sexta-feira, novembro 6

EDGAR MORIN



A propósito de uma notícia e das tentativas de agendar um encontro (físico) entre os fazedores do blogue A Regra do Jogo.


A vida é, portanto, um processo de desordem permanente, de desorganização, de desintegração, inseparável da reintegração. A sociedade não é um rochedo num mar de desordem. É antes feita de esforços sempre recomeçados, por parte de indivíduos que, eles próprios, se reorganizam incessantemente. Tudo o que existe deve viver no risco permanente, no limiar da sua própria morte. Devemos adquirir uma concepção pela qual assumamos muito mais o risco, as potencialidades da existência. É esta uma concepção que deve romper totalmente com a visão burocrática e a falsa ideia de segurança contra todos os riscos. Isto não quer dizer que seja preciso suprimir os seguros, a segurança social … É preciso, antes pelo contrário, ter seguranças materiais, mas a nossa vida mental, psíquica, é uma vida decorrida no risco profundo. A criatividade constitui-se nas fronteiras da loucura e da morte. É preciso mudar de visão. Aceitar na vida o risco, o inevitável, porque isso é a oportunidade de criar, de se expandir, de comunicar e de amar.

Edgar Morin In “Pensar o Milénio com Edgar Morin” (excerto de uma entrevista de João Fatela.)
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quinta-feira, novembro 5

DEMOCRACIA, LIBERDADE, DEBATE ...


                                        Deborah Luster


A Assembleia da República debate o programa do governo – após a intervenção inicial do 1º Ministroum debate puro e duro dando início a uma longa batalha política da qual, espero, não saiamos todos vencidos. A grande vantagem da democracia parlamentar é acolher as mais diversas opiniões organizadas, mais ou menos virulentas, mais ou menos assertivas, mais ou menos coloridas, mais ou menos cínicas; a grande vantagem da democracia é servir de palco à liberdade, através da livre expressão de opiniões diversas, que se confrontam, e da afirmação dos espíritos críticos que, sem reserva mental, criam espaços de confluência mesmo quando no ruído imediato tudo parece ser divergência. É um labirinto que cada um de nós pode entender melhor se for capaz de reflectir um tempinho acerca da sua experiência pessoal, profissional ou familiar. Tudo se ganha, e nada se perde, com o exercício da liberdade. Essa liberdade que os mais jovens consideram natural e os mais velhos ostentam como uma conquista. Mas mesmo na democracia é preciso exercitá-la pois a democracia é um lugar que, por ausência do exercício da liberdade, se pode tornar a antecâmara da tirania. A história ensina-nos, com abundantes ilustrações de eventos trágicos, que não vale a pena citar, como a democracia é delicada.  Por isso, neste debate, como noutros, compreendo bem, e aprecio, a energia, e a plasticidade discursiva, aliás notáveis, do 1º ministro, e as réplicas não menos notáveis, e tenazes, de alguns dos tenores da actual oposição parlamentar. O debate político exige uma forte capacidade de argumentação, fundadas convicções, conhecimento dos detalhes, fina sensibilidade para passar no crivo do julgamento público, instantâneo, que a mediatização absoluta dos nossos dias,  impõe, de forma implacável, como uma espécie de ditadura que, paradoxalmente é, ao mesmo tempo, a última salvaguarda da liberdade.

quarta-feira, novembro 4

terça-feira, novembro 3

VAI COMEÇAR O JOGO!


                                      Rania Matar

Já li o suficiente do Programa do XVIII Governo, ontem entregue na Assembleia da República, para perceber que corresponde ao programa de governo do PS apresentado a sufrágio nas últimas eleições legislativas. Onde está o espanto? Como muitos outros já escreveram o contrário é que seria de espantar. A um governo de um só partido corresponde o programa apresentado a sufrágio por esse partido. Haveria lugar a negociação prévia do programa no caso de se tratar de um governo de coligação ou, de um só partido, resultante de acordo político com incidência parlamentar. Não é o caso. No entanto não está escrito nas estrelas, antes pelo contrário, que não venham a celebrar-se acordos parlamentares destinados a viabilizar o programa de governo. Não pode ser, aliás, de outra maneira. Chegou a hora das oposições “mostrarem a sua raça”. Estabilidade ou instabilidade? Governabilidade ou ingovernabilidade? Oposição de esquerda, oposição de direita. Iguais? Diferentes? … O governo tem um programa que ocupa o vértice de um triângulo: governo, oposições, presidente. Vai começar o jogo! A regra do jogo: a democracia! O lugar do jogo: o Parlamento!

segunda-feira, novembro 2

ESTÓRIA

David Torcoletti

SENA, JORGE


A minha homenagem a Jorge de Sena que, se fosse vivo, celebraria hoje o seu 90º aniversário.


