sexta-feira, outubro 14

... é a coerência.


Imagem In ph&-no

“ – Está certo de que o contágio é inevitável, de que o isolamento é recomendável? – Já não tenho a certeza de nada, mas tenho a certeza de que os cadáveres abandonados, a promiscuidade, etc., não são recomendáveis. As teorias podem mudar, mas há qualquer coisa que vale sempre e em todos os tempos, é a coerência.”

Albert Camus

Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

SYLVIE VARTAN


Sylvie Vartan – 1964

Lembra-me o primeiro vídeo a cores que vi. Foi na feira de Faro. Num caixote enorme luzia a figura e a voz de Sylvie Vartan… Depois do som das “caixas de discos” nascia o reino da imagem … a meus olhos um momento raro e deslumbrante … “Tous mes copains” …

quinta-feira, outubro 13

Amar é a arte de esquecer


in my solitude Fotografia de adelaide teles
in Olhares


Não sei que dizer e se me fiz entender
Se me dou a conhecer se me faço ler
E não sei sequer perdido nada de mim
Se me ouves as palavras que alinho
Não sei porque te escrevo e adivinho
Teus passos ouço o teu coração bater
Baixinho tuas falas de ti contigo
Nas ruas do bairro à beira postigo
Onde te confessas sem nada esconder
Sigo os pensamentos e não os sigo
Perdido por te perder não te persigo
Sei que amar é a arte de esquecer.

Azenhas do Mar, 24 de Julho de 2005

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS - OS COMENTÁRIOS


Fotografia in Algo … Análogo …

Curioso fenómeno o dos comentários aos resultados das eleições autárquicas: nunca são referidos os resultados!

Os dirigentes do PS comportam-se como derrotados, tendo sido vencedores; os dirigentes do PSD como vencedores, tendo sido derrotados; o PSD “esconde” a aliança com o CDS/PP; o CDP/PP esconde-se por detrás dessa aliança.

Texto integral em IR AO FUNDO E VOLTAR

HAROLD PINTER


Harold Pinter - Nobel da Literatura 2005. Desta vez fiquei contente.

Veja mais informação acerca de Harold Pinter aqui

Site do Nobel da Literatura atribuído a Harold Pinter

PAULETA


Pauleta, no jogo de ontem com a Letónia, último da fase de apuramento para a final do Campeonato Mundial de Futebol, a disputar na Alemanha, em Junho de 2006, bateu o record de golos de Eusébio, que durava desde 1973.

Marcando dois golos, na vitória de Portugal (3-0), Pauleta, que joga em França, no PSG, alcançou 42 golos ao serviço da equipa nacional portuguesa, tornando-se o maior goleador português de todos os tempos a nível de selecção.

Um feito que vai perdurar, certamente, durante uma geração.

(Além do mais nasceu em 28 de Abril pelo que comemoramos o aniversário no mesmo dia - parabéns!)

quarta-feira, outubro 12

Confissão ...


Mónica Bellucci

“Não posso viver fora da beleza. É o que me torna fraco diante de certos seres.”

Albert Camus


Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

A Direita Perdeu as Eleições Autárquicas - 2005


Fotografia in PELA LENTE

Deixo aqui as conclusões de uma reflexão acerca dos resultados finais das eleições autárquicas de 2005 já disponibilizados pelo STAPE.

A sua versão integral pode ser lida no IR AO FUNDO E VOLTAR.

1 - A direita (e não o PSD), em 2005, é maioritária em número de Presidências de Câmara, como já o era em 2001, mas perde expressão em votos, mandatos, percentagem e Presidentes de Câmara.

2- O PS recua ligeiramente, em número de Presidências de Câmara, face a 2001, mas melhora os seus resultados, em votos, mandatos e percentagem.

3- A esquerda no seu conjunto, cresce eleitoralmente, em todos os itens, face a 2001, sendo maioritária excepto em número de Presidências de Câmara.

4 - Nestas eleições autárquicas, comparadas com as de 2001, a direita perdeu expressão eleitoral e, em contrapartida, a esquerda ganhou.

5 - As notícias em contrário são manifestamente falsas!

(Se alguém se der ao trabalho de conferir os números e algum estiver errado diga qualquer coisa.)

EUSÉBIO


Eusébio no Mundial de 1966 em Inglaterra

Eusébio da Silva Ferreira é o maior jogador do futebol português de sempre.

É ele o detentor do record de golos marcados ao serviço da selecção nacional de futebol.

Curiosamente hoje Portugal disputa, contra a Letónia, no Porto, o último jogo da fase de apuramento para o Campeonato do Mundo a realizar na Alemanha no próximo ano e Pauleta, neste jogo, pode igualar ou ultrapassar o record de 41 golos marcados por Eusébio.

