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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, maio 25
domingo, maio 24
JOÃO SALAVIZA
ARENA. Um amigo actor que participou no primeiro filme dele, ainda na escola, disse-me, dias atrás, que João Salaviza seria um grande realizador. A sua intuição acertou em cheio pois não é qualquer um que, à primeira, ganha um grande prémio em Cannes. Também aqui. Ainda mais.
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sábado, maio 23
A PROPÓSITO DO 60º ANIVERSÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DA ALEMANHA
De vez em quando é salutar lembrar, e lembrar-me a mim próprio, que este blogue é pessoal. Quando me refiro, explicitamente, a assuntos da esfera pessoal, familiar ou profissional, o que acontece raramente, fico com a estranha sensação de estar a ferir um estatuto editorial construído, e aplicado, por mim próprio. É que, afinal, após tantos anos a expor-me através da emissão de opiniões neste blogue posso ficar cativo da opinião que dele façam os seus visitantes. E não quero ficar cativo senão da minha própria temperança no uso da sagrada liberdade de opinião. O meu filho Manuel escolheu a disciplina de história (alemã) para oral das provas finais do 12º ano. O tema forte de estudo, apesar de não ter “saído”, foi a ascensão e queda do nazismo. Explicou-me, no decurso desse tempo de estudo, alguns detalhes, que eu não conhecia, do fenómeno terrível que foi o nazi-fascismo. Quando olho as fotografias, imagens e notícias acerca da manifestação dos alunos de Escola António Arroio, arremessando contra o primeiro-ministro José Sócrates o epíteto de fascista, assusto-me não só com o absurdo da sua utilização mas, fundamentalmente, com o efeito de banalização do termo fascista pela extensa divulgação que este tipo de acontecimentos suscita. A profunda ignorância da história da Europa, e de Portugal, por parte dos jovens estudantes é preocupante e faz-me entender melhor o rigor, e a dureza, com que as autoridades alemãs, a todos os níveis e em todos os sectores, tratam toda e qualquer manifestação que possa confundir a opinião pública acerca da realidade do nazi fascismo. Haviam de ver as consequências da cena passada na Escola António Arroio se a mesma, ou semelhante, pudesse ocorrer, a título individual ou colectivo, no espaço da uma escola alemã! No dia em que se celebra o 60º aniversário da Constituição da Alemanha.
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sexta-feira, maio 22
UM DIA FELIZ
Azenhas do Mar – as horas que passei neste lugar, exactamente neste lugar, fazendo companhia ao meu filho Manuel nas suas actividades de pescador. Recebe hoje o diploma do 12º ano da Escola Alemã de Lisboa. Um dia feliz!
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quinta-feira, maio 21
JOÃO BÉNARD DA COSTA
Morreu João Bénard da Costa. Identifico a sua figura pela voz que era de tonalidade rouca. A arte dos obituários está repleta de surpresas, omissões e, nalguns casos, de injustiças. No caso de João Bénard da Costa, nestas primeiras horas, após o conhecimento da sua morte, os obituários são de teor “oficialista”. Assinalo, como nota de rodapé, que enquanto uns são, indevidamente, dados como tendo sido dirigentes do extinto MES no caso do Bénard da Costa, ocorre o oposto. Tendo sido dirigente do MES, nos primórdios da revolução, oriundo da chamada corrente católica progressista, essa faceta do seu CV é omissa em todos os obituários. Honra à sua memória.
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quarta-feira, maio 20
A tropa e a nobreza do major
Em Outubro de 1971, cumpri a jornada obrigatória de me apresentar em Mafra. O velho Convento era o destino de todos os jovens licenciados (ou estudantes universitários) que fossem considerados aptos para cumprir o serviço militar obrigatório. Na verdade a minha entrada para o serviço militar deu-se em 7 de Outubro de 1971.
Seguiram-se três meses de dura instrução. Os meus companheiros mais próximos foram o José Pratas e Sousa e o Raul Pinheiro Henriques. Na tropa faziam-se fortes amizades e cumpriam-se as regras estritas da instituição militar. Não me desgostou pois me tinha preparado para todas as provações.
Cumpri 3 anos menos dois dia de serviço militar obrigatório. Passei à disponibilidade em 4 de Outubro de 1974. Apesar de um incidente no dia 16 de Março – o dia da «Revolta das Caldas» – em que fui mandado recolher ao quarto por um dia, a minha folha de serviços está impecavelmente limpa.
O problema maior que assaltava as preocupações de mancebos (conscritos) e famílias, de todas as classes e condições, era o espectro da mobilização para uma das frentes da guerra colonial. No primeiro dia fiz a viagem de autocarro. Fui sem revolta e em busca de nada. Cumprir uma obrigação e, se possível, lutar contra a guerra colonial.
Eu sabia que o quartel era uma instituição concentracionária de tipo clássico, como o convento ou a prisão, tinha-o lido em diversos livros, e sabia que sempre seria possível cumprir com as regras subvertendo as regras.
A tropa, naquela época, não era uma curta experiência de aprendizagem dos métodos próprios da guerra. Era um longo exercício de sobrevivência psicológica e física às exigências da defesa de Portugal como «Pátria una e indivisível do Minho a Timor».
Era um teste à capacidade pessoal de resistência a uma caminhada pelo inferno dos labirintos da irracionalidade da guerra. Fui e ganhei forças para combater, por dentro, a solidão e as provações.
Dessa experiência nunca esqueci um episódio que me ensinou como é preciso ter cuidado com as aparências. Um dia, pela manhã, na parada, o Major, Comandante da Companhia, que tinha na conta de um militarão, aproximou a sua boca ao meu ouvido e, em voz ciciada, avisou-me de que estava na lista dos «subversivos». Ouvi, estremeci e calei. Não o conhecia. Era, na verdade, um oficial discreto que cumpria com os seus deveres. Eu cumpria com os meus. Nada o obrigava a correr o risco de me avisar.
