domingo, janeiro 15

MEMÓRIAS (2)

Posted by Picasa Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz - "Edifício do Cinema Águia d´Ouro"

Era neste edifício degradado que se encontrava instalada a Delegação do INATEL, no Porto, até 12 de Julho de 2001.

Como o site do INATEL não permite a consulta à informação acerca dos “trabalhos de tratamento da Arquivo Histórico do INATEL”, elaborados em colaboração com a Fundação Mário Soares, uma síntese dos mesmos podem ser consultados mais adiante. Estes trabalhos foram realizados com a colaboração daquela Fundação, com custos insignificantes para o INATEL, e a sua referência, neste momento, é uma forma de homenagear a Dra. Manuela Espírito Santo (ex. Vice Presidente da Direcção do INATEL) e todos os técnicos que colaboraram naquele trabalho.

Como podem verificar, consultando as fontes, o trabalho mantém-se em condições de ser retomado a qualquer momento. Espero que, em breve, tal seja possível.

Documentos FNAT/ INATEL - Trabalhos de tratamento do Arquivo Histórico do INATEL - Apresentação Fotografias

Por sua vez também deixo o acesso para consulta da síntese de uma tese de mestrado, certamente, a mais completa e cientificamente correcta, escrita até hoje, acerca da história da FNAT até ao ano de 1958:

José Carlos Valente, Integração Política dos Lazeres Operários e Populares sob o Estado Novo (a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho: 1935-1958)

TEMPO

Posted by Picasa O meu avô paterno Dimas Eduardo - Santos (Brasil)

Como dizer o vazio que lhe sobra do tempo
Em cujo correr se cozem as amarras da vida

Como medir o diâmetro do lento desespero
Em cujo centro ele perde de vista a margem

Como medir o tempo correndo à velocidade
Que lhe apraz e fora do nosso entendimento

Como dizer quem somos na verdade se nos
Vemos diferentes quando o tempo nos olha

Como não mudar de qualidade na passagem
Se mesmo sem nós o tempo não pára nunca

Como saber o momento certo exacto o nada
Em cujo silêncio absoluto se liberta o tempo

Como dizer tudo que não cabe inteiramente
No tempo de uma vida inteira que se perdeu

Como julgar o tempo se ele não passa afinal
De uma dor um sentimento que se não sente

Lisboa, 2 de Janeiro de 2006

ENGRENAGEM (2)

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

As datas são uma coisa terrível. A este propósito, curiosamente, hoje, no café, li o “24 Horas” que nunca comprei. Se já não compro o “Público”! Essa leitura permite-me fazer umas correcções e precisões a propósito da caso “envelope 9”: o número de telefones privados, cujas listagens das comunicações constam da informação fornecida pela PT, é 208; o período exacto compreendido pelas conversas constantes das ditas listagens é entre 10 de Dezembro de 2001 e 7 de Maio de 2002.

Quem quiser que se dê ao trabalho de fazer a comparação com as datas do calendário político: eleições autárquicas de Dezembro de 2001, eleições legislativas de Março de 2002, tomada de posse de Durão Barroso e tudo o que se passou, nesse período, no seio do PS.

Confirmei ainda a notícia de que o PGR diligenciou no sentido do adiamento da sua audição, na AR, de 3ª para 6ª feira, desta semana. O esclarecimento da situação tinha sido considerado urgentíssimo pelo PR. O pedido de adiamento foi feito por telefonema, realizado sábado, depois das 6 da tarde, para o presidente da Comissão parlamentar respectiva. Estranhas informalidades! …

As datas são uma coisa terrível. Têm significado, permitem mudar a natureza das coisas assim como o desenlace dos processos e condicionar os seus fins. O dia solicitado para a audição é exactamente o último dia da campanha eleitoral para as presidenciais.

Tudo o que se passar a partir de domingo próximo, neste domínio, será condicionado pelo resultado das eleições, em particular, se a eleição do futuro presidente ficar resolvida à primeira volta.

Das duas uma: ou o caso é simples de explicar e não justificaria o adiamento da audição na qual tudo ficaria cabalmente esclarecido; ou é difícil de explicar e/ou complexo de investigar, requerendo mais tempo, o que torna o adiamento para 6ª feira na mais estranha das escolhas.

Porventura nada disto tem importância nenhuma mas, caso seja uma mera manobra de diversão, sabe-se lá de quem, como se justifica o tom grave da comunicação ao país do PR?

