Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, novembro 6
ELEIÇÕES - 6 de novembro
Hoje foi dado um passo que representa uma novidade absoluta na politica portuguesa desde o 25 de abril de 74. Diria mesmo desde a desistência de Arlindo Vicente, apoiado pelo PCP, em favor de Humberto Delgado, nas eleições presidenciais de 1958. O PCP declarou, formalmente, apoio à viabilização de um governo PS. Podem fazer-se as mais diversas interpretações, e estão a ser feitas neste momento, acerca desta convergência politica entre as forças politicas da esquerda portuguesa, mas a dita convergência, com efeitos políticos práticos, está consumada. Parece ser claro que existe uma oposição interna em todos os partidos de esquerda (mais visível no PS) a esta orientação de António Costa. É evidente que os partidos da direita dela discordam por razões politicas, ideológicas e práticas. Que se colocam no debate as questões de legitimidade e viabilidade politica da formação de um governo do PS com apoio parlamentar de todos os partidos de esquerda. Tudo se discute e é próprio de um regime democrático que tudo se discuta. Que existe crispação política embora contida nos círculos políticos. Que existem incertezas acerca do desfecho do processo de criação deste governo, quer pelas imperfeições do acordo hoje anunciado que carece, além do acordo programático, da conclusão de um acordo politico. Mas, em boa verdade, o passo dado representa o inicio de uma mudança profunda da estrutura politico partidária portuguesa questão que quase não é referida nem muito menos sublinhada. Não sabemos, com precisão, o tempo nem o modo dessa mudança mas é mais que certo que ela está em curso não só à esquerda como também à direita. É só esperar mais algum tempo para o confirmar.
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