Mais longe, o que é mais longe?
Ficar no lugar, que é ficar perto?

Sena, Jorge, o homem de letras
esse mesmo que a marinha expulsou,
pai de muitos filhos, emigrante, poeta
quase eterno, amante de várias
Pátrias, morreu longe da sua,
mas nunca a esqueceu, antes quis
ser amado por ela
e ela, ingrata, o renegou.

Este é o último dos “20 Poemas de Cuba”, manuscritos a lápis, entre 23 e 27 de Julho de 2007, nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.

domingo, novembro 1

Marcelo: o silêncio eterno dos sonhos adiados!
























O que é mais assinalável, e chocante, na luta de facções no PSD, como hoje lhe chamou Marcelo, é um dos protagonistas ser ele próprio tendo ao dispôs, como tribuna, o canal público de televisão. Ao que assistimos é a uma refrega partidária e, suponho, Marcelo recebe cachet! Queira-se, ou não, Marcelo promove-se à custa de um debate acerca da futura liderança do seu partido, gera expectativas, frustra expectativas, impulsiona a luta de facções e condena a luta de facções, encena a política espectáculo de que ele próprio é actor principal. O desfecho da trama é a própria incerteza do desfecho da trama. Fascinante mas, como dizem os mais entendidos, conhecedores dos bastidores e do personagem, Marcelo nunca virá a ser, de novo, líder do PSD. Marcelo nem chegará a ser candidato pois sabe que só sairia vencedor através de uma entronização. E os partidos, em regime democrático, escolhem os seus líderes por via de eleições internas que exigem o que Marcelo insiste em recusar: “ringue”, ou seja, o debate miúdo e o voto viscoso das bases que, no PSD, ele sabe que não mobiliza. O candidato que defrontará Passos Coelho afinal será outro! Então ao que vem Marcelo? Alimenta as luzes da ribalta para alumiar uma eventual futura candidatura presidencial. Mas para tornar esse sonho realidade, para as próximas presidenciais, teria que retirar Cavaco do caminho, ou beneficiar da sua falta de comparência, pois nas seguintes já tem Durão Barroso na fila de espera. Depois seguir-se-á o silêncio eterno dos sonhos adiados!

COM CAMUS



















A propósito da série “sublinhados de leitura” recomendo para uma iniciação a Albert Camus a edição portuguesa, recentemente lançada, de “Avec Camus” (“Com Camus”), de Jean Daniel.

sábado, outubro 31

JORGE DE SENA - AS EVIDÊNCIAS (pelos 90 anos do seu nascimento)


XVIII

Deixai que a vida sobre nós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse


erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.


Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.


Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,


a que é do tempo a ideia da formosura,
a que se encontra se se não procura.

26-3-1954

Jorge de Sena


CAMUS - DISCURSOS DA SUÉCIA


C’est pourquoi les vrais artistes ne méprisent rien ; ils s’obligent à comprendre au lieu de juger. Et, s’ils ont un parti à prendre en ce monde, ce ne peut être que celui d’une société où, selon le grand mot de Nietzsche, ne régnera plus le juge, mais le créateur, qu’il soit travailleur ou intellectuel.

Albert Camus, Discours de réception du Prix Nobel de littérature, prononcé à Oslo, le 10 décembre 1957

Para A Regra do Jogo
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sexta-feira, outubro 30

AS EVIDÊNCIAS - XVII (pelos 90 anos do nascimento de Jorge de Sena)


Ronald Cowie

Jorge de Sena nasceu em Lisboa, a 2 de Novembro de 1919, e faleceu em Santa Barbara, na Califórnia, a 4 de Junho de 1978.


