quarta-feira, abril 16

AUTOEUROPA

Este post não é publicidade. Mas a Autoeuropa merece muitas atenções pois, além do mais, é a empresa mais importante do nosso sector exportador (representou 3,5% das exportações portuguesas em 2006). Na Autoeuropa estão todos os compromissos necessários para o desenvolvimento da economia nacional: compromisso entre estados, entre fileiras de produção, entre patronato e trabalhadores … Coisa de alemães conforme as notícias divulgadas ontem pelo responsável máximo da Autoeuropa. Aproveitemos todos para aprender alguma coisa, ou seja, construamos, no âmbito da chamada economia real, sem complexos, um outro lado da lamúria nacional. Pois mesmo apesar de todas as vantagens concedidas, certamente, pelo Estado à Autoeuropa a persistência na continuidade do seu projecto deve-se, em muito, à competência profissional (e cívica) das suas lideranças desde a gestão aos trabalhadores.

A Autoeuropa pretende produzir 800 carros por dia em 2010 (duplicando a produção de 2007) e prevê um aumento de dois mil postos de trabalho. - Entre 2008 e 2010 a VW Autoeuropa vai investir 541 milhões de euros em novos produtos, nomeadamente no sucessor do MPV, na preparação para o quarto modelo, em duplicar a produção e aumentar o número de funcionários. Com uma produção anual de 100 mil carros em 2007, a fábrica de Palmela produz por dia 265 Eos.
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terça-feira, abril 15

BOLETIM ECONÓMICO/PRIMAVERA 2008 - BANCO DE PORTUGAL

Albert Lemoine

Tudo o que se vai escrevendo, no dia-a-dia, acerca da situação económica e financeira do país, envolvendo a política económica do governo, a situação dos mercados, empresas e famílias, ganha mais coerência e sentido se formos capazes de dar atenção a documentos tecnicamente fundamentados. O Banco de Portugal acaba de publicar o Boletim Económico Primavera 2008. A Conclusão pode ser lida também aqui. De seguida um resumo dessa conclusão.


A integração económica e financeira da economia portuguesa, num contexto de intensificação do processo de globalização e de participação na área do euro, implicou um aumento na eficiência da economia, através do alargamento do conjunto de possibilidades de escolha dos agentes económicos, do aumento global da concorrência e de uma maior partilha e diversificação de risco com o exterior.

(…)

Constitui assim um facto relevante o progresso conseguido nos últimos dois anos no cumprimento dos compromissos de consolidação orçamental, atingindo antes do previsto um défice inferior a 3 por cento do PIB.

É de sublinhar que o esforço de redução estrutural do défice orçamental tem de prosseguir, no sentido da concretização plena dos compromissos assumidos no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em particular, o cumprimento do objectivo de médio prazo de um défice estrutural de 0.5 por cento em 2010 surge como fundamental para promover uma situação orçamental equilibrada e sustentável, diminuindo a incerteza dos agentes económicos e permitindo o pleno funcionamento dos estabilizadores automáticos.

No que se refere ao funcionamento dos mercados, é de destacar a persistência de elementos de rigidez na evolução do emprego e desemprego, que contribuem para a falta de mobilidade de recursos, bem como para a criação de uma situação de polarização no mercado de trabalho. Estes elementos implicam, por um lado, uma menor capacidade de reafectação eficiente de recursos humanos entre empresas e sectores e, por outro, menores incentivos para os agentes em termos de formação e educação.

Importa, finalmente, destacar a importância de reforçar os incentivos ao investimento de qualidade em capital humano, com destaque para o início do ciclo de vida dos indivíduos. Este investimento afigura-se fundamental para promover um maior crescimento económico em horizontes de médio e longo prazo, contribuindo igualmente para uma melhor repartição do rendimento na economia.

A economia portuguesa manteve em 2007 uma trajectória de recuperação, com uma aceleração significativa do PIB, para níveis superiores aos observados nos últimos anos. No entanto, a segunda metade 2007 e o início de 2008 caracterizaram-se pela ocorrência simultânea de três choques externos adversos, interligados entre si, com importantes implicações macroeconómicas a nível global: a turbulência nos mercados financeiros internacionais, (…); a intensificação do aumento do preço do petróleo e a forte aceleração dos preços das matérias -primas alimentares nos mercados internacionais, (…); e, a desaceleração marcada da economia norte-americana, num contexto de forte correcção no mercado imobiliário e de ocorrência dos choques acima referidos, que foi acompanhada por uma desaceleração mais mitigada na generalidade das restantes economias avançadas e por um menor dinamismo dos fluxos comerciais a nível mundial.