Este episódio ajudou-me a aprender como é difícil, no mundo dos homens, ajuizar acerca da natureza do seu carácter e dos valores que os movem na sua relação com os outros. Nunca mais esqueci a nobreza do gesto do major que tomei à conta de generosidade.
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terça-feira, maio 19
Personagens absurdas.
Calígula. O gládio e o punhal.
“Creio que não me compreenderam bem anteontem quando ataquei o sacrificador com o maço com que ele ia matar a bezerra. No entanto era muito simples. Por uma vez, quis alterar a ordem das coisas – para ver, em suma. O que vi, é que nada mudou. Um pouco de espanto e de pavor nos espectadores. Quanto ao resto, o sol pôs-se à mesma hora. Concluí que era indiferente alterar a ordem das coisas.”
Mas por que motivo um dia o sol não nascerá a oeste?
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Id. (Ptolémée). Mandei-o matar porque não havia razão para que ele fizesse um casaco mais belo que o meu. De facto não havia razão. Claro que também não havia razão para que o meu casaco fosse o mais belo. Mas ele não estava consciente disso e, visto que eu era o único a ver claro, é normal que obtivesse vantagens.
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Dom Quixote e La Pallice.
La Pallice. – Um quarto de hora antes da minha morte, ainda estava com vida. Isso bastou para a minha glória. Mas essa glória é usurpada. A minha verdadeira filosofia é que um quarto de hora após a minha morte, já não estarei com vida.
Dom Quixote. – Sim. Combati moinhos de vento. Pois é profundamente indiferente combater moinhos de vento ou gigantes. A tal ponto indiferente que é fácil confundi-los. Tenho uma metafísica míope.
In Cadernos (Caderno nº 3 – Abril 1939/Fevereiro 1942) - Albert Camus – Edições Livros do Brasil
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segunda-feira, maio 18
ELEIÇÕES COM FARTURA
Guy Le Querrec - BAIXO ALENTEJO. Village de Serpa. Vote pour les élections à l'Assemblée Constituante
O ambiente político está tenso com os partidos da oposição a tentar cavalgar a crise económica e financeira que pode desembocar numa crise social à qual se pode juntar uma crise política. A tensão existiria sempre com eleições à vista. Faz parte das regras do jogo democrático. Mas o regime deveria dispor de mecanismos eficazes para regular o calendário eleitoral. Não é saudável que num período de menos de cinco (5) meses decorram três (3) actos eleitorais, de âmbito nacional, ainda para mais convocados por diferentes autoridades.
O ambiente político está tenso com os partidos da oposição a tentar cavalgar a crise económica e financeira que pode desembocar numa crise social à qual se pode juntar uma crise política. A tensão existiria sempre com eleições à vista. Faz parte das regras do jogo democrático. Mas o regime deveria dispor de mecanismos eficazes para regular o calendário eleitoral. Não é saudável que num período de menos de cinco (5) meses decorram três (3) actos eleitorais, de âmbito nacional, ainda para mais convocados por diferentes autoridades.
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domingo, maio 17
EUROPEIAS: ABSTENÇÃO E PS
Saiu mais uma sondagem acerca das eleições para o Parlamento Europeu (7 de Junho) que dá como vencedores a abstenção… e o PS. Sem novidade. Para o eleitorado a realidade política da UE está muito distante do seu quotidiano. O fenómeno não é sequer uma particularidade de Portugal. Em todas as sondagens publicadas até hoje, acerca das próximas eleições, o PS surge sempre como vencedor e nas duas últimas alcança os seus melhores resultados. Nesta questão de sondagens cada partido valoriza, ou desvaloriza, conforme o seu interesse particular. Mas se o PS, mesmo com uma forte taxa de abstenção, ganhar as “Europeias”, atenta a turbulência dos tempos, tornará ciclópica a tarefa de Manuela Ferreira Leite para as legislativas. Não admira que a agenda do PSD se resuma quase só ao “Caso Freeport”.
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ECONOMIA SOCIAL
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre a economia social. Versão final da Resolução do Parlamento Europeu sobre economia social, aprovada, por larga maioria, em 19 de Fevereiro de 2009. MEMORANDO PARA AS ELEIÇÕES EUROPEIAS 2009, dado a conhecer pelo Rui Namorado.
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sábado, maio 16
MANUEL ALEGRE
O mais importante e, politicamente, interessante da tomada de posição de Alegre diz respeito às presidenciais. Ao contrário de todas as aparências o tempo que falta para as próximas presidenciais é curto (2 anos). Este foi o primeiro passo para uma futura candidatura presidencial de Alegre. Alegre distanciou-se do PS mas reforçou a sua relação ideológica com o PS. Libertou-se para alargar a sua base eleitoral de apoio para as presidenciais. Elementar! Mas o mais interessante é que, desta forma, criou um facto novo: colocou sob pressão Cavaco se este pensar, como sempre aconteceu com os anteriores presidentes, numa candidatura a um segundo mandato. É que a esquerda sociológica tem sido, em Portugal, sempre maioritária e Alegre pode fazer o pleno da esquerda. E a futura candidatura presidencial de Alegre, que não pode dispensar o apoio do PS, coloca o PS no seu lugar natural de grande partido de esquerda.
