizar na figura do Nuno Teotónio Pereira a campanha para as eleições destinadas a eleger a 1ª Assembleia da República. A sua participação como cabeça de lista pode ser interpretada, não me lembrando dos detalhes do processo decisório, como uma tentativa de credibilizar o MES jogando na refrega eleitoral a figura do seu mais proeminente dirigente.

Mas, ao contrário do que aconselharia a mais elementar lógica eleitoral, a campanha não valorizou a figura do Nuno Teotónio Pereira o que acabou por constituir o haraquiri político eleitoral do MES. Lembro-me de ter ocupado o segundo lugar nessa lista e do desconforto que senti quando, chegada a hora de votar, numa secção de Benfica, no meio da multidão, comovido até às lágrimas, sozinho, pressenti a derrota inevitável. E essa derrota foi ainda mais pesada do que aquela que averbámos nas eleições para a Assembleia Constituinte.

Se há uma personalidade que não merecia sair derrotada da aventura política do MES é o Nuno Teotónio Pereira a quem, como escrevi, em 2004 , devemos todos, os jovens quadros dos anos 60 e 70, uma imensidade de ensinamentos, gestos de desprendida solidariedade e humanidade que jamais poderemos retribuir com a mesma intensidade e sentido de dádiva.

Que viva!
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segunda-feira, junho 15

Mi triste Italia

Herbert List - Milan. Italian sculptor, Marino MARINI, in his studio on one of his horses. 1952

Un país que fue bandera de libertad y cultura es presidido hoy por un político que censura la información que no le interesa. ¿Qué le ha pasado a Italia? ¿Por qué es tan difícil de reconocer para quienes la aman?

JUAN ARIAS – El Pais/ Ir ao Fundo e Voltar
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JORGE DE SENA - "AS EVIDÊNCIAS"

Jorge de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919. Engenheiro de profissão dedicou a sua vida à literatura, sendo grande como poeta, romancista, contista, tradutor e estudioso de obras alheias e é, para mim, com Pessoa, o poeta mais importante do século XX português.

Li finalmente, este fim-de-semana, os “Diários” livro no qual a sua mulher Mécia reuniu os escritos do género ao qual Sena dedicou pouca importância. Além dos textos acerca da sua viagem, como cadete, na Sagres, o livro vale a pena por duas peças, uma referente a um período do ano de 1953/54 e outra referente ao ano de 1968 que permitem conhecer, além das circunstâncias da época, os seus gostos pessoais, processos de trabalho, amizades e ódios de estimação.

Retive, do período de 1953/54, um conjunto de referências à escrita dos 21 sonetos que compõem “As Evidências”, com data de publicação de 1955, que mais tarde viriam a integrar “Poesia I” em cujo prefácio, à 2ª edição, escrito pouco antes da sua morte, lhes faz referência:

“… Nos princípios de 1954, entre Fevereiro e Abril, escrevi os 21 sonetos de As Evidências, sequência que não queria publicar como parte de um livro de poemas, aonde ficasse submersa, mas para a qual não encontrava editor. Foi quando, nesse ano, me foi oferecida, se não estou em erro, paralelamente por Armindo Rodrigues e por João José Cachofel, a possibilidade de uma edição daqueles sonetos na série “Cancioneiro Geral” do Centro Bibliográfico. O livrinho ficou impresso nos primeiros dias de Janeiro de 1955, foi logo apreendido pela PIDE que assaltou então o dito Centro, e só pôde ser distribuído um mês depois de repetidas visitas à Censura, para onde se entrava por uma portinha da Calçada da Glória, embora os censores estivessem realmente instalados no Palácio Foz ocupado pelo SNP ou SNI, ou lá como se chamava na altura. O livro era, além de subversivo, pornográfico, segundo me repetia sistematicamente, com um sorriso ameno e algum sarcasmo nos olhos pontilhados de ramela branca, por trás de uns óculos de aro finamente metálico, suponho que o subdirector que era um major ou tenente-coronel. Eu contestava que o livro, ora essa, não era nem uma coisa nem outra, e ele, dando-me palmadinhas no joelho mais próximo, dizia: - Ora, ora … nós sabemos -. Ao fim de um mês destas periódicas sessões, o livro foi libertado, e para dizer a pura verdade evidente, era realmente subversivo e, se não propriamente pornográfico, sem dúvida que respeitavelmente obsceno. …”

Integrado num conjunto de iniciativas pessoais, em homenagem a Jorge de Sena, pelo 90º aniversário do seu nascimento, que agora inicio, e que terminarei com uma surpresa para os meus amigos, publicarei os 21 sonetos de “As Evidências” fazendo anteceder cada um deles com as referências, mais ou menos detalhadas, que o autor lhes faz nos “Diários”. Este primeiro texto será publicado, em simultâneo, no Caderno de Poesia e os seguintes somente nesse blogue. No Diário referente ao período de 23 de Agosto de 1953 a 20 de Outubro de 1954, no dia 12 de Fevereiro de 1954, escreveu:

“Hoje, pela manhã, surgiram-me vários fragmentos de versos ou versos inteiros, que se me organizaram num poema e num soneto, que espero seja o primeiro da sequência por que anseio há tanto. Julgo-os do melhor que tenho feito, e satisfazem-me em comparação com o que, e raramente, andava fazendo.”