A combinação destes choques não deixará de ter implicações desfavoráveis sobre a dinâmica de recuperação da economia portuguesa, (…).
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UMA NOITE CÉPTICA


Fiquei fascinado por esta sequência de notícias, na mesma noite do mesmo dia, madrugada de 15 de Abril de 2008. A pérola do atlântico, a bela Itália e a martirizada África debatendo-se entre a democracia e o populismo. Esperemos que a crise financeira e das matérias-primas, que se aprofunda e alarga, ao nível mundial, não faça entornar o caldo da cultura populista. Todas as organizações internacionais, de uma forma ou outra, já decretaram o alerta amarelo. Por enquanto os sinais de perigo são entendidos, aparentemente, com bonomia pelos governos e pelos povos. Mas a evidência de uma ruptura grave no equilíbrio da economia real e da organização social em diversas regiões do mundo são demasiado evidentes. Conforme ensina a história uma depressão pode prenunciar uma guerra. Mas também pode ser só um devaneio de uma noite céptica de um optimista inveterado. É o mais certo. Durmamos descansados!
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segunda-feira, abril 14

ELEIÇÕES EM ITÁLIA

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PEDRO BANDEIRA FREIRE

Fotografia daqui

Cultura: Morreu Pedro Bandeira Freire, fundador do Cinema Quarteto ...
Lisboa, 13 Abr (Lusa) - O fundador do Cinema Quarteto, Pedro Bandeira Freire, de 68 anos, morreu sábado, após três dias em coma na sequência de um acidente ...

ANULAÇÃO: Cultura: Morreu Pedro Bandeira Freire, fundador do ...
ANULAÇÃO DA NOTÍCIA COM O TÍTULO: "Cultura: Morreu Pedro Bandeira Freire, fundador do Cinema Quarteto". tamanho da letra. ajuda áudio. enviar artigo ...

Este é uma espécie de assunto tabu. Um daqueles casos em que a notícia da morte de alguém é manifestamente exagerada. A Lusa noticiou, no dia 13 de Abril, a morte de Pedro Bandeira Freire. Uma notícia falsa na qual eu acreditei. Mais tarde veio a anulação da notícia. Pedro Bandeira Freire estava vivo. Ainda bem. Mas fica uma dúvida: a Lusa, agência pública de notícias, não confirma as informações confiando, cegamente, nas suas fontes? Nem quando está em jogo uma vida? Ou uma morte? Não acontece nada pelos lados da Lusa? BASTA APAGAR OS RASTOS DA NOTÍCIA ORIGINAL?
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CRISTIANO RONALDO


Gostemos, ou não de futebol, Cristiano Ronaldo ganhou já reconhecimento global como um mago na sua arte. Já escrevi, recentemente, acerca do fenómeno do futebol sob o título “Fluxo e Resistência”. Mas a teoria não vem agora ao caso. Em Cristiano, sobre o qual chovem opiniões, estudos e artigos, o que mais impressiona é a sua capacidade para tornear as dificuldades do jogo. Os adversários muitas vezes irritam-se e alguns sentem-se humilhados porque Ronaldo não perde nunca a capacidade de jogar o jogo pelo jogo, alardeando o prazer de um novo passe, como se de uma dança se tratasse, no contexto de uma competição dura onde a força, mental e física, predomina. Ele é um indivíduo forte num palco de gigantes representando um país com uma imagem de fraco. Cristiano, o português é como falam dele os jornais de todo o mundo. Dá-me prazer vê-lo jogar. Quando ele ganha ganhamos todos nós. Quanto mais a sua aura se projecta mais se prestigia o país. Não vale a pena ter vergonha do sucesso.
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domingo, abril 13

O ACORDO ACERCA DA AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES


Esgotei a paciência a ler manchetes e notícias que vão no sentido de sobreavaliar as cedências do Governo no que respeita à questão da avaliação dos professores.

Desde há muito tempo que se tinha tornado inevitável um acordo político acerca desta matéria que havia de ser concretizado através de uma negociação e materializado num protocolo técnico.
É o ABC da política. O resultado final está longe de ser uma derrota para o governo ou uma vitória para os sindicatos, ou vice-versa. É simplesmente mais uma fase de um processo em que as partes, negociando ao mais alto nível, chegaram a um acordo.

