segunda-feira, janeiro 28

EPIGRAMA (IV)

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Em busca da palavra no caminho me perdi
e encontrei teu rosto inclinado no espelho
no qual me revi em memórias e esperas.

[Dez epigramas com fotografias de Hélder Gonçalves]
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domingo, janeiro 27

A ASAE ... AINDA UMA VEZ MAIS ...


Este debate radical em torno da ASAE simboliza o debate em torno do modelo de país que queremos ser. O ponto de partida para a abordagem do tema da qualidade de vida na nossa sociedade é o mais baixo que se possa supor. A tradição de que muitos falam não é a verdadeira tradição e cultura populares que as elites urbanas, na verdade, sempre desprezaram. Os hossanas à defesa da tradição e cultura populares, do artesanato, dos pequenos produtores e comerciantes, etc., da ginjinha com elas, da bola de Berlim com creme, da louça de barro, …, não é mais do que, na maioria dos casos, um apelo à lei da selva, um encolher de ombros à economia paralela, à defesa da contrafacção e do contrabando, à comiseração com os mixordeiros e a imundície, ao bloqueio de uma política de defesa dos consumidores, em suma, a glorificação de um passado que nada tem a ver com a verdadeira tradição popular. Sei do que falo. Fui presidente durante 7 anos de uma organização – o INATEL – que, além de ter como seu mister o apoio à cultura popular, sempre menosprezada pelos poderes e ridicularizada pelas elites, (senti-o na pele!) confecciona e serve, anualmente, milhões de refeições tendo sido necessário implementar, muito antes da existência da ASAE, um programa de higiene e segurança alimentar, que foi atacado, sendo essa uma das peças, imaginem, de acusação à minha gestão. É preciso que se diga, alto e bom som, que nenhum governo, antes deste, se atreveu a reunir num só organismo todas as entidades com os poderes de fiscalização agora atribuídos à ASAE. Antes era a impotência e o caos na fiscalização das actividades económicas. Não alinho nem sequer com aqueles que se desdobram em embrulhar os ataques à ASAE não no conteúdo da sua acção mas tão-somente no "exagero" do seu modo de actuação. É preciso que se saiba que a ASAE é um órgão de polícia criminal e não um grupo de escuteiros, com todo o respeito pelos escuteiros. Aqueles que não sabem deviam saber que quando se exige o cumprimento de regras (leis) para benefício do maior número, neste caso, os consumidores, se prejudicam interesses instalados e se beliscam inércias, prejudicando, quase infalivelmente, os infractores. Mas são essas as regras do estado de direito. Por outro lado a omissão da acção, ou a corrupção das entidades fiscalizadoras, beneficia esses mesmos infractores. Nesta polícia, oh céus, parece que não foram detectados quaisquer indícios de corrupção. Imaginem se o tivessem sido! Esse é um dos problemas que mais aflige todos os protagonistas sob a alçada da acção da ASAE e que não é referenciado pelos seus críticos que, por outro lado, estão sempre prontos a preconizar a mais draconiana legislação contra a corrupção. Quando o Sr. deputado Mendes Bota, nessa qualidade ou noutra qualquer, acusa a ASAE de ser igual à PIDE está a passar um atestado de estupidez a si próprio. É a voz do país que se revê no atraso de práticas e costumes prejudiciais à defesa da saúde e integridade física dos cidadãos. São aqueles que clamam por uma luta sem tréguas contra a corrupção a crucificar a acção de uma polícia criminal incorrupta. Em que ficamos heróis da Pátria? Desde Boliqueime a Gaia, desde Loulé ao Freixo? Qualquer um de nós, na sua qualidade de cidadão, tem por obrigação olhar à sua volta e revoltar-se com as práticas que o prejudicam como utente dos mais variados serviços quaisquer que sejam as entidades que os prestam. Revoltemo-nos, pois! Revoltemo-nos contra os mixordeiros! Revoltemo-nos contra a falta de higiene básica! Revoltemo-nos contra a especulação! Revoltemo-nos contra a corrupção! Revoltemo-nos contra o falseamento da concorrência! Revoltemo-nos contra os excessos do mercado! Finalmente existe no nosso país um organismo para apoiar os cidadãos na sua revolta contra os atropelos aos seus direitos enquanto consumidores. Devíamos todos congratularmo-nos com isso. Sinto repugnância pela falsa moralidade dos pequenos e médios artistas de feira em que se transformaram, de forma definitiva, e parece que irreversível, infelizmente, os actuais dirigentes do PSD e do PP. E o Dr. Mendes Bota é um dos mais importantes dirigentes do PSD!
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LENINEGRADO - 27 DE JANEIRO DE 1944