I

Ao desconcerto humanamente aberto
entendo e sinto: as coisas são reais
como meus olhos que as olharam tais
a luz ou treva que há no tempo certo.

De olhá-las muito não as vejo mais
que a luz mutável com que a treva perto
sempre outras as confunde: entreaberto,
menos que humano, só verei sinais.

E sinta que as pensei, ou que as senti
eu pense, ou julgue nos sinais que vi
ler a harmonia, como ali surpresa,

oculta que era para eu vê-la agora,
meu desconcerto é o desconcerto fora,
e Deus um só pudor da Natureza.

12-2-1954
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domingo, junho 14

NOVA VOLTA ... NOVA CORRIDA ..


Coligação com CDS "é o cenário mais provável", diz Paulo Rangel

Ainda bem que o aviso foi feito, com antecedência, para que ninguém, quando chegar a hora de votar nas legislativas, possa invocar que não foi avisado. No caso de o PSD ganhar as legislativas, sem maioria absoluta, teremos o Dr. Portas como vice-primeiro-ministro, ministro da defesa ou … sei lá o quê … e ainda a tempo de tratar de muitos dossiers que continuam por encerrar da sua anterior passagem pelo governo … Mas, desta vez, acredito que seria confrontado com uma oposição de novo tipo, quer no parlamento, quer fora do parlamento … O meu sentimento é que tal cenário, passados poucos meses, tornaria a imagem da governação socialista actual um verdadeiro oásis de paz e concórdia nacional …
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sábado, junho 13

O que vêem os olhos quando já não podem ver


convencidos que estás a brincar e não estás a brincar, é no meio desta gente que te sentes bem, deste canto que ninguém a não ser nós sabe onde fica, é para eles, que te não lêem, que escreves. O senhor Ribeiro, que ainda não saiu da guerra na Guiné, a dona Fernanda que te enrolava salsichas em couve lombarda, a esplanadazinha com as empregadas brasileiras do cabeleireiro? O teu avô nasceu em Belém do Pará, o teu bisavô nasceu em Belém do Pará, ao teu trisavô, filho de camponeses da Póvoa do Lanhoso, meteram-no num veleiro faz-te à vida, e ele fez-se à vida, que remédio, e lá andou na borracha, aguentou-se. Chamava-se Bernardo António Antunes e aguentou-se. Aguenta-te tu. Isto que escrevo é o quê? O trineto do senhor Antunes a aguentar-se, a nobreza dele um casinhoto que deixou de existir há séculos, na Póvoa do Lanhoso. Todo o Minho do sangue do senhor Antunes está no teu, é uma criança num veleiro, a fazer-se à vida. Faz-te à vida, miúdo. António Antunes, mais o Lobo da nora do senhor Antunes, Leopoldina claro, como a imperatriz. O teu pai tinha retratos dela, morreu nova. Isto que escreves é Belém do Pará a tremer ao longe nas histórias que te contavam em pequeno, mamãe diz ao papai que eu quero ir para a guerra do Paraguai. E vou. Pensando bem já lá cheguei há que tempos.
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Mahmoud Ahmadinejad

A democracia tem esta vantagem extraordinária de nem sempre ganharem os candidatos de quem gostamos. A democracia tem os seus riscos - todos o sabemos - pelo menos desde a eleição de Hitler. Mas as suas virtualidades suplantam, de forma avassaladora, os seus defeitos. Assim o prova a eleição de Obama. No caso das eleições no Irão, nas quais se defrontaram vários candidatos, parece que a afluência às urnas atingiu os 82%. Se isto não é uma democracia, o que é uma democracia? O The New York Times está com dificuldades em “engolir” esta realidade, ao contrário do El Pais e do Público.
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sexta-feira, junho 12

O «Salto» – só a minha voz me atraiçoou

Fotografia de Hélder Gonçalves

O último lustro da década de 60 foi uma época de pesadelo. Lutas e mais lutas. Duras lutas. Crises e mais crises. O Maio de 68. A crise de 69, em todas as academias, não esquecendo as «eleições». No meio estudantil vivia-se um ambiente pesado de vigilância e repressão policiais. Os activistas eram especialmente seguidos e provocados.