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quinta-feira, maio 14
CORRENTES - CONFRONTOS COM A MEMÓRIA
Patti Levey
O Tomás Vasques faz-me um desafio ao qual não me passaria pela cabeça corresponder não viesse de onde vem. Quando li o teor da corrente, e nada tenho contra esta modalidade de estimulo à interacção, vieram-me à cabeça um mundo de personagens, sons e imagens, que povoam o meu imaginário. Algumas são muito antigas mas esse facto só confirma, além da minha antiguidade, como o fenómeno audiovisual e, em particular, a televisão exerce uma influência tão forte sobre as nossas vidas. Num primeiro momento senti-me impotente para corresponder ao desafio mas, bem vistas as coisas, sempre se pode tornear a pesada tarefa de investigar programas, ou séries, de televisão marcantes, de que não me lembro, com rigor, dos títulos recorrendo aos autores. Salvo um ou outro caso lá vão os nomes aos quais se associam mais do que um programa, por vezes, vidas inteiras de presença nas nossas vidas, sem pretensão cronológica, nem linhagem valorativa no que respeita à minha formação pessoal e cultural:
- João Villaret (acompanhado, ao piano, pelo irmão: Carlos Villaret) – uma introdução à poesia acessível a todos e sem concessões à facilidade;
- Mário Viegas – um amigo que simboliza, para mim, a força da palavra com um mundo de sensações e revoltas lá dentro;
- António Lopes Ribeiro – o mundo do cinema quando o cinema era quase só o “Museu do Cinema”, acompanhado pelo pianista “mudo” António Melo;
- Vasco Granja – a divulgação do mundo do cinema de animação e da banda desenhada polarizado, ao longo de décadas, por um só nome;
- Vitorino Nemésio (“Se bem me Lembro”) – as palestras de um grande poeta esquecido. As palavras enroladas em sabedoria tradicional por um erudito (açoriano);
O Tomás Vasques faz-me um desafio ao qual não me passaria pela cabeça corresponder não viesse de onde vem. Quando li o teor da corrente, e nada tenho contra esta modalidade de estimulo à interacção, vieram-me à cabeça um mundo de personagens, sons e imagens, que povoam o meu imaginário. Algumas são muito antigas mas esse facto só confirma, além da minha antiguidade, como o fenómeno audiovisual e, em particular, a televisão exerce uma influência tão forte sobre as nossas vidas. Num primeiro momento senti-me impotente para corresponder ao desafio mas, bem vistas as coisas, sempre se pode tornear a pesada tarefa de investigar programas, ou séries, de televisão marcantes, de que não me lembro, com rigor, dos títulos recorrendo aos autores. Salvo um ou outro caso lá vão os nomes aos quais se associam mais do que um programa, por vezes, vidas inteiras de presença nas nossas vidas, sem pretensão cronológica, nem linhagem valorativa no que respeita à minha formação pessoal e cultural:
- João Villaret (acompanhado, ao piano, pelo irmão: Carlos Villaret) – uma introdução à poesia acessível a todos e sem concessões à facilidade;
- Mário Viegas – um amigo que simboliza, para mim, a força da palavra com um mundo de sensações e revoltas lá dentro;
- António Lopes Ribeiro – o mundo do cinema quando o cinema era quase só o “Museu do Cinema”, acompanhado pelo pianista “mudo” António Melo;
- Vasco Granja – a divulgação do mundo do cinema de animação e da banda desenhada polarizado, ao longo de décadas, por um só nome;
- Vitorino Nemésio (“Se bem me Lembro”) – as palestras de um grande poeta esquecido. As palavras enroladas em sabedoria tradicional por um erudito (açoriano);
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- Padre António Ribeiro (futuro Cardeal Patriarca de Lisboa) – um padre, um bispo, um cardeal, que sabia a arte da comunicação; foi um elo na transição da ditadura para a democracia, moderando os ímpetos numa época de fogo;
- Raul Solnado –uma extraordinária carreira de actor, um comediante ímpar, que deixa uma marca profunda na cena cultural portuguesa ampliada com o surgimento da televisão;
- Herman José - um comediante genial, mal amado no seu próprio país, arrumado na prateleira, ainda ouviremos falar dele;
- Artur Varatojo – não perdia os seus programas e cheguei a escrever-lhe, – fascinava-me a sua relação com os temas policiais;
- Festival da Canção – uma ambivalência político-cultural, ao mesmo tempo, no centro do poder e no lugar da resistência: Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho …
- Gabriela Cravo e Canela – uma novela empolgante, luxuriante, sedutora. Assisti a quase todos os episódios como se de uma ida ao cinema se tratasse, …
- A Guerra – por Joaquim Furtado – uma série de documentários para a história do género em Portugal;
- Europeu de Futebol de 2004 – a transmissão dos jogos da selecção portuguesa – ou como sofrer, de forma apaixonada, o sonho da epopeia dos pequenos ganharem aos grandes – ir à janela, sair à rua, olhar as bandeiras nacionais por todo o lado … um ponto de vista acerca do patriotismo …;
- Debate Político – Até ao 25 de Abril de 1974 os portugueses nunca tinham visto um debate político. Muito menos pela TV. Este debate ente Mário Soares e Álvaro Cunhal (6 de Novembro de 1975) foi um momento marcante de uma nova época da vida pública portuguesa.
-RTP Memória - para fechar uma referência a um canal da RTP que é um dos únicos repositórios, na área do áudio visual, da memória da segunda metade do Século XX português.
[Vou passar à Tinta Azul, ao António Pais, ao Macro, à menina_marota e ao Rui Perdigão e que ninguém se sinta obrigado…]
- Raul Solnado –uma extraordinária carreira de actor, um comediante ímpar, que deixa uma marca profunda na cena cultural portuguesa ampliada com o surgimento da televisão;
- Herman José - um comediante genial, mal amado no seu próprio país, arrumado na prateleira, ainda ouviremos falar dele;
- Artur Varatojo – não perdia os seus programas e cheguei a escrever-lhe, – fascinava-me a sua relação com os temas policiais;
- Festival da Canção – uma ambivalência político-cultural, ao mesmo tempo, no centro do poder e no lugar da resistência: Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho …
- Gabriela Cravo e Canela – uma novela empolgante, luxuriante, sedutora. Assisti a quase todos os episódios como se de uma ida ao cinema se tratasse, …
- A Guerra – por Joaquim Furtado – uma série de documentários para a história do género em Portugal;
- Europeu de Futebol de 2004 – a transmissão dos jogos da selecção portuguesa – ou como sofrer, de forma apaixonada, o sonho da epopeia dos pequenos ganharem aos grandes – ir à janela, sair à rua, olhar as bandeiras nacionais por todo o lado … um ponto de vista acerca do patriotismo …;
- Debate Político – Até ao 25 de Abril de 1974 os portugueses nunca tinham visto um debate político. Muito menos pela TV. Este debate ente Mário Soares e Álvaro Cunhal (6 de Novembro de 1975) foi um momento marcante de uma nova época da vida pública portuguesa.
