domingo, março 15

Um luxo de ricos A solidão

“23 de Setembro [1937].
Solidão, luxo dos ricos.”

23 septembre.
Solitude, luxe des riches.”


Estar só
Ausência inteira
Solidária
A sós consigo própria
Só a nossa sombra
Nos olha

Estar só
Nada mais além
De nós
Próprios despidos
De tudo o resto
E de outros

Estar só
Absolutamente nós
Vigiados
Pela nossa voz
Ressoando
No pensamento

Estar só
Caminhar além
Do fim
Aquém da memória
Dos outros
Que vivem em nós

Estar só
O sobressalto
Do vazio
Nunca sonhado
Depois de tudo
Ter perdido

Estar só
Não é anunciares
A minha
Partida
É não te anunciares
Nunca

Estar só
É estar perdido
E não saber
Que me perdi
Deixar a tua mão
Por apertar

Estar só
Quero estar
Só uma única vez
A da palavra
Final
E nunca mais

Estar só
Sem ninguém
É partilhar o silêncio
Raro
Um luxo de ricos
A solidão


* Citação de 1937, in versão portuguesa dos Cadernos de Albert Camus – Caderno Nº 2 (Setembro de 1937 – Abril 1939) - página 61, edição Livros do Brasil; in versão original francesa “Carnets (Mai 1935 – Décembre 1948) ” – “Cahier II (Septembre 1937 – avril 1939) – página 836, Oeuvres complètes – II.

[Também no Caderno de Poesia]
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CONTRADIÇÕES

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sexta-feira, março 13

MAGALHÃES

albert lemoine

O Pedro Rolo Duarte escreve o que já me apeteceu escrever, melhor ou pior do que ele, provavelmente pior, acerca do Magalhães. Há um mundo de Barreto – o velho mundo dos estimáveis intelectuais urbanos – e o admirável mundo novo das novas tecnologias de informação que rompem todas as barreiras entre grupos e classes sociais. É arrepiante escrever acerca disto porque nos faz aproximar da repulsa pelo pensamento daqueles que julgávamos depositários de uma ideologia humanista de progresso. Esta linguagem é antiga, e tem as suas limitações, mas é a que me ocorreu para tornear a palavra esquerda. Combater o Magalhães, denegrir o Magalhães, achincalhar o Magalhães, excomungar o Magalhães, é um luxo de gente que não quer – por snobismo – ou não precisa – por status social – do Magalhães para nada!
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quinta-feira, março 12

VIOLÊNCIA/ESCOLA


Há muitos tipos de violência e de vários graus. Em Portugal, nos últimos anos, a violência na escola tem merecido bastante atenção pública assim como das autoridades públicas. Nenhum país, nem instituição, está a salvo de actos de violência brutais como este que ocorreu ontem na Alemanha.

Mas julgo que não é errado afirmar, empíricamente, que não há uma correlação directa entre o nível de desenvolvimento sócio económico dos países, das comunidades e famílias, e o número e gravidade dos actos de violência praticados nas escolas.

Estranho, hoje, que aqueles que estão sempre na primeira linha da denúncia da violência nas escolas em Portugal não aproveitem – face a este acontecimento -para discorrer acerca da violência na escola.

Sabemos que a violência é indesejável e deve ser combatida por todos os meios legítimos e disponíveis. Mas o título da notícia do El Pais, reproduzindo uma frase de um amigo do jovem assassino, identifica, porventura, o essencial das motivações imediatas do tresloucado e dá que pensar: "Era un tipo aburrido, no tenía amigos y le dejó su novia"

O que é que podem os governos, as polícias, as magistraturas, os professores, as vigilâncias electrónicas … fazer para prevenir e combater a violência na escola? Talvez a solução possível esteja na mistura da acção de todos os cidadãos e autoridades, ou seja, da comunidade, na educação fora da escola através, em primeira linha, da acção da família, dos amigos e das "redes sociais".