Quem se expunha na actividade associativa legal, tolerada, era inevitavelmente referenciado pela polícia política do regime. Corriam-se riscos. Temia-se a prisão a qualquer momento.Abundavam os rumores e choviam os avisos. Aqueles que, como eu, acreditavam, e acreditam, no progresso nunca se deixaram intimidar. A cada um de nós coube a sua sorte.

Um dia alguém me convenceu que a minha prisão estava iminente. Pois bem, havia que tomar uma decisão. Manter a actividade? Entrar na clandestinidade? Ficar ou partir? Não pertencia, nem nunca pertenci, ao Partido Comunista que era a única organização verdadeiramente organizada em termos de clandestinidade. Não podia arriscar uma caricatura de vida clandestina sem rede. Optei por «dar o salto». Destino: Paris.

Combinei com uns amigos os detalhes. Fizeram-se os contactos com quem havia de nos «passar». Tomámos as providências necessárias. A despedida de quem mais amava foi discreta mas dramática. Levantar todo o dinheiro do banco. Rapar a barba. Tomar o comboio na direcção do Porto. Ponto de encontro: restaurante «Ché-Lapin», à hora de almoço. Almoçámos e esperámos uma eternidade pelo contacto. Não apareceu ninguém. O contacto falhara. Ainda hoje não sei a razão. Nunca mais falei com o dito.

Regresso a Lisboa. Reencontros inesperados. Ao tomar o meu lugar habitual na «Esplanada do Jardim da Estrela», sem barba, senti a extraordinária sensação de não ser reconhecido por ninguém. Nem sequer pelo empregado que me servia todos os dias. Só a minha voz me atraiçoou. Sempre me reconhecem pela voz.

Nunca cheguei a ser preso. Segui o meu caminho. Por um triz estive para engrossar a fileira dos exilados, no caso, de um falso exilado. Felizmente o destino protegeu-me e nem os meus pais chegaram a saber da aventura.
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quarta-feira, junho 10

DIA DE PORTUGAL

Luís de Camões

Quanta incerta esperança, quanto engano!
Quanto viver de falsos pensamentos,
Pois todos vão fazer seus fundamentos
Só no mesmo em que está seu próprio dano!
Na incerta vida estribam de um humano;
Dão crédito a palavras que são ventos;
Choram depois as horas e os momentos
Que riram com mais gosto em todo o ano.
Não haja em aparências confianças;
Entendei que o viver é de emprestado;
Que o de que vive o mundo são mudanças.
Mudai, pois, o sentido e o cuidado,
Somente amando aquelas esperanças
Que duram pera sempre co´o amado.

Sonetos da Edição de D. António Álvares da Cunha, de 1668
In Lírica – Terceiro Volume das Obras Completas - Círculo de Leitores

SALGUEIRO MAIA

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terça-feira, junho 9

CALOR ABAFADO ...


Esta notícia é extraordinária. Assim como esta ideia do governo legítimo da Nação passar a governo de gestão. Eu dava-lhes a resposta mas não me apetece, nem posso … Hoje fui a Santarém e havia polícias por todo o lado … E lá vamos numa de sapataria …
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QUE VENHAM AS LEGISLATIVAS!


Curiosa a coincidência dos ataques aos ex secretários gerais do PS. Como quem não quer a coisa abriu, oficialmente, a época de “caça ao socialista”. Preparemo-nos! Vítor Constâncio é atacado, e condenado na praça pública, por suposta inacção! Jorge Sampaio é acusado por engano (!) e Ferro Rodrigues é apagado da história silenciando o seu papel na vitória esmagadora do PS nas europeias de 2004. Quanto ao ciclo eleitoral venham as legislativas o mais depressa possível: por mim podem ser já a 20 de Setembro.
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domingo, junho 7

... E O PSD GANHOU AS EUROPEIAS!


Contra a expectativa criada pela esmagadora maioria das sondagens o PSD ganhou as eleições para o Parlamento Europeu. Não vale a pena invocar a elevada abstenção para coisa nenhuma já que não andará longe dos valores de anteriores eleições europeias. Esta derrota eleitoral do PS é o resultado directo de um voto de punição no partido que suporta o governo. Atendendo ao previsível resultado final destas eleições parece claro que o PS perdeu votos à sua direita e à sua esquerda. É um sinal de alerta para a necessidade do PS voltar a ler o seu programa, corrigir algumas políticas e renovar candidatos. Este resultado antecipa, por fim, um resultado imprevisível nas próximas eleições legislativas colocando em cima da mesa, diga-se o que se disser, a questão da governabilidade. Mas tudo o que possa acontecer, na política nacional, no próximo futuro, seja a imprevisibilidade dos resultados eleitorais, as disputas e os conflitos, é uma consequência de vivermos numa democracia madura em que todos os protagonistas assumem os seus riscos e responsabilidades. [Comparação com os resultados das eleições para o Parlamento Europeu de 2004 - clicar em "mostrar resultados de 2004" - mais tarde voltarei ao assunto que não faltarão oportunidades.]
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Como há por aí muita asneira acerca dos resultados do PS em anteriores eleições podem tirar as dúvidas AQUI.
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sábado, junho 6