-RTP Memória - para fechar uma referência a um canal da RTP que é um dos únicos repositórios, na área do áudio visual, da memória da segunda metade do Século XX português.
[Vou passar à Tinta Azul, ao António Pais, ao Macro, à menina_marota e ao Rui Perdigão e que ninguém se sinta obrigado…]
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quarta-feira, maio 13
PERSONAGEM E AUTOR
Ken Rosenthal
Não sei porquê mas a leitura desta requintada pintura com música dentro, hiperligações, e tudo o mais, suscitou-me a necessidade de disponibilizar uma espécie de síntese curricular reduzida, à força, em 120 caracteres. Cada um, neste meio, se desvenda, quando se desvenda, como lhe apetece, pode e sabe. Na verdade trata-se de identificar um pouco melhor, a todos os que aqui chegam, por acaso, ou por vontade própria, o personagem que se esconde por detrás do autor. A fotografia foi só para compor. Mais tarde logo a actualizo. Nada disto tem, na verdade, grande importância mas cada vez gosto menos de anónimos, incógnitos e similares.
Não sei porquê mas a leitura desta requintada pintura com música dentro, hiperligações, e tudo o mais, suscitou-me a necessidade de disponibilizar uma espécie de síntese curricular reduzida, à força, em 120 caracteres. Cada um, neste meio, se desvenda, quando se desvenda, como lhe apetece, pode e sabe. Na verdade trata-se de identificar um pouco melhor, a todos os que aqui chegam, por acaso, ou por vontade própria, o personagem que se esconde por detrás do autor. A fotografia foi só para compor. Mais tarde logo a actualizo. Nada disto tem, na verdade, grande importância mas cada vez gosto menos de anónimos, incógnitos e similares.
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terça-feira, maio 12
MANUEL LOPES
Fotografia de António Pais
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Antes do 25 de Abril, militou no MDP/CDE e foi membro da sua Comissão Política em 1969. Foi fundador do MES (Movimento de Esquerda Socialista) em 1973 e presidiu à sua direcção até 1975.
Sempre apreciei o Manuel Lopes que, a par com o Agostinho Roseta, desempenhou um papel importante na gestação do sindicalismo português no período ante e pós 25 de Abril. Ambos morreram prematuramente. O Agostinho Roseta em 9 de Maio de 1995 e o Manuel Lopes em 15 de Maio de 1999. Honra à sua memória. Ambos foram fundadores do MES como activistas do sindicalismo livre que ganhara influência em diversos sindicatos incluindo o Sindicato dos Lanifícios de Lisboa. Digo sindicalismo livre para assinalar a sua autonomia face a qualquer direcção política partidária, em particular, a do PCP. Não tenho dúvidas que os últimos acontecimentos e a própria evolução do sindicalismo português teriam sido diferentes se fossem vivos. Esclareço que o Manuel Lopes tendo sido fundador do MES não presidiu à sua direcção pois nunca houve nenhum presidente de qualquer direcção do MES. As estruturas eram todas de tipo colectivo (coisas de outros tempos! …) e um bocadinho de feição anarquista. O MES também não foi fundado em 1973 – isso foi o PS – e as datas que melhor podem ser indicadas como de fundação do MES são o 1º de Maio de 1974, com a primeira saída à rua, ou a data do seu 1º Congresso, em Dezembro de 1974.
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Antes do 25 de Abril, militou no MDP/CDE e foi membro da sua Comissão Política em 1969. Foi fundador do MES (Movimento de Esquerda Socialista) em 1973 e presidiu à sua direcção até 1975.
Sempre apreciei o Manuel Lopes que, a par com o Agostinho Roseta, desempenhou um papel importante na gestação do sindicalismo português no período ante e pós 25 de Abril. Ambos morreram prematuramente. O Agostinho Roseta em 9 de Maio de 1995 e o Manuel Lopes em 15 de Maio de 1999. Honra à sua memória. Ambos foram fundadores do MES como activistas do sindicalismo livre que ganhara influência em diversos sindicatos incluindo o Sindicato dos Lanifícios de Lisboa. Digo sindicalismo livre para assinalar a sua autonomia face a qualquer direcção política partidária, em particular, a do PCP. Não tenho dúvidas que os últimos acontecimentos e a própria evolução do sindicalismo português teriam sido diferentes se fossem vivos. Esclareço que o Manuel Lopes tendo sido fundador do MES não presidiu à sua direcção pois nunca houve nenhum presidente de qualquer direcção do MES. As estruturas eram todas de tipo colectivo (coisas de outros tempos! …) e um bocadinho de feição anarquista. O MES também não foi fundado em 1973 – isso foi o PS – e as datas que melhor podem ser indicadas como de fundação do MES são o 1º de Maio de 1974, com a primeira saída à rua, ou a data do seu 1º Congresso, em Dezembro de 1974.
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segunda-feira, maio 11
domingo, maio 10
sábado, maio 9
LIBERDADE
Um caso prático de supressão das liberdades individuais num país onde vigora o “socialismo real” – Cuba.
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BPP
John Chervinsky
"A doutrina de direita sobre a economia de mercado falhou claramente"
Quando hoje surgem os discursos dos representantes da direita acerca da ética, da responsabilidade social, resguardando-se de usar a palavras mercado, desde a direita liberal até à direita social, estamos perante uma fraude escondida por trás de um discurso ideológico que encobre um recuo sem perder de vista o regresso ao passado.
Quando os clientes do BPP se revoltam e reivindicam do estado que lhes garanta o dinheiro que entregaram a um banco privado estamos perante um exemplo prático que nos deveria ensinar que “"A doutrina de direita sobre a economia de mercado falhou claramente".
O que é mais extraordinário no caso é que a direita não se coloca, abertamente, ao lado dos depositantes do BPP, como seria coerente com a sua doutrina, explicando-lhes que a sua doutrina sobre a economia de mercado falhou e que, como consequência, eles são as suas vítimas.
