quarta-feira, julho 6

After Shower


After Shower [oil on canvas 31 x 39 "]

Zhang Jing Sheng ( b. 1940- ) is a devoted painter who for many years studied color. Of course there were influences from impressionism, but he has his own style. He tried to reveal the intensity of color, often painting with a palette knife to let his colors reach their most brilliant and richest point. He painted in layers, alternating the thick and the thin to give his colors a dynamic tension. There were also influences from ink painting in that he manipulated the emptiness and fullness, the tinting of colors, the flowing of energy as would an ink painter.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

TEMPO


Imagem e apresentação de Prozacland e, já agora, recomendando a leitura de "Donde vem a electricidade?"

Apetece-me fazer um comentário aos comentários, em geral, no mínimo cépticos, a propósito da entrevista de José Sócrates, à SIC, acerca dos projectos de desenvolvimento a realizar em Portugal nos próximos anos.

Não acreditar é a ideia dominante. Há razões para isso. Já sabemos. Mas só na política? Não será reduzir demasiado a vida social sacralizar o “não acreditar” à política e aos políticos? Mas o resto da vida não está quase toda fora da política? Acreditamos, afinal, em quê?

Política = criação de expectativas. Não se pode condenar um político por cumprir o seu papel. Criar expectativas. Porventura de sinais contrários. Mas, no caso de Sócrates, há uma vantagem evidente: é forte nas convicções e na afirmação de uma vontade política. Se lhe juntarmos a maioria absoluta convenhamos que não é nada pouco.

No fim resta julgar o sucesso ou fracasso das políticas anunciadas. É o ritual democrático que os saudosistas das tiranias de direita e de esquerda têm dificuldade em engolir. No fim o povo julgará: o governo cumpriu ou frustrou as expectativas? No entretanto é preciso acreditar, ao menos, no tempo. Tempo: “Medida de duração dos fenómenos” [Houaiss].

O governo, um dia, cairá. Mas parece-me que é manifestamente prematuro sonhar com a sua queda a breve prazo. Parece-me que vai durar e deixar fundas marcas. Porque este não é um governo com um lider fraco (como foram Guterres, Durão e Santana, cada um ao seu estilo).

Goste-se de Sócrates, ou não se goste, a personalidade dos lideres conta muito na orientação, durabilidade e na obra dos governos democráticos. Esse facto, aparentemente despiciendo, ajudará a que o Tempo se afirme como o mais forte aliado deste governo.

terça-feira, julho 5

À MEMÓRIA DE FERNANDO PESSOA


Fotografia retirada daqui

Se eu pudesse fazer com que viesses
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!

António Botto

Poema de Cinza
As Canções de António Botto

Editorial Presença - 1999

segunda-feira, julho 4

A Casa de Bernarda Alba


A última peça de Federico Garcia Lorca escrita, dois meses antes de ser assassinado pelos fascistas de Franco, em 1936. Fui ver a encenação de Diogo Infante, no S. Luiz.

Tinha visto outras encenações de que me lembro de uma, muito encantatória, julgo que do TEP (Teatro Experimental do Porto), com encenação de João Guedes. Não saí defraudado desta encenação. Deu-me prazer.

E até me permite a liberdade de referir quão contrastante era a Espanha autoritária, retratada por Lorca, e a Espanha contemporânea cujo parlamento acaba de tomar a decisão de aprovar a lei do casamento entre homossexuais.

Nós por cá vamos discutindo a oportunidade de aprovar uma “lei do aborto”, com ou sem referendo, ganhando cada vez mais atraso. Assim seja...

Fica a fotografia de uma versão da mesma peça representada só por homens e a versão integral, em castelhano, de “La casa de Bernarda Alba”, drama de mujeres en los pueblos de España.

domingo, julho 3

POR VEZES


In Sabor a Sal

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto dos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos corpos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

David Mourão-Ferreira (póstumo)

In “O Livro de Natércia” – Edições Quasi (acabado e sair) no qual este poema surge com a seguinte nota: “Aqui republicamos, com a generosa autorização da família do autor, este poema de Matura Idade (1973), livro dedicado pelo autor a várias poetisas, entre as quais Natércia Freire. O poema escolhido era o que Natércia preferia de David Mourão-Ferreira."