O governo conseguiu colocar o processo de avaliação dos professores na agenda da opinião pública e no terreno da realidade das escolas, os sindicatos conseguiram alongar os prazos da sua plena concretização. Basta ter lido os comentários às notícias do acordo, por parte de muitos professores, para se entender como é ligeiro considerar que o mesmo foi uma vitória dos sindicatos …

Os acordos são sempre maus quando uma das partes impõe à outra cláusulas leoninas que, mais tarde, estão na origem de novos e mais graves conflitos. Não parece ser este o caso mas só a experiência da aplicação do acordo fará a prova dos nove. Lá para 2009, curiosamente, na véspera de eleições legislativas …

Em termos práticos alguns detalhes do desenlace deste processo estão muito bem sintetizados aqui e aqui.
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Burt Glinn

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sábado, abril 12

MULHERES AO PODER

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The Last Cowboy


Esta é uma das declarações mais infames da história da democracia portuguesa. O PSD desce ao mais baixo nível que é possível imaginar. Abjecto!
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OS JORNAIS E A BLOGOSFERA


A imprensa escrita, com assinaláveis perdas de audiência, busca construir um espaço novo interagindo – no caso que interessa – com a blogosfera. O tema é merecedor de reflexão e estudo por especialistas mas não há soluções milagrosas. A imprensa escrita, tal como a conhecemos, vai transformar-se profundamente nos próximos decénios. Não é necessário ser um barra em comunicação para antever o que se vai passar. Está emergindo em força, já não como exercício pioneiro e diletante, uma nova era na qual a comunicação em tempo real já não é sequer monopólio das televisões.
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Qualquer um de nós tem a experiência pessoal de aceder à informação mais cedo do que os meios de comunicação tradicionais. A sua lentidão chega a ser enervante para qualquer internauta amador, mediano e sénior, como é o meu caso. Quanto mais para os jovens formados na era digital. Alguma imprensa tradicional tenta recuperar audiências através de enlaces com a “imprensa digital”. Pode ser que dê para adiar, ou atenuar, as perdas mas é um pouco como aquela fase dos primórdios do cinema a cores em que se tentou colorir a fita a preto e branco.
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Não dá porque a revolução tecnológica não vai parar e, pelo contrário, vai acelerar a democratização do acesso à produção e divulgação, simultânea, de conteúdos (maus, assim-assim e de boa qualidade) na blogosfera. Esta dinâmica parece não ter regresso, inviabilizando a apropriação pelo velho modelo de imprensa do novo suporte tecnológico no qual a blogosfera, e não só, explode e se consolida, quer em quantidade, quer em qualidade. A coisa está difícil!

Ver Público e, a partir de ontem, Expresso na blogoesfera.
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sexta-feira, abril 11

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EL VALOR DE LA DISCREPANCIA

Tria Giovan

Con
Senso


Desde el 19 de marzo de este año se ha vuelto muy complicado y en ocasiones prácticamente imposible, acceder desde Cuba a los sitios independientes que varios cubanos colocan en Internet de forma individual y colectiva, usando las propias redes de la isla. El portal Desde Cuba, que alberga a la revista digital Consenso, varios blogs personales y otros portafolios culturales y humanitarios, se ha visto afectado por esta situación. Nadie ha reivindicado algún tipo de acción en nuestra contra. O se trata de un transitorio accidente tecnológico o es una medida del gobierno para impedir a quienes viven en la isla que tengan acceso a los debates y reflexiones que publicamos.
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JERÓNIMO FOI A ANGOLA


Jerónimo de Sousa visitou Angola e deu uma entrevista ao Avante. Juro que li a entrevista, já glosada em diversos blogues, de uma ponta à outra.

Sublinho que Angola é um dos países com uma das maiores taxas de crescimento económico (ver PIB). Sublinho que o MPLA, partido do governo em Angola, já prometeu realizar eleições democráticas muitas vezes, nunca as tendo realizado, embora seja membro da Internacional Socialista (Ver partidos da IS). Parece que estão, mais uma vez, prometidas.

Jerónimo de Sousa, para além de outras afirmações esotéricas, acha que «O MPLA acolhe no seu seio diversas tendências que no plano governativo e no plano do desenvolvimento económico e social continuam a ser uma incógnita. Mas existe a vontade de não transformar a sociedade angolana numa sociedade capitalista no sentido clássico é um objectivo. Consegui-lo-á? Essa é a questão.»

