quarta-feira, janeiro 20

ALBERT CAMUS - Alguns apontamentos para Nemésis


Eis outro magnífico texto, acerca de Albert Camus, de autoria de Maria Luísa Malato Borralho, a propósito do cinquentenário da sua morte. Foi publicado, no passado dia 15 de Janeiro, em As Artes Entre as Letras e pode ser lido, na íntegra, AQUI.

Fez no dia 4 de Janeiro cinquenta anos que Albert Camus morreu. Tinha uns dias antes, terminado uns apontamentos sobre a forma de aforismos: um nunca fechado ensaio sobre o que não convém esquecer, sobre o que convém arrastar ao longo do tempo. Chamara-lhe “Para Nemésis” (Nemésis, a deusa filha da Noite e do Oceano), e dedicara-o a Cerésol, um amigo de longa data. Evocar Camus poderia ser mais um ritual literário. Não é ele que nos move. Mas o pretexto para não o deixar morrer. Porque um escritor morre quando não é lido. E a avaliar pelas leituras das novas gerações que chegam aos cursos universitários de Literatura, a crer nos inquéritos que preenchem, e nos modelos de literatura que incorporam, Albert Camus caiu num indiferente silêncio. Quem é Albert Camus? Um escritor que não queria esquecer em si a amálgama de raças de que todos somos feitos. Amarguravam-no os rótulos, sacudia-os muitas vezes debalde, sobretudo depois de ter recebido o Prémio Nobel. Sempre demasiado filósofo para entrar na cúria dos escritores, demasiado escritor para entrar na quinta dos filósofos, demasiado instintivo para o coro dos existencialistas, demasiado existencialista para o hino dos neo-realistas, demasiado materialista para ser religioso, demasiado religioso para ser materialista.

PENÉLOPE CRUZ


"Ganar dos 'oscars', imposible"
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terça-feira, janeiro 19

UM CÃO CHAMADO BENFICA


Já não vejo pelas ruas cães vadios como no outro tempo em que fazia a pé o caminho de casa até à escola. Vejo cães de companhia, pela trela, presos na perna da mesa da esplanada enquanto os seus donos tomam café. Ladram e assustam as crianças nas entradas dos estabelecimentos. Os cães vadios devem ter sido exterminados ou vejo-os com olhos diferentes de quando era criança. Numa das poucas fotografias na qual pouso, na época da minha adolescência, vejo-me acompanhado por um cão lá de casa que se chamava Benfica. Reconheço a roupa que me cobria o corpo magro. Faz, quase sempre, calor pelas terras do sul. E o Benfica, indiferente, acompanha-me mal sabendo que aquela é uma das poucas roupas daquele tempo do nada acontecer. Um dia os meus pais esqueceram-se, não sei a razão, do Benfica para os lados dos campos de meus avós maternos. Contaram-me que uns dias depois voltaram ao local e lá estava o Benfica, resistente, na paciente espera. Sempre me quis parecer que ficaram roídos de dores na consciência e que foram na busca do acaso ao reencontro. E tudo correu pelo melhor para felicidade de todos e, em particular, do Benfica. Um dia o Benfica morreu mas não me lembro os detalhes. Devem ter-me escondido o infausto evento ou fui eu que me escondi dele. Mas para mim o Benfica, mesmo perdendo-se na ganância de ganhar, nunca morre.

[Também aqui]
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segunda-feira, janeiro 18

NÃO PAGO


Por mim resolvo, de forma simples, a questão do preço cobrado pela leitura de informação on-line: não pago, logo não leio. Admito uma ou outra, rara, excepção por motivo de necessidade absoluta ou paixão incontornável. Na verdade existe informação em excesso, desnecessária e inútil, e já deu para entender que toda a informação verdadeiramente importante acabará por encontrar um caminho alternativo para se me tornar acessível. Os patrões dos media deviam reflectir melhor os caminhos da rentabilização do seu negócio. Também não aceito a publicidade sobreposta que se impõe à vontade do leitor nos sites de notícias. Mudo, de imediato, de sítio. Eu perco a notícia, o site perde um leitor. Haja saúde!

OS TEMPOS: A VIDA E A POLÍTICA


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domingo, janeiro 17

PS - NA FRENTE (POR VIA DAS DÚVIDAS ...)