VAMOS A VOTOS


ESTAS CAMPANHAS ELEITORAIS, COMO TODAS AS CAMPANHAS ELEITORAIS, EXCEPTO A PRIMEIRA (aqui), PRENHE DE REVOLUÇÃO, SÃO ABORRECIDAS, NÃO ABORDAM OS TEMAS QUE DEVERIAM ABORDAR (quais?), SÃO PROTAGONIZADAS POR CANDIDATOS ODIOSOS (a opinião pública expressa nas caixas de comentários, e não só, é uma destilaria de ódios) EXCEPTO A LAURINDA ALVES (quem?) QUE, SIMPÁTICA COMO NINGUÉM, ME CUMPRIMENTOU COM UM BEIJINHO NA ABERTURA DA MANIFESTA (foi a única candidata que me cumprimentou!).

MAS CAMPANHAS SÃO CAMPANHAS, ABORDAM OS TEMAS QUE ESTÃO NA ORDEM DO DIA, E MESMO ASSIM NINGUÉM REPARA, TRANSFORMARAM-SE NUMA ROTINA DO CERIMONIAL DEMOCRÁTICO (e ainda bem). NO CASO DESTA, NO QUE ME DIZ RESPEITO, TEM A NOVIDADE DE O MEU FILHO VOTAR PELA PRIMEIRA VEZ. PARA MIM É UM GRANDE DIA. PARA ELE NÃO SEI. APESAR DE TUDO, RECOLHI TESTEMUNHOS QUE, ESTAS ELEIÇÕES, NO TERRENO, NEM TIVERAM MUITOS PRECALÇOS ASSIM DO GÉNERO INSULTOS AOS CANDIDATOS, SALVO AQUELA ABERTURA SALVÍFICA PARA O VITAL NO 1º DE MAIO DA CGTP (afinal a Ilda Figueiredo é candidata à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, já me ia esquecendo).

A VERDADE É QUE O POVO, DESDE QUE NÃO ESTEJA ARREGIMENTADO, É SERENO COMO DISSE O SAUDOSO ALMIRANTE PINHEIRO DE AZEVEDO. VEREMOS DAQUI A UMAS HORAS SE O CANDIDATO DO PS – VITAL MOREIRA – FOI UMA BOA OU UMA MÁ ESCOLHA. EU CONTINUO A PENSAR O MESMO (aqui) E TAMBÉM CONCORDO COM O TOMÁS (aqui). NO MEIO DESTA CRISE TAMANHA SE O PS GANHAR POR UM VOTO É UM FEITO, SE O PS GANHAR POR MAIS DE UM VOTO É UM FEITO GLORIOSO. SE O PS PERDER … É A VIDA! SE O PSD PERDER É A CONFIRMAÇÃO DO CHAMADO EFEITO DE SPORTINGUIZAÇÃO (o melhor achado dos últimos tempos!).
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ROMANCE SOBRE A JUSTIÇA

ROBERT CAPA © 2001 By Cornell Capa
icp 593 Omaha Beach. June 6th, 1944. The first wave of American troops lands at dawn.

Romance sobre a justiça.

O tipo que estabelece as ligações entre os revolucionários (Com.) depois de julgamento ou suspeita (porque é precisa unidade), dão-lhe imediatamente uma missão na qual toda a gente sabe que irá morrer. Aceita porque é o seu dever. Morre, pois.

Id. O tipo que aplica a moral da sinceridade para afirmar a solidariedade. A sua imensa solidão final.

Id. Matamos os melhores do outro lado. Eles matam os melhores do nosso lado. Restam apenas os funcionários e os medíocres. O que é ter ideias.

Albert Camus – Caderno 4 (Janeiro 1942 – Setembro de 1945)
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OBAMA: UM NOVO COMEÇO

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quinta-feira, junho 4

EUROPEIAS: PS NA FRENTE

A última sondagem divulgada, com as intenções de voto nas Eleições Europeias, é do CESOP (Universidade Católica) e confirma o resultado da maioria das sondagens anteriores: PS à frente (34%) seguido do PSD (32%) com uma margem de erro de 1,7%. A novidade está no facto do PCP ultrapassar o BE. Aqui, aqui e aqui.
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Esta é a última sondagem divulgada reforçando a previsão de uma vitória do PS. Com as reservas expressas aqui.
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A sondagem que faltava confirma a vantagem do PS. Mas o mais interessante são as manchetes da SIC e do Expresso. Estas sondagens não passam de sondagens mas pagar e sairem resultados destes é uma desilusão!...
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Palavras de ordem