Oh Jerónimo de Sousa, a sua viagem pode ter sido muito proveitosa mas as suas ideias acerca de Angola, e do MPLA, são a maior das confusões!
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quinta-feira, abril 10

O MEU IRMÃO DIMAS


Ouvem-se ao longe os sons que me ajudavam a adormecer nas noites quentes do sul. Ouço-os nas memórias dos dias ensolarados e felizes ainda mais quando corria uma brisa fresca no fim da tarde. Na soleira da porta fazia escorregar entre as mãos pedrinhas ouvindo-as cair no chão de terra por entre os latidos dos cães e o vozear das gentes ao longe. Ou seria perto? Olho para dentro de mim como se fosse um monumento raramente visitado e vejo a esquadria do casario branco perfilado ao longo das ruas estreitas. É a alma que me habita. E as vozes dos que me amaram ressoando no fundo dela. Um dia visitá-los-ei olhando-os com o tímido sorriso de outrora. Sou eu de regresso ao meu mundo amado. Só depois de mim virá a felicidade. [9/4/2008]
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CHAMA OLÍMPICA : PROTESTOS EM S. FRANCISCO

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quarta-feira, abril 9

BUSH

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DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

Carlos Diaz

Portugal ocupa a 28ª posição (em 127 países) no ranking de desenvolvimento tecnológico, no Global Information Technology Report, referente a 2007/08. Quer dizer que mantemos a mesma posição do ano anterior enquanto a Espanha se congratula por ter subido ao 31º posto. Nada mau …
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A ESCOLA EM CUBA


Não sei se os professores, em Portugal, estão muito preocupados com a realidade da escola em Cuba. Sei que existe o mito que em Cuba a educação é uma área de excelência. O regime político vigente em Cuba permite a adopção de medidas e exige o cumprimento de regras que seriam impensáveis numa democracia.
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Por cá filmes, com cenas de indisciplina nas escolas, tornaram-se um filão para os tablóides apontando, porventura, de forma precipitada, para a decadência da escola pública; em Cuba reina, pelo menos na aparência, a ordem e a disciplina mas, recentemente, mudou o processo de avaliação dos alunos tendo sido adoptados critérios de selecção que beneficiam os mais “integrales”.
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El conocido escalafón que se confeccionaba a partir de las notas acumuladas durante los tres cursos de la secundaria, ha dejado de existir. En su lugar, el profesor tiene la potestad de asignar –a dedo- quién estudia cada especialidad. Los nueve parámetros que, según el nuevo método de calificación, hacen la integralidad de un joven, son:

1.Asistencia y puntualidad
2. Actitud ante el trabajo
3. Actitud ante el estudio
4. Disciplina
5. Uso adecuado del uniforme y de los atributos pioneriles
6. Manifestaciones y actividades político-patrióticas
7. Participación en actividades culturales y deportivas
8. Cuidado de la propiedad social y del medio ambiente
9. Relaciones humanas

Isto é que é disciplina! Mas deixa no ar uma estranha sensação de regresso aos tempos da escola salazarista e à “Mocidade Portuguesa”. “Lá vamos cantando e rindo … “
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terça-feira, abril 8

ALDINA DUARTE

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TUDO ISTO É TRISTE, TUDO ISTO É FADO!

Os políticos em democracia, como qualquer cidadão, têm que tomar decisões. A diferença está em que os políticos, em democracia, tomam decisões em nome dos cidadãos que os mandataram, pelo voto, para as tomar em sua representação.

Os políticos não são cidadãos comuns pois enquanto estes respondem pelos seus actos perante a sua consciência, e um pequeno círculo de outros cidadãos, os políticos respondem perante a comunidade por decisões que afectam aspectos essenciais da vida, presente e futura, de todos.

Os políticos mais destacados, ou seja, os que exercem funções de maior responsabilidade, nunca deixam de ser cidadãos, gozando, em plenitude, dos mesmos direitos que todos os outros. Mas os cidadãos eleitos para o exercício de funções políticas nunca deixam de ser vistos pela comunidade, que um dia os elegeu, e neles confiou, como políticos.

Tanto mais alto o cargo que tenham exercido, tanto mais tempo nele tenham militado, mais se lhes exige que respeitem os cidadãos que neles confiaram.

Passando a casos concretos ninguém imagina, por exemplo, que Sá Carneiro, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues ou Cavaco Silva um dia tomassem a decisão de assumir a presidência do Conselho de Administração de uma empresa privada. Muito menos se poderá dizer que essa postura de desprendimento se deva à sua fortuna material.

Mas de outros se não pode dizer o mesmo e não cito nomes para não ser injusto para com algum político cuja opção pela gestão empresarial privada tenha tido cabal justificação pois toda a regra admite excepção.