Pelos noventa anos do seu nascimento divulgo, por estes dias, com replicação no Caderno de Poesia, os últimos 5 poemas de “As Evidências” [1955], uma das suas primeiras e maiores obras poéticas. Neste soneto XVII, dos 21 que compõem “As Evidências”, aquando da minha leitura inicial, logo após a sua morte, sublinhei, a lápis, um verso que sempre me tem acompanhado: “É pequena a margem pura onde só há tristeza”.

XVII
Na noite funda em que das nuvens corre
interceptado o luar prateando a vida,
de tudo a forma é sombra desmedida
como do corpo a contrição qual morre.


Últimas fezes do estertor, na espuma
que aos lábios sobe envidraçando o olhar,
crispam-se os dedos, quanto devagar
memórias se desatam uma a uma.


De súbito explodido, ou na serena
e distendida muscular dureza,
o espírito se quebra nas miríades

que o foram sucessivas. É pequena
a margem pura onde só há tristeza.
Da podridão logo renascem tríades.

25-3-1954

Jorge de Sena
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SHAKIRA




















Shakira na Revista Rolling Stone

Para desanuviar nada como mostrar uma face nada oculta: Shakira ansiosa por ter filhos
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quarta-feira, outubro 28

SIMPLEX - FIM


No dia da tomada de posse do governo, saído das eleições legislativas de 27 de Fevereiro passado, foi encerrado o blogue SIMPLEX. Hoje a maioria daquelas, e daqueles, que participaram nesse blogue, que encarnou uma modalidade de participação política ainda sem grandes tradições no nosso país, vão juntar-se num jantar de confraternização.

Tenho a certeza, que, no futuro, a intervenção política, através da internet, que a campanha de Obama tornou irreversível, vai ganhar cada vez mais espaço nos debates e combates democráticos. Quem estiver melhor preparado para a utilização das ferramentas da “democracia electrónica”, incluindo a defesa da liberdade da sua plena utilização, estará melhor preparado para vencer os desafios políticos do futuro.

Nos dois meses de existência na blogosfera a defender o voto no Partido Socialista atraímos mais de 200.000 visitas, publicámos 1285 posts que suscitaram 6645 comentários. Conseguimos entrar e ganhar o debate político na blogosfera portuguesa (continuamente dominada pela direita e pela extrema esquerda) e fomos mesmo uma das atracções da campanha eleitoral.

As imagens criadas pelo autor João Coisas apenas poderão ser utilizadas em blogues sem objectivo comercial, e desde que citada a respectiva origem.
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terça-feira, outubro 27

ANIVERSÁRIO


Faz muito tempo o meu filho Manuel criava desenhos como este.

Imaginem! Hoje, já homem,,,,,,,,,,,,,,,,,cumpre dezanove anos.


domingo, outubro 25

O exercício paciente da espera ...


Desde o dia que foi inventada a ideia propagandística da “asfixia democrática”, não sei ao certo por quem – Paulo Rangel (?) - servindo de muleta para a campanha política de Manuela Ferreira Leite, me veio à memória o ambiente vivido na universidade nos tempos em que eu era estudante e Manuela Ferreira Leite era assistente de Cavaco Silva. Não pretendo pôr em causa as qualidades técnicas de lentes, e respectivos ajudantes, naquela época já bastante longínqua. Mas no meu íntimo, e certamente de todos os que partilharam das lutas contra o autoritarismo na universidade, nos tempos do estado novo, ressoam os ecos do silêncio ensurdecedor a que se remeteram muitas daqueles que hoje clamam contra a chamada “asfixia democrática”. A preservação das condições para o exercício da liberdade, nos nossos dias, está na capacidade de forjar um consenso popular acerca das vantagens da democracia representativa, apesar de todos os seus defeitos. Essa liberdade não caiu do céu, antes foi conquistado pela acção daqueles que arriscaram a sua própria liberdade. Compreendo que nem todos pudessem, face aos ditames da tirania, usufruir da capacidade de autodeterminação individual, outros diriam lucidez, ou coragem, para levantarem a voz na defesa dos valores que hoje proclamam estar ameaçados. A insistência da propagação da consigna da “asfixia democrática”, rebaixando o PS à condição de inimigo da liberdade, é obra de fanáticos que vivem no desespero que assalta, em regra, os poderosos arruinados. Nada que se não resolva, entre homens cultos, e de boa vontade, com umas boas leituras e a cuidada, séria e paciente, construção de um projecto alternativo, e credível, ao poder do governo socialista democrático. Ao longo do tempo, sucessivamente, no tempo próprio, em eleições livres, o povo escolhe os governos. E o povo português já mostrou que raramente se engana.
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sábado, outubro 24

