Um estudante americano (positivista ou contestatário: já não consigo distinguir) identifica, como se fosse óbvio, subjectividade com narcisismo; pensa certamente que a subjectividade consiste em falar de si, para dizer bem. Isto por ser vítima de um velho casal, dum velho paradigma: subjectividade/objectividade. Todavia, hoje em dia, o sujeito toma-se noutro lado e a “subjectividade” pode regressar noutro ponto da espiral: desconstruída, desunida, deportada, sem amarras: porque não hei-de falar de “eu”, uma vez que “eu” já não é “mim mesmo”?
(…)
Por outro lado, não falar de si próprio pode querer dizer: eu sou aquele que não fala de si próprio; e falar sobre si próprio, dizendo “ele”, pode querer dizer: falo de mim como estando um pouco morto, assolado por uma leve bruma de ênfase paranóica; ou ainda: falo de mim à maneira do actor brechtiano, que deve distanciar o seu personagem: deve “mostrá-lo” e não encarná-lo, dando no seu débito verbal como que um piparote que tem por efeito descolar o pronome do seu nome, a imagem do seu suporte, o imaginário do seu espelho (Brecht recomendava ao actor que pensasse todo o seu papel na terceira pessoa).
(…)
Ao dizer, acerca de alguém, “ele”, tenho sempre em vista uma espécie de assassínio pela linguagem, cuja cena completa, por vezes sumptuosa, é o mexerico. (…) ”
"Roland Barthes por Roland Barthes" - 42
(Fragmento 1 de 1, pag. 18)
Edição portuguesa: "Edições 70"
Nesta página escrevi: “a viagem é mais do que um pretexto: santuário das relações, lugar de culto de uma nova forma de ser solidário e de marcar encontro com aspirações que se estão a esvair com uma rapidez e violência impressionantes.”
(O excerto original é excessivamente longo para um post, por isso este é um excerto de um excerto. Além do mais aborda um tema que tenho presente, como dilema, num conjunto de textos que estou a escrever, hoje, agora mesmo, na primeira pessoa, “eu”, e que hesito em publicar num registo que receio ser demasiado autobiográfico.)
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, outubro 5
segunda-feira, outubro 4
PSD odeia Marcelo
Só falta apelar ao restabelecimento da censura. Depois da criação da “central de informações” o PSD ataca-se a si próprio. O Dr. Portas deve rir às gargalhadas.
“Gomes da Silva quer intervenção da alta autoridade contra Marcelo
O ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva afirmou hoje estranhar o silêncio da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) em relação aos comentários de "ódio" e às "mentiras e falsidades" feitas pelo ex-presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa aos domingos na TVI.”
“Gomes da Silva quer intervenção da alta autoridade contra Marcelo
O ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva afirmou hoje estranhar o silêncio da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) em relação aos comentários de "ódio" e às "mentiras e falsidades" feitas pelo ex-presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa aos domingos na TVI.”
A base
Algumas notícias anunciam, no rescaldo do congresso do PS, o regresso à base de Ferro Rodrigues. Este regresso é assumido pelos órgãos de comunicação social de uma forma envergonhada e pouco convincente.
O exemplo de cidadania, humildade democrática e coragem cívica, como o de Ferro, são pouco aliciantes para eles. Os patrões da comunicação social, e os seus sequazes, preferem chafurdar no sangue das presas a espernear entre os dentes de “animais ferozes”.
Sempre retive na minha cabeça a frase de Camus que explica muitas destas “anomalias” da política: “Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário.”
O exemplo de cidadania, humildade democrática e coragem cívica, como o de Ferro, são pouco aliciantes para eles. Os patrões da comunicação social, e os seus sequazes, preferem chafurdar no sangue das presas a espernear entre os dentes de “animais ferozes”.
Sempre retive na minha cabeça a frase de Camus que explica muitas destas “anomalias” da política: “Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário.”
O "shifter" como utopia
Recebe uma carta longínqua de um amigo: “Segunda-feira. Regresso amanhã. João-Luís.”