O Teatro de Faro


Não podia deixar passar em branco a recente inauguração do Teatro Municipal de Faro. Tendo sido um dos pioneiros da prática teatral na cidade e na região, pela mão de Emílio Campos Coroa, esta era uma aspiração antiga. Uma conversa antiga como outras que fazem parte do imaginário de quem sonha com o progresso.

Existe o progresso? Pois existe! Aqui está um caso exemplar. Como explicar que a principal região turística de Portugal não pudesse acolher, em condições dignas, por exemplo, uma ópera.

Não sei como será a gestão, nem a programação, nem o orçamento real, nem a relação com os públicos, em suma, não sei qual será a estratégia de afirmação do novo teatro. Está feita a obra, resta dar-lhe o devido uso.

(Já agora, apesar de o actual presidente do município ser um independente, eleito pelo PSD, a criação deste projecto deve-se, por inteiro, aos governos socialistas e a um autarca socialista – é a chamada “pesada herança”!)

sábado, julho 2

AO PÉ DA CASA


Apresentando Marília Campos e marilia

Ontem, divagando por um bairro
mais distante, passei pela casa
onde eu às vezes ia, ao tempo de ser jovem.
De meu corpo o Amor se apoderou ali
com sua força incrível. Ontem,
quando passava pela velha rua,
lojas, calçada, pedras,
paredes e varandas e janelas,
tudo se transformou por magia do amor.
nada restou que fosse pobre e vil.

E enquanto eu me ficava olhando a porta,
parado, a demorar-me ao pé da casa,
de todo o ser me fluíam, restitutos,
os sensuais prazeres que tinha em mim guardados.

[1918]

Constantino Cavafy

In “90 e mais quatro poemas” – tradução de Jorge de Sena

(Era este o poema que desejava e não "Corpo, Lembra ..." já antes publicado.)


Reflection


Reflection [oil on canvas 36 x 36"]

Bao LeDe (b. 1959- ) came to US in 1989, and has been living and working in the Boston area for more than a decade. Abstract Expressionism has been always his genre. His paintings, in brilliant colors, were painted boldly and dynamically with gestures which were clearly the influenced by traditional Chinese calligraphy. Perhaps the distant between the United States and China made him think more about his own culture for he fell in love with ink painting, the beauty of black and white. He used a lot of black in his paintings. Bao continued his experiments with collage from fifteen years ago, gluing rice paper on canvas layer by layer, then painting over the result. He is a painter full of an inner energy that emerges in every stroke. His new collage paintings were gentle, but quietly powerful.
 
(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

sexta-feira, julho 1

Divas & Contrabaixos


Gostei muito de ler no Divas & Contrabaixos "A pele como órgão de revestimento”. E da fotografia também.

Para amenizar um poema de Carlos Drummond de Andrade

O CHÃO É CAMA

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.

in “O Amor Natural”

A propósito das campanhas contra a política do governo socialista

Está disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR e no site do "Semanário Económico" o artigo com o título em epígrafe, hoje publicado, de que transcrevo a abertura:

"Nenhum governo socialista pode esquecer as pessoas, nem pode esquecer a luta contra as desigualdades, logo a justiça social, nem esquecer a busca dos consensos, logo o diálogo social.

Mas o que está em causa, agora e aqui, é a questão da capacidade competitiva de um país que, como Portugal, aceitou integrar uma comunidade de países mais vasta: a UE."

quinta-feira, junho 30

EMÍDIO GUERREIRO - MATEMÁTICO


Fotografia de Sociedade Martins Sarmento

A morte do velho professor

"A única vez que vi de perto o Professor Emídio Guerreiro foi há um ano, no Porto, num jantar. Era um jantar de homenagem promovido pela Sociedade Portuguesa de Matemática, no encerramento do seu encontro nacional.

O fim de tarde estava magnífico. Os participantes juntaram-se nos jardins da Quinta da Bonjóia, conversando e apreciando a paisagem. À hora marcada, o idoso professor chegou numa viatura, acompanhado de amigos. Fomos buscá-lo e ajudá-lo a atravessar o jardim. As conversas abrandaram e todos quisemos ter oportunidade de acompanhar de perto o velho matemático.

Sim. Emídio Guerreiro era um matemático. Na altura certamente o único que tinha sido activo ainda nos tempos da I República. E o único sobrevivente expulso da vida académica ainda antes da formação da Sociedade Portuguesa de Matemática, que ocorreu em 1940.