MISTÉRIOS!

Foi hoje lançado o livro “Fúria Divina” no qual, conforme rezam as notícias “José Rodrigues dos Santos revela faceta desconhecida do Islão”.

Nunca li nada de José Rodrigues dos Santos, só o vejo, e ouço, nos telejornais e, de quando em vez, em serviço de reportagem.

O que me chamou, hoje, a atenção foi o facto de ter visto José Rodrigues dos Santos, na RTP 2 a conceder uma entrevista na qual aparecia na qualidade de autor do livro.

Não entendo como é possível, face à lei e ao bom senso, um funcionário de uma Televisão pública, cuja notoriedade é inquestionável, utilizar o meio para o qual trabalha para promover um produto privado, de que é autor, no dia da sua colocação no mercado. Mistérios!
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sexta-feira, outubro 23

TRATADO DE LISBOA - FINALMENTE?



O último bastião da resistência ao Tratado de Lisboa, o Presidente da República Checa, vai ceder, após a aceitação das suas condições por todos os restantes países membros. Alguns falam em humilhação, a diplomacia falará em pragmatismo. Assim o Tratado deverá entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2010.
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quinta-feira, outubro 22

TEMOS GOVERNO

Clique na imagem para ampliar

Temos governo. É o que mais interessa. Ninguém havia, sem cinismo, de esperar que surgisse um governo com 100% de novas e viçosas caras. Afinal é um governo que emerge do mesmo partido que suportava o anterior porque foi essa a escolha dos portugueses. Espero que as boas surpresas, nascidas da novidade, temperem os rigores da inevitável continuidade. Este é o governo com mais mulheres de sempre. Um detalhe que assinala uma diferença na política portuguesa do presente que deixará, certamente, uma marca para o futuro.

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FRACO PECÚLIO

O resultado da luta do PSD, nos combates políticos recentes, resume-se a isto: PSD elege hoje Aguiar Branco líder parlamentar [Ex-Ministro da Justiça no XVI Governo Constitucional, presidido por Pedro Santana Lopes]
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quarta-feira, outubro 21

FARO - LAPSOS

O sismo que, hoje, ocorreu foi um lapso. E logo aconteceu na minha terra, pois só na minha terra poderia acontecer, ou reparei que aconteceu porque aconteceu na minha terra. É o segundo lapso que aconteceu na minha terra num curto lapso de tempo: o primeiro foi a eleição de Macário Correia. Assim fiquei duplamente seguro de que na minha terra todos os acontecimentos podem ser, simplesmente, lapsos. Excepto a concentração anual de motards, que acontece mesmo, e o abandono dos arredores, o campo, tratado, na minha terra, como um lapso verdadeiro.
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A educação não vai sair da agenda ...

Cig Harvey

Como seria de esperar agitam-se os opositores da política de educação do governo. A palavra de ordem é simples: revogação! O quê, e como, é o que veremos na batalha que se vai seguir. Tudo o que aconteceu na educação, nos últimos quatro anos e meio, não é verdade? É! Um dia, mais tarde, a frio, far-se-á um balanço acerca do alcance estratégico dessa política que levou a que a educação tenha ocupado, coisa rara, um lugar de destaque na agenda política nacional. Um detalhe: sabiam que nos últimos 149 anos ocuparam a pasta da Educação 120 Ministros?

Para A Regra do Jogo
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domingo, outubro 18

NAVEGANDO POR ÁGUAS TURVAS ...