Por outro lado o próximo campeonato do mundo realiza-se, exactamente, 40 anos após o de 1966, em Inglaterra, em que Eusébio alcançou o máximo de notoriedade e do qual ficou célebre a fotografia que escolhi para este post.

Faço, assim, questão de assinalar a data em que a selecção nacional de futebol se qualifica para a fase final do mundial de futebol. Porque é um acontecimento relevante para o desporto nacional e também para a projecção da imagem de Portugal no mundo.

Eusébio bem merece assistir a este feito e, mais do que isso, deveria a Federação Portuguesa de Futebol encontrar uma fórmula de associar Eusébio à campanha que decorre deste este dia até à final do Campeonato do Mundo no qual Portugal pode aspirar a alcançar um lugar cimeiro.

terça-feira, outubro 11

"MORREU DOM FUAS, ..."


Fotografia daqui

Morreu Dom Fuas, gato meu sete anos,
pomposo, realengo, solene, quase inacessível,
na sua elegância desdenhosa de angorá gigante,
cendrado e branco, de opulento pêlo,
e cauda com pluma de elmo legendário.

Contudo, às suas horas, e quando acontecia
que parava em casa mais que por comer
ou visitar-nos condescentemente como
a duquesa de Guermantes recebendo Swann,
tinha instantes de ternura toda abraços,
que logo interrompia retornando
aos seus paços de império, ao seu olhar ducal.

Nunca reconheceu nenhuma outra existência
de gato que não ele nesta casa. Os mais
todos se retiravam para que ele passasse
ou para que ele comesse, eles ficando
ao longe contemplando a majestade
que jamais miou para pedir que fosse.

Andava adoentado, encrenca sobre encrenca,
e via-se no corpo e no opulento pêlo,
como no ar da cabeça quanta humilhação
o sofrimento impunha a tanto orgulho imenso.
Por fim, foi internado americanamente,
no hospital do veterinário. E lá,
por notícia telefónica, sozinho, solitário,
como qualquer humano aqui, sabemos que morreu.

A única diferença, e é melhor assim,
em tão terror ambiente de ser-se o animal que morre
foi não vê-lo mais. Porque ou nós morremos,
como dantes se morria em público,
a família toda, ou toda a corte à volta, ou
é melhor que se não veja no rosto de qualquer
- mesmo ou sobretudo no de um gato que era tão orgulho em vida -
não só a marca desse morrer sozinho de que se morre sempre
mesmo que o mundo inteiro faça companhia,
mas de outra solidão tecnocrata, higiénica
que nos suprime transformados em
amável voz profissional de uma secretária solícita.

Dom Fuas, tu morreste. Não direi
que a terra te seja leve, porque é mais que certo
não teres sequer ter tido o privilégio
de dormir para sempre na terra que escavavas
com arte cuidadosa para nela pôres
as fezes de existir que tão bem tapavas,
como gato educado e nobre natural.
Nestes anos de tanta morte à minha volta,
também a tua conta. Nenhum mais
terá o teu nome como outros tantos gatos
antes de ti foram já Dom Fuas.

18/12/77

Jorge de Sena

X – Dois “Poemas Só Pessoais” (1977-1978)
in “40 Anos de Servidão”, (2ª edição revista)
Morais Editores

sabor a sal


Fragmento de uma obra-prima de Margarida Delgado em sabor a sal

segunda-feira, outubro 10

Autárquicas - uma manipulação e uma "vitória moral"


“Trás os Montes” - Fotografia de Hélder Gonçalves

A SIC continua a passar a informação de que, nestas eleições autárquicas, “o PS sofreu a pior derrota dos últimos vinte anos”. O rodapé na “SIC Notícias” faz gala desta afirmação e esta ideia foi passada diversas vezes, ontem, dizendo-se que o PS, nestas eleições, tinha regredido ao nível dos resultados das autárquicas de 1985.

Eis uma manipulação grosseira da verdade com a finalidade de valorizar o resultado do PSD e humilhar publicamente o resultado do PS. Pretende-se dar a imagem de uma vitória esmagadora da direita que, de facto, não corresponde à verdade dos números.

É uma manipulação que medra no esquecimento e que permite passar mentiras descaradas por verdades incontestadas. Nem dá para entender como os dirigentes do PS não desmontaram logo na hora tais notícias.

Em 1985 o PS obteve 1.330.388 votos, correspondendo a 27,4%, tendo conquistado 79 Presidências de Câmara. O PSD, nesse ano, obteve 1.649.560 votos, 34%, correspondendo a 149 Presidências. O CDS, 471.838 votos, 9,7%, 27 Presidências e o PCP 942.197 votos, 19,4%, 47 Presidências.