John Delaney

No MARGENS DE ERRO as últimas sondagens divulgadas (1) (2). Subidas e descidas, as revelações têm o valor que têm, mas há uma que tem mais valor que todas as outras: o PS não quebra e está na frente em todas. A importância deste dado prende-se, além do mais, com a gestão das expectativas. Quem ousar derrubar o governo sairá a perder, ou seja, mais vale fazer acordos do que acirrar os ânimos buscando uma crise política.


quinta-feira, janeiro 14

POEMAS MANUSCRITOS


O meu amigo, de longa data, Eduardo Aleixo, divulgou alguns poemas e a capa do livro intitulado “Poemas Manuscritos” dado à estampa, como “micro edição” de autor, pelo último Natal. Também, pelo menos, Maria do Rosário Fardilha publicou dois poemas no Divas & Contabaixos. Os meus agradecimentos pela atenção que torno extensível a todas, e todos, que me fizeram chegar mensagens por outros caminhos. Salvo qualquer falha ou omissão os poemas, por vezes com variantes, estão disponíveis aqui nas etiquetas: “20 Poemas de Cuba”, “25 Poemas” e “13 Poemas de Agosto”.
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quarta-feira, janeiro 13

Eric Rohmer

Rohmer the Classicist, Calmly Dissecting Desire
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A ler: Maria do Rosário Fardilha.
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HAITI

Haiti. No meio da enorme tragédia do Haiti a vitória da internet, e das redes sociais, sobre os media tradicionais. Quase todas as notícias são divulgadas em primeira mão através da internet. Um cenário de guerra no qual as vítimas fazem a reportagem da sua própria tragédia. Sem mais ninguém a explorá-la.


domingo, janeiro 10

Mrs. Robinson














Os conservadores, a moral e os bons costumes: o caso paradigmático de Mrs. Robinson, esposa de Peter Robinson, primeiro ministro da Irlanda do Norte.
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Uma grande lição:

A Srª Iris Robinson, tal como o seu marido, Peter Robinson, primeiro-ministro da Irlanda, pertence ao Partido Democrático Unionista, que é religioso e se confunde com a confissão deles, a igreja presbiteriana fundamentalista. O que ela lê nos livros sagrados, considera-o de forma teocrática, isto é, vale como lei terrena. É bom para ter convicções fortes. Por exemplo, fala-se de homossexuais e a Srª Robinson saca do Levítico, um dos livros da Bíblia, capítulo 18: "Não se deite o homem com um homem como se fosse uma mulher. É uma abominação." Em 2007, foi assim que ela respondeu à BBC. Se o Levítico falou, está falado - é antigo, foi escrito há mais de 3 mil anos, e isso há de dar-lhe alguma autoridade. Até à semana passada, ninguém perguntou à Srª Robinson sobre adultério. No capítulo 20, o Levítico diz: os adúlteros devem ser condenados à morte. Eu tenho para mim, que sou um cínico, que a Srª Robinson é uma cágada. Mesmo perguntada sobre o adultério, ela citaria o Levítico. É que ela leu-lhe os 27 capítulos e nenhum refere explicitamente o que a poderia desmascarar: ser pecado dormir com o homem do talho e o filho do homem do talho. A Srª Robinson, além das convicções fortes, só aceita as que lhe convém. É bem comum a Srª Robinson.

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sábado, janeiro 9

ALBERT CAMUS: O LUGAR DO MORTO



“ATENÇÃO FLASH O ESCRITOR ALBERT CAMUS MORTO NUM ACIDENTE DE AUTOMÓVEL EM YONNE, PERTO DE SENS”.

A notícia caía assim sumariamente, a meio da tarde de 4 de Janeiro de 1960, divulgada pela France-Presse. Os pormenores viriam mais tarde. O acidente ocorrera sem causas aparentes: Michel Gallimard vinha a conduzir com Albert Camus ao lado. Atrás, a mulher e a filha de Michel. Velocidade excessiva? Lençol húmido no asfalto? Depois da derrapagem e do choque com um plátano, os ocupantes do banco de trás seriam projectados e sobreviveriam. Michel morrerá alguns dias depois. Albert Camus terá tido morte imediata. Ocupava o lugar do morto. Fez, na passada 2.ª feira, 50 anos.

Maria Luísa Malato Borralho (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)

[Artigo publicado, hoje, no “Expresso”. Na íntegra AQUI E AQUI.]
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EM MEMÓRIA DE MEU PAI

Não posso deixar mais tempo esta folha em branco por assinalar com um rabisco qualquer, o desejo de participar, estar presente, testemunhar, o medo da folha em branco, por esquecimento de nela assinar a palavra, uma palavra, qualquer palavra, o desejo de pertencer a um espaço, comunidade, lugar, escrever depressa, sem errar, sem entrar no trilho da escrita automática de que tenho ouvido falar e da qual às vezes sinto que passo mesmo a rasar, como agora, cansado, ao fim da noite, com a cabeça a tombar no teclado, num último estertor de energia, no fim do dia, cansado, como o meu pai se devia sentir cansado no fim do seu tempo, MANTENDO A VONTADE DE SE MOSTRAR DIGNO, RECONHENDO-SE, REZANDO, REGRESSANDO AO TEMPO DAS ÁRVORES DE FRUTOS A CUJA SOMBRA DESFRUTAVA DE TODO O TEMPO DO MUNDO, PARA PENSAR COMO FUGIR À MISÉRIA E CRIAR FAMÍLIA, QUE CRIOU, como tantos homens e mulheres do seu tempo que aprendi a admirar, DEIXANDO-ME A MIM QUASE PARA O FIM, como me sinto ligado a todas as tradições que os meus em mim depositaram sem saber e interrogo-me se serei capaz de legar a mesmo doce áurea de uma vida impoluta de fazer tudo o que se exige a um homem fazer. [Em memória de meu pai pelo aniversário da sua morte.]
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quinta-feira, janeiro 7

