quarta-feira, agosto 8

CUBA - PONTOS FORTES

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Enquanto os nossos interlocutores falavam, como guias ou cidadãos, interrogava-me, permanentemente, acerca da autenticidade das suas convicções. Na maioria dos casos revelavam-se profissionais sem mácula, noutros evidenciavam um empenho sempre moderado, e cauteloso, na defesa do regime. As suas palavras, nunca excessivas, correspondiam à realidade em, pelo menos, dois aspectos das políticas sociais do regime.

Não restam dúvidas acerca do elevado grau médio de qualificação, académica e profissional, dos cubanos, na sua esmagadora maioria nascidos após a revolução de 1959, nem sequer da excelência dos cuidados de saúde que o estado assegura à população. Não conheço os detalhes dos respectivos sistemas mas, a crer nas impressões recolhidas, e estas notas não reflectem mais do que impressões, nestas áreas Cuba pede meças a muitos dos países do chamado primeiro mundo.

Julgo que os indicadores, por exemplo, de longevidade, mortalidade infantil e natalidade, conjugados, colocam a Cuba os mesmos problemas e desafios do chamado envelhecimento demográfico com o qual se confrontam as democracias liberais do ocidente. Foi-me dito que o governo cubano prepara medidas para o enfrentar.

Mas é, ao mesmo tempo, facilmente reconhecido, que a economia cubana não poderá escapar, a breve prazo, a mudanças significativas. Veja-se, a título impressivo, que, em Cuba, não existe nem mercado de habitação, nem de meios de transporte, ou seja, ninguém vende nem compra casa, ninguém vende nem compra automóvel. A esmagadora maioria dos meios de produção, equipamentos e serviços são estatais.

Claro que há escassas excepções quase todas elas concentradas nos profissionais – de diversas áreas - que conseguem sair de Cuba, de forma legal, amealhando rendimentos excepcionais, e mesmo estes carecem, para comprar qualquer destes bens de consumo, de um ror de autorizações. Não falo dos altos responsáveis do estado pois acerca desses ninguém se atreve a falar fazendo aquele gesto tradicional de prudente silêncio passando os dedos pelos lábios.

Ao longo da viagem sempre me acompanhou o pensamento do modelo chinês. A China, apesar de não sofrer o embargo dos USA, não é propriamente uma democracia segundo a concepção ocidental. Mas, após a morte de Mao, em 1976, por coincidência o ano da minha primeira visita a Cuba – ainda não havia turismo – Deng Xiaoping propor o chamado “socialismo com características chinesas”, ou seja, uma espécie de capitalismo promovido pelo estado em “zonas económicas especiais”. Os resultados económicos em benefício da China, e do seu povo, estão à vista de todos!

É claro que a China é um continente longínquo e Cuba uma pequena ilha à ilharga dos Estado Unidos. (Continua)

Ver aqui alguns indicadores que, apesar de relativamente antigos, são bastante reveladores da situação económico social de Cuba.
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2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho uma pergunta, Ed,

Será que sem o embargo econômico Cuba seria tão pobre? Em outras palavras: será que a pobreza de Cuba se deve ao Regime, ou ao Embargo?

Luís Maia disse...

Insisto que um País não é rico ou pobre, por causa do regime, mas o embargo atrofia o desenvolvimento dum País.
Cuba tem pouco recursos, que são conhecidos. Actualmente é o Turismo a sua principal riqueza.
O desenvolvimento da sua industria farmacêutica é alvo de boicote.
Qual a razão para esse boicote pelo EUA ? Se é o regime o critério, como sabemos o dos EUA é muito flexível.
Insisto que me desagrada a falta de liberdade