Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, janeiro 31
"O Rigor Poético"
Não me refiro já à brutal aventura da destruição que o 20º aniversário da bomba de Hiroshima, comemorado à pouco, recorda aterradoramente, ou à poluição industrial ameaçando de gangrena a terra, a água, o ar, a flora, a fauna. Refiro-me aos perigos dum outro apocalipse, por dentro, menos espectacular mas também destruidor: a tecnocracia; a habituação passiva ao mecanismo, a uma atmosfera de metal diluído; e a idolatria, a sufocante obsessão dos objectos, fomentada por um aparelho publicitário formidável. É neste ponto que julgo ter a arte um papel de medicina humanista, de contraveneno insubstituível. Sartre diz algures que o "rigor científico reclama em cada um de nós outro rigor mais difícil, que o equilibra: o rigor poético", sublinhando que se trata de duas formas culturais "complementares"".
"O Aprendiz de Feiticeiro" - Carlos de Oliveira
Fragmentos - pág.13 (2 de 3)
Fotografia de Helder Gonçalves - Santiago do Chile, 2003.
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