terça-feira, agosto 12

O COMANDANTE ÁGOAS

O homem que não gosta de massagens

Por esta época, sempre de passagem pelo teclado, sem tempo para delongas, certifico-me que, salvo as noticias dos Jogos Olímpicos e da guerra do Cáucaso, o resto se resume a exercícios de fogo real das polícias, com e sem danos colaterais. O governo mostra autoridade! Vamos a ver se o povo que aplaude, em silêncio, gratifica nas urnas... São, de qualquer forma, exercícios perigosos. Enquanto isso a melhor manchete que encontro disponível é mesmo a que guinda o Comandante Ágoas, à falta de medalhas, aos píncaros da notoriedade. Segundo li, algures, o governo italiano, seguiu-lhe as pisadas … por razões de higiene … vão no bom caminho!
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domingo, agosto 10

ARTICULAÇÕES


Visitei, na última incursão familiar a Faro, a exposição ARTICULAÇÕES, presente na antiga Fábrica da Cerveja. Também reparei na “invasão” da Exposição pela animação sonora do “arraial popular” que decorre nas redondezas. Como hei-de dizer? Não me incomodou particularmente. O que é preciso é ter a imaginação suficiente para integrar o som da música pimba no universo da arte contemporânea. Para a próxima vez, organizem-se! Mas a exposição resiste, pois é muito interessante. Vale bem uma visita!
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sexta-feira, agosto 8

OS JOGOS OLÍMPICOS DE PEQUIM ESTÃO ABERTOS

Os Jogos Olímpicos de Pequim estão abertos, glória aos vencedores, honra aos vencidos. Mas, como sempre, os Jogos Olímpicos também merecem ser olhados como uma realidade política que nunca, em tempo algum, deixaram de ser.
[Através de A Terceira Noite.]

An Open Letter by more than 100 former and current Olympic athletes, including Olympic champions, World champions and World record holders

Dear Mr. President Hu,

We all hope that the Olympic Summer Games in China will be a great success and that the Olympic ideals will come to life.

That is why we are asking you:

- to enable a peaceful solution for the issue of Tibet and other conflicts in your country with respect to fundamental principles of human rights.

- to protect freedom of expression, freedom of religion and freedom of opinion in yourcountry,including Tibet.

- to ensure that human rights defenders are no longer intimidated or imprisoned.

- to stop the death penalty.

China is the focus of worldwide attention. Your decision on these issues will determine the successof the Olympic Games and the image the world will have of China in the future. We are asking you to respect human rights in China in order to achieve lasting peace and reconciliation.

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L’été libertaire d’Albert Camus

«La liberté n’est pas un cadeau qu’on reçoit d’un Etat ou d’un chef, mais un bien que l’on conquiert tous les jours, par l’effort de chacun et l’union de tous (1).»

(...)

On comprend mieux pourquoi la gauche n’a jamais aimé Camus : trop proche des insoumis. La droite, elle, a espéré le récupérer - mais l’antitotalitarisme de l’écrivain, qui l’a mené à Bakounine, le père de l’anarchie, a débouché, comme nous le rappelle activement l’exposition de Lourmarin, sur la non-violence, jamais sur des interventions armées, fussent-elles disculpées par le droit d’ingérence. «Tuer les hommes ne sert à rien que tuer encore.» (2).
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RUY BELO


Pelo 30º aniversário da sua morte (retomando a publicação, em excertos, de A Margem da Alegria – logo colocarei a etiqueta respectiva nas postas antigas …]
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quinta-feira, agosto 7

FARO - O INSÓLITO PSD ALGARVIO


Pobres e mal agradecidos. A governação autárquica da cidade de Faro, salvaguardados raros e esporádicos actos de lucidez, tem sido, ao longo dos últimos decénios, um desastre. Todo a gente o sabe, toda a gente o diz. Uma cidade em declínio mas que possui a maior riqueza natural do Algarve – um naco majestoso da Ria Formosa - e a maior riqueza intelectual da região - a Universidade do Algarve - localizada em Faro. É muito, apesar de todos os erros, deixando em aberto a esperança de um futuro melhor. Mas há quem não tenha emenda. A direcção nacional do PSD anuncia que não se faz representar na Festa do Pontal e o PSD local anuncia que não apoia a atribuição da medalha de ouro da cidade ao primeiro-ministro pela criação de um curso de medicina na Universidade do Algarve. O PSD não se lobriga, abandona à sua sorte os seus próprios prosélitos, desdenha de uma importante conquista em benefício da região, definha, a olhos vistos, como alternativa política, pelo silêncio, ausência e provincianismo.
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quarta-feira, agosto 6

COMBUSTÍVEIS: OLHANDO O HORIZONTE ...


