domingo, julho 5

MANUEL PINHO

Manuel Pinho: pode não se gostar do estilo, das políticas, ou de algumas políticas, mas o futuro dirá do alcance da sua acção. Como o próprio expressou na última entrevista à SIC Notícias é muito difícil fazer política debaixo de uma chuva de enxovalhos. Não é o primeiro, nem será o último, a passar por essa provação. Mas com ele o governo adoptou uma estratégia para a economia, no sentido amplo, que parece manter plena actualidade. Haja saúde!
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sábado, julho 4

O TESOURO DA DANÇA


Fui assistir, ontem, ao espectáculo dos finalistas da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Curiosamente Telmo Monteiro foi um dos finalistas mas deu para entender que a qualidade média dos finalistas, e não só, é muito elevada. Para além dos prémios internacionais, que têm sido ganhos por alguns alunos, como dar visibilidade pública a este tesouro?
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sexta-feira, julho 3

SOLENIDADES E RITUAIS

Fotografia de Hélder Gonçalves

O exercício de caminhar através das memórias mais distantes, e profundas, é um acto de libertação. Partilhá-las com a comunidade que se dispõe a acolhê-las para nelas se rever, ou não, é um acto de comunhão. São razões que bastam para retomar alguns escritos antigos do tempo em que o Absorto era um mero espelho das palavras que nele desenhava.

Não queria ir. Não me sentia bem na minha pele. Mas estava tudo preparado. A teoria e o ritual. Sabia de cor as orações e o resto. Mas não queria ir. No dia dos actos solenes sempre me sinto com vontade de fugir. Não gosto de actos solenes. Depende das circunstâncias sofrer mais ou menos. Com os anos aprendi a defender-me e sofro menos. Porque não podemos fugir a todos os actos solenes.

Mas naquele dia fugi mesmo. A minha mãe correu atrás de mim. Fui à força a caminho da Sé. Cumpri, como sempre, com a minha obrigação. Percorri todos os caminhos de uma autêntica formação católica. Ficaram-me marcados na memória os personagens, os rostos e os cheiros. Alguns admiráveis e repousantes como os padres Patrício e Henrique. Outros execráveis e repugnantes. Aprendi a olhar para dentro e a falar comigo próprio.

Gosto de ler a poesia de Adélia Prado. E de ouvir o silêncio solene do interior de um templo vazio. De olhar as capelas e os altares. De admirar as obras de arte que os habitam. E de observar a crença dos que os frequentam. No fim da vida o meu pai, que eu julgava agnóstico, rezava. Mas não gosto de participar em rituais. Não gosto de seitas. Nem de associações secretas. Sejam religiosas, políticas ou outras. As suas obediências e silêncios não se conjugam com o meu conceito de liberdade. Isso explica muita coisa.

Fiz a comunhão solene. Tenho até uma fotografia, muito impressiva, acompanhado pelos meus pais e padrinhos (ou será do crisma?). Não me lembro, ao certo, como regressei da Sé. Mas lembro-me de nunca ter acreditado na confissão. Nunca ninguém, de verdade, se confessa. O que retenho, com nitidez, foram a vista e o cheiro das laranjeiras do largo da Sé de Faro. E um sorvete que comi, na Brasileira, às escondidas. Em pecado. Capital.
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Jobs and Energy Innovation

Curiosamente no mesmo dia da demissão do ministro Manuel Pinho:
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terça-feira, junho 30

Pina Bausch

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ANA GOMES

Apresentação da candidatura de Ana Gomes. Ouvi ontem o Nuno Teotónio Pereira falar na qualidade de mandatário da candidatura de Ana Gomes, pelo PS, à autarquia de Sintra. Assumiu a cegueira que, recentemente, o acometeu. É grande a sua coragem no contexto de uma candidatura de gente corajosa a começar pela Ana Gomes. A política, por vezes, reserva-nos surpresas agradáveis… e quem sabe o futuro ?…
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segunda-feira, junho 29

MILLÔR FERNANDES

Descoberto aqui: o Twitter parece ter sido criado à medida de Millôr Fernandes.

Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.

Canalhas melhoram com o passar do tempo (ficam mais canalhas.)

Pontual é alguém que resolveu esperar muito.

Todo homem nasce original e morre plágio.
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O "CARRO ELÉCTRICO"

O projecto do “carro eléctrico” avança e ameaça tornar-se uma realidade de um dia para o outro. Como todas as inovações terá os seus detractores que, em breve, iniciarão a produção de contra indicações, defeitos, erros e omissões. Como no caso das novas tecnologias de informação - Magalhães, “banda larga” - … o governo aposta na massificarão - fazer muito em pouco tempo, criando infra-estruturas e parcerias – pois, no passado, já perdemos muito tempo e o futuro não espera por nós. É mais um projecto difícil de mandar pela janela fora …
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domingo, junho 28

UMA COLUNISTA QUE ME INTRIGA


É claro que os jornais têm o direito de dar voz aos colunistas que bem entendam. Mas há uma coluna de opinião num jornal de referência que me intriga: a de Manuela Ferreira Leite, no Expresso. Um verdadeiro espaço de propaganda partidária preenchido pela líder do maior partido da oposição. A continuar a publicar, sem mais, aquela coluna de opinião o Expresso terá que assumir, à semelhança da tradição americana, o apoio político expresso ao PSD. Não virá daí mal ao mundo e será uma vitória da transparência democrática. Pois não basta clamar por ela …
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sábado, junho 27

NO INFERNO DOS KHMER VERMELHOS


Acabei de ler o terrível testemunho de Denise Affonço, contido no livro “No Inferno dos Khmer Vermelhos”, acerca de um dos mais sanguinários regimes políticos do século XX, de natureza comunista. Recomendo.