Vergonha, dizem alguns. O que eu digo é que o efeito da opção de Jorge Coelho pela presidência executiva da maior empresa privada de construção civil do país, se for confirmada, pelo seu passado e personalidade, é devastador para a credibilidade dos políticos pois legitima aquele dito popular que tanto custa a engolir a todos os cidadãos de boa fé, que se bateram, e batem, pela ética republicana: “o que eles querem é tacho”.

Tudo isto é triste, tudo isto é fado!
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segunda-feira, abril 7

DEMOCRACIA

Albert Lemoine

The Economist Intelligence Unit’s
index of democracy

Mais do que uma curiosidade este é um “index” da democracia envolvendo 167 países. No próprio trabalho apresentam-se os critérios e as limitações de um “index” desta natureza.

É interessante verificar que, no grupo dos 27 países com “democracias plenas”, Portugal ocupa a 19ª posição, ou seja, o nosso país só é suplantado, neste “index of democracy”, em todo o mundo, por 18 países.

Achamo-nos feinhos quando nos olhamos ao espelho, mas …

[Via A FORMA E O CONTEÚDO]
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UMA QUESTÃO DE HIGIENE


Se querem um tema interessante, e importante, que nos deve preocupar tomem lá este. Para simplificar, os banqueiros recolhem as poupanças dos cidadãos e das empresas, fazem aplicações, emprestam, fazem-se remunerar e remuneram, por aí adiante, assumem riscos, estão sujeitos à legislação nacional e comunitária, é suposto serem supervisionados pelos bancos centrais, de cada estado, e pelo BCE, nos quais as comunidades delegaram a responsabilidade de garantir que cumprem as regras elementares da boa gestão. Mas se um banco ameaça entrar em colapso, costuma dizer-se “abrir falência”, ou seja, deixa de ser capaz de honrar os compromissos perante os seus clientes, é a comunidade que paga? A questão que se coloca, de forma brutal, será mais ou menos esta: a ética dos banqueiros que levam os seus bancos à falência é muito diferente da ética dos assaltantes de bancos?

Depois do Northern Rock, das intervenções públicas nos alemães IKB e Sachsen LB e também o caso do colapso do norte-americano Bear Stearns, ‘salvo’ pela Reserva Federal, o assunto levantou uma discussão ‘moral’ entre os financeiros. O BCE, e outros bancos centrais, alertaram para o risco de se estar a dar uma garantia aos banqueiros de que o dinheiro dos contribuintes servirá como rede de segurança para os seus exageros.
“O recurso a dinheiro público para resolver uma crise não pode ser dado como adquirido e só deve ser considerado como remédio para uma perturbação na economia e quando os benefícios sociais estimados superarem o custo de se estar a recapitalizar a instituição à custa de despesa pública”, nota o documento conhecido este fim-de-semana. Ou seja, impedir o colapso sim, absolver os responsáveis nunca.
“A gestão de uma instituição em dificuldades será responsabilizada, os seus accionistas não serão compensados e os credores e depósitos não segurados devem esperar assumir as suas perdas”, avisa o memorando.
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Ingrid Betancourt

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domingo, abril 6

Dias com árvores

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PROIBIÇÃO DE TELEMÓVEIS NA ESCOLA


Em Espanha generalizou-se a proibição do uso de telemóveis nas escolas. Nem mais nem menos. Não vale a pena perder mais tempo com esta discussão. É uma questão de bom senso, mais do que uma questão de disciplina. Um dia quando mudar o paradigma do ensino presencial – sala de aula/aluno/professor – para um outro, assente no ensino à distancia, de que já existem embriões experimentais - mesmo em Portugal – tudo vai mudar. Mas no momento presente mais vale proibir o uso de telemóveis nas escolas, isso mesmo, e logo por coincidência quando passa o 40º aniversário do Maio de 68 – o da palavra de ordem: “é proibido proibir”.
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sábado, abril 5

Soliloquy Half-Naked


Turismo: INATEL vai ser transformado em fundação em Julho

A notícia foi distribuída hoje, durante a tarde, pela LUSA. Há uns dias atrás uma funcionária do INATEL, com a qual me correspondo, perguntava-me acerca do destino desta reforma anunciada. Respondi-lhe que nada sabia de novo a não ser o que já antes, por diversas vezes, tenho tornado público.