Após a subida que a todos lembra os analistas apontam para uma descida continuada do preço dos combustíveis. Neste caso, como em todos os outros, nestas coisas da economia, nada melhor do que o mercado. Aqueles que sonham com as velhas receitas da intervenção do Estado, através da fixação administrativa de preços, estão, salvo condições extremas que hoje não se verificam, às avessas das boas práticas. Mas ocorreu-me perguntar acerca do destino daquelas medidas especiais da época da subida desenfreada do preço dos combustíveis? O que estarão a pensar fazer as associações de camionistas? Como acomodaram nas suas economias as vantagens particulares que lhes foram concedidas pelo governo? E que dizer da subida do preço da bandeirada dos táxis? Tudo normal! É o mercado. Mas talvez seja bom reconhecer que a intervenção do governo que muitos criticaram por tardia, no essencial, se não justificava. E se os preços subirem de novo e de novo voltarem a descer? Conseguirão certos grupos de pressão, através de ameaças de paralisar o país, obter novos, e injustificados, benefícios à custa da maioria dos cidadãos?
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terça-feira, agosto 5

OS DILEMAS DO PODER ...

Bruni, no fundo, bate no ponto do nosso espirituoso comandante Ágoas: toda a gente sabe como começa, mas ninguém sabe como acaba. Com os dilemas do poder se constrói o prestígio da autoridade …
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Soljenitsyne

Quand Soljenitsyne bouleversait la France et le monde
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A 89 ans, après avoir été au front pendant la Seconde guerre mondiale, subi les privations du goulag et réchappé à une tumeur développée dans ce même camp, Alexandre Soljenitsyne est mort dimanche. Avec l’Ina, récit d’une vie de dissidence qui a bouleversé la Russie, la France et le monde.


[Dos Caminhos da Memória]
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segunda-feira, agosto 4

A BARRA DA CULATRA


Nesta espécie de despique A Defesa de Faro apresenta imagens da “Barra da Culatra”. [Clique nas imagens para ampliar.]
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UM LUGAR DO OUTRO MUNDO

Bruno Barbey - Near the Town of Faro. Gipsy family

De regresso temporário, antes de nova partida, alimentarei aos soluços esta pequena estrada de comunicação. Ainda não foram concluídas as visitas, nem atingidos os mínimos de recuperação (de quê?), talvez do cansaço de permanência no mesmo lugar. As línguas de areia na ponta mais longínqua da ilha da Culatra são um paraíso na terra. Um lugar do outro mundo. Chega-se lá de barco particular e as areias movem-se com as marés não permitindo, graças a Deus, a ocupação permanente pelo homem predador da natureza. Olhando a serra algarvia, que se desnuda a norte, pensei nas gerações dos meus antepassados que de lá olharam este mar de delícias mas raramente provaram, fisicamente, da sua formosura. Contrastes ...
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sábado, agosto 2

MEMÓRIA DA MINHA CIDADE



Uma cidade é a memória viva das suas gentes. Por estes dias revisito a cidade de Faro, ao sul do Sul, calcorreando lugares, revendo famílias, amigos e confrontando-me com memórias. No coração da cidade, frente à antiga “travessa dos surradores” na qual, noutro tempo, suponho, o pelo das bestas era limpo e alisado, sobreviveu uma marca do passado político que também foi o meu.

Deve ser uma das últimas reminiscências da acção dos “pintores de parede” que, no ano quente de 1975, desenharam o símbolo feminil do MES que sobreviveu a todas as limpezas, a todas as tentativas de destruição do centro comercial de Faro – a Rua de Santo António – que se mantém acesa, qual luz bruxuleante, desvanecida, mas viva, como diria o poeta, memória que, apesar de todas as vicissitudes, me conforta.
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segunda-feira, julho 28

HARTZ

A Revista Digital Española de Poesía HARTZ, dirigida por RENÉ LETONA, reservou-me uma surpresa agradável. Na secção OTRAS APARICIONES surge uma breve, e simpática, resenha do meu livro artesanal “Primeiros Poemas”, realizado em parceria com a Isabel Espinheira. Os meus agradecimentos.
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PS NA FRENTE - APESAR DA CRISE