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quarta-feira, junho 3

O PSD SOBE MAS O PS AGUENTA-SE

Barómetro Marktest. Este barómetro não tem nada a ver com as Europeias. A última sondagem conhecida acerca das Europeias está aqui. Mas o barómetro, tomando como referência os dados de Maio de 2009, em relação a Abril, o que nos diz? Se as minhas contas estão certas o PS mantém a dianteira, estabilizando na casa dos 36,3% (subiu 0,1%) enquanto o PSD subiu 1,9% atingindo 28,3% (aleluia!); o BE sobe, ocupando o 3º lugar, na casa dos dois dígitos (14,7%) e o PCP desce (9,4%), um movimento simétrico, ou seja, em termos puramente aritméticos simples, as perdas do PCP são iguais aos ganhos do BE, enquanto o CDS-PP desce (7,1%). O conjunto da esquerda representa, em Maio, 60,4% das intenções de voto, curiosamente, o mesmo valor de Abril. O conjunto da direita representa 35,4%, subindo 0,7%. O Portugal das intenções de voto adorna à esquerda. [o somatório nunca dá 100% pois 4,2% são votos brancos/outros.]
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MARILYN - fotografias inéditas

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August 1950: A 24-year-old Marilyn, wearing a simple button-down shirt monogrammed with her initials, leans against a tree in Los Angeles' Griffith Park for LIFE photographer Ed Clark. The negatives for these photos were recently discovered during our ongoing effort to digitize LIFE's immense and storied photo archive, including outtakes and entire shoots that never saw the light of day. Click through to see more stunning shots of Marilyn, plus the reason why they may never have been published... [Legenda da primeira fotografia.]
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terça-feira, junho 2

Angelina Jolie

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BPN - UM ESCÂNDALO QUE NÃO MERECE CONTEMPLAÇÕES

ASSINO POR BAIXO COMO DIZ O OUTRO. VENDER DEPRESSA E BEM! INVESTIGAR DEPRESSA E BEM! JULGAR DEPRESSA E BEM! SE O CASO BPN NÃO FOR INVESTIGADO ATÉ ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS FICA LIVRE O CAMINHO PARA O DESPRESTÍGIO DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS. É QUE OS CIDADÃOS CUMPRIDORES DOS SEUS DEVERES, QUE PRECISAM DE TRABALHAR PARA VIVER, COM OS IMPOSTOS EM DIA, NÃO PODEM, NEM DEVEM, ACEITAR QUALQUER TRANSFERÊNCIA DOS RENDIMENTOS DO SEU TRABALHO, OU NEGÓCIO, LEGÍTIMOS, PARA O BOLSO DE CRIMINOSOS PROTEGIDOS POR SEGREDOS, COMPADRIOS OU INEFICIÊNCIAS. HÁ LIMITES PARA TUDO! [Desculpa lá, Catarina.]
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UE - BARROSO, BLAIR E O QUE MAIS?

Tony Blair, favorito para ser el primer presidente de la EU

Se o José Manuel Durão Barroso – (estão a ver quem é?) – continuar no posto e se forem buscar o Blair, só falta arranjar um lugar para o Aznar já que o Bush deverá estar fora de causa! A liderança da UE ficará ocupada pelo grupo dos Açores, os derrotados da guerra do Iraque e, mais grave, os promotores próximos da crise global. Depois da eleição de Obama a UE parece incapaz de encontrar novos rostos, novas ideias e novas políticas. Não sei se dá para aguentar!
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segunda-feira, junho 1

O FIM DOS "ESPADAS"

Notícias da América. Isto é uma nacionalização. Transitória. Envolve um esforço financeiro brutal com recursos de natureza pública. Os liberais, e quejandos, cá da praça vão fazer-se distraídos. Está muito calor! Vejam lá se metem na cabeça que o Estado tem um papel a desempenhar quando o mercado aponta o caminho da falência a empresas âncora de qualquer país de economia de mercado. Isto quer dizer que estamos a assistir a uma mudança profunda no modelo de especialização produtiva a nível global. No caso quer dizer que acabou a era dos “espadas”, refiro-me aos carros, e não aos ideólogos caseiros do liberalismo. A coisa é dura pois o mercado resiste mesmo quando entra em profunda atonia. Por exemplo: se eu quiser comprar um carro novo, aproveitando o bom momento para comprar, com dinheiro na mão, os vendedores no stand entram em pânico! Comem-se uns aos outros – salvo seja - para ganhar o cliente e acabam por o perder. Em vez de me telefonarem, insistentemente, para me oferecerem alternativas, desistem. Pode parecer estranho, mas é assim. Resolvi arranjar o carro velho e esperar … é um caso típico que ajuda a explicar uma faceta do ciclo vicioso da crise.
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Anjos e Marvão Libertação – uma homenagem tardia

