terça-feira, outubro 3

PS - CONGRESSO OUTUBRO 2004

Posted by Picasa Imagem das Legislativas de 2005

Ressonância de 3 de Outubro de 2004. Ferro Rodrigues tinha “batido com a porta”. Aplaudi por solidariedade. Neste dia o Partido Socialista acabara de concluir o seu primeiro Congresso da era Sócrates. Colaborei através de um conjunto de textos enviados para o chamado “Fórum Novas Fronteiras”.

O longo post que dediquei à sessão de enceramento daquele Congresso concluía com a frase: “Em política o difícil é fazer os problemas difíceis parecerem simples.” Mas, como o tempo prova, em política, os problemas difíceis resistem a todas as simplificações.

domingo, outubro 1

RESULTADOS - PRESIDENCIAIS NO BRASIL (VAI HAVER SEGUNDA VOLTA)

Posted by Picasa Imagem Daqui

As sondagens à boca das urnas não esclarecem se Lula alcançará a eleição na primeira volta (1º turno).
O apuramento dos votos entrou na fase final. Lula está a menos de 0,5% da eleição. Tudo pode acontecer. Curiosamente nenhum canal de TV português, generalista ou cabo, acompanha o escrutínio. Estranha concepção da chamada lusofonia.

  • É quase certo que Lula não conseguirá a eleição à primeira volta (1º turno). Faltando apurar 10,43% dos votos Lula obtém 49,28%.

Deu mesmo 2ª volta (2º turno). Lula ficou-se nos 48,61% com a contagem quase concluída. Ficou, assim, tudo em aberto para uma segunda volta renhida.

Ver aqui um rescaldo.

QUALQUER COISA 9

Posted by Picasa Marilyn Monroe

Tinha acabado de ler a crónica do NBS quando me deparo com este comentário. Ontem ouvi de soslaio as afirmações de JS, íntimo de NBS, acerca de qualquer coisa 9 e apeteceu-me, para manter a compostura, editar mais uma fotografia da Marilyn.

PRESIDENCIAIS NO BRASIL

Posted by Picasa Pesquisas mostram que há chances de 2º turno. As últimas sondagens, divulgadas a poucas horas do início da votação, indicam a forte probabilidade de ser necessária uma segunda volta (2º turno) nas eleições presidenciais. Lula, apesar de ser o provável vencedor, não deverá conseguir a maioria absoluta dos votos.

RELAXAR

Posted by Picasa Fotografia de Ernesto Timor

Ressonância de 1 de Outubro de 2004. Nesse dia publiquei quatro posts, um número acima da média, com a curiosidade de retratarem, quase na perfeição, o perfil do blog como eu o encarava na época que, na sua essência, ainda se mantém. Política, Sociedade, Poesia e Quotidiano. Só falta Camus …

Política. Uma breve referência ao congresso do PS que, em Outubro de 2004, encetava a era Sócrates. O vaticínio estava correcto.

“Teve início o Congresso do PS. Os discursos iniciais são marcantes. Dispenso-me de comentar os rostos cansados das primeiras filas. Sócrates tem todas as condições para ser um vencedor. A personalidade dos líderes é muito importante na luta política. A batalha da comunicação já ele ganhou. Agora falta definir a política. É aqui que bate o ponto.”

Em vésperas de novo Congresso do PS a liderança vai sair reforçada e a política do governo de maioria, com uma ou outra voz crítica, vai ser referendada. Hoje ainda há menos margem de manobra para a afirmação de qualquer tendência verdadeiramente alternativa à actual liderança do PS. É um assunto fechado, pelo menos, por mais dois anos.

Sociedade. Referência à publicação, nesse mesmo dia, de um artigo versando o tema da imigração. Intitulava-se: Imigração – "O problema Social Mais Grave da Europa". Mantém plena actualidade.

Poesia. Publicação de um poema de António Gedeão: “Aurora Boreal”. Belíssimo.

Quotidiano. A descrição de duas “corridas” de táxi em Lisboa. A coincidência dos seus protagonistas, “taxistas”, serem “entrados” - na idade - mas novíssimos no ofício e um conselho ao humaníssimo Bagão Félix: “Aconselho vivamente o Dr. Bagão Félix a tomar, de vez em quando, um táxi, a andar a pé na rua, a viajar na cidade. Assim poderia afinar com mais perfeição os seus discursos de defesa dos pobres e desprotegidos. E a perceber a cor da bonomia que esconde, envergonhada, o vermelho da indignação e da revolta.”

sábado, setembro 30

O DAMIÃO

Posted by Picasa Fotografia de “Sissi”