PS volta a subir nas intenções de voto
Depois de em Maio o PS ter caído para os valores mais baixos desde as últimas eleições legislativas, o Barómetro Político Marktest mostra em Julho uma nova subida das intenções de voto neste partido

[Uma sondagem da Católica, de meados de Julho, face-a-face, com base numa amostra maior, dava o PS com 40% e o PSD com 32%. Em qualquer caso, mesmo navegando por mares encapelados, o PS surge, em todas as sondagens, na frente. Pode perguntar-se: isto serve para quê? Para o mesmo que servem todas as sondagens: medir a temperatura do eleitorado e condicionar as expectativas. Se desse o resultado contrário, ou seja, o PSD à frente, a Dra. Manuela Ferreira Leite, embora a contra gosto, soltaria um ai!]
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domingo, julho 27

ATÉ QUANDO ABUSARÁS DA NOSSA PACIÊNCIA?


Este período de férias tem sempre este ingrediente requentado das diatribes do Dr. Alberto João Jardim. Mas este ano o dignitário da Madeira pode ser questionado acerca das razões pelas quais não se candidatou à liderança do PSD – nacional. Já quase toda a gente se esqueceu que, recentemente, tiveram lugar eleições para os órgãos dirigentes do PSD. Jardim posicionou-se para ser “empurrado” para a liderança do PSD (nacional) mas ninguém, do topo à base, se entusiasmou com a ideia. Foi uma pena. Jardim bem merecia ser alcandorado à liderança do PSD. Seria a última oportunidade de se sujeitar ao sufrágio popular, em eleições livres, democráticas e nacionais, recebendo, ao fim de mais de trinta anos, de forma civilizada, a resposta aos insultos que, impunemente, profere contra a democracia que o alimenta.
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sábado, julho 26

CAMUS - a fidelidade


Não se pode dizer que já não há piedade, não, deuses do céu, nós não cessámos de falar nela. Simplesmente, já não se absolve ninguém. Sobre a inocência morta pululam os juízes, os juízes de todas as raças, os de Cristo e os do Anticristo, que são, aliás, os mesmos, reconciliados no «desconforto».
Aquele que adere a uma lei não teme o julgamento que o reinstala numa ordem em que crê. Mas o maior dos tormentos humanos é ser julgado sem lei. Nós vivemos, porém, neste tormento.
Uma pessoa das minhas relações dividia os seres em três categorias: os que preferem não ter nada que esconder a serem obrigados a mentir, os que preferem mentir a não ter nada que esconder e, finalmente, os que amam ao mesmo tempo a mentira e o segredo. Deixo à sua escolha o compartimento que me convém.
Que importa, no fim de contas? As mentiras não conduzem finalmente à via da verdade? E as minhas histórias, verdadeiras ou falsas, não tenderão todas para o mesmo fim, não terão o mesmo sentido? Que importa, então, que sejam verdadeiras ou falsas se, nos dois casos, são significativas do que fui e do que sou?

Camus - A Queda (Sublinhados de Ana Alves) in Cadernos de Camus

[Um amigo, através de mensagem electrónica, dizia-me, a propósito do meu post 4000, atraiçoado pelo teclado, preparado para uma língua outra: E obra! Forca, forca camarada Graca! Venham mais 5…mil posts! Grande abraço. Calculo que produzir 5000 postas demorasse, ao meu ritmo, mais de cinco anos e o que posso prometer, por ora, é diminuir o ritmo de produção por uma simples e prosaica razão: férias. Como não sou fundamentalista de nenhuma causa não carregarei um portátil às costas por todos os lugares da peregrinação pela nossa terra. Além do mais preciso de ler, caso contrário desaprenderei de escrever!]
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sexta-feira, julho 25