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Das Märchen


Ler também (e mais importante) : O conto interminável, a ópera dos fogos-fátuosI e II
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EPIGRAMA (III)

Fotografia de Hélder Gonçalves

Vejo-te acenar do outro lado.
Não sei que penas levas no coração,
as minhas sei que não são.

[Dez epigramas com fotografias de Hélder Gonçalves]
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sábado, janeiro 26

"CUBA LIVRE"


A participação eleitoral na “democracia” cubana aproximou-se, nas últimas “eleições” dos 100% e o “voto unido” no partido único ultrapassou os 91%. Um exemplo de estabilidade política sem assobios nem oposição nem nada …
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ADRIANA LISBOA

Do blogue de Adriana Lisboa, através do Pentimento:

O bom texto literário é aquele que revela, em si, as limitações da nossa existência mais do que frágil sobre este planeta surrado, do qual, paradoxalmente, somos os maiores torturadores. Como escreveu Fernando Pessoa, no trecho que não me canso de repetir: “a literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta”.
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O gabinete do ministro cheira a maçãs.

Podíamos fazer um curso livre acerca do tema “como derrubar um ministro impopular” tomando por base o tema da política de saúde protagonizada, em primeira linha, por Correia de Campos. Mas que diabo! Se já é impopular para quê pôr tanta lenha a arder para o queimar. Ler a entrevista com uma magnifica frase de abertura: O gabinete do ministro cheira a maçãs.

- Desde há semanas que todos os dias é dada à estampa, pelo menos, uma notícia envolvendo vítimas de variados acidentes e das vicissitudes do desempenho do Serviço Nacional de Saúde;

- Todas as semanas ocorre, pelo menos, uma manifestação de protesto contra o fecho de um qualquer serviço de saúde (ontem as maternidades, já esquecidas, hoje os SAP s e as “urgências”);

- Curiosamente, pelo menos para já, os factos noticiados têm ocorrido sempre na chamada “província” e nunca nas grandes áreas metropolitanos onde se concentra a maior parte da população e, consequentemente, o maior número de ocorrências e de meios, humanos e materiais, do SNS;

- Os partidos da oposição, alguns presidentes de Câmara, e os líderes de opinião, fazem frequentes declarações acerca da necessidade de demitir o ministro Correia de Campos e de parar, suspender ou, pelo menos, abrandar todas as medidas encetadas pelo governo na área da reforma do SNS.

Eu próprio que sou um mero, e episódico, (graças a Deus!), utente do SNS só posso dizer bem. É mais que certo que em milhões de atendimentos e decisões, entre uma multidão de interesses corporativos e económicos, envolvendo milhares de intervenientes, equipamentos, punções e tratamentos, por entre penas e dores, ocorram erros, disfunções e acidentes no próprio mister de cuidar da saúde dos cidadãos cometido ao SNS – de forma tendencialmente universal e gratuita - mas era curioso, ao mesmo tempo, fazer uma avaliação da qualidade do atendimento, incluindo tempos de espera, acolhimento e tratamento dos utentes nas unidades privadas de saúde cujos serviços são pagos a peso de ouro!

É mais que certo que Correia de Campos abandonará, um dia destes, as funções de ministro da saúde restando saber se, para falar curto e grosso, existe em Portugal quem domine melhor os problemas da área que tutela. Ninguém é insubstituível mas uns são mais insubstituíveis do que outros.