Este é um assunto de interesse nacional: pela questão estratégica da defesa (afinal Portugal dispõe de soberania sobre uma vastíssima extensão de mar que lhe compete defender e explorar); pela questão da integração do país no concerto das Nações (Portugal carece de meios que lhe permitam honrar os compromissos internacionais – UE, NATO, …); pela questão económica, financeira e orçamental (Portugal tem comprado armamento, envolvendo as chamadas “contrapartidas”, com impacto em negócios chorudos, nas contas públicas, etc …). Fiquemos por aqui! Uma pergunta ingénua: tratando-se de um assunto de manifesto interesse nacional alguém conhece o teor de TODOS os contratos que foram celebrados e que vinculam o estado português? Em todo o caso não seria esta questão, e o papel da “comissão de contrapartidas”, suficientemente importante para a criação de uma comissão de inquérito na Assembleia da República? É muito cabedal, muita penumbra e, ao que parece, muito interesse particular e pouco interesse nacional!
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sábado, outubro 17

A REGRA DO JOGO

As razões profundas do meu empenhamento em A REGRA DO JOGO, cujo título é inspirado num famoso filme de Jean Renoir, na companhia de jovens personalidades, altamente qualificadas nas respectivas áreas de intervenção, são, no essencial, as mesmas que explicitei numa espécie de “declaração de princípios” inserta noutro blogue colectivo no qual, anos atrás, participei:

A criação é uma forma de afirmação das diferenças que não das desigualdades.

Compete-nos, como cidadãos livres, encontrar um sopro de inspiração, na medida das nossas escassas forças, para combater o conformismo e o aviltamento dos valores essenciais que salvaguardam a humanidade da barbárie.

Esses valores são velhas bandeiras do pensamento humanista e liberal dos últimos séculos: direito à vida, defesa da liberdade individual e da democracia. Igualdade de oportunidade para todos no acesso aos benefícios do progresso económico, cientifico, tecnológico e social.

Na vertigem deste caminho muitas interrogações sempre se colocaram aos homens dos tempos modernos: o humanismo é um pensamento limitado? O liberalismo é um pensamento pervertido? O progresso uma aspiração antiquada?

A revolta do homem talvez aconselhasse a adoptar sempre os princípios de um pensamento que tudo tomasse em conta. Sem sublinhados nem os encargos de múltiplas heranças filosóficas ou históricas.

Mas a maioria, salvo os assassinos, que estão sempre prontos a sujar as mãos de sangue e a lançar para a valeta os corpos das suas vítimas, executadas à vista de todos, os homens de boa vontade, aceitam certamente, que fiquem de pé, na luta contra a barbárie, os princípios do direito à vida, à liberdade e à justiça.
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Julgo que são esses os nossos princípios.
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sexta-feira, outubro 16

SELECÇÃO NACIONAL DE FUTEBOL: DE NOVO EM ASCENÇÃO


Fui à fonte verificar que Portugal subiu ao 10º lugar no ranking da FIFA. Subiu 7 lugares mas, entre os primeiros, a República dos Camarões subiu 15 (para o 14º lugar). Ainda pude verificar, clicando no item Estatísticas, que Cristiano Ronaldo surge em primeiro plano. É muito? É pouco? Portugal, pequeno em território e periférico em localização, é um país de excelência, a nível mundial, na “indústria” do futebol. [assumindo uma crescente miscigenação e integração de jogadores, emigrantes e imigrantes, à semelhança de muitas outras potências!] Mas Portugal, para espanto de alguns, ainda pode subir mais assumindo o improvável estatuto de grande potência. Uma curiosa realidade, que não sendo nova, deveria ser cuidadosamente seguida e estudada.
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TUDO VISTO E PONDERADO ...


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quarta-feira, outubro 14

MARTÍN PALERMO - O HERÓI PROVÁVEL



No último jogo Argentina-Peru, Martín Palermo, de 35 anos, o único futebolista do mundo que falhou três penáltis no mesmo jogo, foi o herói provável. O encanto do futebol que hoje, pelas 19,45 horas, em Guimarães, não gostaria de ver quebrado!
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FANATISMO

Levar o mandato até ao fim: UM VERDADEIRO EXEMPLO DE FANATISMO POLÍTICO!
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terça-feira, outubro 13

CIBERDÚVIDAS

Jean Gaumy - PORTUGAL. Lisbon. Firts parliamentary elections. Electoral campaign. Woman selling newspapers. April 1975.

O CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTINUARÁ A RECEBER, POR MAIS UM ANO, APOIO MECENÁTICO DA FUNDAÇÃO VODAFONE E DOS CTT. UMA BOA NOTÍCIA PARA O MUNDO DA LÍNGUA PORTUGUESA QUE É, A NÍVEL GLOBAL, UMA DAS LÍNGUAS COM MAIOR NÚMERO DE FALANTES.
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segunda-feira, outubro 12

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS - A TRAGÉDIA DE LISBOA

A realidade das eleições autárquicas de 2009 – contados os votos e comparados com os resultados de 2005 – é mais forte do que todas as previsões e desejos. O resultado final aponta para uma situação surpreendente: o PS ganhou as eleições autárquicas em votos e em número de mandatos; o PSD ganhou em número de presidências de Câmaras apesar do PS ter ganho mais cerca de três dezenas de presidências de Câmaras face às eleições de 2005. Mas, no final de noite, tais factos foram, no plano político, ultrapassados pela vitória do PS, por maioria absoluta, na Câmara de Lisboa. Este resultado é notável porque representa a maior vitória eleitoral de sempre do PS em Lisboa derrotando, pela primeira vez, uma coligação dos partidos da direita, ainda para mais, sendo o PS governo e havendo de continuar a sê-lo, no futuro próximo. Os resultados do PS, a nível nacional, ultrapassaram as melhores expectativas.

O PSD sai dos últimos pleitos eleitorais, por outro lado, politicamente derrotado e com uma direcção fragilizada para não dizer dizimada. A tragédia da candidatura de Santana Lopes a Lisboa (e, não esqueçamos, também de Portas e Bagão Félix …), é emblemática da tragédia do PSD. Em duas palavras o partido recua a cada vitória que anuncia. Os líderes que ocupam o palco têm que o abandonar mas sempre ameaçam regressar, “andando por aí”, e voltando, ciclicamente, a ocupá-lo. Os pretendentes vão, em breve, iniciar uma luta de morte pela sucessão de uma líder exangue mas ameaçam, no seu decurso, autodestruir-se. Um PS, de geometria variável, no governo e na gestão autárquica, e não só … é uma verdadeira ameaça para a sobrevivência do PSD. Não sei se os seus dirigentes já se aperceberam da ameaça de extinção – ou de redução à insignificância política - que paira sobre as suas cabeças.

O PCP perdeu influência e Câmaras emblemáticas, como Beja, Aljustrel e Sines, não tendo sido bafejado pelo prémio de uma posição arbitral em Lisboa que a maioria absoluta do PS impede. O Bloco de Esquerda sofreu uma derrota em toda a linha não tendo feito eleger um único vereador em Lisboa e no Porto.

O PS, é verdade, também perdeu Câmaras emblemáticas, como Faro, a única capital de distrito perdida, que foi, no entanto, mais que compensada pelas vitórias em Leiria e em Beja suponho que derrotas humilhantes, respectivamente, para o PSD e o PCP. Apesar de não ter conseguido retirar a maioria absoluta a Rui Rio, no Porto, o PS, no saldo dos ganhos e perdas, saiu claramente reforçado destas eleições que são mais importante do que muita gente poderá ser levada a pensar.

Muita coisa vai mudar na política portuguesa nos próximos quatro anos, inclusive para o PS, e para a esquerda democrática no seu conjunto. É esse o principal sinal dado pela vitória de António Costa. Penso que os resultados das duas últimas eleições são também sinais encorajadores para futuras reformas da democracia portuguesa, e dos partidos que lhe dão corpo. Umas das medidas a tomar deve dirigir-se à abstenção que se mantém, persistentemente, a níveis demasiado altos. Alguém terá que colocar a debate duas medidas que não são originais nas democracias ocidentais: o voto obrigatório e o voto electrónico. Por exemplo, o que se passou, nas legislativas, com a votação dos emigrantes, apresentando uma taxa de abstenção escandalosamente elevada, não deveria mais poder repetir-se.
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domingo, outubro 11

