EDUARDO LOURENÇO POR ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Sábado jantei com Eduardo Lourenço. No fim disse que não queria boleia, que o hotel era mesmo ali e vi-o atravessar a rua em baixo, sozinho, um pouco curvado, no seu passo miúdo e comoveu-me vê-lo caminhar noite fora, de cachecol ao pescoço, a ferver de vida entre os candeeiros. Eu passo o tempo a delirar, dizia ele, mas só deliro para dentro porque se delirar para fora internam-me. E fico a assistir, calado, enquanto fala.
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