O que a direita política faz, cinicamente, como é de sua tradição, é tentar arrastar o estado para o centro da resolução de um problema que resultou da aplicação das suas doutrinas acerca da economia e dessa forma tornar o governo cúmplice da sua ideologia, dos seus erros e refém do desespero dos que arriscando, conforme as regras de mercado que a direita defende, perderam.
Só faltava serem os pobres e remediados, através do apoio do estado, a pagarem os desvarios de poderosos, ou de habilidosos, que se meteram em aventuras com as quais agora fingem nunca terem sonhado. Se o governo quiser ser misericordioso no caso BPP que seja mas arrisca-se a jogar pela janela fora o seu futuro político.
"A doutrina de direita sobre a economia de mercado falhou claramente"
Quando hoje surgem os discursos dos representantes da direita acerca da ética, da responsabilidade social, resguardando-se de usar a palavras mercado, desde a direita liberal até à direita social, estamos perante uma fraude escondida por trás de um discurso ideológico que encobre um recuo sem perder de vista o regresso ao passado.
Quando os clientes do BPP se revoltam e reivindicam do estado que lhes garanta o dinheiro que entregaram a um banco privado estamos perante um exemplo prático que nos deveria ensinar que “"A doutrina de direita sobre a economia de mercado falhou claramente".
O que é mais extraordinário no caso é que a direita não se coloca, abertamente, ao lado dos depositantes do BPP, como seria coerente com a sua doutrina, explicando-lhes que a sua doutrina sobre a economia de mercado falhou e que, como consequência, eles são as suas vítimas.
O que a direita política faz, cinicamente, como é de sua tradição, é tentar arrastar o estado para o centro da resolução de um problema que resultou da aplicação das suas doutrinas acerca da economia e dessa forma tornar o governo cúmplice da sua ideologia, dos seus erros e refém do desespero dos que arriscando, conforme as regras de mercado que a direita defende, perderam.
Só faltava serem os pobres e remediados, através do apoio do estado, a pagarem os desvarios de poderosos, ou de habilidosos, que se meteram em aventuras com as quais agora fingem nunca terem sonhado. Se o governo quiser ser misericordioso no caso BPP que seja mas arrisca-se a jogar pela janela fora o seu futuro político.
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quinta-feira, maio 7
OS DIAS DA CAPITULAÇÃO
Maio de 1945 – os dias da capitulação
Kapitulation in Berlin-Karlshorst 9. Mai 1945 um 00.16 Uhr: Generalfeldmarschall Wilhelm Keitel unterzeichnet die bedingungslose Kapitulation des Deutschen Reiches.
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Kapitulation in Berlin-Karlshorst 9. Mai 1945 um 00.16 Uhr: Generalfeldmarschall Wilhelm Keitel unterzeichnet die bedingungslose Kapitulation des Deutschen Reiches.
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UM ROUBO À VISTA DESARMADA
Daqui
Drogba não se conteve. "It's a fucking disgrace". As palavras do costa-marfinense (qualquer coisa como "puta de vergonha") contra o árbitro norueguês Tom Henning Ovrebo foram o sinal mais marcante da revolta dos ingleses pela arbitragem no jogo frente ao Barcelona. Agora Drogba pode vir a ser castigado pela UEFA, mas Guus Hiddink, o treinador, já saiu em sua defesa: "Compreendo o seu comportamento e vou protegê-lo". Foto: Eddie Keogh/Reuters
[Vi o jogo de princípio ao fim e foi muito evidente que só um milagre evitaria a eliminação dos Ingleses. Uma lição de falta de ética, um ensaio prático, à vista do mundo, de favorecimento descarado, e sei lá o que mais… O senhor árbitro era norueguês, o país mais próspero da Europa, o que comprova que não há uma relação directa entre prosperidade e seriedade. Fiquei do lado dos nossos aliados ingleses, contra os nossos aliados catalães, do lado dos mais fracos!]
Drogba não se conteve. "It's a fucking disgrace". As palavras do costa-marfinense (qualquer coisa como "puta de vergonha") contra o árbitro norueguês Tom Henning Ovrebo foram o sinal mais marcante da revolta dos ingleses pela arbitragem no jogo frente ao Barcelona. Agora Drogba pode vir a ser castigado pela UEFA, mas Guus Hiddink, o treinador, já saiu em sua defesa: "Compreendo o seu comportamento e vou protegê-lo". Foto: Eddie Keogh/Reuters
[Vi o jogo de princípio ao fim e foi muito evidente que só um milagre evitaria a eliminação dos Ingleses. Uma lição de falta de ética, um ensaio prático, à vista do mundo, de favorecimento descarado, e sei lá o que mais… O senhor árbitro era norueguês, o país mais próspero da Europa, o que comprova que não há uma relação directa entre prosperidade e seriedade. Fiquei do lado dos nossos aliados ingleses, contra os nossos aliados catalães, do lado dos mais fracos!]
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quarta-feira, maio 6
MAIZENA
Desta vez Pinho teve humor e acertou no alvo: "O que eu creio é que Paulo Rangel tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares do Dr. Basílio Horta"
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terça-feira, maio 5
ENOJANTE
segunda-feira, maio 4
A SONDAGEM DE ABRIL
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Como sempre digo as sondagens são o que são, servem para a gerir expectativas o que, em política, já não é pouco. As sondagens da Universidade Católica são consideradas as mais fiáveis. O que é que esta tem de especial? O PS, surpreendentemente, ou talvez não, continua na frente, acima dos 40% apesar da crise e de tudo o resto. Os resultados dos outros partidos é assim como um processo de vasos comunicantes: o PSD sobe na medida em que o PP desce; o PCP desce na medida em que o BE sobe. Esta leitura é, naturalmente, simplificada pois os ganhos e perdas são o resultado de cruzamentos mais complexos.
Veja-se, acima, a infografia resultante da sondagem e comentários aprofundados no MARGENS DE ERRO.
