sexta-feira, abril 27

1º MAIO 1974 - O MES SAÍU À RUA

Posted by PicasaFotografia de Rosário Belmar da Costa
(Clique na fotografia para ampliar)

No dia 1 de Maio de 1974, o mais memorável dia do trabalhador da história contemporânea portuguesa, o país desceu à rua para celebrar a liberdade. Os relatos são incontroversos acerca da adesão em massa da população aos festejos.

Miguel Torga, por exemplo, no seu “Diário” escreveu: “Coimbra, 1 de Maio de 1974 – Colossal cortejo pelas ruas da cidade. Uma explosão gregária de alegria indutiva a desfilar diante das forças de repressão remetidas aos quartéis.
- Mais bonito do que a Rainha Santa … – dizia uma popular. “


Por mim estive remetido ao quartel e não pude participar na grande festa da liberdade. Ao contrário do que Torga escreveu as forças de repressão já não estavam remetidas aos quartéis pela simples razão de que tinham sido subjugadas ou aderido à revolução.

Nesse dia, na grandiosa manifestação de Lisboa, surgiu, pela primeira vez, em público, o MES (Movimento de Esquerda Socialista). Alguém tomou a iniciativa de desenhar num pano MOVIMENTO DA ESQUERDA SOCIALISTA (EM ORGANIZAÇÃO) e juntar atrás dele os activistas que antes militavam em diversos movimentos sociais e sectoriais.

Esta é uma de quatro fotografias, de autoria de Rosário Belmar da Costa, que me chegaram às mãos através do António Pais que, por sua vez, as recebeu de Inês Cordovil. Publicá-las-ei, sem tratamento gráfico, com autorização da autora, até ao próximo 1º de Maio.

Estas fotografias, 33 anos depois de terem sido fixadas, são, certamente, documentos únicos que testemunham o nascimento de um partido com vida efémera pois que, como é sabido, se auto dissolveu, num jantar, em 7 de Novembro de 1981.

Nesta primeira fotografia, colhida na Alameda D. Afonso Henriques, reconheço, entre outros, José Luís Ganhão, António Santos Júnior, Francisco Farrica e o Victor Silva. (Quem quiser que coloque na caixa de comentários, ou me envie por e-mail, elementos para uma legenda mais completa.)
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Eduardo,
Estivemos, eu e o Xico (Camões), a puxar pela memória e o que nos lembramos é que começámos o dia por ir ao Bombarral buscar uns livros de capa preta que o Mil Homens tinha conseguido imprimir numa tipografia de lá (sobre o que eram os livros já não nos lembramos - textos de antes do 25 de Abril e prefácio posterior, mas talvez tu saibas*).
Depois viemos ter com o Agostinho (Roseta) (lá para os lados da Portugália) que, fardado, não queria aparecer em evidência. Não sei mesmo mas penso que é o tipo de costas ao pé do pau do lado esquerdo.
A ideia do cartaz foi do César de Oliveira (creio que ainda houve alguma discussão sobre se era Movimento da Esquerda ou Movimento de Esquerda...), que esteve o tempo todo esfuziante aos gritos. Ao pé de nós apareceu um grupo, de desertores e refractários acabadinhos de chegar de Paris, animadíssimo (bem animadíssimos estávamos todos) capitaneado pelo Zé Mário Branco aos gritos de “Desertores, Refractários, Amnistia Total!”. Foi uma tarde de sonho, tal era o entusiasmo, a quantidade de gente toda feliz, a alegria que estava no ar!
Quanto à fotografia o problema é lembrarmo-nos dos nomes…A partir de uma determinada altura já não foi possível fotografar mais nada, já que era tanta a gente que só do alto e com grandes angulares, meios fora do alcance dos amadores que éramos. Felizmente foram a P&B, que têm muita mais conservação que as feitas a cores!
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Rosário Belmar da Costa

* O livro intitula-se: “Classes, política – política de Classes” e tem duas introduções, a primeira, datada de Março de 74, e a segunda de Maio

quinta-feira, abril 26

GERNIKA

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O REI IMAGINÁRIO


Desculpem lá qualquer coisinha mas o Eusébio da Silva Ferreira que um dia foi a imagem de Portugal no Mundo, com a Amália – qual Salazar nem meio Salazar! – Moçambicano, preto assumido, empolgante e modesto, arrebatador e genial, é daquelas pessoas que não merecem morrer.