PRESIDENCIAIS NO CHILE

Posted by Picasa Hoje o Chile deverá eleger, em eleições livres e democráticas, pela primeira vez, uma mulher, a socialista Michelle Bachelet para a Presidência da República.

sábado, janeiro 14

ENGRENAGEM

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

Um juiz pediu o registo detalhado das comunicações telefónicas de um cidadão e a PT forneceu as de 207! De quem? Dos detentores dos mais altos cargos públicos (PR; PM, PGR ….). Um lapso! Uma falha! Um engano! Segundo entendo, correspondendo a que período de tempo? De Dezembro de 2001 a Maio de 2002.

Que período de tempo é este? Desde a demissão de Guterres, após as autárquicas de 2001, até à tomada de posse do governo de coligação de direita, de Durão Barroso. O que aconteceu nesse período? Dissolução da AR; convocação de eleições legislativas antecipadas; Guterres manteve-se, em gestão, à frente do Governo; João Pedroso (irmão de Paulo Pedroso) era Chefe de gabinete de Guterres; Ferro foi eleito líder do PS; eleições legislativas, em Março de 2002, antecedidas da respectiva campanha; Vitória de Barroso por pequena diferença; Ferro sai derrotado, mas pela porta grande.

Segundo entendo, em Abril de 2003 um juiz pede a facturação detalhada das comunicações telefónicas de Paulo Pedroso, referentes aquele período. Pedroso é uma pedra influente no PS liderado por Ferro. O "processo casa pia" estava em investigação.

Quem é quem? Em 2003. No governo? Na PT? Quem pediu? Quem entregou? Quem reuniu? Quem manipulou? Quem autorizou? Quem chantageou? Investigue-se e divulguem-se os nomes. Procurem-se as ligações. Procure-se a cabeça do polvo.
O que está em causa é a liberdade. A liberdade. A liberdade. A justiça. A justiça. A justiça. Garantir que os criminosos não alcancem o poder para colocar os inocentes no seu lugar.

Será pura ficção? A engrenagem foi posta em marcha por alguém, algures. Ao longe ouço os acordes da portuguesa apropriados pela PT. Esta engrenagem tem de ser desmontada em tempo útil. Para que se faça justiça antes que morram todas as suas vítimas!

RESPIRAR FUNDO


- O ar não me falta mais.
- Deve ser porque finalmente você aprendeu a respirar.
- Aprender a respirar?
- Sim. Sabe aquela sua respiração ofegante, ansiosa?
- Era reação. Quando o ar faltava, eu o buscava de todas as formas.
- Mas você precisa controlar os impulsos.
- ... - E ver que o melhor é parar, se concentrar e respirar fundo.

((quando o ar faltar, pare e respire fundo))
Bjitu`z da LuLu

(Parece um blogue simplesmente cor de rosa, mas tem qualquer coisa muito especial. A jovialidade? Os diálogos? A aparente futilidade? O enlace das fotografias com os textos? O Brasil é um mundo repleto de surpresas!)

ZECA AFONSO

Photo © AJA

Traz Outro Amigo Também - Música © José Afonso

TALENTO

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

«Id (Wilde). Il n´y a pas un talent de vivre et un autre de créer. Le même suffit aux deux. Et l´on peut être sûr que le talent qui n´a pu produire qu´une œuvre artificielle ne pouvait soutenir q´une vie frivole.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

sexta-feira, janeiro 13

MEMÓRIAS

Posted by Picasa Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz

Medalha evocativa da inauguração da “Casa Jorge de Sena”, nova sede do INATEL na cidade do Porto, da autoria de José Rodrigues. Nessa sede está depositado o espólio fotográfico de Óscar Coelho da Silva respeitante às actividades da FNAT, instituição que antecedeu o INATEL.

Óscar Coelho da Silva fez uma cobertura fotográfica quase exaustiva, durante um longo período, dos principais eventos da FNAT.

Esse vasto espólio foi comprado ao autor por iniciativa da Direcção do INATEL a que presidi. Ressalvando as vicissitudes pelas quais passam os projectos ousados respeitantes às memórias, em particular, quando herdadas de uma instituição pública que, transfigurando-se, sobreviveu ao Estado Novo (a única?) cumpre preservar o seu património.

Espero que o espólio fotográfico do INATEL e, em particular, a colecção de Óscar Coelho da Silva esteja a ser devidamente cuidada. As notícias não são, no entanto, tranquilizadoras. Espero estar enganado!

