sábado, janeiro 31

Dedicatórias, leituras e políticas…


Aqueles que pensam que conhecem tudo e todos iludem-se com as aparências. Alguns amigos devem achar, no mínimo bizarro o meu interesse por Camus. Mas só a imagem que de nós fazem aqueles que nos amam é que se aproxima da nossa verdadeira alma. Esse círculo restrito não se esgota na família próxima mas não vai muito mais além. Criam-se estereótipos e cada um de nós carrega a vida toda com as penas próprias e as penas que os outros decidem que carreguemos para descanso da sua consciência (deles). Vem isto a propósito de um livro, o último, de Albert Camus - "O Primeiro Homem" (Edições Livros do Brasil) - que encontrei na estante do meu filho no qual escrevi a seguinte dedicatória:
" Para o MM:
A mãe comprou em Paris a edição francesa (1ª edição) e agora comprei a 1ª edição portuguesa. MM fez 4 anos no passado dia 27 e esta literatura à para ele com outras obras de Camus que tenho comprado ao longo do tempo, em particular, os "Cadernos". É, ao mesmo tempo, um acto de esperança na vida e no desejo de ler na era do áudio visual que vai ser cada vez mais esmagador na altura em que MM souber apreciar estas coisas.
Hino à vida, saudação àqueles que não têm voz activa, pensamento ligado à acção, defesa da justiça e da liberdade, alerta contra o fanatismo e o totalitarismo…
94/11/02"
Reparei na data e já passaram quase dez anos. MM ainda não leu o livro. Já tem 13 anos. Recebeu, por sinal, ontem as notas deste período (Escola Alemã) que foram razoáveis e eu fiquei muito contente pela nota máxima na disciplina de Música. É um bom sinal para que um dia venha a decidir, livremente, ler este livro. A música devia ser obrigatória, pelo menos até ao 9º ano, em todas as escolas portuguesas. Ia ajudar a melhorar o desempenho dos jovens em todas as disciplinas e, em particular, no português e na matemática. Tal seria possível. È necessário dinheiro mas principalmente capacidade de sonhar com o futuro. Dedicatórias, leituras e políticas …das verdadeiras são precisas!

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