terça-feira, junho 26

CAMUS/CHAR - HUNGRIA 1956

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«Correspondência – 1946-1959" trocada entre Albert Camus /René Char. Uma carta curta, dirigida por Camus a Char, após ter recebido, enviada por este, a primeira página do France Soir, de 30 de Outubro de 1956, com a manchete: “Budapest: Staline Abattu”, ilustrada com uma fotografia mostrando o derrube de uma estátua de Staline, que Char anotara com diversas frases de regozijo. Acrescento uma nota do organizador da edição na qual descreve, abreviadamente, os acontecimentos da Revolução Húngara de 1956.
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Albert Camus a René Char – 30 octobre 1956

Cher René:
«La terre tourne» a dit Chepilov.* Oui, elle tourne, et la liberté est le soleil levant. Je garde ce tyran débotté, ces moustaches pleines de sang, en souvenir de nous, de notre long combat, fraternel. Le monde a bon goût, soudain!
Votre ami
A.C.

[*“René Char découpe la une de France-Soir du 30 octobre 1956 et la met sous enveloppe pour Camus. Le 23 octobre, le soulèvement de la Hongrie fait reculer un temps l’URSS. Le 30 octobre, les troupes soviétiques se retirent de Budapest. Nagy annonce la fin du parti unique et la préparation d’élections libres. Mais après un revirement du gouvernement soviétique, le 1 novembre les troupes soviétiques, encerclent à nouveau Budapest. Le 3, le gouvernement demande l’aide de la communauté internationale, le 4 les troupes soviétiques attaquent à l’aube. Des milliers de réfugiés quittent le pays. La résistance hongroise se poursuivra malgré les déportations et les exécutions. Chepilov faisait partie de la vieille garde soviétique qui fut limogée par Khrouchtchev après que celui-ci eut condamné la bureaucratie et le culte de la personnalité sous Staline. Cependant Chepilov revint vite aux affaires. Il fut notamment envoyé à Budapest aux premiers temps de l’insurrection. Ce 30 octobre, Albert Camus prend la parole à un meeting organisé en l’honneur de Salvador de Mandariaga et fait aussi référence à l’héroïque et bouleversante insurrection des étudiants et des ouvrier de Hongrie”.]
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EXTINGUIR O MINISTÉRIO DA CULTURA, CRIANDO UMA SECRETARIA DE ESTADO, NADA QUE SEJA NOVIDADE, NEM EM PORTUGAL, NEM EM MUITOS PAÍSES DA UE.
DO ANACRUSES
DEPOIS DE VER OS CARTAZES DA CAMPANHA PSD/NEGRÃO, JÁ ACREDITO EM TUDO!

ROLLING STONES

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O tempo passa e deixa as suas marcas mas os Rolling Stones surpreendem pela vitalidade que persiste na sua prestação em palco. Acabei de os rever, dezasseis anos depois, e pensei para comigo o que todos nós pensamos: que pena teria sido perder esta oportunidade de os rever. Comovente a evocação de James Brown assim como a mistura de todos os públicos possíveis que, hoje, constitui o seu público. Além do mais uma lição de profissionalismo!
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segunda-feira, junho 25

QUE MARAVILHA! ALÉM DO LIVRO E DAS PALAVRAS - TÃO FAMILIARES - A PASSAR GOSTO MUITO DAS MOLAS DA ROUPA!

POLÍTICOS E CIDADÃOS

Posted by PicasaBart Pogoda

Quando um político se considera atingido na sua honra e dignidade pessoal está, pelos deveres da função, inibido de se defender tal como qualquer cidadão? Dizem alguns que ser insultado faz parte dos “ossos do ofício” de um político que se preze.

Caso acontecesse que os detentores de cargos políticos – eleitos ou não eleitos – abdicassem da defesa da sua honra e dignidade, enquanto cidadãos, estaríamos a admitir que a política é uma actividade destinada a ser exercida por heróis ou por crápulas.

Os primeiros, pelas suas qualidades de excepção, sairiam sempre incólumes de todos os ataques, os segundos, sairiam, igualmente, incólumes, por serem protegidos pelas regras da indignidade de que seriam eles próprios os mentores e os gestores.

Mas como a democracia é um regime de cidadãos que respondem em igualdade, de direitos e deveres, perante a lei, os políticos são, regra geral, cidadãos comuns, embora empossados, pelo voto da comunidade, em funções executivas ou de representação.