Eu sei que, como dizia Camus, a imortalidade não tem futuro mas, no caso de algumas pessoas, devia ser aberta uma excepção na ordem natural das coisas do mundo, tornando o futuro numa ideia sem sentido. Pois vem esta prosa ao caso para dizer que fiquei feliz ao ver Eusébio sair do hospital (privado!) e comovido. Ele há fraquezas que duram toda uma vida …
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quarta-feira, abril 25

O TEMPO É FEITO DE MUDANÇA ...

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

O Presidente da República no seu discurso oficial do 25 de Abril proferiu diversas afirmações interessantes que podem ser lidas aqui: – discurso na íntegra.

Mas o que mais me suscitou a atenção foram as referências à juventude e ao seu inconformismo. Muitos anos depois o Prof. Cavaco Silva, no papel de PR, parece ter-se rendido ao inconformismo da juventude que não aceitava quando, ele próprio, tinha de se confrontar com o inconformismo da juventude. Interessante!

Mudam-se os tempos, mudam-se as atitudes. Mudam as funções, mudam os discursos. O tempo é feito de mudança ... Deu-me vontade de sorrir!

“Apelo, por isso, aos jovens, neste aniversário do 25 de Abril. Com a liberdade de que dispõem, irão até onde a vossa ambição vos quiser levar. Daqueles que nasceram e cresceram em democracia, só podemos esperar o melhor. Agora, tudo depende de vós e do vosso inconformismo. Em nome de Portugal, não se resignem!”
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Fiesole

Posted by PicasaInTraços e Coresatravés daLinha de Cabotagem

Lendo os anexos de “Camus et l’homme sans Dieu” reencontro as notas de viagem de Camus a Florença em Setembro de 1937. Reparo nas notas da Helena. Não resisto.

“As rosas retardatárias de Santa Maria Novella e as mulheres, neste domingo de manhã em Florença. Os seios libertos, os olhos e os lábios que vos fazem bater o coração, a boca seca e um calor nos rins.”*

Curiosamente com o mesmo título que Helena apõe nas suas notas de viagem, pode ler-se nos “Carnets I” de Camus um longo escrito de que transcrevo alguns excertos:

“Fiesole
Leva-se uma vida difícil de viver. Nem sempre se consegue adaptar os actos à visão que se tem das coisas. (…) Milhares de olhos contemplaram esta paisagem e para mim ela é como o primeiro sorriso do mundo.* Põe-me fora de mim, no sentido profundo da palavra.
(…)
Este mundo aniquila-me. Leva-me até ao fim. Nega-me sem cólera. E eu, aquiescente e vencido, encaminho-me para uma sabedoria onde já tudo está conquistado – se as lágrimas não me subissem aos olhos e se este enorme soluço de poesia que me enche o coração não me fizesse esquecer a verdade do mundo.”

“13 de Set. (1937)
O aroma do loureiro que se encontra em Fiesole à esquina de cada rua.