Tal como Jourdain e a sua prosa célere (cena de resto bastante poujadista), maravilha-se ao descobrir num enunciado tão simples como este o rasto dos operadores duplos, analisados por Jakobson. Porque, se o João Luís sabe perfeitamente quem é e em que dia está a escrever, a mensagem dele que até mim chega é perfeitamente incerta: qual segunda-feira? qual João Luís? Como hei-de sabê-lo, eu que do meu ponto de vista tenho que escolher instantaneamente entre vários João Luís e entre várias segundas-feiras? Embora codificado o “shifter”, para só falar do mais comum desses operadores, surge assim como um meio manhoso – fornecido pela própria língua – de romper a comunicação: eu falo (apreciem o meu domínio do código), mas envolvo-me na bruma duma situação enunciadora que é desconhecida para os outros; estabeleço no meu discurso fugas de interlocução (não será afinal isso que sempre acontece quando usamos o “shifter” por excelência, o pronome “eu”?).
(…)
Será possível imaginarmos a liberdade – e, se assim se pode dizer, a fluidez amorosa – duma colectividade que só falasse usando primeiros nomes e “shifters”, em que cada pessoa não dissesse senão eu, amanhã, lá …”
Nesta página escrevi a seguinte nota: “a viagem é uma tradição a recuperar com ou sem grupo”.
"Roland Barthes por Roland Barthes" - 41
(Fragmento 1 de 1, pag. 17)
Edição portuguesa: "Edições 70"
Tal como Jourdain e a sua prosa célere (cena de resto bastante poujadista), maravilha-se ao descobrir num enunciado tão simples como este o rasto dos operadores duplos, analisados por Jakobson. Porque, se o João Luís sabe perfeitamente quem é e em que dia está a escrever, a mensagem dele que até mim chega é perfeitamente incerta: qual segunda-feira? qual João Luís? Como hei-de sabê-lo, eu que do meu ponto de vista tenho que escolher instantaneamente entre vários João Luís e entre várias segundas-feiras? Embora codificado o “shifter”, para só falar do mais comum desses operadores, surge assim como um meio manhoso – fornecido pela própria língua – de romper a comunicação: eu falo (apreciem o meu domínio do código), mas envolvo-me na bruma duma situação enunciadora que é desconhecida para os outros; estabeleço no meu discurso fugas de interlocução (não será afinal isso que sempre acontece quando usamos o “shifter” por excelência, o pronome “eu”?).
(…)
Será possível imaginarmos a liberdade – e, se assim se pode dizer, a fluidez amorosa – duma colectividade que só falasse usando primeiros nomes e “shifters”, em que cada pessoa não dissesse senão eu, amanhã, lá …”
Nesta página escrevi a seguinte nota: “a viagem é uma tradição a recuperar com ou sem grupo”.
"Roland Barthes por Roland Barthes" - 41
(Fragmento 1 de 1, pag. 17)
Edição portuguesa: "Edições 70"
"No meu bairro já está tudo normal
“Voltou a calma ao meu bairro. Depois de quinze dias em que pensámos que estávamos todos ricos, eis que o ministro das Finanças nos tira com uma declaração aquilo que nos tinha dado com uma afirmação. Explico-me.
Lembram-se certamente de o ministro das Finanças ter ido à RTP, há quinze dias, dizer à Judite de Sousa que ia acabar com os benefícios fiscais dos PPR, PPR-E, PPA e Contas Poupança-Habitação, já que, segundo afirmou, quem investia em tais produtos eram os contribuintes 30% mais ricos de Portugal (ele só falou dos que pagam impostos; os outros ricos, ao que deduzimos, ou não pagam impostos ou não investem nestes produtos). E eram assim esses ricos que, capciosamente, se aproveitavam de tais benefícios para pagar menos impostos, ao contrário dos outros contribuintes pobres que, por não investirem em tais produtos, nada podiam deduzir à colecta. O ministro anunciou então o que faria Robin dos Bosques: tirar aos ricos para descer o IRS dos mais pobres. O país estremeceu de reconhecimento emocionado: finalmente, a justiça social pela mão de Bagão!
Pois bem: eu sabia que lá no meu bairro o sr. Joaquim da mercearia tinha feito um PPR para a mãe que está velhota. O sr. João da padaria investiu num PPR-E para quando o miúdo, que ia bem nos estudos, quisesse tirar um MBA. A sra. Ana da farmácia andava a juntar uns trocos numa Conta Poupança-Habitação para comprar uma casita. E o sr. José de uma agência imobiliária apostou num Plano Poupança Acções, depois de ter ouvido o dr. Catroga dizer em 1995 que isso ia ser muito bom para quem aí investisse, além do que servia para animar o mercado de capitais.