CAMUS, CINQUENTA ANOS DEPOIS


Le Figaro : Albert Camus, l'homme intranquille


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UNIDOSE



Nenhuma farmácia hospitalar ou de oficina em Portugal aderiu à venda de medicamentos em unidose, seis meses após a entrada em vigor da lei, disse à Lusa a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).

Os mistérios dos negócios da saúde! A indústria se puder vender 20 nunca aceitará vender 1. Sugestão: que cada um faça uma inspecção ao stock de medicamentos, fora do prazo de validade, que lá tem em casa. A chamada unidose, tão reclamada, não interessa senão aos consumidores finais. Quem os defende? Em última instância o estado! Ninguém reclama que se discuta a unidose no parlamento?
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quarta-feira, janeiro 6

ALBERT CAMUS, BREVE BALANÇO


O cinquentenário da morte de Albert Camus foi evocado em muitos blogues portugueses. A maior parte fez referência à cronologia biográfica que elaborei e publiquei. A todos agradeço as palavras amáveis que me dirigiram. Não nomeio ninguém para não cometer a inevitável injustiça do esquecimento. Assinalo, isso sim, o esquecimento generalizado da efeméride pelos meios de comunicação tradicionais portugueses, uma espécie de rasura da memória da criação artística e acção cívica, e política, de um homem que não transigiu, no seu tempo, com o totalitarismo fosse qual fosse a sua natureza. Entre as excepções o Expresso publicará, no próximo sábado, um artigo da Prof. ª Maria Luísa Malato Borralho autora nos anos 80 de um livro, provavelmente o único publicado em Portugal, por autor português acerca de Camus, por sinal, de muita qualidade que bem merecia ser reeditado. Republico a Cronologia, após revisão, por esta autora, AQUI.

segunda-feira, janeiro 4

ALBERT CAMUS POR ANA VIDIGAL


Albert Camus - Hoje no Nouvel Obs.com


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ALBERT CAMUS – UMA CRONOLOGIA PELO CINQUENTENÁRIO DA SUA MORTE









Em 4 de Janeiro de 1960 Albert Camus morreu vítima de um violento desastre de automóvel. A propósito do cinquentenário da sua morte escrevi uma cronologia para que se não esqueça a obra e o pensamento de um grande escritor, jornalista, dramaturgo e cidadão atento aos problemas do seu tempo. Um livre-pensador que defendeu, acima de tudo, a liberdade contra todas as formas de totalitarismo.

LER A CRONOLOGIA, NA ÍNTEGRA, AQUI.


sábado, janeiro 2

OS DEVERES DA AMIZADE AJUDAM A SUPORTAR OS PRAZERES DA SOCIEDADE



























Fotografias de Hélder Gonçalves (Nova York e Chicago)
A frase em título, respigada dos meus sublinhados dos Cadernos, é uma das que mais me marcou, aquando da primeira leitura da obra de Camus, pelos meus 20 anos, era ele somente um pouco mais velho, como autor, do que eu como seu leitor. Aquela frase contém todo um programa de vida, que tentei tomar como meu, e sublinhei-a a traço grosso. Sei, hoje, como o esquecimento mata as ilusões da juventude. Mas nunca me esqueci dessa leitura inaugural de Camus, através dos Cadernos, e entendi, mais tarde, o significado profundo da sua obra que, ao longo dos anos, fui sendo capaz de ler, e reler, penetrando mais fundo no âmago da sua interpretação dos acontecimentos do seu tempo e da visão de um homem confrontado com o absurdo da existência. Adiante … na próxima 2ª feira passam 50 anos sobre a sua morte e Camus ficará fora do Panteão. [Descobri, entretanto, este excelente texto de Vicente Jorge Silva.]
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domingo, dezembro 27

Luís de Camões - Sonnets and others poems


Outra prenda, em livro, do meu filho Manuel, sabendo do meu gosto: “Luís de CamõesSonnets and others poems”, edição bilingue, tradução e introdução de Richard Zenith.


Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n´alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei porquê.
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Let Love devise new ways, new wiles
to kill me, and new forms of disdain;
he´ll take away no hope of mine,
since he can´t take what I don´t have.

Look at the hopes that hold me up!
See how precarious my defenses!
For I, not fearing reverses or changes,
am tossed by the sea, having lost my ship.