Talvez o mundo dos afectos e emoções dos jovens, construído fora da escola, tenha mais importância do que pensam muitos ideólogos da escola de sucesso.
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quarta-feira, março 11

UMA CORRENTE


O Tomás Vasques embrulhou-me na corrente Página 161, quinta frase. Um vírus acabou de apagar todos os meus contactos do Hotmail e todos devem ter recebido, ontem durante a noite, uma mensagem mais ou menos estúpida. Estava mesmo agora a reconstruir a coisa de forma artesanal o que até me permite fazer uma limpeza. As crises têm o seu lado virtuoso.

Já quase me tinha esquecido das correntes e o livro que tenho à mão – alguns vão sorrir! – intitula-se "primeiros cadernos", de Camus, uma velha edição da “Livros do Brasil” que não os volumes da “Colecção Miniatura”. Tem, graças a Deus, 461 páginas o que me evita a busca de uma alternativa.

No entanto a página 161, atenta a natureza fragmentária do texto, torna difícil definir com rigor a quinta frase. Escolho aquela que eu próprio identifico como tal, e assim seja...

Aí vai:

“Léger. Essa inteligência – essa pintura metafísica que reflecte a matéria. Curioso: desde que se reflecte a matéria, a única coisa permanente é justamente a que produziu a aparência: a cor.”

Caderno nº 3 – Abril 1939/Fevereiro 1942
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terça-feira, março 10

IMAGEM E COMUNICAÇÃO (II)

José Mourinho doutorado Honoris Causa

Estas coisas da imagem e comunicação, como demonstra, todos os dias, José Mourinho são fáceis. É uma questão de escola e de compreensão do ar do tempo.
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IMAGEM E COMUNICAÇÃO


Estas coisas da imagem e comunicação como demonstra, todos os dias, a Dra. Manuela Ferreira Leite são muito complicadas.
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segunda-feira, março 9

AS VIAS DA IRA


Caminhando pelas auto-estradas deste nosso Portugal pude verificar quilómetros e quilómetros de obras com supressão de vias, desvios, obstáculos e limitações de velocidade. Em tempos foi aprovado um diploma legal que pretendia proteger o consumidor pagador de portagens em auto estradas e outras vias em obras. Querem ver? Importam-se de me explicar como na prática se pode obter o reembolso do pagamento?
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domingo, março 8

Maria Teresa Horta - "Poesia Reunida"

Minha senhora de mim

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito

Minha Senhora de Mim,
Editorial Futura, 1974 - Lisboa, Portugal

Hoje, Dia Internacional da Mulher, lembrei-me que Maria Teresa Horta lança um livro que reúne a sua obra poética. Aqui está um verdadeiro acontecimento cultural, de âmbito nacional, que deveria merecer manchetes, documentários e públicos festejos.
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SONDAGENS, CURVAS E CÍRCULOS

James Friedman

Tendências de longo prazo das sondagens desde Janeiro de 2005 até à actualidade: “estimativas mensais, controlados "house effects". Será que as curvas, mantendo-se as actuais lideranças do PS e PSD, se vão cruzar nos escassos meses que restam até às eleições legislativas? Não parece provável a não ser que ocorra uma hecatombe!

Os resultados do PS, nas sondagens mais recentes, situam-se sempre próximo dos 40%. A quebra do PS é pequena considerando as “campanhas cirúrgicas”, os efeitos da usura do tempo sobre a governação e o impacto da crise financeira global na economia real. Tudo parece jogar-se no peso do “voto de protesto” à esquerda e à direita.

A maneira como são apresentados os resultados, pela comunicação social, é outra coisa, como diz Pedro Magalhães - Este é o tipo de resultados que, suspeito, os jornalistas detestam: nada para dizer a não ser falar de "subida de 0,1 pontos percentuais".

Aximage, 2-5 Mar, N=600, Tel.

Resultados com redistribuição proporcional de indecisos:
PS: 40,2% (40,0%)
PSD: 25,2% (24,9%)
BE: 13,2% (12,6%)
CDU: 9,5% (9,6%)
CDS: 7,1% (8,1%)
OBN: 4,7% (4,9%)

Eurosondagem, 26 Fev-3 Mar, N= 1018, Tel.