É óbvio que a situação política é, hoje, muito diferente daquela que ocorria vinte anos atrás mas é notório que o PS, nestas eleições, obteve resultados muito superiores aos de 1985. Logo não podem as eleições de 1985 servir como baliza para contar os tais 20 anos. Senão vejamos.

Nas presentes eleições de 2005, o PS obterá entre 108 e 109 Presidências de Câmaras e o PSD, sozinho e em coligação com o CSDS/PP, obterá entre 159 e 160 Presidências (faltando apurar o resultado em um só concelho).

Em 1985, o somatório do PSD e do CDS valeu a estes partidos 176 Presidências de Câmara, ou seja, um número bastante superior aquele que obterão nas presentes eleições.

Se quiséssemos fazer comparações, entre 1985 e 2005, o PS obtém hoje mais Presidências e a direita (PSD+CDS) menos, comparativamente com as eleições de há vinte anos, pelo que a direita sai a perder no cotejo com o PS (sempre sozinho pois, em 85, não havia sequer a coligação de esquerda na Câmara de Lisboa).

Quanto muito poder-se-iam tomar como referência as eleições de 1989 em que o PS ganhou 116 Presidências de Câmara e o conjunto do PSD e do CDS, 133. Então os tais 20 anos ficavam reduzidos a 16.

Mas o mais honesto é fazer a comparação com os resultados das eleições autárquicas de 2001 e tomados estes verificar-se-á um ligeiro recuo do PS (108 a 109 Presidências, em 2005, para 111 em 2001) e, da mesma forma, um ligeiro recuo do número de Presidências para o PSD/PP (159 a 160, em 2005, para 162 em 2001).

Ora vejam como o avanço da direita é nulo nestas eleições autárquicas, face aos resultados de 2001, o que transforma a sua vitória numa verdadeira “vitória moral”. Os grandes números, reais, falam por si … as expectativas são outra coisa.

(Dados Oficiais do STAPE)

A Última Ceia


Uma paródia à vida política nacional em época de eleições!
(Clique em cima da imagem para ampliar).

O sol nas noites e o luar nos dias


Salvador Dalí (1904 - 1989) - Figura en la Ventana 1925
Por sugestão de um comentário de Aguarelas de Turner

De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Natália Correia

Poesia Completa
Publicações Dom Quixote -1999

Autárquicas - 2005


Faro - "Arco da Vila"

Os resultados conhecidos, a esta hora, das eleições autárquicas confirmam o que era previsível.

O PSD ganhou, como seria de esperar, consolidando, no essencial, as posições conquistadas em 2001, tendo ganho ainda algumas autarquias relevantes, que estavam nas mãos do PS, como é o caso de Aveiro.

O PS, no governo, com as despesas de uma política de austeridade, nunca poderia recuperar terreno face à derrota de 2001. Poderia aspirar, quanto muito, a não perder muitas posições. A sua política de "gestão de danos" foi bem sucedida.

Os chamados independentes “arguidos”, com excepção de Amarante, ganharam. Pela minha parte recuso-me a aceitar que a vitória destes candidatos “rebeldes” seja uma derrota da democracia pois nenhum deles, salvo o que perdeu, está condenado pela justiça e nada os poderia impedir de se candidatarem e, como aconteceu em três casos, serem eleitos.

O PCP ganhou posições, em votos, Câmaras e mandatos capitalizando o descontentamento face à política de austeridade do governo. O BE, na mesma onda, ganhou pelo efeito conjugado da maior cobertura nacional das candidaturas apresentadas e pelo crescimento eleitoral nos grandes centros urbanos.

E, já agora, confirmou-se a vitória do PS em Faro para contentamento do meu bairrismo. Daí a ilustração deste post.

Seja qual for o resultado final global, a esta hora ainda não conhecido, o mais importante é que haja respeito pela decisão dos eleitores e que cada directório partidário retire do veredicto das urnas as devidas lições. Com perspicácia, pertinência e proporcionalidade.

Quanto à atitude política a tomar face a eleições democráticas remeto para o que escrevi em “Reflexão Final”.

domingo, outubro 9

Mais que tudo o mar


Sofia Areal Sem Título/2002 [Mixed on Canvas]

Mais que tudo o mar
me fala dos homens
de ti,

Meteste o pé na água
molhaste o teu corpo

Mais que tudo o mar
que te arrepia a pele
eu vi,

E o teu olhar aflito me
toma desejado absorto

Mais que tudo o mar
o azul além do tempo
infinito,

O olhar breve fugaz
grita um grito aflito

Mais que tudo amar
Mais que tudo o mar
bendito,


Faro, 14 de Julho de 2004

FREEDOM


Freedom Fotografia de Zoe Wiseman in XUPACABRAS

Veja aqui as últimas sondagens, referentes às eleições autárquicas, em Faro, Oeiras, Sintra, Porto e Lisboa e os respectivos comentários.