Ora assim que ouviram o ministro dizer que estavam entre os 30% dos mais ricos de Portugal (os que pagam impostos, insisto), os meus vizinhos entraram numa euforia, porque não é qualquer um que trata os Belmiro, os Jardins Gonçalves, os Américos Amorins e outros ricos deste país tu cá, tu lá como nós lá no bairro. E assim o Joaquim deixou de trabalhar, pensando na herança que ia receber, o filho do João deixou de estudar porque o pai tinha ficado rico, a Ana não pôs mais os pés na farmácia e o José está à espera que lhe cheguem a casa as grandes mais-valias que fez através do Plano Poupança Acções.
Estava assim o meu bairro em grande festança quando vários jornais resolvem colocar cá fora a declaração de rendimentos do ministro das Finanças. Ora ele é homem sério, competente, trabalhador, bom chefe de família, até porque é um furioso entusiasta do Benfica, mas não tem cara de ser rico. Tem, aliás, o mesmo carro desde 1994 e não é grande coisa a viatura. Ora se ele não é um rico, nós devemos ter muito mais dinheiro que ele.
Mas vai-se a ver a declaração de rendimentos do nosso ministro e a nossa surpresa foi total, seguindo-se uma profunda tristeza. Para já, se não é rico, como é que ele investe nestes produtos? Só os 30% dos ricos é que o fazem. Depois deste facto perturbador, outro se seguiu. O ministro não só investe, como investe bastante. A saber: tem uma carteira de aplicações de 655 mil euros, dos quais quase 74 mil em PPR, quase 24 mil em PPA e depois ainda uma modesta aplicação de 7.200 euros numa conta poupança-habitação, num total que se aproxima dos 105 mil euros. Aliás, o ministro não fez outra coisa se não aumentar as suas aplicações nestes produtos nos últimos três anos, que passaram de 81 mil euros em 2002 para 91 mil em 2003 e 104 mil em 2004.
Bom, eu queria que vissem a cara do Joaquim, do João, da Ana e do José quando ouviram isto. É que aquilo que o ministro tem em aplicações financeiras é bem mais do que qualquer um deles ganha por ano, na casa das cinco vezes mais.
E pronto, durante quinze dias fomos ricos, mas já deixámos de ser. Mas como em todas as coisas, há que tirar os pequenos lucros das grandes perdas. O Joaquim abriu de novo a mercearia, o filho do João voltou a estudar, a Ana regressou à farmácia e o José está de novo a mostrar casas na imobiliária onde trabalha. O bairro voltou à normalidade e estamos todos muito mais contentes. É claro que deixámos de nos dar com o Belmiro, o Jardim Gonçalves e o Américo Amorim. Mas também é verdade que eles não passavam lá muito pelo meu bairro. E quem é que se quer dar com pessoas que não investem em PPR?”
4 de Outubro de 2004
Nicolau Santos, in Expresso on line
Lembram-se certamente de o ministro das Finanças ter ido à RTP, há quinze dias, dizer à Judite de Sousa que ia acabar com os benefícios fiscais dos PPR, PPR-E, PPA e Contas Poupança-Habitação, já que, segundo afirmou, quem investia em tais produtos eram os contribuintes 30% mais ricos de Portugal (ele só falou dos que pagam impostos; os outros ricos, ao que deduzimos, ou não pagam impostos ou não investem nestes produtos). E eram assim esses ricos que, capciosamente, se aproveitavam de tais benefícios para pagar menos impostos, ao contrário dos outros contribuintes pobres que, por não investirem em tais produtos, nada podiam deduzir à colecta. O ministro anunciou então o que faria Robin dos Bosques: tirar aos ricos para descer o IRS dos mais pobres. O país estremeceu de reconhecimento emocionado: finalmente, a justiça social pela mão de Bagão!
Pois bem: eu sabia que lá no meu bairro o sr. Joaquim da mercearia tinha feito um PPR para a mãe que está velhota. O sr. João da padaria investiu num PPR-E para quando o miúdo, que ia bem nos estudos, quisesse tirar um MBA. A sra. Ana da farmácia andava a juntar uns trocos numa Conta Poupança-Habitação para comprar uma casita. E o sr. José de uma agência imobiliária apostou num Plano Poupança Acções, depois de ter ouvido o dr. Catroga dizer em 1995 que isso ia ser muito bom para quem aí investisse, além do que servia para animar o mercado de capitais.