CAVACO


Posted by Picasa Uma imagem vale mais que mil palavras

quinta-feira, janeiro 12

"EXPRESSO"

Posted by Picasa Soares retratado na primeira página do “Expresso”.

Desta vez a campanha de Cavaco não precisa de pagar cartazes ostentando propaganda negativa do seu principal adversário. Outros se encarregam de o fazer. As campanhas negativas podem resultar a curto prazo. O pior vai ser depois …

Espero para ver na primeira página, da edição do próximo sábado do “Expresso”, o retrato de Cavaco quando confrontado, por um jornalista, acerca do teor da entrevista de Santana Lopes. Cavaco exibiu – face ao imprevisto – a expressão exterior do seu verdadeiro interior: o pânico da crítica, o pavor ao debate, a morte da política.

Paradoxal, além do mais, uma campanha oficial sem um único debate entre candidatos sendo que um dos cinco – Garcia Pereira – foi afastado dos debates da pré campanha. Uma democracia amputada!

UMA LINHA

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

uma linha só uma linha
é a linha idealizada para ser
lida na fúria da pressa uma linha
só uma linha é o ideal sem mais nada
uma linha desde que seja só minha exacta
precisa na linha das minhas linhas uma linha só
uma linha é uma casa de uma assoalhada uma linha
só uma linha serve para respirar a vida escrever uma linha
seja curva ou recta é o corpo que se adivinha a linha que me resta

Lisboa, 5 de Janeiro de 2006

EM CONSTRUÇÃO

Posted by Picasa Foto daqui

(…)
E há um grande coração em construção


Ruy Belo

HACELDAMA
O Problema da Habitação

Liberdade

Posted by Picasa Delegação do Porto do INATEL (*) – Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz

“Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam.”
Jorge de Sena

Que nada nos falte na grande festa
de celebrar a liberdade reconquistada
pois corre desvairada uma febre lesta
pura e louca de desembainhar a espada.

In “Ir pela sua mão” – Editora Ausência
Maio de 2003

(*) Inaugurada a 13 de Julho de 2001 em substituição das instalações degradadas em que esteve instalada, sem interrupção, desde os anos 40. O INATEL do Porto merecia, 60 anos depois, como instituição que prestou relevantes serviços públicos ao país e à cidade, uma sede moderna e funcional. Convém, no entanto, assegurar que se não destrua a obra, a fidelidade à função que desempenha e o espírito que presidiu à ideia de a denominar “Casa Jorge de Sena”.

terça-feira, janeiro 10

TEATROS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Há coisas de que não falo porque não sei, outras porque não posso, outras porque não quero. Sempre sobram algumas coisas para dizer nos intervalos.

Há certas coisas que apetecem o silêncio. No caso que o JPN aborda não sei, não posso e não quero. Faz o pleno.

HACELDAMA

Posted by Picasa "Ogni giorno una poesia". Roberto Fantini. In ARUKUTIPA

Talvez eu espere simplesmente um amigo que de longe venha
capaz de perseguir uma criança pelas ruas à infância reservadas
alheio e silencioso e tão distante como alguma ideia
(…)

Ruy Belo

HACELDAMA
O Problema da Habitação

OBEDIENCE

Posted by Picasa Paula Rego - Obedience, 2000

Uma obra que me aflorou ao espírito a propósito do início da campanha eleitoral para as presidenciais. Aquela imagem de “manequim” que acompanha o cartaz com a frase “Portugal Maior”, recuperada da propaganda do “Estado Novo”, fica para depois.

segunda-feira, janeiro 9

AS SUAS MÃOS

Posted by Picasa Fotografia António José Alegria, do Amistad

As suas mãos sobre o seu peito
eram as mesmas mãos fraternas
que me acariciavam a face revolta

Eram umas mãos impensáveis
lindas de morrer, libertadoras
de tão gentis, generosas e boas

Tais mãos naquele dia que as vi
depositadas sobre o seu peito
eram as minhas mãos sem mim

As suas mãos frias e ausentes
deixaram de ser as minhas mãos
no dia em que sua vida se perdeu

In “Ir pela sua mão” – Editora Ausência
Maio de 2003

(No dia do aniversário da morte de meu pai)

EM CAMPANHA, 1945


Churchill faz o seu discurso final da campanha eleitoral de 1945 num estádio no leste de Londres. O primeiro-ministro, no entanto, perdeu essas eleições para a oposição trabalhista, voltando a liderar o país apenas em 1951.
[Tinha saído vitorioso, em 1945, da heróica resistência da Inglaterra que permitiu às forças aliadas derrotarem o nazi/fascismo].