A única certeza é a vitória do PS em Faro. Tanto quanto podem haver certezas a partir de sondagens. A normalidade deverá voltar à minha cidade. Ficarei feliz se assim for.

Aqui pode seguir a evolução dos resultados do escrutínio real destas eleições a partir da hora do fecho das urnas.

sábado, outubro 8

"Curioso ideal..."


Imagem In ph&-no

“Esse vento singular que corre sempre à borda da floresta. Curioso ideal do homem: no próprio seio da natureza, possuir uma casa.”

Albert Camus

Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

ANTIGA DOR


Paula Rego - A Janela (Looking Out) - 1997

O subtil, o reflexo, o vago, o indefinido,
Tudo o que o nosso olhar só vê por um momento,
Tudo o que fica na Distância diluído,
Como num coração a voz do sentimento.
Tudo o que vive no lugar onde termina
Um amor, uma luz, uma canção, um grito,
A última onda duma fonte cristalina,
A última nebulosa etérea do Infinito...
Esse país aonde tudo principia
A ser névoa, a ser sombra ou vaga claridade,
Onde a noite se muda em clara luz do dia,
Onde o amor começa a ser uma saudade;
O longínquo lugar aonde o que é real
Principia a ser sonho, esperança, ilusão;
O lugar onde nasce a aurora do Ideal
E aonde a luz começa a ser escuridão...
A última fronteira, o último horizonte,
Onde a Essência aparece e a Forma terminou...
O sítio onde se muda a natureza inteira
Nessa infinita Luz que a mim me deslumbrou!...
O indefinido, a sombra, a nuvem, o apagado,
O limite da luz, o termo dum amor
Tornou o meu olhar saudoso e magoado,
Na minha vida foi minha primeira dor...
Mas hoje, que o segredo oculto da Existência,
Num momento de luz, o soube desvendar,
Depois que pude ver das Cousas a essência
E a sua eterna luz chegou ao meu olhar,
Meu infinito amor é a Alma universal,
Essa nuvem primeira, essa sombra d’outrora...
O Bem que tenho hoje é o meu antigo Mal,
A minha antiga noite é hoje a minha aurora!...

Teixeira de Pascoais

sexta-feira, outubro 7

Reflexão Final


Fotografia de Bogdan Jarocki

O meu tio Ventura, noutros tempos, foi regedor. Lembro-me de discutir política com ele. No tempo da ditadura. As minhas ideias deviam soar-lhe a utopias sem raízes na terra seca que cultivava. As dele soavam-me ao velho mundo que, para mim, estava para sucumbir. Não sabia a data, nem o modo, mas estava para acabar. Eu, na verdade, não sabia nada da vida. Mas tinha convicções fortes e ele gostava de me ouvir. Eu, pelo meu lado, gostava de o ouvir a ele.

Mesmo hoje, nos seus mais de 90 anos, gosto do seu discurso enérgico. Com ele compreendi que somos, sempre, ao mesmo tempo, derrotados e vencedores. Nunca definitivamente derrotados, nem nunca definitivamente vencedores. Aprendi que é possível um radicalismo tolerante. Ou uma tolerância radical. Ser-mos absolutamente contra, aceitando as diferenças. Exigir aos outros que nos aceitem e exigir, a nós próprios, a aceitação dos outros. Sempre, toda a vida, sem quebras nem desfalecimentos.

Por isso compreendo que, nas eleições democráticas, todos os concorrentes se declarem vencedores mesmo que tenham sido vencidos. Todos compreendemos que é um jogo. Com ele os homens evitam degladiar-se através da violência física. As eleições democráticas são um ritual de tolerância mesmo quando as vozes se elevam mais alto e estalam as recriminações. Mesmo quando são eleitos aqueles que julgamos desmerecer do voto popular.

Apesar de ter votado tantas vezes (todas) sinto orgulho na democracia portuguesa e um prazer especial no dia das eleições e no acto de votar. Sinto-me constrangido ao ler tanta abjecção intelectual, tanta intolerância, face às imperfeições do homem – candidatos e eleitores – que se revelam, abertamente, na disputa democrática. Os críticos, descrentes, abstinentes, ausentes e presentes, não se observam a si próprios?

Eu sempre votei como se fosse colocar uma flor aos pés de um corpo perfeito de mulher.