A notícia hoje divulgada é interessante não tanto pela data anunciada para a concretização da reforma como pelo facto de não acrescentar nada em relação ao que já se sabia. Como estou a ler o Singer lembrei-me que ele tem lutado “para melhorar a situação dos animais” e também “para proteger a vida selvagem”, “ajudar algumas das pessoas mais pobres do mundo e legalizar a eutanásia voluntária”…. E eu gastei 7 (sete) anos da minha vida a preparar esta reforma.

Um Estado que demora uma eternidade a reformar-se a si próprio não está, eticamente, em condições de exigir eficácia no desempenho das suas próprias instituições e agentes. Já pensaram nisso? E no que respeita ao INATEL ainda há muito para dizer além do que já tenho dito.
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Prémio para Yoani Sánchez


Todos os que alguma vez lutaram contra uma ditadura sabem o que representa enfrentá-la. Aqueles que decidem enfrentar a ordem que limita ou suprime a liberdade, e amesquinha a dignidade humana, arriscam a sua própria liberdade, senão mesmo a vida. Sou capaz de me colocar no lugar de Yoani Sánchez, autora do blogue ``Generación Y``, quando teve conhecimento que lhe tinha sido atribuído o prémio Ortega y Gasset.

O governo cubano sentirá, por outro lado, a atribuição deste prémio como uma afronta ainda para mais vindo de um país que é, de facto, o seu mais importante aliado económico na Europa - a Espanha. Mas toda a gente já entendeu, mesmo a maioria dos cubanos, que é inevitável e imprescindível uma abertura económica do regime a que se seguirá, certamente, uma abertura política, resta saber, de que natureza.

Tenho seguido, nos últimos tempos, o percurso deste blogue, e da sua autora, agora premiada, empreendendo uma notável luta contra todas as tentativas de extermínio. Uma das razões porque vale a pena a aventura de manter um blogue, como este, concebido, em plena liberdade, é poder ser solidário com aqueles que, de forma séria, clarividente e equilibrada, lutam, em condições adversas, pela liberdade.
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sexta-feira, abril 4

MARTIN LUTHER KING


Ao cimo da página 25 do “Caderno nº1” dos “Cadernos” de Albert Camus, edição portuguesa da “Livros do Brasil”, muitos anos atrás, escrevi, pelo meu punho: - 3 – 1968 – FARO – CAIS - em frente da palavra Abril do fragmento que em seguida transcrevo.

“Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros de conversa à espera que venha a noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento."

No dia 3 de Abril de 1968, na minha cidade natal, terei lido essa página que retrata a atmosfera da Argélia natal de Camus, muito semelhante ao ambiente meridional da terra onde me fiz homem, curiosamente, na véspera do assassinato de Martin Luther King. Uma coincidência trágica: “Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento.”
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RESSONÂNCIAS

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"CABOIADAS"

Adam Jahiel

Ler isto depois de ter lido isto é de ir às lágrimas.
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ABRIL

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BibliOdyssey

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quinta-feira, abril 3

PAPALVOS

Por mero acaso estou a ler “Escritos Sobre Uma Vida Ética”, de Peter Singer , em coincidência com o anúncio público da passagem de Jorge Coelho do mundo da política para o mundo empresarial.

Não faço juízos de intenção acerca das opções pessoais e profissionais seja de quem for. Jorge Coelho é livre, mesmo considerando a sua notoriedade como homem político, de dar à sua vida profissional o destino que lhe aprouver.

No entanto a minha observação benévola desse facto que a comunicação antecipa, almofadando a opinião pública, é estilhaçada pela leitura do livro de Singer, destinado a iniciados, do qual se pode ler aqui uma critica elucidativa.

A notícia referente à anunciada passagem de Jorge Coelho, de armas e bagagens, para o mundo empresarial, suscitou-me a reprodução deste excerto :

“Persistem ainda algumas dúvidas pessoais sobre a ética. Supomos que viver eticamente será uma tarefa difícil, desconfortável, de abnegação e, geralmente, sem qualquer recompensa. Concebemos a ética separada do interesse pessoal; supomos que aqueles que fazem fortunas com negócios baseados em informação privilegiada ignoram a ética, embora sigam eficazmente o interesse pessoal (desde que não sejam apanhados). Fazemos exactamente o mesmo quando preferimos um emprego mais bem pago, ainda que tal signifique que vamos ajudar a fabricar ou a promover um produto que não faz bem nenhum ou que provoca doenças nas pessoas. Por outro lado, pensa-se que aqueles que deixam escapar as oportunidades de progredir na sua carreira por causa de “escrúpulos” éticos acerca da natureza do trabalho, ou que desistem do seu bem-estar a favor de boas causas, estão a sacrificar os seus próprios interesses para obedecer aos ditames da ética. Pior ainda, podemos vê-los como papalvos, que deixam escapar todo o divertimento que podiam estar a ter, enquanto os outros tiram partido da sua vã generosidade.”