CURSO DE MEDICINA NO ALGARVE

Nubar Alexanian

Um dia, ao jantar, ainda recentemente, um médico amigo deu-se ao trabalho de me explicar o processo de blindagem do acesso aos cursos de medicina. Trata-se, em breves palavras, de pura usurpação do poder por uma corporação ou, ainda mais fininho, por uma geração dentro dessa corporação. A manobra tem contornos dantescos, como tantas outras que ocorrem no nosso país, grotescos e irreais. Mas que existem, existem … Mariano Gago qualifica a situação a que se chegou de irresponsabilidade social: uma elite de médicos, estabelecidos na praça, com as suas ligações em rede, amarrando todos poderes, “secou” o acesso aos cursos de medicina. A ponta do iceberg, que todos podemos observar, em todo o esplendor, são as notas de acesso aos cursos de medicina que podem catrapiscar por aqui. Apesar das evidências do disparate, a roçar as raias do criminoso, a abertura de um curso de medicina na Universidade do Algarve, suscita vagas de comentários desprimorosos, ou mesmo insultuosos, comprovando a força social da corporação, ou de alguns dos seus ilustres membros, que mesmo com os pés para a cova, movem o céu e a terra para manterem a coutada protegida de intrusos que lhes estraguem o negócio. Talvez viesse a propósito ouvir uma palavrinha de Sua Excelência o Senhor Presidente da República acerca do tema. É muito simples: apoia Sua Excelência a expansão da oferta de vagas nos cursos de medicina? Apoia a abertura de um novo curso de medicina na universidade da sua região de origem?
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Generación Y

Aterrizaje forzoso a propósito das comemorações do 26 de Julho, em Cuba, por Yoani Sanchez. O ano passado, por esta data, eu estava lá ...
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BibliOdyssey

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quarta-feira, julho 23

COMBUSTÍVEIS - SEGURAMENTE MAIS PESADOS

Hoje ainda é quarta-feira, 23 de Julho, mesmo no final, véspera de um período tradicional de férias. Salvo uma gasolineira que fez uma baixa simbólica dos preços dos combustíveis todas as outras arrastam os pés mantendo-os ao nível que resultou da escalada dos preços do crude nos mercados internacionais. Conheço razoavelmente, por formação académica, a lei da oferta e da procura, as regras dos mercados, a função dos reguladores, modelos de formação de preços, os conceitos de monopólio, oligopólio e por afora. Em tempos gerou-se, entre os consumidores, um movimento inorgânico de repulsa pelo aumento galopante do preço dos combustíveis.

O consumidor final em sentido geral – cidadão ou empresa – recebeu um forte incentivo à abstenção do consumo pelo efeito preço. É um princípio básico: o preço de um bem aumenta o consumo do mesmo retrai-se. No caso dos hidrocarbonetos – gasolina e gasóleo, para o que nos interessa considerar – o aumento do preço no consumidor final resulta do aumento do preço a montante.

Os produtores, e todos os intervenientes do processo de transformação e comercialização do crude, incluindo especuladores, aumentaram os preços, e as suas vantagens, o que se repercutiu no preço do produto final. O consumidor protesta porque precisa de continuar a consumir, e resiste a alocar a esse consumo uma quota mais elevada do seu rendimento disponível ou, no caso de ser empresa, luta por atenuar a erosão das suas margens. Pressupondo, claro está, que o consumidor quer continuar a consumir por inércia ou pura necessidade de assegurar, por sobrevivência, a continuidade do seu negócio. Não esqueçamos a intervenção do governo que criou, sob a forte pressão de um ou outro lobby organizado, distorções à lógica de mercado.

Onde eu quero chegar é, obviamente, ao movimento que se gera quando o preço cai no produtor como tem acontecido nas últimas seis semanas. Segundo todos os dados disponíveis o mercado, neste caso, deixa de servir para justificar a lógica de fixação dos preços ao consumidor final o que não deixa de ser um fenómeno espantoso. Porque razões, quando caiem os preços do crude no mercado internacional, não caiem os preços dos mesmíssimos produtos no consumidor final? E porque razões ninguém protesta?

As grandes gasolineiras inventam, neste caso, mil e um argumentos para não descer os preços torneando a lógica de mercado. Mas para os subir invocaram o mercado, ou seja, o aumento dos preços nos mercados internacionais do crude. A autoridade reguladora da concorrência está calada que nem um rato. O governo reza pela baixa por puras razões de macro economia: o consumidor que se abstenha de consumir ou que pague o preço da época da carestia. Os agentes económicos – ou parte deles - já foram satisfeitos pela intervenção do governo através de benefícios especiais (transportadores, por ex.) ou liberalização dos preços dos serviços cobrados aos clientes (táxis, por ex.). O que não se entende é onde está o funcionamento do mercado que parece nunca existir em benefício dos consumidores!
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