Por esse facto não perdem os seus direitos de cidadania e mal seria se abdicassem de os exercer da mesma forma que a comunicação social é livre de criticar a acção dos políticos, mas não pode, impunemente, manipular e mentir, pondo em causa a sua honra e dignidade, enquanto cidadãos.

É bom não esquecer que estão a correr nas instâncias judiciais muitos processos, além deste, mais recente, resultante de uma acção de José Sócrates, e que reportam a acontecimentos anteriores nos quais foram envolvidos diversos dirigentes políticos socialistas! Ou já se esqueceram?

[A propósito desta citação de António Barreto feita pelo Tomas Vasques.]
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domingo, junho 24

BATALHA DE SÃO MAMEDE - UMA EFEMÉRIDE ANTIGA

Posted by PicasaImagem daqui

Há exactamente 879 anos, no dia 24 de Junho de 1128, travou-se a batalha de São Mamede que é tomada como tendo sido o início do reinado de Afonso Henriques. Diz a lenda que, ao primeiro embate, com as forças do conde de Trava, seu padrasto, Afonso Henriques teria fugido. O relato mais conhecido acerca do começo do reinado de Afonso Henriques atribuía a vitória de São Mamede aos nobres e não ao Infante:

É este o relato na versão mais antiga da IV Crónica Breve de Santa Cruz em texto que data do princípio do século XIV:

“A fazenda foi feita, e foi arrincado Afonso Anriques e foi mui maltreito. E el, indo a ua légua de Guimarães, achou-se com Soeiro Meedes Mãos d’Água, que o viinha ajudar em a fazenda, e disse-lhe: “como viides, senhor, assi?” Respondeu Afonso Henriques: “Venho mui mal, ca me arrincou meu padrasto e minha madre, que está na fazenda com ele.” E Soeiro Meedes lhe disse: “Nom fezeste siso, que aa batalha fostes sem mim, mas tornade-vos comigo e prenderemos vosso padrasto e vossa madre co ele”. E el disse: “Deus aguise que seja assi,” E Soeiro Mendes lhe disse: “ vós verêes que assi seerá.” E tornou-se entonces com el a batalha, e venceu-a e prendeu seu padrasto e sua madre.” (Simplifiquei alguma pontuação.)

Eis o relato que concede à lenda o seu lugar na história da batalha de São Mamede e aos nobres o papel decisivo na vitória de Afonso Henriques que, assim, teria ficado na sua dependência.

José Mattoso, de cuja biografia de Afonso Henriques retiro os elementos que aqui vos deixo, remata o capítulo 3 da sua obra, intitulado: “Os primeiros passos de um jovem príncipe”, com as seguintes palavras:

“ (…) Tomando como fundamento a evolução dos sinais de validação usados na chancelaria régia, dir-se-ia que só mais tarde, a partir dos anos 1150-1160, se atribuiria à autoridade do fundador da monarquia o carácter de um carisma pessoal. Estes indícios devem relacionar-se com o papel que os barões portucalenses desempenharam na “revolução” que expulsou os Travas e deu o poder a Afonso Henriques, deixando-o, todavia, dependente da nobreza nortenha até ele se emancipar da sua influência, à medida que foi assumindo um papel cada vez mais decisivo na condução da guerra santa.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”, pgs. 47 e 57 (15).
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SEJAM QUAIS FOREM AS RAZÕES E A NATUREZA DOS CRIMES - CONTRA A PENA DE MORTE, SEMPRE!

CAMUS/CHAR - CORRESPONDÊNCIA

Posted by PicasaRené Char

Finalizada a leitura da “Correspondance – 1946-1959”, entre Albert Camus e René Char (e Anexos). Este tipo de literatura é, para muitos, nos quais me incluo, fascinante tanto mais quanto melhor conhecemos a biografia e a obra das personagens em presença o que, no meu caso, acontece com Camus.

Nesta “Correspondência”, além de uma amizade, profunda e sincera, entre dois homens, que atingindo notoriedade pública não perderam a capacidade de viver a vida em pleno, transparece a consonância ideológica e a partilha de causas comuns, tanto no plano da literatura, e da intervenção artística, como no plano político.