Veja-se, acima, a infografia resultante da sondagem e comentários aprofundados no MARGENS DE ERRO.
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domingo, maio 3
sábado, maio 2
UMA FRAGATA LONGE DO 1º DE MAIO
A notícia do El Pais só ganha valor porque a imprensa portuguesa tratou o acontecimento com uma displicência surpreendente com base num breve despacho da Lusa. As razões para esta displicência serão muitas mas uma delas é, certamente, a azáfama dos directores editoriais a pressionarem os jornalistas para desencantarem novidades acerca do caso Freeport. Na verdade os jornalistas já interiorizaram que o caso se banalizou mas as pressões parecem não lhes deixarem tempo, nem disponibilidade, para tratarem outros temas... (Isto é tudo mera ficção da minha parte … e, já agora, o Prof. Louçã ainda não disse nada acerca das agressões a Vital Moreira …).
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sexta-feira, maio 1
ONDE É QUE EU JÁ VI ISTO?
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Vital Moreira agredido e insultado na manifestação da CGTP-IN
A comunicação social preocupada, acima de tudo, com as notícias dará o devido eco a esta manifestação de sectarismo e intolerância. São estes pequenos nadas que nos ensinam muito acerca da natureza política das organizações. Desespero, vingança, ódio? De tudo um pouco. Significativamente no 35º aniversário do dia em que, na verdade, caiu o fascismo em Portugal, a pouco mais de um mês das eleições para o Parlamento Europeu (7 de Junho), o facto é, em si mesmo, lamentável. Uma contrariedade para os adversários do PS.
A comunicação social preocupada, acima de tudo, com as notícias dará o devido eco a esta manifestação de sectarismo e intolerância. São estes pequenos nadas que nos ensinam muito acerca da natureza política das organizações. Desespero, vingança, ódio? De tudo um pouco. Significativamente no 35º aniversário do dia em que, na verdade, caiu o fascismo em Portugal, a pouco mais de um mês das eleições para o Parlamento Europeu (7 de Junho), o facto é, em si mesmo, lamentável. Uma contrariedade para os adversários do PS.
Ainda só com o título, mas sem notícia, o Expresso online já ostentava o primeiro comentário de um leitor que sintetiza o programa político das correntes populistas, da esquerda à direita:
Desconheço os contornos que rodearam esta hipotética agressão, contudo, afirmo que foram bem empregues, dado que os vermes devem ser sovados e eliminados, e este é mais um rugoso ácaro que tem como objectivo primeiro parasitar no el dorado do parlamento Europeu.
Ou este outro comentário retirado do Público online:
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Tá tudo dito: Manobra política do PS! Nada que saber! Em caso de derrota do PS, isto vai servir para apaziguar espirítos numa possível coligação de esquerda com o PCP. Um dos casos mais prováveis é que tenha sido tudo uma encenação para enganar o povo. Com a recente alteração na Lei do Financiamento dos Partidos, o PCP passou a poder amealhar dinheiro do grosso, daí que passe a ser um amiguinho do PS. É tudo manobra política
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As imagens dos insultos, e agressões, a Vital Moreira são feeínhas. Pelos lados do PCP, Jerónimo de Sousa, num primeiro momento, tomou uma posição que vai ficar para a história, do género "não comento o que não vi". Mais tarde o PCP colocou-se na incómoda posição de vítima e não se ouviu uma palavra saída da boca de Ilda Figueiredo! Alguns jovens jornalistas aprenderam mais ontem, acerca da política portuguesa, do que em toda a sua vida. Que lhes faça bom proveito!
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De uma notícia no JN (a renúncia da PSP, a ameaça de Carvalho da Silva e o cinismo de Jerónimo de Sousa):
Nenhum dos agentes da PSP presentes se aproximou da confusão.
"É preciso ter algumas cautelas quanto à forma de fazer campanhas eleitorais e aos espaços escolhidos".
"Não vou comentar o que não vi"
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ZECA AFONSO
O PRÓXIMO 10 DE MAIO, DOMINGO, ÁS 12 DA TARDE, INAUGÚRASE UNHA PRAZA DEDICADA AO NOSO AMIGO, O CANTOR PORTUGUÉS, JOSÉ AFONSO. ESTÁ SITUADA NO BURGO DAS NACIÓNS, EN SANTIAGO DE COMPOSTELA. ASISTIRÁ O ALCALDE, JOSÉ SÁNCHEZ BUGALLO E ZÈLIA, A COMPAÑEIRA DO ZECA. ESTÁN CONVIDADOS TÓDOLOS AFONSIANOS QUE QUEIRAN ASISTIR
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quinta-feira, abril 30
1º de Maio de 1974 - O MES saiu à rua num dia assim
Fotografias de Rosário Belmar da Costa (clique para ampliar)
Como escrever uma posta acerca de uma memória antiga que não surja aos olhos de quem a lê como o rumorejar de um passado morto? Não sei! Apesar do risco sinto que, no terreno movediço das memórias, há exercícios que valem a pena. É o caso deste que partilho convosco.
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Um dia, nos idos de 2007, através de uma cadeia de amigos chegaram-me às mãos quatro fotografias que testemunham o surgimento público do MES (Movimento de Esquerda Socialista).
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Aconteceu na celebrada manifestação do 1º de Maio de 1974, em Lisboa, a tal inultrapassável em tudo - desde a aritmética à emoção - que autenticou a vitória do golpe militar com a marca de água de uma massiva, genuína e entusiástica adesão popular. Tendo-me chegado às mãos as ditas quatro fotografias, depois de tanto ter cismado acerca da sua eventual inexistência, havia de promover a sua divulgação.
Aconteceu na celebrada manifestação do 1º de Maio de 1974, em Lisboa, a tal inultrapassável em tudo - desde a aritmética à emoção - que autenticou a vitória do golpe militar com a marca de água de uma massiva, genuína e entusiástica adesão popular. Tendo-me chegado às mãos as ditas quatro fotografias, depois de tanto ter cismado acerca da sua eventual inexistência, havia de promover a sua divulgação.