PS: 39, 0% (40, 3%)
PSD: 28, 3% (29, 1%)
BE: 10, 4% (10, 1%)
CDU: 9, 6% (8, 8%)
CDS-PP: 7, 7% (6, 9%)
OBN: 5, 0% (4, 8%)
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sábado, março 7

O homem que eu seria se não houvesse sido a criança que fui

“O homem que eu seria se não houvesse sido
a criança que fui !”

“L´homme que je serai si je n´avait pas été l´enfant que je fus !"*


O homem que eu seria aberto generoso
Olhando os outros homens de frente
Se não tivesse nascido no tempo dos silêncios
Que deram consentimento à tirania

O homem que eu seria ousado em cada gesto
E buscando o sucesso em cada passo
Se não me tivesse assomado o medo
Que tolhe inteira toda a verdade

O homem que eu seria esclarecido
A cabeça povoada de ideias de mudança
Não fosse a memória da mulher ao postigo
Afastando a cortina de chita às cores

O homem que eu seria se os homens
Fossem uma criação divina e não o fruto natural
De outros homens seres originais nascidos
Do prazer carnal ou social obrigação

O homem que eu seria se não me tivessem
Em criança forçado a fazer os deveres
Cortado o cabelo e não me tivesse crescido
O corpo uma medida acima do normal para a época

O homem que eu seria se não fosse fruto tardio
De um amor que não agradeci o suficiente
E me faz pensar no homem que eu seria
Se não houvesse sido a criança que fui

* Citação de 1945, in versão portuguesa dos Cadernos de Albert Camus – Caderno Nº 4 (Janeiro de 1942 – Setembro 1945) - página 126, edição Livros do Brasil; in versão original francesa “Carnets (1935 – 1948) – “Cahier IV (janvier 1942 – septembre1945) – página 1025, Oeuvres complètes – II. (Mesmo quando surgem duvidas tenho mantido sempre a tradução original.)

[Também no Caderno de Poesia]
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sexta-feira, março 6

"Romance sobre a justiça."


A propósito de justiça e tanto que, por vias abertas e ínvias, se tem discutido acerca dela, seus protagonistas e incidentes, vítimas e carrascos, tantas vezes sendo apresentados, ou apresentando-se, a si próprios, no lado errado da barricada, apeteceu-me transcrever este breve fragmento dos Cadernos de Albert Camus, escrito por volta de finais de 1944:

“Romance sobre a justiça.

O tipo que estabelece as ligações entre os revolucionários (Com.) depois de julgamento ou suspeita (porque é precisa unidade), dão-lhe imediatamente uma missão na qual toda a gente sabe que irá morrer. Aceita porque é o seu dever. Morre, pois.
Id. O tipo que aplica a moral da sinceridade para afirmar a solidariedade. A sua imensa solidão final.
Id. Matamos os melhores do outro lado. Eles matam os melhores do nosso lado. Restam apenas os funcionários e os medíocres. O que é ter ideias."
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Endividados, desempregados e revoltados

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quinta-feira, março 5

AVARIA? COINCIDÊNCIA?

Generacion Y de Yoani Sanchez e outros blogues cubanos, críticos do regime, estão “em baixo”. Pode ser uma avaria! No mesmo dia foram divulgadas cartas de auto-crítica, enigmáticas, de dois altos, e prestigiados, dirigentes do PC cubano demitidos por Raul Castro. Pode ser coincidência!
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MES - Anti-autoritário e de esquerda toda a vida…


Para os Caminhos da Memória

Na sequência do IV Congresso do MES, realizado a 8 de Julho de 1979, marcado pela vitória da moção intitulada “Nova Prática, Novo Programa, Outro Caminho”, foi aberto o caminho para a auto-crítica em relação à orientação política anterior e para uma demarcação, assumida e sem regresso, do MES face à chamada “Esquerda Revolucionária”.

Foi Vítor Wengorovius quem assumiu as funções de porta-voz desta ruptura que haveria de anteceder a extinção do MES, formalizada em 7 de Novembro de 1981, no emblemático jantar/festa realizado no pavilhão sobrevivente da Exposição do Mundo Português (ironias da história!).