Não esqueçamos que ambos foram membros activos da Resistência e que, em circunstâncias que Char descreve num belo texto intitulado “Naissance et jour levant d’une amitié”, de Janeiro de 1965, se tornaram amigos e confidentes desde o Outono de 1946 (ou 47) até à morte de Camus, em 4 de Janeiro de 1960. Esta é uma daquelas amizades que vai além das circunstâncias da vida tornando-se num caso de fidelidade que, além do mais, é consciente e merecedora da própria reflexão de ambos.

Mais alguns dos meus sublinhados de leitura:

Albert Camus a René Char – 29 de Junho 1953

(…) “Je comprends votre fatigue. Je l’éprouve en ce moment. Ou le monde est fou, ou nous le sommes. Lequel est supportable? Finalement, l’âme est recuite, on vit contre un mur. Mais il faut durer, vous le savez comme moi. Durer seulement, et un jour peut-être … (…)»

René Char a Albert Camus – 13 de Julho de 1953

“On ne se trempe pas deux fois dans la même forêt …Oui peut-être, mais on ne l’apprend que plus tard. Je ne vous envoie pas «une carte postale» mais ma pensée très affectueuse qui peut vous venir de partout où je me trouve.»

E em 20 de Outubro de 1953

(…) “Je me suis souvent entendu demander par des gens au sentiment incrédule: Comment commencer une amitié? Par le vide qui la précède?
«Dans une mains où je me lis et dans un cœur où je me sens», etc. (…)
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MÚSICAS DE ITÁLIA

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sexta-feira, junho 22

CHAR/CAMUS - CORRESPONDÊNCIA

Posted by PicasaRené Char

René Char à Albert Camus (6 de Maio 53):

(…) Vous êtes un des rares hommes, Albert, que j’aime et que j’admire d’instinct et de connaissances à la fois (les deux si souvent se détruisent), ces hommes que le temps, le souci, l’espoir, la fatigue puis l’allégresse de vivre font grandir chaque jour dans notre cœur dont ils occupent et dessinent le sommet que la nature ne nous a point donné et qui n’est dû qu’à nous et à cet infime nombres de frères que nous chérissons et qui nous éclairent à tout moment là-haut.» (…)

Albert Camus à René Char (13 de Maio 53):

(…) C’est une bonne, une grande chose, que de pouvoir vous lire en ce moment, spécialement, et, en tout temps, je pourrai revenir vers votre poésie, la seul avec laquelle je vive, depuis des années maintenant.» (…) Tant que je n’aurais pas trouvé un ordre acceptable, ma vie continuera d’être une exténuante tension. Par bonheur ma santé est bonne – et j’ai mon travail, où je peux rire et pleurer à mon aise.» (…)
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POLÓNIA NA UE - PARA LEMBRAR QUE A 2ª GRANDE GUERRA AINDA NÃO ACABOU! A ALEMANHA ESTICA A CORDA! PARECE QUE FOI SALVO O ESSENCIAL E A CORDA NÃO QUEBROU! CONFIRMA-SE O ACORDO.

NO PROMISES

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SERÁ VERDADE? SERÁ MENTIRA? INFORMAÇÃO? PROPAGANDA? É O VERÃO!
ANTÓNIO COSTA PARECE PODER CHEGAR LÁ!

quinta-feira, junho 21

SILÊNCIO, A OBRA VAI COMEÇAR!

Posted by PicasaBart Pogoda

Sempre que perguntarem ao povo português se prefere a obra ou a discussão acerca dela obterão, por regra, como resposta a discussão. Depois da obra realizada, se perguntarem ao povo português, se acha bem que se tenha realizado a obra obterão, em regra, como resposta que sim. Caso a obra tenha sido adiada, se perguntarem ao povo português, se acha bem o adiamento obterão, em regra, como resposta que sim. O problema do povo português não é ter opinião acerca de tudo, e do seu contrário, é o trabalho que dá decidir e mais do que decidir começar, e mais do que começar levar a obra até ao fim.
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Os primeiros passos de um jovem príncipe

