Fotografia de Hélder Gonçalves
É espantoso o alvoroço que vai nas hostes - da direita à esquerda - a propósito das palavras ditas, e escritas, pelo Papa Francisco. Não imagino o que se passará nos meandros da igreja de Roma, nem nos corredores dos paços Episcopais. Porventura um misto de incredulidade e medo pelo destemor das suas criticas à sociedade desigual e violenta em que vivemos, criamos e alimentamos, cada um à sua maneira, e com sua quota de responsabilidade, palavras que ressoam fundo pelos quatro cantos do mundo. Nada que já não tenha acontecido antes com outros Papas. Nada que não corresponda ao que se espera de uma voz que deve obediência a princípios que a Igreja proclama e aos quais se deve manter fiel. Na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM - um texto assumidamente programático - o Papa, no fundo, nada mais faz do que assumir os princípios da doutrina social da igreja (para simplificar), apontando um caminho que permita derramar nas nossas sociedade de consumo, amplamente desesperançadas, uma nova crença no Homem, na sua obra e futuro. Como escreve Adriano Moreira num recente artigo de opinião o Estado Social, que o Papa defende, não é mais do que uma criação da confluência do ideário e da ação da doutrina social da igreja e do socialismo democrático. Não admira que uma ampla frente de lideres políticos, da esquerda à direita democráticas, de lideres de opinião de todos os quadrantes ideológicos (salvo os extremistas, seja qual for a sua extração), e milhões de mulheres e homens de boa vontade, crentes e não crentes, sintam vibrar o seu coração com as palavras e ações deste Papa. Na minha modesta opinião nada mais natural num mundo e num tempo sedento de liberdade e de justiça verdadeiras.
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