Confesso-me, humildemente, um papalvo militante … vale a pena ler este livro.
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LEONARD COHEN

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Bruni vs Sarkozy

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quarta-feira, abril 2

La sociedad virtual

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É interessante como Fidel Castro responde com a “Carta ao VII Congresso da UNEAC” a manifestações de liberdade de expressão do pensamento, postas a circular pela internet, como o post La sociedad virtual . Fidel fala de um novo mundo que ele sabe que já não se compadece com o regime político cubano e o modelo de sociedade que ele próprio criou. O progresso das comunicações, e a tímida abertura à sua utilização generalizada em Cuba, traz consigo a morte política do regime. [A notícia divulgada em Portugal].
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VERDADES QUE PARECEM MENTIRAS

Por entre o ruído das mentiras do 1º de Abril passou despercebida uma notícia importante que, no entanto, até pouco tempo atrás, para meu espanto, só o Correio da Manhã deu à estampa:

ainda se lembram da posição dos polacos face ao Tratado de Lisboa?

REVISTA LER

A Revista Ler já está na blogosfera. Espera-se um pouco de sol na eira. Via Tomas Vasques.
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segunda-feira, março 31

O DESTINO MARCA A HORA NO PSD


Pacheco Pereira, discordâncias político-ideológicas à parte, pega o touro pelos cornos. Toda a gente sabe que o que ele pensa tem toda a acuidade política. Mais difícil é dizê-lo. Não se trata de uma questão doméstica do género zanga entre comadres. Toda a gente sabe que a liderança actual do PSD não é credível nem levada a sério por ninguém nem, porventura, por alguns dos próprios protagonistas da dita. Resta saber se alguém se “chega à frente”, se não é demasiada tarde, se há golpe de asa para gerar uma expectativa positiva, ou seja, capacidade para afirmar uma alternativa política credível à maioria socialista. Estou certo que seria vantajoso para todos, governo socialista incluído, que fosse possível o surgimento dessa alternativa. Receio que Pacheco Pereira seja visto como um franco-atirador desesperado. Mas mesmo que seja esse o caso, honra lhe seja feita!
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Todos felizes

hyeyoung kim

Correia de Campos, como sempre, claro e incisivo, acerca da descida do IVA.

O país mereceu bem este pequeno prémio. Se a economia melhorar lá fora, sobretudo se ganharmos competitividade, investirmos um pouco mais, controlarmos o consumo, cortarmos no desperdício e olharmos menos para o umbigo, os próximos prémios virão naturalmente. O que não podemos fazer agora será perder a agenda, ou trocá-la pela dos outros. A baixa do magro ponto percentual tem que ser escrutinada até ao âmago, para controlar infecções oportunísticas; a gestão da coisa pública tem que se lembrar que foram sacrificados 500 milhões de euros de receita; os investidores têm que sair mais das covas, sem o guarda-chuva do estado; o cidadão lamuriento e manhoso tem que saber usar a argúcia e a energia do queixume para ajudar mais o colectivo; os media têm que iniciar um pequeno ciclo de recuperação da auto-estima e em certos casos mesmo, da objectividade e independência perdidas.
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Dirão alguns que, a ano e meio de distância, estou a incutir nos portugueses a indispensável renovação do mandato do actual governo. Claro que sim. Mas digam-me qual a melhor alternativa? Para retomar o jargão económico, o custo de oportunidade de mudar de orientação política, dada a fragilidade do tecido, só conduziria a rasgões maiores, exigindo remendos mais caros e de eficácia e beleza não garantidas.
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JAIME ALBERTO GAMA JARDIM