Na Batalha de São Mamede [24 de Junho de 1128], Afonso Henriques apoderou-se da herança de D. Teresa pela força. Segundo os Anais, prendeu os seus adversários, isto é, o conde Fernão Peres de Trava e os seus colaboradores; a tradição popular diz que prendeu também sua mãe, mas sabemos, por documentos autênticos, que pouco depois estavam ambos livres na Galiza. (…) Tinha então 19 anos. Podia tomar decisões pessoais. Mas os senhores que o apoiaram eram muito mais velhos, e governavam há muito tempo importantes territórios; entre eles estava, sem dúvida, o seu aio; sem o seu auxílio, Afonso não teria poder algum. Onde estava a verdadeira autoridade? Nas suas mãos ou nas dos nobres que com ele combatiam?
(…)
O papel da nobreza na Batalha de S. Mamede foi representado de forma simbólica no relato “popular” que dela fez a
Crónica Galego-Portuguesa (…) D. Afonso Henriques, derrotado logo no primeiro embate com Fernão Peres de Trava, foge do campo de batalha. Mas surge Soeiro Mendes. Censura-o pela fuga, como se fosse um adolescente, fá-lo regressar ao combate, e ajuda-o a vencê-lo. O significado social deste episódio é evidente: o fundador da nacionalidade devia o seu poder aos nobres.
(…)
Depois de expulsar o conde de Trava e os seus homens, Afonso Henriques concedeu, decerto, algumas benesses aos seus colaboradores, mas estas, se existiram, deixaram poucos vestígios na documentação até hoje preservada. Com efeito, os primeiros diplomas por ele emitidos não favorecem a nobreza mas a Igreja. Destinam-se, em primeiro lugar, a pobres eremitas e a um mosteiro quase desconhecido nas terras de Neiva e Barcelos. Dir-se-ia que o Infante pretende, antes de mais, obter a protecção divina por meio dos privilégios concedidos aos monges mais austeros.
(…)
Assim os primeiros anos do governo afonsino decorrem sob a dupla tutela dos ricos-homens nortenhos que asseguraram a vitória de São Mamede, e do clero que obedecia ao arcebispo de Braga.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”,”A relação com a nobreza”, “A relação com o clero”, pgs. 47/49 (14).
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quarta-feira, junho 20

SERÁ PEDIR MUITO À COMUNICAÇÃO SOCIAL QUE EVITE, PELO MENOS ATÉ AO DIA 15 DE JULHO, UTILIZAR A FRASE "O ARGUIDO ANTÓNIO COSTA"?

RESULTADOS E MIRAGENS


(…)
O governo abriu caminho em áreas politicamente muito difíceis; ao mesmo tempo, reduziu o défice, embora não fosse ainda capaz de levar ao termo a alteração indispensável do processo orçamental. Começa agora a ser acusado de não ter conseguido, em matérias como a produtividade, a educação ou a formação profissional, corrigir em dois anos os resultados de erros acumulados em 20 ou 30, mesmo tendo feito mais para os corrigir do que todos os que o antecederam. Isso pode ser atribuído à inevitável luta política em democracia. O que verdadeiramente preocupa é a falta de alternativas coerentes que não se reduzam a esquecer o défice ou a contorná-lo mediante aumentos da dívida pública que mais não fariam do que voltar a agravar a situação.

Acontece que, no actual enquadramento, esse agravamento seria muito rápido. Primeiro porque o nível de endividamento, público e privado, é já muito – demasiado – alto. Depois porque, dentro da UE e fora dela, abundam as oportunidades de investimento em países competitivos e desejosos de se afirmar. O almejado objectivo de convergência com a Europa não se alcança com aumentos do défice orçamental ou da dívida pública, nem com o estímulo a investimentos assentes no endividamento e no mercado interno sustentado pelo sector público. O caminho para a retoma do mercado interno tem de passar pelo investimento virado para o exterior, que aumente simultaneamente o emprego e a produtividade, únicas bases sustentáveis de crescimento económico. Essa é a trajectória que a economia tem vindo a seguir e que deverá acelerar num enquadramento europeu mais favorável. Abdicar dela em troca de "resultados" a curto prazo apenas levaria à perda de credibilidade e à incapacidade de atrair as competências e o investimento – nacionais ou estrangeiros – indispensáveis para alcançarmos resultados reais em vez de simples miragens. Como Einstein lembrava, não podemos resolver problemas usando os mesmos métodos que nos levaram a criá-los.
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FUTEBOL

