Se querem um tema interessante, e importante, que nos deve preocupar tomem lá este. Para simplificar, os banqueiros recolhem as poupanças dos cidadãos e das empresas, fazem aplicações, emprestam, fazem-se remunerar e remuneram, por aí adiante, assumem riscos, estão sujeitos à legislação nacional e comunitária, é suposto serem supervisionados pelos bancos centrais, de cada estado, e pelo BCE, nos quais as comunidades delegaram a responsabilidade de garantir que cumprem as regras elementares da boa gestão. Mas se um banco ameaça entrar em colapso, costuma dizer-se “abrir falência”, ou seja, deixa de ser capaz de honrar os compromissos perante os seus clientes, é a comunidade que paga? A questão que se coloca, de forma brutal, será mais ou menos esta: a ética dos banqueiros que levam os seus bancos à falência é muito diferente da ética dos assaltantes de bancos?
Depois do Northern Rock, das intervenções públicas nos alemães IKB e Sachsen LB e também o caso do colapso do norte-americano Bear Stearns, ‘salvo’ pela Reserva Federal, o assunto levantou uma discussão ‘moral’ entre os financeiros. O BCE, e outros bancos centrais, alertaram para o risco de se estar a dar uma garantia aos banqueiros de que o dinheiro dos contribuintes servirá como rede de segurança para os seus exageros.
“O recurso a dinheiro público para resolver uma crise não pode ser dado como adquirido e só deve ser considerado como remédio para uma perturbação na economia e quando os benefícios sociais estimados superarem o custo de se estar a recapitalizar a instituição à custa de despesa pública”, nota o documento conhecido este fim-de-semana. Ou seja, impedir o colapso sim, absolver os responsáveis nunca.
“A gestão de uma instituição em dificuldades será responsabilizada, os seus accionistas não serão compensados e os credores e depósitos não segurados devem esperar assumir as suas perdas”, avisa o memorando.
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