quarta-feira, setembro 27

"O JUDEU"

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Ressonância de 27 de Setembro de 2004 (excerto). Na sequência de uma série de posts nos quais, sob o pretexto da arrumação das estantes, enumerei os livros da minha vida. Este é um deles. Ver mais informação aqui.


“O Judeu – Narrativa dramática em três actos”Bernardo Santareno – Edições Ática, edição de 1966; (livro que sempre me acompanhou desde a época das minhas práticas teatrais contemporâneas desta primeira edição).
Para os menos relacionados com o conhecimento do teatro português e com o teor desta obra, que versa o sacrifício às mãos da inquisição de António José da Silva – o Judeu, aqui reproduzo um excerto do final do 3º Acto:

“Olhai que o Santo Tribunal da Inquisição mais não é que o corpo visível, a aparência mortal dum espírito de trevas, e que este espírito … vivo por certo persistirá, neste Nação, muito tempo ainda após a morte do Santo Ofício!”
E, ainda, o último parágrafo da narrativa: “À medida que a obscuridade vai tomando o palco, ilumina-se o vitral de fundo: este deixar-nos-á ver as chamas duma fogueira, cada vez mais altas, até que por inteiro o enchem. Atingem o máximo, o canto inquisitorial e o ódio sanguinário do povo.”
Dedico esta evocação ao meu amigo Eduardo Ferro Rodrigues que, por estes dias, cessou as funções de Secretário-geral do Partido Socialista."

1 comentário:

Anónimo disse...

Porto, 2006.09.28

"O JUDEU", algumas notas.

António José da Silva iniciou-se na advocacia mas acabaria por se dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.

Foi um escritor prolífico, tendo escrito sátiras critizando os ridículos da sociedade portuguesa contemporânea. As suas comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente no Portugal dos anos da década de 1730. A sua obra seria publicada sob o título "Theatro comico portuguez".

António foi amigo de Alexandre de Gusmão, conselheiro do Rei D. João V.

Em 1737, António foi preso pela Santa Inquisição, juntamente com a sua mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, que era sua prima e também judia). A sua mãe e a mulher seriam libertadas.

António foi novamente torturado. Descobriram que ele se tinha circuncisado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat.

António José da Silva foi estrangulado e queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.

A história de António inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a novela "O Judeu".

Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Jom Tob Azulay no filme "O Judeu", de 1995.

JS
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