Esta campanha contra Correia de Campos faz-me lembrar uma outra lançada contra Fernando Gomes aquando da sua passagem pelo Ministério da Administração Interna: todos os dias eram noticiados os mais variados assaltos, e outras ocorrências, na área da segurança pública que punham a população em pânico. No dia seguinte à demissão de Gomes secaram as notícias acerca do assunto.

Mas uma das grandes diferenças entre Correia de Campos e Fernando Gomes é que Gomes era (e é) um bom gestor, que se destacou na área da gestão autárquica, sendo primeiro-ministro Guterres, enquanto Correia de Campos é um gestor de excelência na área da saúde … sendo primeiro-ministro Sócrates. É só um pequeno detalhe mas pode fazer toda a diferença!
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terça-feira, janeiro 22

EPIGRAMA (I)

Fotografia de Hélder Gonçalves

Sábias as palavras não ditas,
espessas como a ansiedade que nos sobressalta.

[Dez epigramas com fotografias de Hélder Gonçalves]
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segunda-feira, janeiro 21

EM CIMA DO ARAME

Posted by PicasaGrace Weston

Défice orçamental do ano passado vai ficar "claramente" abaixo dos três por cento

Esta é, pelo menos para aqueles que se interessam por estas coisas da economia, a notícia do dia. Por mais que se espremam em justificações, fantasias e piruetas, os mentores e executantes da política orçamental dos anos anteriores 2005, Bagão Félix e C.ª, o deficit vai cair, em 2007, abaixo dos três por cento do PIB.

Já não somente abaixo mas bastante abaixo. Quer dizer, fazendo uma previsão pouco arriscada, situar-se-á, em 2007, entre os 2,9 e os 2,5% o que quer dizer que, em 2008, se deverá situar entre os 2,4, já estimados, e os 2% podendo, quiçá, entrar na casa histórica dos 1%.

Tudo vai depender da orientação do governo na gestão orçamental de 2008 que tanto pode ir no sentido do aproveitamento da folga para baixar impostos como, mais provável, no sentido de guardar a folga para resistir melhor à crise internacional que se avizinha fazendo incidir as medidas de alívio da carga fiscal, e outras de natureza social, no orçamento de 2009, o ano de todas as eleições, já com as previsões da execução orçamental de 2008 na mão.

Claro que todas as opções, na área da gestão de variáveis macro económicas, comportam riscos, geram descontentamentos, molestam os interesses desta ou daquela corporação, deste ou daquele grupo de interesses, desta ou daquela região, mas a margem de manobra, seja qual for o governo, é muito apertada. Resta a escolha do tempero: mais ou menos sal numa ementa de emagrecimento.

Quanto à justiça social esperem pela dupla Menezes/Santana Lopes … e depois, caso sobrevivam, terão oportunidade de comparar ganhos e perdas!
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LEVANTAR VOO


Governo alemão pede boicote ao uso de telemóveis 'Nokia' - Deslocalização da fábrica para a Roménia faz terramoto político

Ora imaginem os nossos comentaristas – António Barreto, Vasco Valente, e quejandos – confrontados com estas reacções dos políticos alemães à anunciada deslocalização da fábrica da Nokia da Alemanha para a Roménia. A Alemanha que paga a parte de leão dos fundos estruturais destinados a promover o desenvolvimento económico-social dos países mais pobres da UE entre os quais se inclui a Roménia! A Alemanha que é governada, neste momento, por um governo de “GRANDE COLIGAÇÃO” entre sociais-democratas e democratas cristãos! A Alemanha pilar económico e político da UE! Aqueles dos nossos comentaristas que dominam o alemão (quais? quantos?) podiam fazer um intervalo nas vociferações contra a lei do tabaco, a ASAE, as urgências da Anadia, …, e a mando dos jornais para os quais escrevem, certamente a recibo verde, ser enviados para a Alemanha para reportar acerca do caso da deslocalização da Nokia. A mesma Alemanha que divulgou, recentemente, que se mantém firme, e aumenta, a sua apostas na fábrica da VW, em Palmela, nesta parvónia à beira mar plantada.
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UM EPISÓDIO

Luís Cunha

Reproduzo a fotografia de Luís Cunha que a A Defesa de Faro publicou. Nesta deambulação dei com um comentário em que conto um episódio curioso no qual foi protagonista o maior dinamizador cultural que conheci nos dias da minha vida: o Dr. Emílio Campos Coroa.