Quando eu era pequeno em casa de meus pais – ainda na rua Coelho de Melo e redondezas – trabalhava o Damião de que me lembro muito bem de ouvir falar. Um dia o Damião emigrou para a Argentina. Foi um drama. O meu irmão ficou em estado de choque e, ao que contavam os meus pais, eu desfiz-me num mar de lágrimas. Muitos anos mais tarde ao receber um grupo de emigrantes portugueses que visitaram Portugal no âmbito do programa "Portugal no Coração", que o INATEL acolhia, aquando das apresentações, um homem ao ouvir o meu nome soltou um sonoro grito num algarvio espanholado do país das pampas: Graça! Era um farense que tinha largado a cidade, na mesma leva do Damião, quase cinquenta passados. Comovemo-nos. Ele por reconhecer em mim os meus pais e irmão. Eu por reconhecer nele a lembrança do Damião. Fiquei a saber que aquele por quem tanto tinha chorado havia morrido sem nunca mais visitar a sua terra natal. Entendi como é relativo o valor exacto do nosso olhar sobre a evolução da Cidade. Pois a cidade emigrou para a periferia e já há muitos anos que não temos notícias dela.

[A propósito das fotografias do Sr. Rodrigues e da sua casa comercial na Rua de Santo António]

sexta-feira, setembro 29

MARILYN MONROE

Posted by Picasa Marilyn Monroe

Ao ler um comentário acerca de um editorial de José Manuel Fernandes acerca de Noronha do Nascimento – novo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça – apeteceu-me publicar uma imagem de Marilyn Monroe.

O TEMPO ...

Posted by Picasa Gisela Cañamero

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.

O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo a tempestade em grã bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.

Luís de Camões

[Sonetos. Retirado do livro “Com o Poema no Corpo”, de Gisela Cañamero. Muitíssimo interessante, pode ser encontrado aqui.]

quinta-feira, setembro 28

IN THE MORNING YOU ALWAYS COME BACK

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

[Para a Monica]

A fresta da madrugada
respira pela tua boca
ao fundo das ruas desertas.
Luz gris os teus olhos,
doces gotas da madrugada
nas colinas escuras.
O teu passo e o teu hálito
como o vento da madrugada
submergem as casas.
A cidade arrepia-se,
exalam cheiro as pedras –
és a vida, o despertar.

Estrela perdida
na luz da madrugada,
brisa que zune,
calidez, hálito –
a noite chegou ao fim.

És a luz e a manhã.

Cesare Pavese

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Lo spiraglio dell’alba
respira con la tua bocca
in fondo alle vie vuote.
Luce grigia i tuoi occhi,
dolci gocce dell’alba
sulle colline scure.
Il tuo passo e il tuo fiato
come il vento dell´alba
sommergono le case.
La città abbrividisce,
odorano le pietre –
sei la vita, il risveglio.

Stella sperduta
nella luce dell’alba,
cigolío della brezza,
tepore, respiro –
è finita la notte.

Sei la luce e il mattino.

20 marzo’ 50

Cesare Pavese

In “Trabalhar Cansa”
Tradução de Carlos Leite
Edições Cotovia

28 SETEMBRO - 1974

Posted by Picasa Imagem daqui

28 de Setembro de 1974 – “Em resposta à anunciada manifestação da Maioria Silenciosa são organizadas barricadas populares junto às saídas de Lisboa e um pouco por todo o país. No final dessa noite, os militares substituem os civis nas barricadas. Mais de uma centena de pessoas, entre figuras gratas ao regime deposto, quadros da Legião Portuguesa e participantes activos da manifestação abortada da Maioria Silenciosa, são detidas por Forças Militares.”

In Cronologia do “Centro de Documentação 25 de Abril” da Universidade de Coimbra

Actualização: ver o trabalho de investigação de José Pedro Castanheira.

quarta-feira, setembro 27

"O JUDEU"

Posted by Picasa Imagem Daqui

Ressonância de 27 de Setembro de 2004 (excerto). Na sequência de uma série de posts nos quais, sob o pretexto da arrumação das estantes, enumerei os livros da minha vida. Este é um deles. Ver mais informação aqui.