Ora assim que ouviram o ministro dizer que estavam entre os 30% dos mais ricos de Portugal (os que pagam impostos, insisto), os meus vizinhos entraram numa euforia, porque não é qualquer um que trata os Belmiro, os Jardins Gonçalves, os Américos Amorins e outros ricos deste país tu cá, tu lá como nós lá no bairro. E assim o Joaquim deixou de trabalhar, pensando na herança que ia receber, o filho do João deixou de estudar porque o pai tinha ficado rico, a Ana não pôs mais os pés na farmácia e o José está à espera que lhe cheguem a casa as grandes mais-valias que fez através do Plano Poupança Acções.
Estava assim o meu bairro em grande festança quando vários jornais resolvem colocar cá fora a declaração de rendimentos do ministro das Finanças. Ora ele é homem sério, competente, trabalhador, bom chefe de família, até porque é um furioso entusiasta do Benfica, mas não tem cara de ser rico. Tem, aliás, o mesmo carro desde 1994 e não é grande coisa a viatura. Ora se ele não é um rico, nós devemos ter muito mais dinheiro que ele.
Mas vai-se a ver a declaração de rendimentos do nosso ministro e a nossa surpresa foi total, seguindo-se uma profunda tristeza. Para já, se não é rico, como é que ele investe nestes produtos? Só os 30% dos ricos é que o fazem. Depois deste facto perturbador, outro se seguiu. O ministro não só investe, como investe bastante. A saber: tem uma carteira de aplicações de 655 mil euros, dos quais quase 74 mil em PPR, quase 24 mil em PPA e depois ainda uma modesta aplicação de 7.200 euros numa conta poupança-habitação, num total que se aproxima dos 105 mil euros. Aliás, o ministro não fez outra coisa se não aumentar as suas aplicações nestes produtos nos últimos três anos, que passaram de 81 mil euros em 2002 para 91 mil em 2003 e 104 mil em 2004.
Bom, eu queria que vissem a cara do Joaquim, do João, da Ana e do José quando ouviram isto. É que aquilo que o ministro tem em aplicações financeiras é bem mais do que qualquer um deles ganha por ano, na casa das cinco vezes mais.
E pronto, durante quinze dias fomos ricos, mas já deixámos de ser. Mas como em todas as coisas, há que tirar os pequenos lucros das grandes perdas. O Joaquim abriu de novo a mercearia, o filho do João voltou a estudar, a Ana regressou à farmácia e o José está de novo a mostrar casas na imobiliária onde trabalha. O bairro voltou à normalidade e estamos todos muito mais contentes. É claro que deixámos de nos dar com o Belmiro, o Jardim Gonçalves e o Américo Amorim. Mas também é verdade que eles não passavam lá muito pelo meu bairro. E quem é que se quer dar com pessoas que não investem em PPR?”
4 de Outubro de 2004
Nicolau Santos, in Expresso on line
domingo, outubro 3
Congresso do PS - Encerramento
As maiorias esmagadoras são más conselheiras. Vejo notícias, acerca do Congresso do PS, a realçar essas maiorias. Zapatero ganhou o Congresso do PSOE por um voto (isso mesmo, um voto). Os discursos eficazes, com mensagens perceptíveis por todos, são um bom sinal. José Sócrates é um bom comunicador. Toda a gente já o sabia. Mas o Congresso consagrou essa vantagem.
Homenagear Sousa Franco proclamando as palavras: "amigos, companheiros e camaradas", com as quais abria as suas intervenções é uma provocação, desnecessária, a Manuel Alegre. Todos os que têm a memória da resistência ao fascismo sabem que era Manuel Alegre que abria as emissões da Rádio “Voz da Liberdade”, desde Argel, com as palavras: "amigos, companheiros e camaradas". Mau sinal.
A afirmação da vocação europeia do PS é um bom sinal. A criação de um “Fórum Novas Fronteiras”, seja qual for o seu formato, é um sinal de abertura à sociedade civil. A marcação de uma data para a sua concretização, 29 de Janeiro de 2005, é uma marca de pragmatismo. Bons sinais. Será para lançar a candidatura de Guterres à Presidência da República?