Posted by PicasaA Defesa de Faro
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Uma multidão no estádio, em nossa casa, parece-nos sempre pequena. Amigável. Conhecemos muitos rostos. Mesmo as vozes nos são familiares. Os ditos, as recriminações, “seu isto, seu aquilo …”. Uma multidão que incentiva os ídolos de um tempo que é o nosso é como se fosse alguém da nossa família.Os momentos de glória exigem uma multidão que aclame os heróis. Vista de longe a multidão é anónima. Uma massa de gente que grita, aclama, protesta e gesticula. Vista de perto é um mundo de paixões e afectos que se partilham com fervor.As claques podem ser uma degenerescência das multidões que aplaudem por puro prazer apoiando os seus à vitória. O tumulto pode substituir a festa. Mas a essência do futebol é a festa. A partilha do prazer entre pobres, remediados e ricos; homens e mulheres; crianças, jovens e velhos, misturados na turba que ferve na crença na vitória que, tantas vezes, se transforma na melancolia da derrota.A multidão que se manifesta mostra a alma de um povo que aspira a libertar-se das rotinas do trabalho e das agruras da vida. A história das multidões, para o bem e para o mal, é uma parte da própria história das nações, cidades, associações e famílias. O futebol é o sol que ilumina a vida da maioria nas comunidades.

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[Um texto que escrevi a propósito de uma colecção de fotografias mostrando espectadores dos jogos do Farense, no Estádio de S. Luís, em Faro, no qual, enquanto criança, aprendi a gostar de futebol.]
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terça-feira, junho 19

EDUCAÇÃO - AVANÇOS ESTRUTURANTES

Posted by PicasaBart Pogoda

Já escrevi sobre o tema do ensino profissional diversas vezes na sequência de uma experiência de trabalho que, anos atrás, me conduziu até às questões da educação.

Ontem encontrei, por caso, um Director Regional que é meu amigo de infância com o qual troquei dois dedos de conversa da qual resultaram algumas impressões interessantes.

Neste momento está em desenvolvimento, pela primeira vez, desde há muitos anos, uma parceria estratégica entre os Ministério da Educação e do Trabalho no sentido de potenciar o desenvolvimento das ofertas de ensino profissional (no sentido lato) em Portugal.

Parece uma evolução normal, sem nenhuma relevância especial, mas não é disso que se trata: é uma mudança de fundo que permitirá levar a cabo um efectivo combate ao insucesso e abandono escolar precoce que, em Portugal, é uma verdadeira calamidade.

Esse meu amigo, que conhece do que fala, afirma que, finalmente, começa a ser notória uma mudança da imagem social das vias profissionalizantes havendo casos em que muitos pais, de forma consciente, assumem a sua defesa o que seria impensável acontecer alguns anos atrás.

O esforço que está a ser desenvolvido pelo governo na criação de condições para aumentar a oferta, e tornar atraente, o ensino profissional terá como resultado um aumento substancial do número absoluto de alunos que frequentam a escola e o peso relativo daqueles que frequentam as vias profissionalizantes.

É bem possível que, até ao final de 2010, Portugal possa alcançar a meta que foi definida pela Estratégia de Lisboa, que refiro num artigo publicado no já longínquo ano de 2004, ou seja, que 50% dos alunos do ensino secundário (ou do conjunto do 3º ciclo do ensino básico+secundário) frequentem vias profissionalizantes.

Se tal objectivo vier a ser alcançado, como parece ser possível, tratar-se-á de uma extraordinária vitória não só do governo como de todos os participantes activos do sistema educativo envolvidos neste complexo e ambicioso projecto. Este é um verdadeiro desígnio nacional ao qual merece ser dada toda a atenção.
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ENOJAMENTO

Camões não tem culpa. Esta foi uma autêntica interferência do poder político na programação da estação pública de televisão. Um acto próprio do despotismo iluminado. Os defensores da liberdade de informação engoliram, vergonhosamente, este atentado à independência da RTP. Eu não vi nada, nem no original, nem na réplica. Desculpem a sinceridade mas, desde há uns anos para cá, enoja-me aquela cerimónia das condecorações.
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ATRASOS...