“O Judeu – Narrativa dramática em três actos”Bernardo Santareno – Edições Ática, edição de 1966; (livro que sempre me acompanhou desde a época das minhas práticas teatrais contemporâneas desta primeira edição).
Para os menos relacionados com o conhecimento do teatro português e com o teor desta obra, que versa o sacrifício às mãos da inquisição de António José da Silva – o Judeu, aqui reproduzo um excerto do final do 3º Acto:

“Olhai que o Santo Tribunal da Inquisição mais não é que o corpo visível, a aparência mortal dum espírito de trevas, e que este espírito … vivo por certo persistirá, neste Nação, muito tempo ainda após a morte do Santo Ofício!”
E, ainda, o último parágrafo da narrativa: “À medida que a obscuridade vai tomando o palco, ilumina-se o vitral de fundo: este deixar-nos-á ver as chamas duma fogueira, cada vez mais altas, até que por inteiro o enchem. Atingem o máximo, o canto inquisitorial e o ódio sanguinário do povo.”
Dedico esta evocação ao meu amigo Eduardo Ferro Rodrigues que, por estes dias, cessou as funções de Secretário-geral do Partido Socialista."

TAILÂNDIA

LULA - AINDA NA FRENTE

segunda-feira, setembro 25

ALDINA DUARTE

A VERDADE E A MENTIRA ...

"A cena"

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Ressonância de 25 de Setembro de 2004. Transcrição parcial de um excerto de “Roland Barthes por Roland Barthes” em que se discorre acerca de um tema, pouco glosado, mas que está presente no quotidiano de (quase) toda a gente.

“Ele sempre considerou a “cena” (doméstica) como uma experiência pura de violência, a tal ponto que, onde quer que ouça uma, tem sempre medo, como uma criança tomada de pânico por causa das discussões dos pais (foge sempre dela, descaradamente). A cena tem uma repercussão assim tão grave porque põe a nu o cancro da linguagem. O que a cena diz é que a linguagem é impotente para fechar a linguagem: engendram-se as réplicas sem qualquer outra conclusão que não seja a do assassínio; e é por estar inteiramente voltada para esta última violência que a cena, todavia, nunca assume (pelo menos entre pessoas “civilizadas”) o facto de ser uma violência essencial, uma violência que tem prazer em se alimentar: terrível e ridícula, à maneira dum homeostato de ficção científica.
(Passando para o teatro, a cena domestica-se. O teatro doma-a quando a obriga a terminar: uma paragem da linguagem é a maior violência que se pode exercer na violência da linguagem.)”

(…)

domingo, setembro 24

VIAGEM NO TEMPO

Posted by Picasa SONJA THOMSEN

Sinto as ruas da infância as pedras gotas de água
Ângulos gritos silêncios de dorida e surda mágoa

A terra fremente nos pés o pó do carvão ardendo
Frio da manhã fumos soltos vento o sol nascendo

As suas mãos tão firmes tomando as minhas mãos
E as rugas do tempo na sua face ao longe sorrindo

Lisboa, 24 de Setembro de 2006

sábado, setembro 23

O PROCURADOR

Posted by Picasa Fernando Pinto Ribeiro

A indigitação do novo Procurador-geral da República tem sido notícia. Essa decisão é sucedânea ou, pelo menos, surge imediatamente após o anúncio do chamado “Acordo para a Justiça”. Digam o que disserem está na cara que já lá estava implícito.

Basta reparar como o governo está calado, o PR afirma que foi uma escolha consensual e o PSD saltita de contentamento. Alguém escreveu que se trata do “PGR do nosso contentamento”. Sem ironia também acho!

Apesar desta proposta, tal como a anterior, ser da iniciativa de um governo socialista o director do DN escreve, hoje, a propósito dos últimos episódios, que a prática do anterior “PGR do nosso contentamento” foi degradante. A diferença está em que o anterior PR era socialista e agora não é. Em democracia a confrontação das diferenças traz quase sempre vantagens quando se tratam de escolhas partilhadas como é o caso.

O novo PGR é juiz de carreira, tem opiniões críticas, publicadas recentemente, acerca do estado da justiça em Portugal e não integra os quadros do ministério público. Ter opiniões críticas, face ao governo e aos seus pares, e ser escolhido pelo governo é um bom sinal. Esse sinal é reforçado quando são evidentes os sinais de amargura, e mesmo de crítica, na “unanimidade” dos aplausos. Notam-se sorrisos forçados e palavras rebuscadas excessivamente laudatórias.

Pinto Ribeiro tem 64 anos de idade, ou seja, estará próximo da idade da reforma se considerarmos o paradigma vulgar do tempo de serviço público. Como o mandato tem a duração de seis (6) anos quando terminar o seu mandato terá 70 anos de idade. Positivo. Neste tipo de funções, e não só, é como o vinho do porto: quanto mais velho melhor.

Fernando Pinto Ribeiro, curiosamente, passou pelos órgãos jurisdicionais do futebol. Agora só resta esperar pelo início do jogo e pelo resultado final. Nestas coisas, mostra a experiência recente, é como no futebol: prognósticos só no fim.