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Escrevi então, se não erro, três postas no absorto que podem ser lidas aqui, aqui e aqui, mas a colecção nunca antes havia sido publicada. O interesse em voltar ao tema, no presente, é, pois, somente o de deixar disponíveis, e arquivadas, nos Caminhos, as fotografias (únicas) da Rosário Belmar da Costa e, em jeito de remate transcrever dois comentários de quem testemunhou, ao vivo, a manifestação (no caso a fotógrafa de ocasião) dando conta da anárquica discussão acerca da sigla do nascente MES que havia de ser, até ao fim, «de esquerda» e não «da esquerda» como surgiu anunciado no artesanal pano inaugural.
Escrevi então, se não erro, três postas no absorto que podem ser lidas aqui, aqui e aqui, mas a colecção nunca antes havia sido publicada. O interesse em voltar ao tema, no presente, é, pois, somente o de deixar disponíveis, e arquivadas, nos Caminhos, as fotografias (únicas) da Rosário Belmar da Costa e, em jeito de remate transcrever dois comentários de quem testemunhou, ao vivo, a manifestação (no caso a fotógrafa de ocasião) dando conta da anárquica discussão acerca da sigla do nascente MES que havia de ser, até ao fim, «de esquerda» e não «da esquerda» como surgiu anunciado no artesanal pano inaugural.
Quem quiser, 35 anos passados, que se entretenha a identificar os manifestantes!
Comentou a Rosário:
Eduardo,
Estivemos, eu e o Xico (Camões), a puxar pela memória e o que nos lembramos é que começámos o dia por ir ao Bombarral buscar uns livros de capa preta que o Mil Homens tinha conseguido imprimir numa tipografia de lá (sobre o que eram os livros já não nos lembramos - textos de antes do 25 de Abril e prefácio posterior, mas talvez tu saibas *).
Depois viemos ter com o Agostinho (Roseta) (lá para os lados da Portugália) que, fardado, não queria aparecer em evidência. Não sei mesmo mas penso que é o tipo de costas ao pé do pau do lado esquerdo.
A ideia do cartaz foi do César de Oliveira (creio que ainda houve alguma discussão sobre se era Movimento da Esquerda ou Movimento de Esquerda…), que esteve o tempo todo esfuziante aos gritos. Ao pé de nós apareceu um grupo, de desertores e refractários acabadinhos de chegar de Paris, animadíssimo (bem animadíssimos estávamos todos) capitaneado pelo Zé Mário Branco aos gritos de «Desertores, Refractários, Amnistia Total!». Foi uma tarde de sonho, tal era o entusiasmo, a quantidade de gente toda feliz, a alegria que estava no ar!
Quanto à fotografia o problema é lembrarmo-nos dos nomes…A partir de uma determinada altura já não foi possível fotografar mais nada, já que era tanta a gente que só do alto e com grandes angulares, meios fora do alcance dos amadores que éramos. Felizmente foram a P&B, que têm muita mais conservação que as feitas a cores!.
Rosário Belmar da Costa
* O livro intitula-se: Classes, política - política de Classes.
Comentou a Luísa Ivo:
O nome do movimento foi amplamente discutido numa reunião no Centro Nacional de Cultura, no fim-de-semana entre o 25 de Abril e o 1º de Maio. Não me lembro de alternativas à sigla depois aparecida, nem recordo já quem defendeu fosse o que fosse. Sei que foi uma reunião confusa, com pessoas a entrar e a sair, com variadíssimos contactos telefónicos, mesmo para outros pontos do país. Tentava-se informar a malta que connosco se articulava há anos. Recordo um telefonema que fiz para amigos do Sindicato dos Electricistas de Coimbra (ou talvez do Centro), por indicação do Victor Wengorovius que teve um papel central nessa reunião de coordenação.
Um abraço grande para quem aqui passa e para ti em especial da
Luísa Ivo
quarta-feira, abril 29
A CURVA DAS EXPECTATIVAS
Clique na imagem para ampliar
A sondagem mensal (barómetro), referente a Abril, da Marktest confirma o fenómeno da descida do PSD (2 pontos), comparado com o PS que desce, somente, meio ponto, apesar de ser governo, em condições fortemente adversas. Nas extremidades do espectro partidário o BE e o PCP sobem e o PP desce. O panorama, à luz desta sondagem, não é brilhante para a direita.
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terça-feira, abril 28
A FÉ NA PROPAGANDA
Fotografia de Hélder Gonçalves
Nos últimos séculos os militares tiveram um peso desproporcionado na sociedade portuguesa. Mas, para falar só do Século XX, os portugueses participaram, com forças expedicionárias, em diversos conflitos armados, mas sempre fora das suas fronteiras europeias.
Esta é certamente uma perspectiva parcelar de um problema português mais profundo: a fragilidade da sociedade civil, das classes médias, das elites dirigentes e a ausência de um projecto nacional coerente de participação na construção europeia, sem sonhos atlantistas, megalomanias nacionalistas ou patriotismos serôdios.
De facto, há mais de um século que os portugueses não são confrontados com um fenómeno de guerra no Portugal europeu. Os portugueses têm sofrido e morrido em guerras longe do seu território originário: a Europa.
Não é, pois, de estranhar que se tenha criado, entre os portugueses, um estado de espírito de "general de sofá". Toca a todos comandar as tropas imaginárias. E como as guerras, hoje, são perdidas ou vencidas na TV!
Não há pedagogia que se substitua à experiência da guerra com o seu cortejo de misérias e atrocidades. Sem guerra à porta de casa, ao longo de mais de um século, nada nos indigna, a sério, na guerra. A nossa posição de princípio é a indiferença.
Temos a GNR no Iraque. Pois que fiquem! As atrocidades praticadas pelos beligerantes indignam o mundo. As perversidades dos "libertadores" indignam os congressistas dos EUA? É um problema deles! Haja fé! José Manuel Fernandes, dixi!