Terres de femmes

Posted by Picasa Disque Barclay 5291162

Au lendemain d’une tournée triomphale de six mois et deux jours après la fameuse table ronde (6 janvier 1969) entre les trois grands de la chanson française (Léo Ferré, Jacques Brel et Georges Brassens), Léo Ferré embrase les planches de Bobino, à Paris, avec trois chansons rouge révolte et sexe de feu: « Ni Dieu ni maître », « C’est Extra » (le tube de l'année 69) et, en apothéose finale, « Les Anarchistes », un petit chef-d’œuvre enfoui derrière les fagots depuis 1967. Les drapeaux noirs flottent dans la salle. Léo Ferré poursuivra son récital jusqu’au 3 février. [Vi em Lisboa, mais tarde, arrepiante!]

Ci-après, Léo Ferré chante « Les anarchistes » en italien (Gli anarchici)[Source] [Format Windows Media Player]

domingo, janeiro 8

RUPTURA

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

«Votre morale n´est pas la mienne. Votre conscience n´est plus la mienne.» (*)

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

(*) Esta afirmação refere-se, certamente, às divergências com Sartre nas vésperas da ruptura final.

SHARON - DE NOVO

Posted by Picasa W.Horvath: "Spiral of Violence I: Ariel Sharon". Oil on canvas, 50 x 70 cm.

Nunca fui entusiasta das políticas de direita nem dos seus mentores ou executantes. Antes pelo contrário. Não sou, nem nunca fui, sequer um admirador de Sharon.

Mas em todas os tempos houve equívocos na apreciação da acção dos homens. Podemos admirar um homem e detestar a sua política? O tempo permite esquecer e, ao mesmo tempo, matar a paixão que ilude a realidade. Nada de novo.

Sharon é o caso de um homem político nascido na acção, no contexto da crise do Médio Oriente, que na peugada de outros, que o antecederam, tentou encontrar um caminho que está enunciado, no essencial, desde há muito tempo.
Leia-se o que escreveu, nas suas Memórias, Winston Churchill, nos finais dos anos 50:

“A violência contagiosa, ligada ao nascimento do Estado de Israel, vem desde então (1948) agravando as dificuldades do Oriente Médio. Vejo com admiração o trabalho feito ali para construir uma nação, para reconquistar o deserto e para receber inúmeros desafortunados, provenientes das comunidades judaicas do mundo inteiro. Mas as perspectivas são sombrias.

A situação das centenas de milhares de árabes expulsos de suas casas, sobrevivendo precariamente na terra-de-ninguém, criada em torno das fronteiras de Israel, é cruel e perigosa. As fronteiras de Israel estremecem em meio a assassinatos e ataques armados, e os países árabes professam uma hostilidade irreconciliável em relação ao novo estado. Os líderes árabes de maior visão não conseguem enunciar conselhos de moderação sem serem silenciados aos gritos e ameaçados de assassinato. É um panorama tenebroso e ameaçador de violência e loucura ilimitadas.

Uma coisa é certa. A honra e a sensatez exigem que o Estado de Israel seja preservado e que essa raça corajosa, dinâmica e complexa possa viver em paz com seus vizinhos. Eles podem levar àquela área uma contribuição inestimável em conhecimentos científicos, industriosidade e produtividade. Devem receber uma oportunidade de fazê-lo, pelo bem de todo o Oriente Médio.” (*)

O depoimento de Churchill – um conservador - não podia ser mais actual e permite entender a evolução das posições políticas de Sharon – da direita radical para o centro moderado – e, como consequência, o processo de criação de um novo partido em Israel que congrega forças oriundas desde a esquerda à direita moderada.

O caso de Sharon ilustra, na perfeição, aquelas situações em que se aplica o princípio em que a força da realidade se impõe à realidade da força. Sharon vai, certamente, sair de cena mas uma solução duradoira para a crise do Médio Oriente não dispensará o seu legado político.

(*) Winston Churchill – (Fevereiro de 1957) In “Memórias da Segunda Guerra Mundial” - Edição brasileira da "Editora Nova Fronteira"