15 de Set.(1937)
No claustro de São Francisco em Fiesole, um pequeno pátio rodeado de arcadas, coberto de flores vermelhas * de sol e de abelhas amarelas e pretas. (…) Estou sentado no chão e penso naqueles franciscanos cujas celas vi há pouco, dos quais vejo agora as inspirações, e sinto que, se eles têm razão, é comigo que eles têm razão. Atrás do muro a que me apoio, sei que há a colina que desce para a cidade e essa dádiva de Florença inteira com os seus ciprestes. Mas esse esplendor do mundo é como a justificação destes homens. Ponho todo o meu orgulho em acreditar que ela é também a minha e a de todos os homens da minha raça – que sabem que uma extrema pobreza se aproxima sempre do luxo e da riqueza do mundo. Se eles se despojam, é para uma vida maior (e não para uma outra vida). É o único sentido que consigo extrair da palavra “miséria”. “Estar nu” contém sempre um sentido de liberdade física e essa harmonia da mão e das flores, esse acordo aproximado da terra e do homem liberto do humano., ah, converter-me-ia de boa vontade se ela não fosse já a minha religião.
(…)
Esta presença de mim próprio em mim próprio, esforço-me por a conduzir até ao fim, por a conservar diante de todos os rostos da minha vida – mesmo ao preço da solidão que agora sei tão difícil de suportar. Não ceder: aí está o essencial. Não consentir, não trair. Toda a minha violência me auxilia e no ponto a que ela me leva o meu amor vai ter comigo e, com ele, a furiosa paixão de viver que dá sentido aos meus dias.
(…)
Ir até ao fim, é saber guardar o seu segredo. Sofri por estar só, mas por guardar o meu segredo venci o sofrimento de estar só. E hoje não conheço maior glória que viver só e ignorado. Escrever, minha profunda alegria!
(…)
E os mesmos homens que, em San Francesco, vivem diante das flores vermelhas, têm nas suas celas o crânio do morto que lhes alimenta as meditações, Florença na janela e a morte em cima da mesa.
(…)
Se hoje me encontro tão longe de tudo, é que não tenho outro desejo senão amar e admirar. Vida com rosto de lágrimas e de sol, vida sem o sal e a pedra quente, vida como a amo e a entendo, parece-me que ao acariciá-la, todas as minhas forças de desespero e de amor se conjugarão. Hoje não é como uma paragem entre sim e não. Mas ele é sim e é não. Não e revolta perante tudo o que não é o sol e as lágrimas. Sim à minha vida de que sinto pela primeira vez a promessa próxima. Um ano intenso e desordenado que termina e a Itália; a incerteza do futuro, mas a liberdade absoluta em relação ao passado e a mim próprio. Está nisso a minha pobreza e a minha única riqueza. É como se recomeçasse a partida; nem mais feliz nem mais infeliz. Mas com a consciência das minhas forças, o desprezo pelas minhas vaidades, e esta febre, lúcida, que me preocupa em face do meu destino.”

[Estas são algumas das páginas mais significativas e pujantes saídas da pena de Camus e que definem o sentido do seu pensamento e da sua obra. Inspiradoras para quem quiser e puder compreender o seu significado, hoje, agora, aqui, num dia assim!]
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*”Noces, p. 81, 88/89 e 82 a 85 (ed. 1950)
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O CADÁVER DE ABRIL

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

E andei eu a dar o cabedal para fazer o 25 de Abril para isto!... a partir do glória fácil e deus me livre sua eminência se algum dia me passou pela cabeça que alguém fosse capaz, salvo algum maluquinho - e conheço alguns – de comemorar o 25 de abril com tal ordem de operações. Se fosse o jaime gama a mandar na coisa nunca teria havido 25 de abril nenhum mas antes uma conferência acerca da necessidade de realizar o dito e a sua sujeição a uma data de audições para verificar se estava tudo em ordem e afinal não estaria e as operações seriam adiadas para que o marcelo caetano ganhasse tempo para reformar o antigo regime por dentro … e viva a república, porra …

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SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA
DO XXXIII ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL
10,00HORAS

CERIMONIAL

1. Um batalhão, representando os três ramos das Forças Armadas, com estandarte, banda e fanfarra, encontra-se postado no passeio fronteiro à Assembleia da República, a partir das 09,00 horas, para prestar a Guarda de Honra. A Escadaria Nobre está guarnecida com sentinelas de honra. Está içada a Bandeira de Hastear da Assembleia da República na Varanda do Palácio de S. Bento.

2. Os Presidentes do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal de Justiça chegam à Assembleia da República às 09,30 e 09,35 horas, respectivamente. São aguardados na Escadaria Exterior por elementos do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo e por estes conduzidos à Sala de Visitas da Presidência.

3. O Primeiro-Ministro chega à Assembleia da República às 09,40 horas. É aguardado na Escadaria Exterior por um Vice-Presidente da Assembleia da República, pelo Vice-Chefe do Protocolo do Estado e pelo Chefe de Divisão de Protocolo que o conduzem à Sala de Visitas da Presidência, após ter recebido o toque de continência da Guarda de Honra.

4. Na Sala de Visitas, encontram-se já, para além do Primeiro-Ministro, do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Presidente do Tribunal Constitucional, os Vice-Presidentes da Assembleia da República, os Presidentes dos Grupos Parlamentares, os Secretários e os Vice-Secretários da Mesa e o Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República.

