terça-feira, abril 8

TUDO ISTO É TRISTE, TUDO ISTO É FADO!

Os políticos em democracia, como qualquer cidadão, têm que tomar decisões. A diferença está em que os políticos, em democracia, tomam decisões em nome dos cidadãos que os mandataram, pelo voto, para as tomar em sua representação.

Os políticos não são cidadãos comuns pois enquanto estes respondem pelos seus actos perante a sua consciência, e um pequeno círculo de outros cidadãos, os políticos respondem perante a comunidade por decisões que afectam aspectos essenciais da vida, presente e futura, de todos.

Os políticos mais destacados, ou seja, os que exercem funções de maior responsabilidade, nunca deixam de ser cidadãos, gozando, em plenitude, dos mesmos direitos que todos os outros. Mas os cidadãos eleitos para o exercício de funções políticas nunca deixam de ser vistos pela comunidade, que um dia os elegeu, e neles confiou, como políticos.

Tanto mais alto o cargo que tenham exercido, tanto mais tempo nele tenham militado, mais se lhes exige que respeitem os cidadãos que neles confiaram.

Passando a casos concretos ninguém imagina, por exemplo, que Sá Carneiro, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues ou Cavaco Silva um dia tomassem a decisão de assumir a presidência do Conselho de Administração de uma empresa privada. Muito menos se poderá dizer que essa postura de desprendimento se deva à sua fortuna material.

Mas de outros se não pode dizer o mesmo e não cito nomes para não ser injusto para com algum político cuja opção pela gestão empresarial privada tenha tido cabal justificação pois toda a regra admite excepção.

Vergonha, dizem alguns. O que eu digo é que o efeito da opção de Jorge Coelho pela presidência executiva da maior empresa privada de construção civil do país, se for confirmada, pelo seu passado e personalidade, é devastador para a credibilidade dos políticos pois legitima aquele dito popular que tanto custa a engolir a todos os cidadãos de boa fé, que se bateram, e batem, pela ética republicana: “o que eles querem é tacho”.

Tudo isto é triste, tudo isto é fado!
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9 comentários:

hfm disse...

tudo isto é muito português!

Anónimo disse...

A sua questão padece de um sofisma evidente.
A questão que o Eduardo deveria colocar é se alguma empresa privada desejou/desejaria contar (já nem digo como CEO...) nos seus quadros qualquer das personagens que citou e ainda por cima ter de lhes pagar.
Conhece certamente a expressão "a casamentos e baptizados só vão os convidados", não é ?
Deixe lá o JC em paz

Eduardo Graça disse...

Lamento mas o sofismo está em considerar que o Jorge Coelho - com toda a estima e consideração - foi recrutado no mercado!

Anónimo disse...

Como o Eduardo é economista (e andou pelo ISCEF/ISE...e pelo menos pelo PS e pelo Inatel) quer fazer o favor de me explicar qual é para si o conceito de um "recrutamento fora do mercado" ?

Só contam o mercado dos inscritos no IEFP ?! lol

Eduardo Graça disse...

Talvez perguntando ao Dr. Jorge Coelho, com todo o respeito e consideração, ele possa esclarecer o conceito melhor do que eu, pois o recrutado foi, se é verdade o que dizem as notícias não desmentidas, ele próprio.

Anónimo disse...

Como o Eduardo teima em não esclarecer ou a responder "de esguelha" ás questões que lhe coloquei, será então de lhe perguntar- com todo o respeito e consideração- se V. "estava no mercado" ou "fora do mercado" quando foi "recrutado"/nomeado para dirigir o INATEL pelo outro Eduardo...(sim o Féfé !).

Eduardo lembre-se , ao responder (se o fizer), da estória do pescador de Olhão..."moss vai buscar uma colher porque, hoje, de garfo não te safas !".

Eduardo Graça disse...

Já estava a aguardar esse desenvolvimento a caminho da ignomínia própria de quem escreve sob anonimato. Sabe que o INATEL era, e é, uma entidade de natureza pública,por enquanto, um Instituto Público. A nomeação dos membros da direcção dos organismos desta natureza é da responsabilidade do governo através dos ministros das respectivas tutelas. No caso da minha nomeação para Presidente da direcção do INATEL - imagine em 21 de Fevereiro de 1996 - passaram mais de 12 anos, tratou-se de uma acto de natureza política como, aliás, acontece com todos os dirigentes deste ou de qualquer outro organismo da mesma natureza. Está claro, publicado, inspeccionado, visto e revisto por todos os lados, possíveis e imaginários. Uma situação bem diversa é a das empresas privadas que, segundo todos os manuais de economia de mercado, não dependem do governo nem o governo depende delas. Jorge Coelho não pode ser excluído do acesso a funções dirigentes de qualquer empresa privada que decida recrutá-lo lá por ter sido ministro de um governo. Mas devem existir no mercado dos gestores de topo, em Portugal e arredores, aí mais umas centenas de quadros capazes de exercer as funções para as quais é apontado o nome de Jorge Coelho. Se é mesmo verdade o que se diz ... O que os cépticos estranham é quando o mercado se estreita ao ponto de limitar as escolhas para funções de topo de empresas de construção civil quadros - cuja competência não discuto - que foram ministros com responsabilidades na área de negócios nas quais se movem essas mesmas empresas. Até dói ter de escrever isto mas o mesmo se aplica a outros como - que lembre agora - Ferreira do Amaral e Pina Moura. Nada disto tem a ver com a idoneidade pessoal e profissional de Jorge Coelho que muito admiro e nem por isto vou deixar de admirar ... mas quem fica a perder é a credibilidade da democracia e, neste caso, o PS. Tanto se me dá que esta tomada de posição coincida com as do PCP e do BE ...

Anónimo disse...

Resumindo:
1. O Eduardo Graça tem um fraco "poder de encaixe" e forte "ausência de resposta" ás perguntas simples que lhe dirigi;
2. Fazer de Calimero ("Já estava a aguardar esse desenvolvimento a caminho da ignomínia própria de quem escreve sob anonimato.") não o favorece nem o absolve quanto ao tema que levantou.
3. Julga o Eduardo que a ética republicana nos obriga a não recusar o exercicio de funções de nomeação governamental e a de recusar as funções privadas independentes de qualquer governo, sem mais?! lol
3. O Eduardo demonstra, pelo que escreveu, que é também daqueles que acha que as empresas privadas não são incapazes de escolher os seus colaboradores, não é?
Porque não se ofereceu,então, para "adviser" do A. Mota? lol
4. Pena não se ter lembrado dos casos de Dias Loureiro, António Vitorino, Murteira Nabo, António Mexia, Maria de Belém, Eduardo Catroga, e tantos outros...
5. A um comentador anónimo (o que V. permite no seu blog) que concorde com as suas opiniões também será classificado, por si, como ignominioso ? lol
Fique tranquilo.

Eduardo Graça disse...

Como se pode comprovar, pelo exemplo junto, um comentador anónimo é livre de dizer o que lhe aprouver num espaço público criado por outro, não é anónimo, sem ser perseguido por isso. São as vantagens da democracia, um bem raro, alimentada por aqueles que têm a coragem de dar a cara pela defesa das suas convições mesmo correndo o risco de serem denegridos por denunciantes e comentadores anónimos. Haja saúde! Tambem para o Jorge Coelho.