João Mário Anjos (à esquerda), Eduardo Ferro Rodrigues (ao centro) e o subscritor (à direita). Fotografia de uma época próxima dos factos.
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Um dos acontecimentos mais marcantes a que assisti no período imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi o da recusa dos oficiais milicianos (João) Anjos e (Carlos) Marvão em comandar uma acção destinada a reprimir uma greve dos trabalhadores dos CTT. Na verdade a unidade militar na qual, no dia 17 de Junho de 1974 (?), ocorreu esse acontecimento era aquela onde eu prestava serviço militar: o 2º Grupo de Companhias de Administração Militar (ao Campo Grande).
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Alguém dos poderes provisórios, saídos da revolução, não sei quem, decidiu que caberia àquela unidade militar estrear um tipo de intervenção que colocaria as forças armadas, acabadas de sair triunfantes do 25 de Abril, contra uma acção reivindicativa de trabalhadores. Foi uma decisão surpreendente, ainda para mais, quando nos demos conta que o comando da força repressiva seria cometido a oficiais milicianos.
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Lembro-me de nos terem reunido e de um oficial superior encetar a tarefa impossível de ordenar a um oficial miliciano (ou oficiais) que comandasse a força. Começou por uma ponta na qual, por acaso, se haviam posicionado o João Mário Anjos e o Carlos Marvão. Não sei já qual foi o primeiro a recusar a ordem mas indagado o segundo, que também recusou, o oficial resolveu suspender a diligência. Logo a seguir, na terceira posição, se não me falha a memória, estava eu próprio. Nos dias 25 e 26 de Junho foi concretizada a prisão dos oficiais rebeldes que seguiram para a prisão da Trafaria.
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A greve dos trabalhadores dos CTT terminou no dia 20 de Junho mas a posterior prisão daqueles oficiais despertou a mais profunda indignação dando origem a diversas manifestações, com significativa participação popular, de que possuo registo de duas: a primeira convocada para 28 de Junho no Campo Grande, junto à Churrasqueira, e a segunda realizada no dia 9 de Julho na Praça Marquês de Pombal proibida, aliás, pelas autoridades. Segundo uma cronologia do Centro de Documentação 25 de Abril Os manifestantes recusam-se a obedecer e desfilam até ao Marquês de Pombal.

O MES convocou as manifestações, pelo menos, através de três comunicados: o primeiro subscrito pela Comissão Política, com data de 27 de Junho (dois meses após o 25 de Abril), com o título Dois Milicianos Presos na Trafaria Por Não Quererem Reprimir os Trabalhadores, o segundo e terceiro, ambos subscritos pelos Grupos Socio-Profissionais Mistos, sem data, com os títulos Exijamos a Libertação dos Milicianos Presos e Libertemos Anjos e Marvão! A Luta Continua!

O Robin Fior, designer inglês, apanhado em Lisboa pela revolução, que foi o autor do símbolo e dos primeiros materiais de propaganda do MES, concebeu um inesquecível cartaz, com a palavra de ordem Anjos e Marvão Libertação. O cartaz de que não possuo qualquer exemplar, nem encontrei disponível na internet, ostenta um design gráfico invulgar para a época sendo, certamente, uma das peças de propaganda mais notáveis daquele período. [Quem o puder enviar, agradeço.]

Um dos oficiais milicianos presos era, nem mais nem menos, o João Mário Anjos que havia, comigo e o António Dias, bastante antes do 25 de Abril, constituído uma das «células» do MES que, por essa altura, «marinava» entre a semi-clandestinidade, que nós pensávamos que o serviço militar exigia, e a legalidade que o 1º de Maio, ainda fresco na memória de todos, reclamava. Conviveríamos com esta ambiguidade durante os meses seguintes pois, na verdade, vivíamos, com ou sem razão, na incerteza dos destinos da revolução que aquelas inopinadas prisões parecia confirmar.

Hoje, passados 35 anos sobre esses acontecimentos, por dever de consciência, presto homenagem pública aqueles dois camaradas de armas e, em especial, ao João Mário Anjos, cuja coragem física e clarividência política, de que possuo evidências, nunca foram, pelos seus próprios companheiros, suficientemente reconhecidas. Onde quer que se encontre quero dizer-lhe que o não esqueci, nem esquecerei.
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sábado, maio 30

DÓI QUE SE FARTA!


Durante algum tempo muita gente dizia que Vital Moreira era muito competente, bla bla bla … mas não se fazia entender.Repentinamente parece que se fez entender bem demais … e os queixosos sentiram a dor que se sente quando se leva uma pancada num ponto sensível … dói que se farta! Mas as aves continuam à solta e depenicam … nos despojos à espera de melhores tempo.
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sexta-feira, maio 29

PS CONTINUA NA FRENTE ...