Posted by PicasaA Defesa de Faro
(Clique na imagem para ampliar)

Maio de 1945. A vitória das forças aliadas lançou uma onda de euforia em Portugal O povo saíu, em massa, à rua celebrando a derrota do nazi fascismo. Os rostos espelham a alegria de uma vitória para a qual Portugal, na verdade, não tinha contribuído. Muitos portugueses viveram a genuína esperança da iminente restauração da democracia. Mas a política ambígua de Salazar, a que se designou de neutralidade, deixou Portugal isolado no contexto da reconstrução material e política da Europa. Salazar assustou-se mas não caíu. Portugal perdeu 29 anos que é o tempo que mediou entre Maio de 1945 e Abril de 1974. É impressionante como, nas vésperas de assumirmos a presidência da UE, ainda “corremos atrás do prejuízo”.
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segunda-feira, junho 18

CAMUS/CHAR - ACERCA DA AMIZADE

Posted by PicasaJohn Chervinsky US, b.1961

Albert Camus escreve a René Char no início da polémica suscitada pela publicação do seu livro O Homem Revoltado aquando do surgimento, no nº 307 dos “Cadernos do Sul”, de um excerto dessa obra que provocou uma reacção violenta de Breton através de um artigo publicado na revista Arts ao qual, aliás, Camus havia de responder com uma carta publicada nessa mesma revista em 19 de Outubro de 1951.

Camus, com “O Homem Revoltado” demarca-se do campo ideológico comunista, à época, dominante na esquerda, e seus companheiros de estrada. Tem início a ruptura com o grupo dos “Temps Modernes” e o afastamento de Sartre, Breton e quase todos os intelectuais que militavam, ainda, na esfera de influência da União Soviética. René Char mantém-se, firme, ao lado de Camus que, nesta carta, lhe manifesta reconhecimento.

Eis um excerto, significativamente belo e pleno de actualidade, dessa carta datada de 26 de Outubro de 1951:

“Il y a si peu d’occasion d’amitié vraie aujourd’hui que les hommes en sont devenus trop pudiques, parfois. Et puis chacun estime l’autre plus fort qu’il n’est, notre force est ailleurs, dans la fidélité. C’est dire qu’elle est aussi dans nos amis et qu’elle nous manque en partie s’ils viennent à nous manquer. C’est pourquoi aussi, mon cher René, vous ne devez pas douter de vous, ni de votre œuvre incomparable: ce serait douter de nous aussi et de tout ce qui nous élève. Cette lute qui n’en finit plus, cet équilibre harassant (et à quel point j’en sens parfois l’épuisement!) nous unissent, quelques-uns, aujourd’hui. Le pire chose après tout serait de mourir seul, et plein de mépris. Et tout ce que vous êtes, ou faites, se trouve au-delà du mépris.»
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PINTO DA COSTA

”Há uma perseguição ao FC Porto e ao Norte em geral.”

Pinto da Costa, considerando estar a ser alvo de perseguição pessoal, tal como o seu clube.
Público, 18/06/2007

Todos os homens de acção têm o seu tempo e os discursos de auto legitimação do poder dos homens apodrecem assim que o seu reinado se aproxima do fim.
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NICOLAU SANTOS: A POLÍTICA FISCAL ESTÁ A EMPOBRECER O PAÍS. UM TEMA QUE É NECESSÁRIO COMEÇAR A ABORDAR A SÉRIO!
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GRANDE NEGÓCIO!

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Paulo Morais: "Negócio do urbanismo dá mais dinheiro que a droga"

Contributo para compreender muitas coisas! Entre elas a razão pela qual há pessoas - eleitos e não só - que são sempre afastadas dos centros de decisão política (central e municipal) e outras que nunca de lá saem.
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domingo, junho 17

LEGISLATIVAS EM FRANÇA -FINAL

Posted by PicasaFotografia Daqui

O partido de Sarkozi obtém a maioria absoluta nas eleições legislativas, em França, mas o PS, na segunda volta, recupera terreno. O resultado aponta para uma forte bipolarização colocando, de um lado, o partido de Sarkozi –UMP – com 314 a 328 deputados (359 em 2002) e, do outro, o PS com 206 a 212 eleitos (149 em 2002). Como é fácil entender os partidos minoritários – incluindo o PCF -não deverão obter o número suficiente de deputados para formar um grupo parlamentar (mínimo de 20 deputados).

Conclusão final: poder absoluto para Sarkozi – presidencial e legislativo – e poder absoluto de oposição para o PS. Retirem as ilações que quiserem, em particular, aqueles que consideram que os partidos socialistas não pertencem à esquerda seja qual for o seu posicionamento face ao poder. Para mim, até ver, só os partidos socialistas podem ser alternativa à direita que sobe e se radicaliza em toda a Europa. Não brinquemos com coisas sérias …
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PREOCUPAÇÕES PARA QUÊ?