AUTÁRQUICAS - PRIMEIRAS IMPRESSÕES


As primeiras projecções dos resultados, através de sondagens à boca das urnas, anunciam que o PS pode aguentar-se bastante bem. António Costa, em Lisboa, à frente – resta saber se alcança a maioria absoluta – Elisa Ferreira, no Porto, atrás de Rui Rio, pode ameaçar a sua maioria absoluta – também é conveniente esperar pela contagem - e, noutros concelhos mais populosos, e emblemáticos, salvo qualquer surpresa, mantêm-se os equilíbrios herdados de 2005. A abstenção pode baixar o que será um sinal de quão estão enganados aqueles que sempre prognosticam a fraqueza da democracia e o desinteresse dos portugueses pelas eleições livres e democráticas.

Evolução da contagem AQUI.
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FIDEL E OBAMA - NOBEL DA PAZ


Estava em vias de manifestar a minha opinião de como as reacções à atribuição do Nobel da Paz a Obama permitem separar os campos entre os defensores consequentes da liberdade e da democracia e os outros. Mas não se podem fazer distinções apressadas, nem juízos definitivos, acerca das convicções dos homens e, muito menos, dos políticos. A confirmação desta realidade foi-me dada pela tomada de posição de Fidel Castro acerca do Nobel atribuído a Obama no final de um longo artigo intitulado Las campanas están doblando por el dólar:

En horas de la mañana de hoy viernes 9, el mundo se despertó con la noticia de que "el Obama bueno" del enigma, explicado por el Presidente Bolivariano Hugo Chávez en las Naciones Unidas, recibió el Premio Nobel de la Paz. No siempre comparto las posiciones de esa institución, pero me veo obligado a reconocer que en estos instantes fue, a mi juicio, una medida positiva. Compensa el revés que sufrió Obama en Copenhague al ser designada Río de Janeiro y no Chicago como la sede de las Olimpiadas del 2016, lo cual provocó airados ataques de sus adversarios de extrema derecha.

Muchos opinarán que no se ha ganado todavía el derecho a recibir tal distinción. Deseamos ver en la decisión, más que un premio al Presidente de Estados Unidos, una crítica a la política genocida que han seguido no pocos presidentes de ese país, los cuales condujeron el mundo a la encrucijada donde hoy se encuentra; una exhortación a la paz y la búsqueda de soluciones que conduzcan a la supervivencia de la especie.
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sexta-feira, outubro 9

VOTAR ANA GOMES


O PSD percebeu que Ana Gomes pode ganhar as eleições autárquicas em Sintra. Sintra é, em termos demográficos, o maior concelho do país. O resultado de Sintra poderá ser a surpresa destas eleições. Nem sequer há sondagens, pelo menos publicadas, que permitam especular, com um mínimo de segurança, acerca do resultado. Falo, pois, de um vago sentimento, e mais do que isso, de um desejo. Mas Sintra ficaria a ganhar, o PS ficaria a ganhar e o País também. Acho que a maioria da população de Sintra também já percebeu as vantagens de eleger uma Presidente de Câmara com o perfil de Ana Gomes.
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VOTAR ANTÓNIO COSTA

A vitória, por maioria absoluta, de António Costa, em Lisboa, * significará, no plano político nacional, a vitória do PS nas eleições autárquicas. Se tal acontecer, apesar de todas as leituras, desde as heranças do passado, passando pelos genes políticos do candidato, até aos sinais de novos alinhamentos da esquerda no futuro, será uma vitória política do PS com expressão nacional. Em Lisboa vencerá, nesse caso, a renovação dos autarcas (pois Costa é, em todos os sentidos, o rosto de uma nova liderança autárquica), fundada numa aliança política original de esquerda. Costa conseguiu o milagre de criar uma coligação política informal assente num consenso programático, da esquerda radical à direita moderada, sem lançar ao lixo, antes pelo contrário, o PS tornando-o numa plataforma de encontro de vontades e de fusão de políticas modernizadoras. Mas para que esta experiência frutifique é preciso que António Costa ganha nas urnas. E PARA QUE GANHE É PRECISO VOTAR ANTÓNIO COSTA, OU SEJA, PS. VAMOS A ISSO!
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OBAMA - NOBEL DA PAZ 2009