A "simplificação" da questão da política de alianças, que transpareceu dos discursos de alguns dirigentes da maioria vencedora do Congresso, e as afirmações ideológicas de um centrismo exacerbado, explanadas por outros, são um mau sinal. Se não houver capacidade para flexibilizar os impulsos do "radicalismo centrista", emergente neste Congresso, será muito difícil ao PS obter uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas por erosão do seu eleitorado à esquerda. O futuro o confirmará.
Não conheço os detalhes do debate mas reparei que as moções sectoriais foram, como de costume, remetidas para a próxima reunião da Comissão nacional. Mau sinal. Os rostos dos derrotados estavam crispados, os dos vencedores cansados (e preocupados?). Mau sinal.
Agora falta definir a política. A tradicional divisão direita/esquerda não ajuda grande coisa a essa definição. Os problemas que bloqueiam o desenvolvimento do país e a sua afirmação na Europa e no Mundo são transversais nos planos económico, social e político. Difíceis de abordar e ainda mais difíceis de verter em políticas aceitáveis pelo eleitorado tradicional da esquerda e mobilizadoras dos sectores mais dinâmicos da sociedade.
É preciso ir ao terreno, ouvir os protagonistas, chamar os melhores à mesa da discussão e formular políticas realistas, aceitáveis pelo maior número, com bom senso e bom gosto. É difícil? É simples? Em política o difícil é fazer os problemas difíceis parecerem simples.
Os Desvarios do Senhor Reitor
Deve ter sido um azar do Reitor da “Católica”. As entrevistas têm destas coisas. Logo foram puxar para manchete da edição dominical do "Público" um tema certamente marginal ao teor da entrevista concedida pelo reitor da “Católica”.
Manuel Braga da Cruz foi militante do MES. Eu sei que foi há muitos anos e a juventude explica muitos e, na maior parte dos casos, saudáveis desvarios. Ora aí está uma boa razão para que a diversão nocturna não mereça excomunhão. Haja Deus!
“Reitor da Católica Quer Novas Regras para Bares e Discotecas Manuel Braga da Cruz Diz Que a Pressão da Industria de Diversão Nocturna Contribui para o Insucesso no Ensino Superior, Deseja Que Os Alunos Não Frequentem Esses Espaços Tão Intensamente e Pede Intervenção do Poder Político
“Reitor da Católica Quer Novas Regras para Bares e Discotecas Manuel Braga da Cruz Diz Que a Pressão da Industria de Diversão Nocturna Contribui para o Insucesso no Ensino Superior, Deseja Que Os Alunos Não Frequentem Esses Espaços Tão Intensamente e Pede Intervenção do Poder Político
O reitor da Universidade Católica Portuguesa considera que um dos factores que contribuem para o insucesso dos alunos do ensino superior é a existência de uma pressão da indústria de diversão nocturna. Manuel Braga da Cruz defende que o poder político deve intervir na regulamentação desses espaços de modo a que os estudantes não os frequentem tão intensamente.” TEXTO
PS - CONGRESSO
Ao segundo dia surgiu o debate da política de alianças. Nada de novo a não ser o ter-se discutido abertamente o que já não é nada pouco.
Mas o mais importante acontecimento deste congresso continua a ser a eleição do Secretário-geral. José Sócrates foi eleito por voto directo e secreto dos militantes com uma elevada participação. Mais de 30.000 eleitores foram às urnas facto absolutamente inédito na história da democracia portuguesa.
No primeiro dia do Congresso deu para conhecer o estilo do secretário-geral. No segundo para conhecer a política de alianças: PS sozinho em busca de uma maioria para governar, sem alianças. Agora faltam enunciar as políticas.
E saber como a nova liderança vai reagir às campanhas que a direita deve estar a aprontar na linha do vale tudo. É que a liderança do PS mudou mas não mudaram as lideranças do PSD e do PP. Preparem-se!
sábado, outubro 2
MARISA VAQUERO
Nacida en Daimiel (Ciudad Real), obtuvo el Premio Ciudad de Leganés por Jardines de piedra (1988). Ha publicado: Jean-Loup (1992) y una Antología de sus versos (1991). El inédito Poemas de falda negra aparecerá próximamente.