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AFONSO HENRIQUES NA COMUNICAÇÃO

Anoto duas peças jornalísticas, publicadas na edição on line do Expresso de hoje, com origem na agência Lusa, nas quais José Mattoso se pronuncia acerca de D. Afonso Henriques. Na primeira aborda a questão da abertura do túmulo do nosso primeiro Rei e na outra questões relacionadas com a própria biografia de D. Afonso Henriques.

Mesmo que o tratamento jornalístico dado às declarações de José Mattoso me suscitem as maiores reservas, em particular, no que respeita à biografia que, como é público e notório conheço, sempre é melhor que o silêncio.

No que respeita ao tratamento jornalístico da biografia de D. Afonso Henriques a minha discordância prende-se mais com o enfoque do que com o conteúdo que, no essencial, é correcto. Mesmo nestas pequenas incursões pelos temas da nossa história não somos capazes de relativizar e colocar no contexto as realizações dos portugueses.

No caso desta notícia, relatando uma entrevista com um historiador infatigável em buscar a verdade histórica, qual a razão para puxar para título Afonso Henriques foi mais "um caudilho" do que um grande general?

Na biografia de José Mattoso são postos em evidência tantos aspectos importantes e interessantes da vida e da acção de Afonso Henriques que se torna penoso ser confrontado com um destaque que é, afinal, uma forma de denegrir a própria imagem da formação de Portugal. É que não me parece razoável, face ao teor da obra de José Mattoso, sintetizar a natureza do papel de Afonso Henriques como própria de um “caudilho” versus um “general”.

Terei tempo para dar nota das razões da minha discordância. Mas se é assim que nos sentimos bem connosco próprios e como só uma minoria de portugueses lerá a obra em causa …talvez a RTP pudesse realizar uma série histórica com base na obra de Mattoso com o seu aconselhamento pessoal! A RTP teria uma boa oportunidade para dar aos portugueses menos exploração do populismo fácil e mais serviço público! …
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TANGO

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sábado, junho 16

S. MAMEDE

“Se é bem claro que, logo após o cerco de Guimarães, se verificou uma aliança entre D. Afonso Henriques e as nobres que tinham abandonado a corte em 1122 e em 1125, é mais difícil decidir a quem pertenceu a iniciativa deste acordo. Mas as circunstâncias em que se deu o cerco, e a participação que nele tiveram pelo menos alguns dos nobres revoltados contra D. Teresa, devem ter facilitado as decisões imediatas, tanto da parte do infante como da parte dos nobres. Estes viram que podiam contar com um chefe decidido. Podiam tê-lo do seu lado se encorajassem as suas ambições.”
(…)
“…pode afirmar-se, com segurança, que o infante começou, pouco depois do cerco de Guimarães, a exercer actos de soberania, como foram as cartas de couto ao eremitério de
São Vicente de Fragoso em Dezembro de 1127 e ao mosteiro de Manhente em Janeiro de 1128 e ainda a já citada confirmação do foral de Guimarães em Abril de 1128. Apropriou-se, portanto, do governo do condado contra a vontade de sua mãe.”
(…)
“A confrontação armada era inevitável. Deu-se, como se sabe, em São Mamede, perto de Guimarães, no dia 24 de Junho de 1128, quando se comemorava a festa litúrgica de São João Baptista. As tropas de Fernão Peres e as cavaleiros fiéis a D. Teresa, vindos, sem dúvida, das regiões de Coimbra e Viseu, atravessaram o Douro e dirigiram-se a Guimarães, onde D. Afonso Henriques devia então estar, e a batalha deu-se, portanto, perto do seu castelo.” [
Ver a transcrição do texto dos Anais acerca de São Mamede.]
(…)
“São Mamede foi o primeiro acto de um movimento irreversível que explica, mais do qualquer acontecimento ou intervenção pessoal, as razões imediatas da independência do Condado Portucalense, como entidade política que precedeu o reino de Portugal.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”Revolta e tomada do poder” e “S. Mamede”, pgs. 43/46 (13).
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CAMUS/CHAR - CORRESPONDÊNCIA

Posted by PicasaA Peste

Avanço na leitura da correspondência entre Camus e Char na qual avultam as referências a encontros, desencontros, viagens, amigos, obras próprias e alheias, manuscritos, dedicatórias, referências a lugares, pedidos de ajuda e, nesta primeira parte, as manifestações de uma amizade absolutamente apaixonada entre dois homens declaradamente heterossexuais.

