Livro incómodo para George W. Bush
Uma notícia da SIC On Line
"Presidente dos EUA tem feito um "péssimo trabalho" na luta contra o terror, revela Clarke
O antigo assessor para as questões de segurança dos EUA, Richard Clarke, veio dizer que George W. Bush não tem lidado da melhor forma com o terrorismo, que ignorou as ameaças da Al-Qaeda antes do 11 de Setembro e que Bush queria ligar Saddam Hussein aos ataques de 2001. Críticas no dia em que é publicado o livro de Clarke "Contra Todos os Inimigos".
A polémica lançada com a publicação do livro de Richard A. Clarke (esta segunda-feira) vem na pior altura para George W. Bush dada a caminhada para as presidenciais de 2 de Novembro deste ano.
Neste livro "Against All Enemies" (Contra Todos os Inimigos), o antigo assessor para as questões de segurança propõe-se contar "a verdade" sobre a guerra ao terror levada a cabo pela Administração Bush. E, de acordo com Richard A. Clarke - que durante 11 anos fez parte do núcleo duro da Casa Branca para a prevenção do terrorismo - a resposta que o actual Presidente dos Estados Unidos tem vindo a dar é "terrível".
Em entrevista à rede de televisão norte-americana CBS, Clarke afirma que Bush ignorou as ameaças da Al-Qaeda antes do 11 de Setembro de 2001, não soube lidar com o terrorismo e revela que, no dia seguinte aos ataques, o líder norte-americano queria, por força, que fossem encontradas ligações entre os atentados terroristas e Saddam Hussein, quando elas não existiam.
- "Revejam tudo, tudo. Vejam se Saddam fez isto
- Mas, senhor Presidente, foi a Al-Qaeda que fez isto
- Eu sei, eu sei, mas... vê se Saddam está envolvido. Procura. Eu quero alguma prova"
Este é um excerto de uma alegada conversa entre George W. Bush e Richard Clarke na noite de 12 de Setembro de 2001 e que vem publicada no livro que hoje chega às livrarias dos Estados Unidos. Mesmo com todos os responsáveis pela segurança a afirmar que os atentados eram da responsabilidade da organização de Bin Laden, o Presidente norte-americano queria mostrar que o então líder iraquiano também estava envolvido.
Em declarações à CBS, Clarke adiantou ainda que no dia a seguir aos atentados, o secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld apelou a ataques de retaliação no Iraque, mesmo sabendo que a Al-Qaeda estava sediada no Afeganistão.
Richard Clarke - assessor para as questões de segurança até Fevereiro de 2003 - diz ter ficado tão espantado que pensou, inicialmente, tratar-se de uma brincadeira.
Em relação à conselheira para a Segurança Nacional, Clarke conta que Condoleezza Rice mostrou-se "céptica" quando foi avisada, no início de 2001, para a ameaça que a Al-Qaeda constituía e pareceu-lhe que ela nunca devia ter ouvido falar naquela organização terrorista.
Clarke critica ainda a resposta dada por Bush aos atentados terroristas de Nova Iorque e Washington e diz ser "revoltante" que o combate ao terrorismo seja uma das bandeiras da campanha eleitoral de Bush, quando ele não soube lidar com o assunto desde o início.
A Casa Branca nega as acusações contra o Presidente e adianta que Richard Clarke entendeu as coisas "de forma errada". A mesma fonte sugere que as alegações de Clarke têm uma motivação política. Ou seja, pretendem prejudicar George W. Bush- que procura a reeleição.
No entanto, Clarke é uma figura respeitada no meio e as suas afirmações, provavelmente, irão causar algum constrangimento à Casa Branca."
Ainda esta semana, o antigo assessor para as questões de segurança será interrogado pela comissão independente que investiga dos atentados de 11 de Setembro.
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