Na política nada acontece por acaso, apesar dos imponderáveis que o acaso dita, e das idiossincrasias, por vezes bizarras que, em cada época, os dirigentes políticos ostentam. Tudo isto para dizer que, no caso do MES, não fui o primeiro a assumir a autocrítica dos seus erros, mérito que Nuno Brederode Santos, simpaticamente, me atribuiu, mas Vítor Wengorovius em entrevista concedida, em 19 (?) de Novembro de 1979, ao extinto diário “Portugal Hoje”:

“ (…) Entre os erros cometidos interessa hoje sublinhar, não tanto os derivados de discutíveis atitudes pessoais ou de relativa inexperiência devida à juventude da maioria dos seus dirigentes, mas os próprios estratégicos ou os mais importantes a nível táctico.

Contrariando as vantagens das suas origens (…) o MES veio a enredar-se rapidamente no confronto apressado em torno do marxismo-leninismo, a querer construir voluntaristicamente um partido desse tipo, a querer disputar a cintura industrial de Lisboa, dando muito pouca atenção quer ao operariado de outras zonas do país quer aos trabalhadores de serviços, quer à juventude (…) e a perder assim o seu papel original. Vogou depois ao sabor das oscilações do processo revolucionário (…).”

Nessa mesma entrevista VW, em nome do MES, explicou também, com detalhe, as razões da decisão tomada na reunião da sua Comissão Política, realizada em 18 de Novembro desse ano, que consagrava o rompimento definitivo, com a chamada “esquerda revolucionária”.

Embora mantendo em aberto, em teoria, uma via estreita para a criação de uma futura força partidária de esquerda “democrática, socialista e independente” (do PS e do PCP), que nunca viria a passar do papel, VW anunciou, publicamente, a 19 de Novembro de 1979, a decisão do MES de não concorrer às eleições legislativas intercalares de 2 de Dezembro de 1979 aconselhando, ao mesmo tempo, “aos partidos de esquerda com menores possibilidades de elegerem deputados” que desistam a favor do PS ou da APU” tendo em vista o “voto eficaz contra a direita” que concorreria unida na “Aliança Democrática” (AD).

Em declarações prestadas à imprensa, nesse mesmo dia, VW explicou as razões que levaram ao fracasso das negociações entre o MES, a UDP e a UEDS tendo em vista a criação de uma “frente eleitoral” alternativa, destinada a concorrer às eleições intercalares que se avizinhavam: “ E tal aconteceu (…) devido às posições de auto-afirmação partidária tomadas quer pela UDP quer pela UEDS, vindo estas a apresentar candidaturas isoladas que de forma nenhuma respondem às condições mínimas de uma candidatura unitária com verdadeira credibilidade.[Diário de Lisboa de 21/11/79.]

Na verdade o IV Congresso do MES fez emergir uma orientação política que não podendo já fazer regressar o MES às suas origens de força política de “esquerda socialista”, desempenhando um papel de “charneira” entre as diversas esquerdas, assumiu como inevitável o fim da sua breve, empolgante e solitária aventura partidária.

Talvez o MES tenha morrido não uma, mas três vezes: com a ruptura do I Congresso, em Dezembro de 74; com o apelo ao voto no PS, ou na APU, nas eleições intercalares de Dezembro de 79 e, finalmente, em apoteose, no Jantar/Festa de extinção, em Novembro de 81. Anti-autoritário e de esquerda toda a vida...
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quarta-feira, março 4

DO JORNALISMO POR UM JORNALISTA

Entrevista com Jean Daniel

A capacidade de fazer o mal que tem o jornalista é devastadora. Em um dia ou em uma hora se pode desmontar uma reputação. É um poder terrível.

Não é a frase antecedente que me conduz a postar a entrevista com Jean Daniel. É o cruzamento, a propósito dela, da vida dos protagonistas cujo percurso e obra sempre me interessaram muito. Neste caso cruzam-se Jean Daniel, um velho jornalista, no activo, e Albert Camus, apresentado como seu inspirador, na sua faceta de jornalista. O tema é de uma actualidade desarmante e a sua simples abordagem mostra a actualidade de princípios éticos antigos. Um sinal de esperança.