Já contei uma vez quando o Dr. Emílio Campos Coroa, logo após a minha saída para Lisboa, me procurou como se fizesse questão de apadrinhar a minha entrada na faculdade. Levou-me com ele ao parque de campismo de Monsanto, onde estava acampado, devemos ter almoçado, viajado ao acaso pela cidade e conversado. Soube depois que, à noite, ele foi assistir à peça, em cena no teatro Vasco Santana, à Feira Popular, “Bocage Alma Sem Mundo “, de Luzia Maria Martins, com a Helena Félix, acompanhado pelo filho Emílio – hoje médico oftalmologista como ele e animador da mesma arte – tendo sido levado pela força pública para o governo civil.
É que sendo um homem intempestivo resolveu participar na acção lançando falas a partir da assistência que, certamente, não pareceram bem ao delegado do governo civil que sempre, nos tempos da ditadura, estava presente em cada espectáculo e, naquele, por maioria de razão.
Eu, não sei porquê, não o acompanhei nessa ida ao teatro mas, recentemente, o seu filho contou-me um pormenor do qual não tinha tido conhecimento. É que estando acompanhado pelo filho Emílio [Milo, ainda pequeno], este também foi de “gancho” e passou a noite no automóvel à porta do governo civil, esperando pelo desenrolar dos acontecimentos, até que pela manhã o pai foi libertado e lá seguiram o seu caminho.
O Dr. Emílio Campos Coroa era, o que se pode chamar, “um homem das arábias” capaz de fazer coisas de que poucos seriam capazes e de lhes sofrer, obviamente, as consequências. A sua acção constituía-se assim como uma escola de rebeldia cívica o que, convenhamos, nos anos 50 e 60, em terras de província, era mister só ao alcance de gente de coragem.
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Um Comentário em busca de resposta: Fui colega de liceu do Emilio Campos Coroa (Pai) pois eu tenho quasi 81 anos. Sei que ele já não é vivo. Eu sou a sogra do A.Monteiro Pais. Era também nosso colega e da mesma idade portanto o António Lopes Teixeira (ginecologista). Gostava de saber se ele ainda vive em Faro. É possivel informar-me? Agradecia que me enviasse a informação para vozita@hotmail.com.
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NÉLSON ÉVORA

Nélson Évora consegue melhor marca mundial do ano no salto em comprimento

Uma marca de excelência, um feito a nível mundial, mas uma notícia difícil de encontrar. Coisa de países ricos …
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domingo, janeiro 20

IMIGRAÇÃO - BOAS INTENÇÕES


Aqui está um tipo de reivindicação verdadeiramente aventureira, sem ponta por onde se lhe pegue. Querem fazer de Portugal um destino para a imigração ilegal do Magrebe? Se Portugal desse acolhimento a este grupo estaria a endereçar um convite para a criação de uma nova rota de imigração ilegal. Este é um assunto demasiadamente sério para dispensar uma política de Estado. [E olhem que tenho alguma reflexão acerca do tema, por exemplo, aqui, aqui e aqui.]
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sábado, janeiro 19

PROPAGANDA


São estes os títulos da notícia, respectivamente, na versão em papel e on-line do Público. Li as duas versões da notícia e em ambas é fácil de entender que a criança nem chegou a entrar no hospital da Anadia. Os pais não apontam falhas na assistência prestada pelo INEM e tudo indica que foram feitos, em tempo, todos os esforços para assistir e salvar a criança. Então qual a razão daquele título de 1ª página do Público, na sua versão em papel?
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