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quarta-feira, outubro 7

terça-feira, outubro 6

CARLA BRUNI

O SITE DE CARLA BRUNI JÁ ESTÁ ACESSÍVEL. UMA FÓRMULA DE INTERVENÇÃO POLÍTICA MAIS DO QUE COMPLEMENTAR DO MARIDO-HOMEM-PRESIDENTE. A CONTINUIDADE E A DIFERENÇA. UMA CONTIDA REBELDIA INSTITUCIONAL. A MULHER CIDADÃ NA BUSCA DE UM MODELO DE INTERVENÇÃO POLÍTICA AUTÓNOMA. A INTERNET ELEVADA À CATEGORIA DE MEIO DE PRIMEIRA GRANDEZA. BASTAVA ESTE PORMENOR PARA TORNAR ESTE SITE UM SINAL DOS TEMPOS.
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OS TEMPOS NA POLÍTICA



As eleições na Grécia realizaram-se uma semana após as eleições legislativas em Portugal. O que é que a Grécia tem de diferente? Na terça-feira seguinte ao domingo do sufrágio o novo primeiro-ministro grego tomou posse! Por cá decorreram audiências entre os líderes partidários e o PR, ouviram-se declarações de circunstância … e ainda a procissão vai no adro. Talvez seja preciso, nesta legislatura, entre outras mudanças, dar um jeito na Constituição para encurtar prazos e agilizar processos … ingenuidade minha, está bem de ver ...
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segunda-feira, outubro 5

POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL

Foi hoje divulgado o relatório das Nações Unidas: Development Report 2009 - Overcoming barriers: Human mobility and development

São muito positivas as referências à política de imigração em Portugal. A questão das migrações e, em particular, o fenómeno da imigração, é uma das áreas mais sensíveis da política social de qualquer governo estabelecendo, em regra, uma linha divisória entre políticas de direita - restritivas, quando não repressivas - e de esquerda - reguladoras e integradoras. As referências, contidas neste Relatório, à política de imigração, adoptada em Portugal, pelos governos socialistas, são um pequeno contributo para provar a desnecessidade da participação do CDS/PP em qualquer governo. As medidas que o PP preconiza para a imigração (um dos seus “nichos de mercado eleitoral”) são erradas, desnecessárias ou, em última análise, já foram adoptadas.

Deixo alguns excertos do Relatório nos quais é citado Portugal (sublinhados meus):

Developed countries, which have more migrants, also tend to have rules that provide for better treatment of migrants. For example, India has the lowest score on provision of entitlements and services to international migrants in our assessment, but has an immigrant share of less than 1 percent of the population; Portugal has the highest score while having an immigrant share of 7 percent. (página 38)

Movement sometimes deprives internal migrants of access to health services if eligibility is linked to authorized residence, as in China. In contrast, permanent migrants, especially the high-skilled, tend to enjoy relatively good access, while in some countries health care is open to all migrants, regardless of their legal status, as is the case in Portugal and Spain. (página 56)
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In OECD countries migrant pupils generally attend schools with teachers and educational
resources of similar quality to those attended by locally-born pupils, although there are some exceptions, including Denmark, Greece, the Netherlands and Portugal.
(página 59)

Nevertheless, extension of temporary permits is possible in many developed countries (e.g. Canada, Portugal, Sweden, United Kingdom and United States), and some developing countries (e.g. Ecuador and Malaysia). Whether the permit is renewed indefinitely may depend on bilateral agreements. Some countries grant the opportunity for migrants to convert temporary into permanent status after several years of regular residence (e.g. in Italy after six years, and in Portugal and the United Kingdom after five). This may be conditional on, for example, the migrant’s labour market record and lack of criminal convictions. (página 98)

Several European countries provide language courses for newcomers through programmes offered by central government, state schools, municipalities and NGOs, such as the Swedish for Immigrants programme that dates back to 1965, the Portugal Acolhe programme offered since 2001, and the Danish Labour Market programme introduced in 2007. (página 104)
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CUBA : A LUTA PELA LIBERDADE

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