O quadro é retirado do Margens de erro após a divulgação de mais uma sondagem acerca das intenções de voto nas Europeias. Os factos mais relevantes são a subida do PS e a descida do BE. Extraordinária a manchete do Expresso online: Sondagem: CDU sobe ao pódio. Mais séria a manchete da SIC (que rapidamente foi retirada da 1ª página): Sondagem: PS aumenta vantagem sobre o PSD. Faltam 8 dias …
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quinta-feira, maio 28

Bonnie and Clyde

Bonnie and Clyde é um dos filmes da minha vida. Um dia, devia ser de tarde, resolvemos ir ao cinema. Lembro-me que um dos cinéfilos era o Félix Ribeiro, que ficou à minha frente no balcão de um dos cinemas da baixa quando na baixa havia cinemas. É provável que essa ida ao cinema, ao contrário do que sempre pensei, tivesse sido orientada previamente pelo facto do Félix Ribeiro ser filho do Director da Cinemateca. (A Cinemateca, ao contrário de todas as evidências, suscitadas pela morte do Bénard da Costa não começou com o Bénard da Costa!). Enquanto o filme corria fui sendo tomada pela sensação de que estava a apreciar uma obra-prima - a narrativa da epopeia de uma fuga real à polícia com um final trágico. Nunca mais me desembaracei dessa sensação … e acho que o sentimento correspondia à razão. Hoje volto a ter notícias acerca desses momentos de felicidade enquanto cinéfilo.



EUROPEIAS - FALTAM 10 DIAS

Luís Aguiar-Conraria, no margens de erro: Dado que já várias sondagens foram feitas e que todas apontam para uma vitória do PS é difícil de aceitar a hipótese de o PSD e o PS estarem empatados. Para já, o PS leva vantagem.
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quarta-feira, maio 27

MICHELLE BRITO - PARA A HISTÓRIA DO DESPORTO PORTUGUÊS

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Européennes : le débat Kahn-Cohn-Bendit

"Les Echos " mettent face à face deux têtes d'affiches connues pour leur franc-parler : l'écologiste Daniel Cohn-Bendit, tête de liste Europe Ecologie en Île-de-France, et le centriste Jean-François Kahn, tête de liste MoDem dans l'Est.

Daniel Cohn-Bendit: (…) Pour s'attaquer à l'abstention, la meilleure stratégie est que chaque force politique cherche à mobiliser au plus large son potentiel. Pour moi, cela consiste à dire que face aux crises auxquelles nous sommes confrontés, l'Europe doit et va jouer un rôle, positif ou négatif selon le rapport de force politique à l'intérieur, entre autres, du Parlement européen.
(…)


Jean-François Kahn: (…) Face à cette crise économique, mais aussi morale, de civilisation, les gens ont la possibilité de dire quel modèle ils veulent. Et quel modèle ils ne veulent pas.
(…)


Também no Ir ao Fundo e Voltar
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A AUDIÇÃO PARLAMENTAR

Não me interessam os detalhes mais ou menos pitorescos da audição de Oliveira e Costa. O que me interessa é assinalar que esta audição prestigiou o parlamento. Durante muitas horas senti a sensação de viver num país democrático a sério. A um banqueiro indiciado pela prática de crimes, e por essa razão, em prisão preventiva, foi dada a oportunidade de se explicar, em público, respondendo a quase todas as perguntas dos deputados. Foram muitas horas de afirmações em defesa própria, e de exercício do contraditório, acerca de um assunto do qual, naturalmente, não conheço os meandros. Mas para além de algumas tentativas tacanhas de aproveitamento político-partidário, sem sucesso, esta audição foi um acontecimento prestigiante para a instituição parlamentar. Foi, do meu ponto de vista, um salutar exercício democrático. Seria mais uma injustiça insuportável que o único acusado do caso BPN fosse obrigado a manter o silêncio enquanto todos os restantes envolvidos, directa ou indirectamente, têm gozado da liberdade de expressar, publicamente, as suas opiniões. Desta forma se equilibraram, tanto quanto possível, os pratos da balança no inevitável julgamento da opinião pública. Do mal o menos …
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sábado, maio 23

A PROPÓSITO DO 60º ANIVERSÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DA ALEMANHA