5. O Presidente da Assembleia da República e a Senhora de Jaime Gama saem do Gabinete da Presidência às 09,41 horas, acompanhados pelo Chefe de Gabinete, dirigindo-se para a base da Escadaria Exterior do Palácio de S. Bento, onde recebe honras militares da Guarda de Honra, aguardando, em seguida, o Presidente da República.

6. O Pavilhão Presidencial é içado na varanda do Palácio de S. Bento às 09,44 horas.

7. O Presidente da república chega às 09,45 horas. É recebido junto ao estandarte do batalhão, que faz a Guarda de Honra, pelo Presidente da Assembleia da República, pela Secretária-Geral da Assembleia da República e pelo Chefe do Protocolo do Estado.

8. A Senhora de Cavaco Silva sai da viatura na base da Escadaria Principal, cumprimenta a Senhora de Jaime Gama e ambas são imediatamente acompanhadas pelo protocolo à Sala de Visitas da Presidência.

9. Após saudar o Estandarte, o Presidente da República cumprimenta o Presidente da Assembleia da República, a Secretária-Geral da Assembleia da república e o Chefe do Protocolo do Estado. Dirigem-se em seguida para a base da Escadaria Exterior do palácio de S. Bento.

10. O Presidente da República recebe as honras militares, escuta o Hino Nacional e passa revista à Guarda de Honra acompanhado pelo Presidente da Assembleia da República.

11. O Presidente da República, acompanhado pelo Presidente da Assembleia da República, sobe a Escadaria Exterior, atravessa o Átrio, sobe a Escadaria Nobre e dirige-se à Sala de Visitas em cortejo organizado da seguinte forma:

¨ Auxiliares Parlamentares;
¨ Secretários do Protocolo do Estado;
¨ Chefe do Protocolo do Estado e Secretária-Geral da Assembleia da República;
¨ Presidente da Assembleia da República e Presidente da República;
¨ Director do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo e Chefe de Gabinete do Presidente da Assembleia da República;
¨ Comitiva do Presidente da República;
¨ Auxiliares Parlamentares.

12. Na Sala de Visitas da Presidência, o Presidente da República, acompanhado pelo Presidente da Assembleia da República, recebe os cumprimentos da Senhora de Jaime gama, do Primeiro-Ministro, do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, do Presidente do Tribunal Constitucional, dos Vice-Presidentes da Assembleia da República, dos Presidentes dos Grupos Parlamentares, dos Secretários e Vice-Secretários da Mesa e do Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República.

13. Após a apresentação dos cumprimentos, a Senhora de Cavaco Silva, a Senhora de Jaime gama, os Vice-Presidentes da Assembleia da República, os Presidentes dos Grupos Parlamentares, os Vice-Secretários da Mesa da Assembleia da República, o Presidente do Conselho de Administração, bem como os Chefes das Casas Civil e Militar do Presidente da República e outros membros da Comitiva do Presidente da República vão imediatamente ocupar os seus lugares na Sala das Sessões, com excepção dos Secretários da Mesa.

14. Já terão, entretanto, ocupado os seus lugares no Hemiciclo os Deputados, os Ministros, os Presidentes do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da República, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Provedor de Justiça, os Representantes da República para os Açores e para a Madeira, os Presidentes das Assembleias e dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira, os Conselheiros de Estado, os Chefes dos Estados-Maiores dos três ramos das Forças Armadas, o Presidente do Conselho Económico e Social, o Governador do Banco de Portugal, os Juízes Conselheiros do Tribunal Constitucional, os Vice-Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, o Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, o Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, o Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e A Governadora Civil de Lisboa; na Tribuna A, a Senhora de Jaime Gama dá a direita à Senhora de Cavaco Silva; têm ainda assento os anteriores Presidentes da República - General Ramalho Eanes, Doutor Mário Soares, Doutor Jorge Sampaio - e respectivas Senhoras , os anteriores Presidentes da Assembleia da República e respectivas Senhoras, os anteriores Primeiros-Ministros e respectivas Senhoras. Toma também assento nesta Tribuna o Cardeal Patriarca de Lisboa; na Galeria I, o Corpo Diplomático; na Galeria II, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, o Presidente do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa, o Presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados, o Presidente da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, o Presidente e os restantes membros da Comissão da Liberdade Religiosa, o Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, o Comandante Naval, o Governador Militar de Lisboa, o Comandante do Comando Operacional da Força Aérea, o Comandante do Comando Operacional das Forças Terrestres, a Direcção da Associação dos ex-Deputados da A.R. e alguns elementos da Comunicação Social; na Galeria III, os restantes Membros do Governo, o Presidente do Partido da Nova Democracia, os ex-Conselheiros da Revolução, o Director do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, a Directora da Representação da Comissão Europeia em Portugal, os Deputados Constituintes, o Secretário-Geral da CGTP, o Secretário-Geral da UGT, os representantes da Associação 25 de Abril, o Presidente da Associação de Deficientes das Forças Armadas e outras individualidades convidadas; na Tribuna D os representantes dos Órgãos de Comunicação Social e nas Galerias IV a VI, o público.