Para él
quiero una muerte lenta,
Para él
que oigan sus lamentos
las montañas y valles.
Que se llenen los ríos,
mares, pozos y lagos
de finos hilos rojos.
Que vean las estrellas
cómo se agota el ánimo,
cómo el latir se apaga.
Quiero vengarme hoy
que mi apetito sólo
desea devorarle.
In HARTZ
A nomeação de Celeste Cardona
Ouvi dizer, não ouvi ao vivo, que o Dr. Bagão Félix se manifestou indignado por uma campanha lançada, na comunicação social, contra a nomeação da Dra. Celeste Cardona para a administração da CGD (Caixa Geral de Depósitos).
A consciência do Dr. Bagão Felix é leve, muito leve, como o ar que respira. Já agora, a Dra. Celeste Cardona vai assumir, a tempo inteiro, na administração da CGD as “áreas jurídica e fiscal/contencioso/compras e provisionamento”.
Este episódio e os seus católicos protagonistas fizeram-me, estranhamente, lembrar estas citações:
“É o cristianismo que explica o bolchevismo. Conservemos o equilíbrio para não nos tornarmos assassinos.”
“Para os cristãos, a Revelação está no início da história. Para os marxistas, está no fim.”
G. Greene: ...”Para quem não crê em Deus, se as pessoas não forem tratadas segundo os seus méritos o mundo é um caos, é-se levado ao desespero”.
Albert Camus, in Cadernos
Este episódio e os seus católicos protagonistas fizeram-me, estranhamente, lembrar estas citações:
“É o cristianismo que explica o bolchevismo. Conservemos o equilíbrio para não nos tornarmos assassinos.”
“Para os cristãos, a Revelação está no início da história. Para os marxistas, está no fim.”
G. Greene: ...”Para quem não crê em Deus, se as pessoas não forem tratadas segundo os seus méritos o mundo é um caos, é-se levado ao desespero”.
Albert Camus, in Cadernos
"Projecto dum livro sobre a sexualidade
Aqui está um jovem casal que se instala no meu compartimento: a mulher é loira pintada; usa grandes óculos escuros, lê o Paris-Match; tem um anel em cada dedo e cada unha de ambas as mãos está pintada de cor diferente das unhas vizinhas; a do dedo médio, mais curta, dum carmim pesado, indica grosseiramente o dedo da masturbação. Daqui, do encantamento em que me mantém este casal do qual não consigo desviar os olhos, surge-me a ideia de um livro (ou dum filme) onde não haveria senão estes traços de sexualidade secundária (nada de pornográfico); aí se apreenderia (tentar-se-ia apreender) a “personalidade” sexual de cada corpo, que não é nem a sua beleza nem o seu ar “sexy” mas, sim, a forma como cada se oferece imediatamente à leitura; porque a jovem loira de unhas grosseiramente colorias e o seu jovem marido (de nádegas moldadas e olhos doces) traziam a sua sexualidade de casal na botoeira, com uma legião de honra (sexualidade e respeitabilidade provêm do mesmo cartaz) e essa sexualidade legível (tal qual Michelet a teria certamente lido) enchia o compartimento, por uma metonímia irresistível, muito mais seguramente do que uma série de garridices.”
Na página 16 escrevi a seguinte nota: “prefiro a viagem. o encontro entre as pessoas que se movimentam nos lugares e nos acontecimentos.”
Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 40
(pag. 16, 2 de 2)
Edição portuguesa - Edições 70
Na página 16 escrevi a seguinte nota: “prefiro a viagem. o encontro entre as pessoas que se movimentam nos lugares e nos acontecimentos.”
Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 40
(pag. 16, 2 de 2)
Edição portuguesa - Edições 70
sexta-feira, outubro 1
José Sócrates
Teve início o Congresso do PS. Os discursos iniciais são marcantes. Dispenso-me de comentar os rostos cansados das primeiras filas. Sócrates tem todas as condições para ser um vencedor. A personalidade dos lideres é muito importantes na luta política. A batalha da comunicação já ele ganhou. Agora falta definir a política. É aqui que bate o ponto.