“Esses utopistas selvagens destruíram tudo. Já não há escolas, hospitais, dinheiro, actividade comercial, tudo tem de ser reconstruído. Como se pôde conceber uma loucura destas? E pensar que esses doentes foram aconselhados e assistidos no seu delírio assassino pelo “grande irmão comunista”! E que durante todo esse tempo a comunidade internacional não mexeu nem um dedinho para parar o massacre! Porquê? Como conseguiram os Khmer Vermelhos manter tanto tempo o país hermeticamente fechado a qualquer intervenção exterior? Como fizeram para que o mundo inteiro acreditasse que tudo corria bem no país e que os seus habitantes viviam felizes num paraíso?"
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sexta-feira, junho 26

A «Nova Esquerda» que eu conheci morrreu – Uff!


Surgiu recentemente o anúncio da criação de um movimento político que se auto intitula de Nova Esquerda. Trata-se, ao que parece, de uma “dissidência” do movimento que Manuel Alegre criou após a sua candidatura presidencial e do qual o próprio já se demarcou. O Araújo Pereira, dos Gatos Fedorentos, caracterizou, com acutilância, a natureza das motivações dos seus criadores:

Apesar do nome com que se quer registar como partido, é de temer que o Movimento Nova Esquerda não seja nem novo nem de esquerda. O que há a reter é o facto de se detectar tristeza entre os amigos de Alegre. Desiludidos com o facto do histórico deputado socialista não criar um novo partido, vão criá-lo eles. É normal que os partidos, ao longo da sua história, revejam a sua ideologia, mas desta vez os amigos de Alegre vão mais longe ao afirmarem que apesar de alegristas estão desiludidos com o seu próprio patrono.

Tem razão Araújo Pereira, pelo menos, quando diz recear que o novo movimento não seja novo. Sem querer beliscar, nem ao de leve, a legitimidade de grupos de cidadãos criarem os movimentos, ou partidos, que lhes aprouver, gostaria de dar testemunho acerca da criação, em 1984, do movimento Nova Esquerda que, apesar de nunca se ter formalizado (ainda bem!), nem ter registado a sigla, foi bastante longe nos preliminares, através da elaboração de uma “Declaração de Princípios”, de tomada de posições públicas…. Os tempos eram difíceis!...

Reproduzo, de seguida, o meu testemunho, acerca do contexto em que esse movimento surgiu, numa posta que escrevi, em Abril de 2004, sob o título “Do MES à Nova Esquerda”, lavrando o meu quixotesco protesto, não tanto pela utilização da sigla, “ipsis verbis”, mas pela aparente ignorância de certa esquerda acerca da sua própria memória o que a levará, inevitavelmente, à irrelevância. Convenhamos que o caminho da renovação da esquerda carece de um pouco mais de estudo e imaginação.