15. Às 10,00 horas, o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal Constitucional e os Secretários da Mesa da Assembleia da República saem da Sala de Visitas para a Sala das Sessões, em cortejo assim constituído:

¨ Auxiliares Parlamentares;
¨ Secretários do Protocolo do Estado;
¨ Chefe do Protocolo do Estado e Secretária-Geral da Assembleia da República;
¨ Presidente da Assembleia da República e Presidente da República;
¨ Presidente do Tribunal Constitucional, Primeiro-Ministro e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça;
¨ Secretários da Mesa da Assembleia da República;
¨ Director do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo, Chefe de Gabinete do Presidente da Assembleia da República e Vice-Chefe do Protocolo do Estado;
¨ Auxiliares Parlamentares.

16. O cortejo entra na Sala das Sessões e passa em frente da Tribuna dos Oradores, detendo-se o tempo necessário para o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República saudarem o Corpo Diplomático.

17.O Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República dirigem-se para os seus lugares na Tribuna da Presidência, onde ficam ladeados pelos Secretários da Mesa da Assembleia da República.

18. Entretanto, ocuparam os seus lugares no Hemiciclo o Primeiro-Ministro, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e o Presidente do Tribunal Constitucional.

19. A Secretária-Geral da Assembleia da República, o Chefe do Protocolo do Estado e os restantes elementos do cortejo tomam os seus lugares no Hemiciclo junto da Tribuna dos Órgãos de Comunicação Social, com excepção dos Auxiliares Parlamentares que assumem posições junto da Presidência (dois em cima, ladeando a Presidência, e dois em baixo nos espaços laterais da bancada do Governo).

20. Nesse momento é executado o Hino Nacional pela banda da GNR, formada nos Passos Perdidos, com a assistência ainda de pé.

21. O Presidente da Assembleia da República declara aberta a Sessão, dando depois a palavra aos Representantes dos Grupos Parlamentares, pela ordem seguinte: Partido Ecologista “Os Verdes”, Bloco de Esquerda, Centro Democrático Social/Partido Popular, Partido Comunista Português, Partido Social Democrata e Partido Socialista (a duração de cada intervenção é de dez minutos).

22. O Presidente da Assembleia da República usa em seguida da palavra.

23. O Presidente da Assembleia da República anuncia que o Presidente da República vai usar da palavra para dirigir uma mensagem ao Parlamento.

24. O Presidente da República usa da palavra.

25. O Presidente da Assembleia da República declara encerrada a Sessão.

26. Neste momento, a banda da GNR executa o Hino Nacional nos Passos Perdidos.
A assistência escuta de pé o Hino Nacional.

27. O Presidente da República sai da Sala das Sessões para o Salão Nobre onde tem lugar a sessão de cumprimentos, em cortejo assim organizado:

¨ Auxiliares Parlamentares;
¨ Secretários do Protocolo do Estado;
¨ Chefe do Protocolo do Estado e Secretária-Geral da Assembleia da República;
¨ Presidente da Assembleia da República e Presidente da República;
¨ Presidente do Tribunal Constitucional, Primeiro-Ministro e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça;
¨ Secretários da Mesa da Assembleia da República;
¨ Director do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo, Chefe de Gabinete do Presidente da Assembleia da República e Vice-Chefe do Protocolo do Estado;
¨ Auxiliares Parlamentares.