Imigração - "O problema Social Mais Grave da Europa"
Está diponível no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo, com o título em epígrafe, publicado hoje no "Semanário Económico"
Aurora boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
António Gedeão
Obra Poética
Edições João Sá da Costa
2001
Viajar na cidade
A cidade é um espaço fascinante. Ontem cruzei a cidade, de lés a lés, duas vezes de taxi. Não falo agora da arquitectura, da demografia, da limpeza, do estacionamento, do trânsito, do policiamento, em suma, da gestão da cidade de Lisboa. Falo dos dois homens que me guiaram nessas viagens pela cidade. Dois encontros surpreendentes.
O primeiro tinha sido empresário na área dos produtos de iluminação. A sua empresa era razoavelmente grande. Seis meses atrás desentendeu-se com o sócio e saiu “a bem”. A adesão à sua nova profissão foi forçada e estava a habituar-se. Gostava do que fazia mas as suas palavras denotavam a nostalgia pela vida que tinha "sido obrigado" a largar.
O segundo andava há quatro dias na faina. Não sabia como chegar ao destino que lhe indiquei. Homem maduro reconheceu a sua ignorância. Expliquei-lhe o que o seu colega da manhã me tinha explicado. “Não se preocupe que 80% dos clientes lhe indicarão o caminho”. A maioria são simpáticos e colaborantes confirmou, como resultado da sua curta experiência. Enquanto lhe indicava, com o máximo de detalhes, as virtudes do caminho que escolhi ele contava-se a sua experiência de vida.
Era industrial de confecções. Tinha uma fábrica que começou a não dar para pagar as despesas. Explicou-me que os produtos do oriente não dão hipóteses à nossa produção tradicional. A sua mulher ainda lá trabalha. Mas ele teve que agarrar-se a uma actividade que tinha abandonado há muitos anos atrás. Para legalizar a sua situação de condutor do táxi (de um amigo) realizou 200 horas de formação. Aos 60 anos é obra.
Ao viajar na cidade ontem confrontei-me com dois dramas pessoais e familiares. Dois exemplos de homens de cultura e experiência superior que não se deram por vencidos face às dificuldades da vida. Senti-me solidário com eles.
Aconselho vivamente o Dr. Bagão Féliz a tomar, de vez em quando, um táxi, a andar a pé na rua, a viajar na cidade. Assim poderia afinar com mais perfeição os seus discursos de defesa dos pobres e desprotegidos. E a perceber a cor da bonomia que esconde, envergolhada, o vermelho da indignação e da revolta
quinta-feira, setembro 30
Colocação de professores
A divulgação da informação de que uma empresa resolveu, de forma expedita, o problema informático que fez colapsar o processo de colocação dos professores coloca novos problemas. Quais as verdadeiras razões daquele colapso? Se era fácil, rápido e barato solucionar o problema informático porque razão não foi solucionado antes? As colocações, afinal, foram feitas à mão? Se o essencial do problema da colocação de professores foi resolvido ainda bem. Mas depois desta novidade e da intervenção pública do ex-ministro David Justino resta muito por esclarecer, a bem do funcionamento da comunidade educativa e do interesse público
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"Nova Empresa Resolveu Colocação de Professores em Seis Dias
O problema da colocação de professores foi resolvido através de uma nova solução informática pensada em seis dias e executada em 30 minutos, com o apoio de um novo servidor vindo de Espanha." (Público)
TEXTO
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"Nova Empresa Resolveu Colocação de Professores em Seis Dias
O problema da colocação de professores foi resolvido através de uma nova solução informática pensada em seis dias e executada em 30 minutos, com o apoio de um novo servidor vindo de Espanha." (Público)
quarta-feira, setembro 29
Serviço Militar Obrigatório
O Dr. Portas surge, ufano, a proclamar o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO). O acontecimento aparece aos olhos da grande maioria como uma grande conquista civilizacional. Em particular aos olhos da juventude. As juventudes partidárias rejubilam.
O Dr. Portas ostenta um orgulho que estaria nas antípodas das suas próprias convicções caso fosse um verdadeiro patriota. No momento em que se consagra o fim do SMO quero afirmar que sempre fui a favor da conscrição, ou seja, do “alistamento militar”.
Acho que o fim do SMO é uma cobardia moral e um sinal de resignação patriótica.