De vez em quando é salutar lembrar, e lembrar-me a mim próprio, que este blogue é pessoal. Quando me refiro, explicitamente, a assuntos da esfera pessoal, familiar ou profissional, o que acontece raramente, fico com a estranha sensação de estar a ferir um estatuto editorial construído, e aplicado, por mim próprio. É que, afinal, após tantos anos a expor-me através da emissão de opiniões neste blogue posso ficar cativo da opinião que dele façam os seus visitantes. E não quero ficar cativo senão da minha própria temperança no uso da sagrada liberdade de opinião. O meu filho Manuel escolheu a disciplina de história (alemã) para oral das provas finais do 12º ano. O tema forte de estudo, apesar de não ter “saído”, foi a ascensão e queda do nazismo. Explicou-me, no decurso desse tempo de estudo, alguns detalhes, que eu não conhecia, do fenómeno terrível que foi o nazi-fascismo. Quando olho as fotografias, imagens e notícias acerca da manifestação dos alunos de Escola António Arroio, arremessando contra o primeiro-ministro José Sócrates o epíteto de fascista, assusto-me não só com o absurdo da sua utilização mas, fundamentalmente, com o efeito de banalização do termo fascista pela extensa divulgação que este tipo de acontecimentos suscita. A profunda ignorância da história da Europa, e de Portugal, por parte dos jovens estudantes é preocupante e faz-me entender melhor o rigor, e a dureza, com que as autoridades alemãs, a todos os níveis e em todos os sectores, tratam toda e qualquer manifestação que possa confundir a opinião pública acerca da realidade do nazi fascismo. Haviam de ver as consequências da cena passada na Escola António Arroio se a mesma, ou semelhante, pudesse ocorrer, a título individual ou colectivo, no espaço da uma escola alemã! No dia em que se celebra o 60º aniversário da Constituição da Alemanha.
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quinta-feira, maio 21

JOÃO BÉNARD DA COSTA

Morreu João Bénard da Costa. Identifico a sua figura pela voz que era de tonalidade rouca. A arte dos obituários está repleta de surpresas, omissões e, nalguns casos, de injustiças. No caso de João Bénard da Costa, nestas primeiras horas, após o conhecimento da sua morte, os obituários são de teor “oficialista”. Assinalo, como nota de rodapé, que enquanto uns são, indevidamente, dados como tendo sido dirigentes do extinto MES no caso do Bénard da Costa, ocorre o oposto. Tendo sido dirigente do MES, nos primórdios da revolução, oriundo da chamada corrente católica progressista, essa faceta do seu CV é omissa em todos os obituários. Honra à sua memória.
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SHARON STONE - NA LUTA CONTRA A CRISE

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quarta-feira, maio 20

A tropa e a nobreza do major


Em Outubro de 1971, cumpri a jornada obrigatória de me apresentar em Mafra. O velho Convento era o destino de todos os jovens licenciados (ou estudantes universitários) que fossem considerados aptos para cumprir o serviço militar obrigatório. Na verdade a minha entrada para o serviço militar deu-se em 7 de Outubro de 1971.

Seguiram-se três meses de dura instrução. Os meus companheiros mais próximos foram o José Pratas e Sousa e o Raul Pinheiro Henriques. Na tropa faziam-se fortes amizades e cumpriam-se as regras estritas da instituição militar. Não me desgostou pois me tinha preparado para todas as provações.

Cumpri 3 anos menos dois dia de serviço militar obrigatório. Passei à disponibilidade em 4 de Outubro de 1974. Apesar de um incidente no dia 16 de Março – o dia da «Revolta das Caldas» – em que fui mandado recolher ao quarto por um dia, a minha folha de serviços está impecavelmente limpa.

O problema maior que assaltava as preocupações de mancebos (conscritos) e famílias, de todas as classes e condições, era o espectro da mobilização para uma das frentes da guerra colonial. No primeiro dia fiz a viagem de autocarro. Fui sem revolta e em busca de nada. Cumprir uma obrigação e, se possível, lutar contra a guerra colonial.

Eu sabia que o quartel era uma instituição concentracionária de tipo clássico, como o convento ou a prisão, tinha-o lido em diversos livros, e sabia que sempre seria possível cumprir com as regras subvertendo as regras.

A tropa, naquela época, não era uma curta experiência de aprendizagem dos métodos próprios da guerra. Era um longo exercício de sobrevivência psicológica e física às exigências da defesa de Portugal como «Pátria una e indivisível do Minho a Timor».

Era um teste à capacidade pessoal de resistência a uma caminhada pelo inferno dos labirintos da irracionalidade da guerra. Fui e ganhei forças para combater, por dentro, a solidão e as provações.

Dessa experiência nunca esqueci um episódio que me ensinou como é preciso ter cuidado com as aparências. Um dia, pela manhã, na parada, o Major, Comandante da Companhia, que tinha na conta de um militarão, aproximou a sua boca ao meu ouvido e, em voz ciciada, avisou-me de que estava na lista dos «subversivos». Ouvi, estremeci e calei. Não o conhecia. Era, na verdade, um oficial discreto que cumpria com os seus deveres. Eu cumpria com os meus. Nada o obrigava a correr o risco de me avisar.

Este episódio ajudou-me a aprender como é difícil, no mundo dos homens, ajuizar acerca da natureza do seu carácter e dos valores que os movem na sua relação com os outros. Nunca mais esqueci a nobreza do gesto do major que tomei à conta de generosidade.

[A partir de um conjunto de posts publicadas no Absorto em 2004.]
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