28.Entretanto, o Presidente do Supremo Tribunal Administrativo e Presidente do Tribunal de Contas, os antigos Presidentes da República, os Ministros, o Presidente do PSD, os Vice-Presidentes da Assembleia da República, os Presidentes dos Grupos Parlamentares, o Procurador-Geral da República, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Provedor de Justiça, os Representantes da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, os Presidentes das Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas, os Presidentes dos Governos Regionais, os antigos Presidentes da Assembleia da República, os antigos Primeiros-Ministros, o Cardeal Patriarca de Lisboa, os Conselheiros de Estado, os Presidentes das Comissões Permanentes da Assembleia da República, os Secretários de Estado, os Chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea, os Deputados, o Presidente do Conselho Económico e Social, o Governador do Banco de Portugal, os Juízes Conselheiros do Tribunal Constitucional, os Vice-Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, o Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, o Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, o Corpo Diplomático, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a Governadora Civil de Lisboa, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, o Presidente do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa, o Presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados, o Presidente da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, o Presidente e os restantes membros da Comissão da Liberdade Religiosa, o Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, o Comandante Naval, o Governador Militar de Lisboa, o Comandante do Comando Operacional da Força Aérea, o Comandante do Comando Operacional das Forças Terrestres, a Direcção da Associação dos ex-Deputados da A.R., o Presidente do Partido da Nova Democracia, os ex-Conselheiros da Revolução, o Director do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, a Directora da Representação da Comissão Europeia em Portugal, os Deputados Constituintes, o Secretário-Geral da CGTP, o Secretário-Geral da UGT, os representantes da Associação 25 de Abril e o Presidente da Associação de Deficientes das Forças Armadas dirigem-se para o Salão Nobre (porta do lado esquerdo).

29.Findos os cumprimentos, o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República despedem-se do Primeiro-Ministro, do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, do Presidente do Tribunal Constitucional, dos Presidentes dos Grupos Parlamentares e da Mesa da Assembleia da República, após o que se reconstitui o cortejo de chegada (v. nº. 9).

30.O cortejo sai do Salão Nobre, e dirige-se à escadaria Exterior pelos Passos Perdidos, passando pela Escadaria Nobre e Átrio Principal. Ao fundo da Escadaria Exterior o Presidente da República e a Senhora de Cavaco Silva despedem-se do Presidente da Assembleia da República e da Senhora de Jaime Gama e são acompanhados até ao carro pela Secretária-Geral da Assembleia da República e pelo Chefe do Protocolo do Estado.

31.O Presidente da Assembleia da República e a Senhora de jaime Gama, seguidos da Comitiva, regressam às instalações do Gabinete da Presidência.

32.Depois da partida do Presidente da República, o Primeiro-Ministro é conduzido até à Escadaria Exterior por um Vice-Presidente da Assembleia da República, pelo Vice-Chefe do Protocolo do Estado e pelo Chefe de Divisão de Protocolo, que aí dele se despedem.

33.As Altas Autoridades presentes, incluindo o Corpo Diplomático, só deverão abandonar o Palácio de S. Bento após a partida do Primeiro-Ministro.
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ITÁLIA - DIA DA LIBERTAÇÃO

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25 DE ABRIL

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Deixo que a palavra
tão incerta
teça

a liberdade a meio
deste Abril
para que a memória em Portugal não esqueça

tomando da flor
o cravo na matriz

teimando que a paixão
a tudo vença

dizendo não àquilo
que não quis

Maria Teresa Horta

Março 99
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terça-feira, abril 24

25 de Abril - Presente

Esta noite passam trinta e três anos sobre o início de um acontecimento que marcou, para sempre, a vida dos que nele participaram: o 25 de Abril de 1974.

Entre a madrugada do dia 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974 vivi enclausurado no Quartel do Campo Grande, em Lisboa, onde hoje funciona uma universidade privada e naquela época estava sedeado o 2º Grupo de Companhias de Administração Militar. Lá entrei já a madrugada ia alta, tal conjurado, com o António Dias e o João Anjos, após termos perseguido, de carro, a coluna do Salgueiro Maia desde a sua entrada no Campo Grande até ao Terreiro do Passo.