Emídio Guerreiro foi nomeado assistente extraordinário na Universidade do Porto no ano de 1931, mas a polícia política impediu-o de exercer esse trabalho. Exilado, pegou em armas contra o fascismo, primeiro em Espanha, depois em França. Após a guerra, foi professor de matemática no liceu Jeanson-de-Sailly, em França. Só regressou ao país no 25 de Abril.

Emídio Guerreiro é conhecido como político. Mas foi sempre um matemático apaixonado. Era sócio honorário da Sociedade Portuguesa de Matemática e continuou até ao fim da vida interessado pelo desenvolvimento da matemática.

No fim do jantar, fez um discurso emotivo. Falou de pé durante três quartos de hora. Lembro-me bem de algumas partes. Mas a certa altura disse algo que não quis perder e que por isso escrevi nas páginas finais de um livro na altura distribuído pelo Prof. Paulo Almeida. Fui agora buscar esse livro, que se chama Dois Apontamentos Matemáticos e que tem como autor o próprio Emídio Guerreiro. Li de novo o que o velho professor disse.

«Vi muitas coisas na minha vida. Vi guerras, vi misérias. Mas vi a demonstração da conjectura de Fermat».

Só um grande espírito poderia considerar um vitória pura da razão como uma das coisas mais importantes da vida."

Nuno Crato
in “Expresso on line”


A última entrevista de Emídio Guerreiro? Acerca de Álvaro Cunhal publicada no JN em15 de Junho passado: "Um homem que nunca mudou de ideias"

Black Chinese Dress


Black Chinese Dress [oil on canvas 28 x 44 in]

Zhao Kailin was born in 1961 China. 1988, he studied at Oil Painting Department of Central Academy of Fine Arts. Now he lives in China.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

"TORRE DA LIBERDADE"


Imagem e texto do new york on time

Comentários do crítico de arquitetura do New York Times, Nicolai OUroussoff, sobre o monstrengo apresentado ontem como projeto da "Torre da Liberdade" a ser construída (se for) onde ficavam as torres do World Trade Center:

"Sombrio, opressivo e mal concebido, o projeto sugere um monumento a uma sociedade que virou as costas a qualquer noção de abertura cultural. É exatamente o tipo de pesadelo que as autoridades garantiram que nunca aconteceria aqui: uma torre inexpugnável reforçada contra o mundo de fora... A Torre da Liberdade encarna um mundo moldado pelo medo".

quarta-feira, junho 29

Emídio Guerreiro


Na época de todas as mortes. Emídio Guerreiro um lutador pela democracia e pela liberdade. Morreu aos 105 anos. Bem haja.

Biografia Breve - Uma vida em três séculos

Ao longo da sua longa vida, que atravessou três séculos, Emídio Guerreiro assistiu à implantação da República, viu nascer e morrer a ditadura, de que foi um dos mais destacados combatentes, atravessou duas guerras mundiais e participou na construção do regime democrático em Portugal.

Emídio Guerreiro nasceu a 6 de Setembro de 1899, em Guimarães, numa família de ideais republicanos, que acolheria como seus durante toda a vida. Frequentou a Universidade do Porto, onde cursou Matemática, depois de ter lutado como voluntário na I Guerra Mundial - o seu primeiro encontro com a conturbada história do século XX.

Em 1926, um golpe de Estado impõe a ditadura em Portugal, mas a 3 de Fevereiro do ano seguinte Emídio Guerreiro junta-se aos revoltosos que, em vão, tentaram derrubar os golpistas.Em 1928, funda no Porto a loja maçónica "A Comuna", do Grande Oriente Lusitano Unido.

Em 1932, escreve um panfleto contra o então presidente Óscar Carmona, acabando por ser detido, mas um ano depois conseguiria evadir-se, iniciando um exílio que se prolongaria por mais de 40 anos. A primeira paragem é em Espanha, onde dá aulas, mas o início da guerra civil leva-o a combater ao lado das forças republicanas.

Em 1939, com a vitória dos franquistas, fixa-se em França, passando à clandestinidade quando os nazis invadem o país, durante a II Guerra Mundial, tendo sido membro activo da resistência à ocupação alemã. Findo o conflito, Emídio Guerreiro voltou ao ensino de Matemática, desta vez na Academia de Paris.