A partir de agora o país ficará a dispor de forças militares profissionais. A maioria dos jovens nunca terá acesso à experiência militar. Nunca saberá manejar uma arma. Nunca terá a noção real do que é a defesa nacional. O país perderá um dos últimos redutos onde se exercitava o sentimento de pertença à comunidade nacional.
Ficam os ex-combatentes para o exercício da demagogia patrioteira. Ficam as compras de armamento para o aumento da despesa pública. Ficam os edifícios e os terrenos militares devolutos para combater o deficit.
O patriotismo virou negócio por grosso e a retalho. E negócio chorudo!
Pequenas coisas
Falar do trigo e não dizer
o joio. Percorrer
em voo raso os campos
sem pousar
os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro
a alfazema. Pequenas coisas,
dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior: dizer
o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo. Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites. Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio.
Albano Martins
Escrito a vermelho
Campo das Letras
1999
1ª edição
Pó dos livros - 8
O teatro ocupou um lugar importante na formação da minha sensibilidade e cultura cívica. Fui iniciado, no liceu de Faro, pelo Prof. Joaquim Magalhães tendo prosseguido uma intensa experiência teatral, no Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve, sob a orientação do médico Emílio Campos Coroa, oriundo da escola do TEUC de Coimbra, dirigido por Paulo Quintela.
A todos eles, grandes figuras da cultura portuguesa, esquecidos mas nem por isso menos grandes, fiquei a dever, pela via do teatro, uma perspectiva humanista dos homens e do mundo.
Não admira que o “pó dos livros” revele a presença dos livros de teatro.
Aqui vão dois e um apontamento de uma experiência particular.
- “Teatro de Novos” – “Consultório” de Augusto Sobral e “O Pescador à Linha” de Jaime Salazar Sampaio – Arcádia, edição de 1961. Peças estreadas a 2 de Junho de 1961 no Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de Artur Ramos. (Talvez o livro de teatro mais antigo que comprei por 15$00.) ;
- “Teatro Contemporâneo” – “problemas do jogo e do espírito” – Mário Vilaça, “um livro seleccionado por Vértice”, edição de autor – Coimbra, 1967.
Neste último, encadernado a “papel ferro”, com abundantes fotos, a preto e branco, se reúnem textos publicados em diversas revistas e publicações fazendo referências a autores, peças, escolas de teatro e técnicas. Reparo, em particular, num texto dedicado ao teatro moderno norte-americano em que se fala, entre outros, de Thornton Wilder.
Retenho que encenei e representei, num trabalho colectivo, no que chamávamos o “Teatro Sarrapilheira”, em Faro, a peça, em um acto, “A Longa Ceia de Natal”, desse grande autor norte-americano. A empresa foi levada a cabo com o beneplácito de Campos Coroa e sem autorização prévia do Governo Civil, cujo pedido tornaria a tarefa impossível. Uma representação única, clandestina, com a sala cheia.
Foi uma das experiências mais importantes da minha vida e ainda hoje, passados decénios, convivo mentalmente com os bastidores da acção, revejo os meus gesto em cena, assim como as faces e os corpos dos meus companheiros de aventura. Dessa experiência guardo, aliás, uma foto que sempre coloco em lugar de destaque.
terça-feira, setembro 28
Três boas notícias e uma má
Governo italiano confirma Reféns italianas libertadas
As duas italianas feitas reféns no Iraque no passado dia 7 foram libertadas, noticiou hoje a televisão Al-Jazira. O governo italiano já confirmou a libertação das duas jovens.
As duas italianas feitas reféns no Iraque no passado dia 7 foram libertadas, noticiou hoje a televisão Al-Jazira. O governo italiano já confirmou a libertação das duas jovens.
Polícia palestiniana anuncia Jornalista da CNN libertado
Colocação de professores Listas estão publicadas na net
As listas de afectação, destacamento e contratação de docentes foram hoje publicadas na Internet, informou o Ministério da Educação, numa nota à comunicação social. A publicação ocorre dois dias antes do fim do prazo dado pela ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, que terminava a 30 de Setembro.
Constâncio alerta para subida dos preços do petróleo Retoma em perigo
A manterem-se os actuais preços do petróleo irão cair por terra as previsões de crescimento económico. O alerta foi dado hoje pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, que afirmou que caso o preço do barril se mantenha acima dos 50 dólares as previsões terão de ser revistas.
(Expresso on line)
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