No livro assume particular relevo as notas cheias de referências a pessoas e acontecimentos que se ligam entre si e me conduzem a anteriores leituras dando coerência aos acontecimentos e ao papel dos dois homens no seu tempo.

Duas referências interessantes:

Na carta de Char para Camus, em 22 de Junho de 1947, Char dá conta da sua primeira impressão da leitura da “A Peste” somente 12 dias após a sua publicação: “Vous avez écrit un très grand livre. Les enfants vont pouvoir à nouveau grandir, les chimère respirer.” Uma nota de rodapé chama-me a atenção para o facto de “A Peste” ter sido publicada, nas “Edições Gallimard” em 10 de Junho de 1947 (passaram 60 anos). O próprio Camus foi surpreendido pelo sucesso do livro que achou desconcertante. Em três meses “A Peste” vendeu 96 000 exemplares.

Na carta de Camus a Char, de 8 de Agosto de 1948, enviada de S. Paulo, Camus informa Char que tem feito a promoção da sua obra no Brasil: “Je pense à vous ici et parle de vous”. Numa nota de rodapé o excerto de uma noticia do “Diário de S.
Paulo”, de 6 de Agosto, com o título seguinte: “Afirma Albert Camus: É a liberdade o problema mais grave do mundo contemporâneo. René Char o acontecimento da nova poesia francesa”.

Nessa mesma carta Camus envia a Char o endereço de dois escritores brasileiros que conheceu e se manifestaram conhecedores e admiradores da obra de Char. São eles: Murilo Mendes e Oswald de Andrade.
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sexta-feira, junho 15

O AEROPORTO DE LISBOA E O PROGRAMA DO GOVERNO

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

No recato das suas poltronas os comentaristas observam a realidade e emitem opiniões que, muitas vezes, marcam a agenda política. Alguns comentaristas são jornalistas, outros são políticos, outros são técnicos, ou consultores, com interesses directos nas matérias em discussão.

Quando se ouvem certos comentaristas, como José Pacheco Pereira, no programa “Quadratura do Círculo”, reclamar a demissão do Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, pelo facto de ter sido aberta a porta para a viabilização de uma nova localização para o aeroporto de Lisboa, em Alcochete, não tem sido suficientemente lembrado que a localização do novo aeroporto na OTA faz parte do programa do governo.

Ora, desta vez, contra todo o bom senso político, ética e verdade, os críticos do governo penalizam-no pelo facto de cumprir as promessas eleitorais e não pelo seu contrário. Seria de esperar da parte do governo que defendesse outra localização senão aquela que está inscrita no programa do governo?

Localização que, aliás, está inscrita nos programas de todos os governos, pelo menos desde 1999, passaram 8 anos, para cujo estudo já foram gastos milhões de euros, apresentadas candidaturas a apoios financeiros comunitários e criadas expectativas nos agentes económicos e na sociedade civil.

De vez em quando é necessário ir às fontes e repor a verdade dos factos o que, apesar de todas as aparências em contrário, numa sociedade organizada, é o que conta para julgar a acção dos governos. Quero dizer que o que terá que ser muito bem explicado ao país é uma eventual mudança da localização do novo aeroporto de Lisboa para fora da OTA. Pela simples razão de ser este o compromisso político do governo para com os eleitores.

* Do Programa do Governo
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DAVID NETO

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ELEIÇÕES EM LISBOA - ÚLTIMA SONDAGEM

Posted by PicasaSimon Gris

Sondagem: O candidato do PS à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, lidera as intenções de voto, com 31,1 por cento …

A última sondagem conhecida confirma o cenário de vitória de Costa, sem alcançar a maioria absoluta. O que se joga, a partir deste momento, é a eventual capacidade de Costa subir após a decisão do governo de colocar em “banho-maria” a opção OTA.

O outro aspecto interessante desta sondagem é o facto do somatório dos resultados das candidaturas de esquerda rondar os 60% caso Saramago faça o favor de considerar o PS como um partido de esquerda que, neste caso, demonstrou não ser nada burro.

Pela parte que me toca ainda não será desta vez que deixarei de votar. Apesar de todas as dificuldades que a data impõe o agregado familiar alterou as férias marcadas para exercer o chamado dever cívico. Parece que a operação foi bem sucedida. É uma pequena gota de água no oceano mas a democracia é isso mesmo: o voto de cada um determina o destino de todos.

As eleições podiam ser já no próximo domingo.
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