Na capital francesa, funda em 1967, juntamente com outros exilados políticos, a LUAR, Liga Unificada de Acção Revolucionária, para combater o regime salazarista.

De regresso a Portugal, depois do 25 de Abril, foi um dos fundadores do PPD. Em 1975 foi eleito secretário-geral, tendo liderando o partido durante o período de ausência de Sá Carneiro no estrangeiro, por doença. Deputado à Assembleia Constituinte, viria a afastar-se do PPD, descontente com o rumo que o partido estava a seguir, e nos últimos anos aproximou-se do PS.

Em entrevista ao "Expresso", por ocasião do centenário do seu nascimento, Emídio Guerreiro elegeu a dignidade humana como o ideal que norteou a sua vida.

"Como não pode haver dignidade se não houver liberdade, naturalmente que eu lutei pela liberdade. Lutei contra todos os regimes prepotentes, lutei contra todas as ditaduras", afirmou.

LUSA

A Última das Paixões


No Pentimento ler artigo, em “O Globo”, acerca da polémica entre Camus e Barthes a propósito de “A Peste”. É um clássico.

“A liberdade é a última das paixões individuais. Eis porque é nos nossos dias imoral. Na sociedade e até por si própria, é imoral.”

Camus, in “Cadernos” (por volta de Outubro de 1945)

SILÊNCIO


Apresentando Amoralva - O sabor da poesia

A propósito da greve dos enfermeiros, mais enfermeiras.

Sempre fui muito bem tratado por eles, mais elas que eles. Sempre que, por infortúnio, precisei dos seus cuidados, poucas vezes, graças a deus, só encontrei o lado bom dos homens, no caso, mais das mulheres. Não conheço todos os regimes especiais da função pública que, em Portugal, agora se soube, preto no branco, são muitos e variados.

Mas, salvo muito poucos casos de profissões, absolutamente excepcionais, a luta contra o aumento da idade de reforma é uma luta perdida e inglória. É a lei da vida que se sobrepõe à lei dos homens. Os médicos, mais médicas, e os enfermeiros, mais enfermeiras, sabem disso melhor do que ninguém. Silêncio! A greve é para quê?

terça-feira, junho 28

GARLIC


Garlic [oil on canvas 74 x 63 in]

Lin Chun Yan was born in 1962, China. At 1990 he moved to Australia, and graduated from Sydney University art department at 1994. In 1998, he moved back to Beijing and live there till now. His painting has the Expressionist aspect, he freed his figures, let them fly, stretch into the air, the strokes were thick, and textured, with gesture similar to those in ink painting. He used singular color, pure and bold, very attractive. He painted heads as vegetables, creating highly absurd metaphors.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

À MEIA-NOITE, PELO TELEFONE


Foto de Fabiola Narváez

À meia-noite, pelo telefone,
conta-me que é fulva a mata do seu púbis.
Outras notícias
do corpo não quer dar, nem de seus gostos.
Fecha-se em copas:
“Se você não vem depressa até aqui
nem eu posso correr à sua casa,
que seria de mim até ao amanhecer?”

Concordo, calo-me.

Carlos Drummond de Andrade

In “O Amor Natural”
Record

segunda-feira, junho 27

OS HOMENS SÁBIOS ENTENDEM O QUE VAI PASSAR-SE


Porque os deuses sabem dos eventos futuros, e os homens dos eventos presentes. Mas o sábio sabe do que vai passar-se.
Filóstrato, Sobre Apolónio de Tiana, VII,7.

O que acontece agora sabem os mortais,
e o que será um dia os deuses sabem,
os únicos senhores de toda a luz profunda.
Mas o que vai acontecer em breve
o atento sábio sabe. O seu ouvido

às horas do silêncio há que escuta
inquieto e perturbado estranhos sons
que às vezes vêm de eventos que estão prestes.
E respeitosamente atenta neles,
enquanto as gentes fora nada ouvem.

[1915]

Constantino Cavafy
“90 e mais quatro poemas”, tradução de Jorge de Sena
Edições ASA


Margarida Delgado (5)


Vestido – 2 In Sabor a Sal

O corpo visto. Vestido imaginado. O corpo definido. Tomado do ângulo certo. A volúpia do corpo. Dobrado e reflectido. Movimento indefinido. O corpo mais além. O corpo desejado.