quinta-feira, janeiro 8

PRESIDÊNCIA ABERTA

O Presidente da República vai realizar, no final de Janeiro, mais uma "Presidência Aberta". Esta é uma actividade muito mais saudável para o país do que discutir cartas anónimas. O Presidente, apesar de ser um advogado de grande gabarito, preocupado e profundo conhecedor das questões da justiça, é muito mais desejado e eficaz nas "Presidências Abertas". Nestas pode contribuir, de facto, para revelar os problemas e dificuldades do país e do seu povo, mas também para mostrar as suas facetas mais promissoras e encorajantes.

Um dos temas que será certamente abordado é o da falência das estratégias para conter a desertificação humana do interior e a escassez do investimento produtivo fora das grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Dois acontecimentos têm contribuído para esta situação: a perda brutal de peso da agricultura na economia nacional e o envelhecimento demográfico.

Nas últimas quatro décadas Portugal assistiu, em simultâneo, ao progressivo desaparecimento da população activa na agricultura, de 45% para 10%, ao crescimento acelerado da concentração da população nos centros urbanos do litoral e a um acentuado envelhecimento da população.

Entre 1981 e 2001, segundo o INE, o índice de envelhecimento aumentou de 45 para 103 idosos, por cada cem jovens, e as projecções apontam para que, em 2021, este índice atinja, em Portugal, 127 por cada 100 jovens, ao mesmo tempo que a população com 80 anos, ou mais, passará a representar quase 5% da população total.

Assiste-se, de facto, em todo o mundo a um duplo envelhecimento demográfico que consiste num fenómeno em que o prolongamento da vida, acompanhado pelo declínio recente da fecundidade, origina saldos demográficos que se aproximam do zero e, nalguns casos, são mesmo negativos.

A imigração é uma resposta parcial para este problema. Mas resta o mais difícil. Usando uma linguagem eventualmente chocante é preciso forjar e aplicar uma estratégia de repovoamento do território. O desenvolvimento sustentável exige a preservação do património natural, sem cedências nem ao protecionismo do Estado nem às leis do mercado, mas esta preservação não é viável com um território em dois terços despovoado.





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