Though disappointment can´t exist
where there´s no hope, there Love has hidden
a bane that kills and remains unseen,

for he placed in my soul some time ago
I don´t know what, nor where it was born,
nor how it got there, nor why it aches.
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PEDAÇOS D´ONTEM


Da Isabel uma outra prenda, em forma de livro, de Lina Vedes: PEDAÇOS D´ONTEM. Um conjunto de crónicas/memórias extraordinárias acerca da minha cidade de Faro, sua vida e suas gentes.
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Akmal Shaikh


sexta-feira, dezembro 25

NÚPCIAS, O VERÃO


















A Bel ofereceu-me um livro que encontrou num alfarrabista no Rio de Janeiro: “Núpcias, O Verão”, de Albert Camus, obra de juventude, escrita em 1936/37. Deve ser a única edição publicada, com tradução em português, desta obra de juventude do autor de A Peste. A edição, da “Nova Fronteira”, é de 1979 e a tradução, de Vera Queiroz da Costa e Silva, parece-me bastante boa. Por este Natal, no Algarve, debaixo de chuva inclemente, deixo um excerto do capítulo “As amendoeiras”: (…) A primeira coisa é não desesperar. Não prestemos ouvidos demasiadamente àqueles que gritam, anunciando o fim do mundo. As civilizações não morrem assim tão facilmente; e mesmo que o mundo estivesse a ponto de vir abaixo, isso só ocorreria depois de ruírem outros. É bem verdade que vivemos numa época trágica. Contudo, muita gente, confunde o trágico com o desespero. “O trágico”, dizia Lawrence, “deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade”. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.

terça-feira, dezembro 22

Romy Schneider


Sempre gostei muito dela e esta notícia, inesperada, ainda mais me faz gostar. Confirma aquele sentimento difuso, que sempre nutri, de que por detrás da sua imagem havia algo para além do estereótipo de uma estrela de cinema. Estas pequenas notícias ajudam-nos a compreender como é complexo o processo do julgamento dos outros pela imagem que deles fazemos. Os bons nem sempre são o que parecem. Os maus nem sempre parecem o que são. Nem os bonitos. Nem os feios. Nem a luz que se derrama sobre certas imagens as faz luzir mais. Nem a obscuridade que se abate sobre certas personagens as faz luzir menos.
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Charlize Theron Africa Outreach Project


Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (VI)
























Palante diz com razão que se há uma verdade una e universal a liberdade não tem razão de ser.

É como se para o homem fosse absolutamente necessário escolher entre o aviltamento e o castigo.

Mas ninguém é culpado absolutamente, não se pode pois condenar ninguém absolutamente. Ninguém é absolutamente culpado. I) aos olhos da sociedade 2) aos olhos do indivíduo.

Sócrates atingido por um pontapé. "Se um burro me tivesse batido iria porventura apresentar queixa?" (Diógenes Laércio, II, 2I)

Para Schopenhaurer : a existência objectiva das coisas, a sua "representação" é sempre agradável, ao passo que a existência subjectiva, é sempre dor.
"Todas as coisas são belas à vista e terríveis no seu ser, donde a ilusão, tão corrente e que sempre me impressiona, da unidade exterior da vida dos outros."

Problema da transição. Deveria a Rússia passar pelo estádio da revolução burguesa e capitalista, como o exigia a lógica da história? Neste ponto só Tkatchev* (com Netchaev e Bakunine) é o predecessor de Lénine. Marx e Engels eram mencheviques. Eles só tinham em vista a revolução burguesa futura.
As constantes discussões dos primeiros marxistas sobre a necessidade do desenvolvimento capitalista da Rússia e a sua tendência para acolherem esse desenvolvimento. Tikhomirov, velho membro do partido da vontade do povo, acusa-os de se fazerem "os paladinos das primeiras capitalizações."

Finalmente, é a vontade do proletariado que transforma o mundo. Há por conseguinte verdadeiramente no marxismo uma filosofia existencial que denuncia a mentira da objectivação e afirma o triunfo da actividade humana.

Em russo volia significa igualmente vontade e liberdade.

Pergunta dirigida ao marxismo:
“A ideologia marxista será o reflexo da actividade económica, como todas as outras ideologias, ou pretenderá descobrir a verdade absoluta, independente das formas históricas da economia e dos interesses económicos”. Por outras palavras será um pragmatismo ou um realismo absoluto?
Lénine afirma o primado do político sobre o económico (a despeito do marxismo).

Lucaks: O sentido revolucionário é o sentido da totalidade. Concepção do mundo total em que a teoria e a prática são identificadas.
Sentido religioso segundo Bardiaev.
(Andava eu, certamente, a ler Lucaks)
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*Piotr Nikitich Tkatchev (1844-1886) – filósofo russo.
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Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).
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