Estive um par de horas afastado das notícias que emergem das centrais de comunicação de todos os centros de interesse. Em boa verdade, para ser sincero, não dou grande importância à maior parte das notícias. Sei que alimentam uma indústria e servem interesses particulares, nascem e morrem, a maior parte delas, sem deixar rasto. Mesmo colocando-me na posição dos políticos e dos gestores no activo, que gerem recursos e expectativas relevantes, compreendo cada vez melhor aquela frase célebre de Cavaco que, um dia, quando exercia o papel de primeiro-ministro, disse que não lia jornais e de outra vez – ou na mesma – desapareceu de cena fazendo notícia o facto de ter dito que se havia retirado para o “pulo do lobo”. O mundo seria muito melhor com menos notícias e menos opinião publicada, seja por via oficial, oficiosa ou comentada. Vem este arrazoado a propósito da discursata de Jaime Gama - a segunda figura do estado! – colocando Alberto João Jardim no pedestal de um insigne homem de estado. Sorrio. Segue-se, em breve, a visita à Madeira da primeira figura do estado. Todos somos livres de dizer o que nos interessa e, no caso de Gama, as suas palavras não foram, certamente, um improviso de momento. Apesar de também não ter gostado do que ouvi as palavras de Gama não se devem incluir no rol das palavras excessivas. O discurso de Gama só pode significar o armistício entre o governo da república e o governo regional da madeira. Deve estar para breve assinatura do tratado de paz. Fica por saber quem paga a conta. Somos nós!
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domingo, março 30

RELÂMPAGO - Nº 21


Comprei ontem, finalmente, a Revista Relâmpago nº 21 dedicada a Jorge de Sena. Já deu para ler alguns trabalhos nela insertos. Este é, sem dúvida, um importante contributo para o conhecimento da figura e da obra de Sena quando se aproxima o 30º aniversário da sua morte. Em breve publicarei os meus sublinhados de leitura no Caderno de Poesia.
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sábado, março 29

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MARI LUZ


Quase não se fala deste assunto em Portugal. É claro que com os males dos outros podemos nós bem. Mas este caso tem todos os ingredientes para fazer o delírio dos talóides: pedofilia, desaparecimento de criança, subsquente campanha para a sua descoberta, presumível crime de abuso sexual, descoberta do cadáver, funeral, investigação policial fulminante com descoberta do presumível criminoso (à consideração superior!), tentativa de linchamento à porta do tribunal … declaração pública do pai da vítima, antes da audição do presumível criminoso, que devia ser, pela sua dignidade e grandeza, integrada nas disciplinas de educação cívica … cito de cor “não desejo para o criminoso que sofra o que sofri …”

O assunto já era apetecível e pungente mas… eis, senão quando, é descoberto que o presumível criminoso devia estar preso à data do crime, por crimes anteriores, da mesma natureza, cometidos contra a sua própria filha … e a ordem de prisão – na sequência da sentença de condenação - não terá sido cumprida … devido a um conjunto de erros judiciais grosseiros …

Colocando-me na posição do director de um tablóide português, em queda de vendas, e quase todos os órgãos de comunicação são tablóides em queda de vendas, pergunto: o que é que Espanha tem que nos falte a nós? Não é justo!
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A GUERRA DO IRAQUE

José Pacheco Pereira, Público (só para assinantes)

Parece da mais elementar lógica, mesmo para os leigos em política internacional, que a guerra iria acabar assim quanto mais se aproximasse o dia da retirada das tropas ocupantes. O Iraque é um troféu cobiçado pela sua riqueza em hidrocarbonetos – vulgo petróleo – escrevo sobre um tema banal: a guerra, o domínio das matérias-primas e das rotas, a subjugação dos povos e as suas revoltas, o papel das religiões e das alianças político-militares mundiais, regionais e locais.

Tenho como certo que Bush e Blair sabiam, mais do que qualquer um de nós, tudo acerca do Iraque e das razões da guerra que iriam declarar. As grandes potências não desencadeiam guerras sem razões estratégicas, estudo dos inimigos, avaliação das forças, impacto nas opiniões públicas, basta conhecer um pouco da história das guerras passadas.

Tinham andado pelo Iraque muitas missões - das Nações Unidas e dos serviços secretos que não dormem – escreveram-se muitos relatórios - conhecidos e por conhecer - e esgrimiram-se muitos argumentos acerca da natureza do regime de Saddam que, aliás, foi uma criação daqueles que o destruiram.

Para mim que sou leigo na matéria, nem simpatizo com quaisquer dos contendores, se me dão licença, só não entendo – nunca entendi – o afã dos Pachecos Pereiras deste mundo em defender a política dos senhores Blair e Bush, em particular, aquela decisão de fazer a guerra do Iraque em detrimento da diplomacia.

A ditadura de Saddam? As ligações deste a Bin Laden? As armas de destruição maciça? Com excepção da ditadura está mais que provado que era tudo mentira. E quanto a ditaduras só não interessam às grandes potências as que se recusam a fazer-lhes o jogo. Vamos a ver quando a China se constipar!
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