Se um dia destes acontecer um atentado em Portugal o estado de espírito mudará. Nessa altura entenderemos melhor o 11 de Março em Madrid, as atrocidades em Bagdad, os crimes na Palestina. Aí os portugueses, distraídos de tudo, compreenderão o que Camus escreveu no seu Caderno, em Setembro de 1941 - "Organiza-se tudo: é simples e evidente. Mas o sofrimento humano intervém e altera todos os planos".
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Não desejo a guerra mas a guerra não será sempre o sofrimento dos outros e a nossa comoção indiferente e distraída. Não discuto o lado da barricada que nos competirá ocupar. O meu lado é o da democracia e da liberdade. Mas as opções políticas que condicionam o nosso papel no mundo, no Iraque, Médio Oriente ou outro lugar qualquer, são da responsabilidade de quem governa. Infelizmente aos defensores das guerras de saque e conquista, de todos os tempos, escasseia a humildade onde sobra a arrogância.
Hoje, como sempre, os defensores do fanatismo, seja encarnado por Bush ou Rumsfeld e seus aliados, seja pelo islamismo radical, estão do lado errado da história. Por mais que gritem, vociferem, ameacem e, pateticamente, invoquem a fé os arautos das guerras prosseguem objectivos bem mais prosaicos e terrenos que se esgotam na apropriação e controle das matérias-primas, tecnologias, mão-de-obra e rotas mercantis. O resto é a fé na propaganda.
[In Abébia Vadia – os links estão desactivados e fiz pequenas alterações de pormenor – 17 de Maio de 2004.]
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SAUDADES
Que luz mais forte me alumiou
Os sentidos sob o sol dourado,
Põe o chapéu dizia minha mãe
E rebelde fugia para o telhado.
Que cheiros mais inebriantes
Os canteiros floridos de rosas,
Assoa o nariz dizia minha mãe
Caindo eu quedas desditosas.
Que luz mais forte me alumiou
Os dias senão o sorriso franco
De minha mãe por vezes triste
Os pés firmes no chão branco.
Lisboa, 5 de Março de 2009
Os sentidos sob o sol dourado,
Põe o chapéu dizia minha mãe
E rebelde fugia para o telhado.
Que cheiros mais inebriantes
Os canteiros floridos de rosas,
Assoa o nariz dizia minha mãe
Caindo eu quedas desditosas.
Que luz mais forte me alumiou
Os dias senão o sorriso franco
De minha mãe por vezes triste
Os pés firmes no chão branco.
Lisboa, 5 de Março de 2009
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segunda-feira, abril 27
domingo, abril 26
FESTA ALEGÓRICA
Imagem daqui
Felizes os portugueses.
Felizes os portugueses.
Mais um santo de longínquo
e nebuloso passado
sendo o futuro incerto,
e nem sinais de “gripe suína”
por perto.
e nebuloso passado
sendo o futuro incerto,
e nem sinais de “gripe suína”
por perto.
No meio da arena
as investigações prosseguem.
Felizes os portugueses.
As notícias do dia fizeram-me
lembrar um poema que
Jorge de Sena escreveu
no longínquo ano de 1974:
FESTA ALEGÓRICA
O bobo do imperador Maximiliano
organizou uma festa alegórica
que o povo e a corte de soberano à frente
saborearam em grandes gargalhadas:
juntou na praça todo o cego pobre,
prendeu a um poste um porco muito gordo,
e anunciou ganhar o dito porco aquele
que à paulada o matasse. Os cegos todos
a varapau se esmocaram uns aos outros,
sem acertar no porco por serem cegos,
mas uns nos outros por humanos serem.
A festa acabou numa sangueira total:
porém havia muito tempo que o imperador
e a corte e o povo não se riam tanto.
O bobo, esse tinha por dever bem pago
o fabricar as piadas para fazer rir.
SB, 7/1/74
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ESSA COISA TÃO SIMPLES: LIBERDADE
Já aqui escrevi, há quinze dias, sobre o que penso do caso Freeport e da posição em que ele coloca José Sócrates. Escrevi que, pessoalmente, acredito na sua inocência, mas não abdico de ver tudo esclarecido, sem margem para qualquer dúvida. O que eu não entendo é a leviandade de tudo isto: um homem é publicamente suspeito do pior dos crimes políticos e a coisa arrasta-se, meses, anos, em fogo lento, sem que ele seja ilibado ou acusado e tendo ainda de governar o país e enfrentar eleições sob esse peso. Não pode desistir, porque seria como que uma confissão de culpa; não pode continuar em igualdade de circunstâncias com os seus adversários políticos, porque há sempre essa terrível suspeita pendente sobre ele. Não pode ficar quieto e calado, porque alimenta as suspeitas; não se pode defender, porque é uma ‘ameaça’ e uma ‘pressão’. O que pode um cidadão, que tem o azar de ser primeiro-ministro de Portugal, fazer num caso destes e enquanto espera que a Justiça cumpra o seu papel?
Miguel Sousa Tavares, in Expresso, retirado do Jumento.
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sábado, abril 25
25 DE ABRIL
Não vi, nem ouvi, nada da cerimónia evocativa do 35º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República. Não se trata de esquecimento, nem de falta de tempo, muito menos de falta de respeito pela instituição parlamentar, mas porque me aborrece, desde há muito tempo, a dita cerimónia. Celebro o 25 de Abril à minha maneira, com acções que cabem na esfera da prática activa da cidadania, cujos detalhes não me apetece revelar. Acabo de ler o discurso que o Presidente da República proferiu, como sempre, a propósito da efeméride na casa mãe da democracia representativa. Devo ser uma das primeiras pessoas que ouviu a personalidade que exerce, hoje, as funções de Presidente da República falar em público. Devo ser uma das primeiras pessoas que, muito antes de Cavaco Silva exercer funções políticas, o contestou frontalmente. Mas o seu discurso de hoje é uma magnífica peça no exercício da função presidencial. Tiro-lhe o chapéu. O discurso, na íntegra, aqui e aqui.
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