Nas reuniões e discussões prévias ao I Congresso [do MES] lembro-me de ter, em diversos momentos, divagado a sós, angustiado pela percepção da "quadratura do círculo" que constituía, naquelas circunstâncias, conciliar a democracia representativa com a democracia directa, ou "poder popular".
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Uma síntese impossível. Era necessário ganhar tempo, mas a gestão do tempo não era o nosso forte, nem o "espírito da época" favorecia as esperas sábias e pacientes.
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As revoluções criam uma especial escala do tempo em que nos sentimos atraídos pela acção e a acção exige mais acção. A única saída possível para tornar o MES um Partido útil, na construção da democracia representativa e participativa, tinha-se esfumado com o desenlace daquele Congresso.
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Os que romperam prepararam pacientemente a sua integração no PS. Os que ficaram, por convicção ideológica ou devoção a amizades autênticas, forjadas nas lutas do passado, foram absorvidos pela voragem dos acontecimentos e foram saindo, em levas sucessivas, até à extinção do movimento no célebre jantar do Mercado do Povo.
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Após a extinção do MES alguns de nós dinamizaram, no início dos anos 80, a criação da "Nova Esquerda" em cuja declaração de princípios se preconizava o "desenvolvimento de um novo pensamento de esquerda que, assentando fundamentalmente na ideia do socialismo democrático, clarifique as suas fronteiras, encare os valores da liberdade individual, da solidariedade social e da iniciativa modernizadora (tanto ao nível económico como cultural), como elementos constitutivos essenciais."
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Defendia-se, num notável documento de Julho de 1984, que mantém plena actualidade, entre outros objectivos, o debate "aberto e inconformista que envolva todos os sectores interessados na modernização do país", o "reforço da democracia" e a "adesão à CEE".
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Esse documento preparado para a criação de uma abortada "Cooperativa Nova Esquerda" foi assumido por Afonso de Barros, Agostinho Roseta, Eduardo Ferro Rodrigues, Eduardo Graça, Eurico de Figueiredo, Jofre Justino, José Leitão, Júlio Dias, Margarida Marques, Sara Amâncio, Tereza de Sousa e Vitor Wengorovius.
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Em 21de Abril de 1986 a Comissão Coordenadora da "Nova Esquerda", constituída por Afonso de Barros, Agostinho Roseta, Eduardo Ferro Rodrigues, Eduardo Graça e Vitor Wengorovius anuncia que, após seis anos, a "atitude de solidariedade crítica externa ao PS se esgotou e deve ser superada por uma intervenção política concreta que, para a maioria dos membros desta comissão, pode e deve ser realizada, desde já, dentro do PS."
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Em consequência, no decurso do ano de 1986, todos os membros da Comissão da "Nova Esquerda", com excepção de Vitor Wengorovius, entre outros ex-activistas do MES, aderiram colectivamente ao PS.
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... é altamente recomendável ler um apontamento de Eduardo Graça, no seu Absorto, intitulado A «Nova Esquerda» que eu conheci morrreu – Uff! . Trata-se de um relato, por dentro, de um episódio da história da democracia portuguesa - o qual, ao espelho, dá a ver a ignorância chapada (ou então a arrogância) de alguns sábios renovadores da esquerda que chegaram no último minuto junto ao balcão de serviço e começaram logo a pedir bebidas que não sabem o que sejam só por vagamente lhes terem ouvido chamar o nome.Do texto do Eduardo, atrevo-me a recortar apenas isto: «Convenhamos que o caminho da renovação da esquerda carece de um pouco mais de estudo e imaginação.» Aplaudo. Doendo-me as mãos só de pensar no que a vida é, mas aplaudo.
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quinta-feira, junho 25

Michael Jackson

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É PRECISO MANTER O EQUILÍBRIO!


Assino por baixo. O assunto é grave. Estava a matutar acerca do alarido que os mesmos fizeram quando a empresa detentora da TVI foi comprada pela PRISA (empresa espanhola) rugindo ameaças acerca dos perigos dessa mesma TVI ser instrumentalizada pelo PS, açulados pela nomeação do inefável Pina Moura para a sua administração. Hoje parece que a PRISA (espanhola) está vendedora e a PT (portuguesa) está compradora de parte do capital da Media capital, detentora da TVI. Tanto quanto se possa considerar que o capital tem Pátria devia ecoar entre os portugueses, do topo à base, uma alegria moderadamente suave em nome daquele valor antigo que dá pelo nome de patriotismo. Mas eis que os mesmos que se queixaram do perigo do PS se apropriar da TVI (foi o que se viu!) agora se queixam exactamente do mesmo e sempre que a Media capital, detentora da TVI, mudar de mãos aqui d’el rei. E já agora o que dirão os sempre alerta para os perigos dos espanhóis, de uma PRISA qualquer, um dia destes comprarem a SIC (já esteve mais longe, dizem as minhas fontes – também tenho fontes, ah!ah!ah!). São demasiados pesos para diferentes medidas. Demasiadas desmemórias. É preciso manter o equilíbrio e quanto mais acima mais necessário é manter o equilíbrio!
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quarta-feira, junho 24

A ROUBAR?


Eu sei que os tempos estão mais para as manchetes do género secretário de Sócrates, ou adjunto de Sócrates, uma verdadeira manipulação pois, na verdade, se trata de um Secretário de Estado mas talvez seja tempo de denúncias públicas como esta de Berardo despertarem o interesse de quem de direito. Se quando Vital Moreira, em campanha política eleitoral, falou em roubalheira no BPN caiu o Carmo e a Trindade, quando Berardo, accionista de peso de um banco, afirma que o dito banco “continua a roubar e posso provar” não acontece nada? Com respeito às suspeitas que, justa ou injustamente, continuem a recair, como é o caso, sobre entidades do sistema financeiro é bom que o governo, o BP e a justiça não assobiem para o lado pois o que está em causa é a própria credibilidade das instituições democráticas.
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AI, LIBERDADE, LIBERDADE!


Em breve o Presidente da China visita Portugal. Fico sentado à espera das palavras do ocidente democrático – já nem falo de acções – em favor dos princípios básicos da democracia na China (e a Coreia do Norte ali tão perto!). E lembro-me do Irão (a Pérsia), e da contestação ao resultado das eleições, sabendo de quantas vezes o Ocidente democrático apoiou ditaduras e conspirou para derrubar democracias (não precisamos senão de olhar para nós próprios!). Na verdade o ocidente democrático preocupa-se sempre com a posse dos recursos naturais e o domínio das rotas comerciais e nem sempre com a defesa da liberdade e da democracia.
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