terça-feira, novembro 10

ELEIÇÕES - 10 de novembro

Hoje,o que aconteceu de novo? Desde há dias que se adivinhava! Pela primeira vez, desde o 25 de abril de 74, consumou-se uma aliança de esquerda no parlamento tendo em vista viabilizar um governo do PS. Pode parecer, para alguns, um pequeno feito mas é um acontecimento de relevante importância não só no plano simbólico como prático. A esquerda demonstra que é capaz de se unir em torno de objetivos comuns, e faz a demonstração prática dessa capacidade, criando expetativas positivas de desbloqueamento de uma espécie de monopólio do poder real pela direita que faz escola pela Europa, sob a batuta do PPE; o PCP abandona a sua posição de reserva face à participação plena no jogo da democracia representativa que, após o 25 de novembro de 75, se tornou o regime vigente em Portugal; o BE que tem origem numa federação de partidos e organizações de esquerda revolucionária (UDP, LCI e outras)abandonou também hoje, de facto, as reservas perante o regime "democrático burguês" que havia sido imposto, no período pós revolucionário, pela aliança das forças politicas conservadora, aliadas com o PS de Mário Soares. Assinalo que o MES assumiu esta rutura, de forma radical, muito tempo antes o que conduziu à sua extinção com o celebrado jantar de 7 de novembro em 1981 (um dia curioso!). Desta forma, seja qual for a evolução dos acontecimentos nas próximas semanas e meses, estamos confrontados com uma nova situação politica que poderá desembocar numa transfiguração da estrutura politico partidária portuguesa, desde logo à esquerda, caso os seus dirigentes sejam capazes de entender, em plenitude, o alcance das mudanças a que estão a dar corpo. Caso haja governo PS, apoiado à esquerda, tudo depende, em grande medida, desse governo não defraudar as expetativas que tem vindo a criar em largas camadas da população portuguesa. Acresce que o programa politico deste governo PS, já elaborado, consensualizado e assumido, é um programa de centro esquerda não se confundindo com qualquer devaneio esquerdista ou deriva conservadora liberal.

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