[Também no ir ao fundo e voltar.]
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terça-feira, março 3

O EURO ... DEPRESSA!


Les déclarations se multiplient à l'Est, pour demander à l'Union européenne (UE) de "simplifier les procédures d'adhésion à la zone euro", selon les termes du premier ministre polonais, Donald Tusk, quelques jours avant le sommet des Vingt-Sept, à Bruxelles dimanche 1er mars. Sur les dix pays de la région ayant rejoint l'UE depuis 2004, huit ont toujours leur propre monnaie. Les trois pays baltes ont intégré le mécanisme de change MCE II, antichambre de l'entrée dans la zone. Seules la Slovénie et la Slovaquie ont adopté l'euro, partagé par 16 Etats membres de l'UE.
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UM LUGARZINHO NO CÉU

estreia dia 6 de Março na Guilherme Cossoul

O altaCena, grupo de teatro da histórica Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, estreia o seu novo espectáculo, Um Lugarzinho no Céu , cuja acção se passa na rua, numa zona ribeirinha e que tem como personagens centrais três arrumadores e uma empregada doméstica. Um deles, Mirov, é ucraniano e num longo telefonema que faz para a sua mulher, fala em russo. Esse telefonema não tem (propositadamente) tradução para português.

Fidélio, o Toxicodependente, Casimiro, o Jornalista, Mirov, o Ucraniano e Anunciada, empregada doméstica. O que é que os une naquela zona onde ninguém passa, onde ninguém vive? Será a tragédia que se avizinha?

SINOPSE

Fidélio, Casimiro e Mirovic são arrumadores. Anunciada, empregada doméstica, é namorada de Fidélio, trazendo-lhe todos os dias dinheiro, comida e cigarros. Fidélio é o patrão da zona e é ele que comanda o trabalho de Mirov e Casimiro. Embora Mirov faça tudo para passar despercebido, já que o seu único objectivo é arranjar dinheiro para voltar para casa, acaba por ser o alvo do ciúme de Fidélio, já que Anunciada manifesta por Mirov um carinho especial. Dá-lhe comida e cigarros. Fidélio começa a ficar desconfiado aumentando a sua agressividade para com Mirov. Anunciada, preocupada, decide pagar uma viagem de camioneta para a Ucrânia, de modo a acabar com o seu drama. Fidélio apercebe-se e vem pedir contas a Casimiro, com quem Anunciada tinha combinado tudo. No calor da discussão tira de uma ponta e mola e, quando o ataca, Mirov atravessa-se à frente e morre. Fidélio é preso, Mirov morre e consegue finalmente regressar à sua terra, num caixão pago pela embaixada do seu país. Anunciada tem direito ao seu momento de glória ao ser a protagonista de uma notícia que saiu no jornal.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Texto:
Joaquim Paulo Nogueira
Encenação: Joaquim Paulo Nogueira, Joana Lobo (Assistente de encenação /Dinâmicas de corpo e voz)

Actores: Ana Gil, Filipe Luz, Miguel Santos, Rui Pereira e José Carlos Pontes (pianista)
Música original: José Carlos Pontes
Espaço Cénico e Figurinos: Isabel Alves Mendes
Espaço sonoro: Hugo Guerreiro
Graffitis: Marco Almeida
Iluminação: Marinel Matos
Sonoplastia: Dina Marques
Luminótecnia: Carlos Casimiro e Élio Luís
Cartaz/Programa: Tiago Alves Mendes /Magnésio
Direcção de Produção: Élio Luís
Retroversão do telefonema de Mirov: Valentina Naumyuk do Grupo RefugiActo
Fotografia: David Marçal e Daniel Lobo Antunes

Produção: AltaCena
Ideia original: Joaquim Paulo Nogueira, José Boavida e Pedro Alpiarça
Duração: 1h30
Classificação etária: M12
Preço: 7,5 € e 5 €
Apresentações: Março: 6,7,13,14,21,27,28 Abril: 3,4 de às 21h30
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