Já contei essa história. De todas as imagens que guardo na memória a mais impressiva é a que mostrava a fragilidade da coluna revoltosa. Não sabia quem a comandava mas o impensável viria a tornar-se realidade. E a vitória da força aparentemente mais fraca deveu-se, tão-somente, à justeza da sua razão e à coragem do seu líder.

Aos mais ortodoxos do colectivismo assinalo que falo num símbolo. Também sei que, desde sempre, entre esses, reinou a desconfiança a respeito de Salgueiro Maia, como hoje reina a desconfiança a respeito do Gato Fedorento. Para os “donos” da revolução nem todos devem desfilar na Avenida da Liberdade mas quis o destino – ou a ordem de operações – que o primeiro a nela desfilar fosse aquele que, oferecendo o peito às balas, fez estalar o click que mudou o rumo da história: Salgueiro Maia.

É claro que um homem não faz uma revolução e nela muitos foram decisivos a começar por quem dirigiu as operações, no posto de comando da Pontinha: Otelo Saraiva de Carvalho, Vítor Alves, Franco Charais, José Santos Osório, Nuno Fisher Lopes Pires, Amadeu Garcia dos Santos, Vítor Crespo, Luís Macedo, José Maria Azevedo…. O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória.

A revolução foi branda para com os seus inimigos, perdoou-lhes os crimes, ofereceu o seu sangue em troca da liberdade, ganhou a admiração do mundo e isso é o seu legado histórico mais valioso. Os antigos carrascos da liberdade: os PIDES, os censores, os legionários, todos os esbirros da ditadura, seus ajudantes e admiradores, ganharam o direito a viver em liberdade, ainda hoje se cruzam connosco nas ruas e nos locais de trabalho, emitem opinião, sendo detentores de todos os direitos cívicos e políticos.

A nossa revolução foi branda para com os carrascos da liberdade mas pode orgulhar-se da grandeza de lhes oferecer o bem mais precioso que eles sempre negaram aos seus benfeitores. Mas que ninguém espere que os aspirantes a tiranos, que os há por aí, nos retribuam tanta generosidade. Por isso é prudente que, para preservar a liberdade, a democracia não vacile no combate aos seus inimigos.
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INATINGÍVEIS

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

cinzela as palavras
o escopro as depurará.

Helena F. Monteiro
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segunda-feira, abril 23

As Vésperas e a Alvorada de Abril


A Editora Thesaurus, de Brasília, vai editar, no próximo dia 25 de Abril, um livro da autoria de Francisco Seixas da Costa, com o título "As Vésperas e a Alvorada de Abril".
O livro é ilustrado por fotografias de Alfredo Cunha e Carlos Gil, recolhidas nas ruas de Lisboa, no dia 25 de Abril de 1974.

O texto é uma memória pessoal do autor sobre a vida lisboeta nos meses que antecederam a Revolução de Abril, com notas sobre o ambiente político, militar, intelectual e académico que então se vivia.

Trata-se de uma edição não comercial que pretende ser também, como se diz na respectiva introdução, " um agradecimento ao Brasil, país em cuja generosidade foi possível, em todos os tempos, encontrar acolhimento para quantos portugueses para aqui vieram à procura da liberdade e da esperança."

Francisco Seixas da Costa é actualmente embaixador de Portugal no Brasil e este post é muito mais do que publicidade pois só se divulga uma obra que se não conhece se a confiança no autor for além das convenções.

E, para mim, não há convenções para a verdadeira amizade mesmo que os sujeitos físicos da dita se encontrem distantes no espaço e raramente se vejam. São sentimentos e convicções ancestrais e, como dizia, poucas horas atrás, o poeta Antonio Gamoneda, ao receber o prémio Cervantes – 2006 –, a tradição, ao contrário de todas as aparências, é progressista.
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PRÉMIO CERVANTES


“La literatura está en la ficción, que puede ser maravillosa, pero la poesía es una realidad en sí misma. La poesía no es literatura. Contiene nuestros goces y nuestros sufrimientos, y esa relación con la existencia le da un carácter que va más allá de los géneros. Por eso también hay poetas literatos y novelistas poetas.”

O Prémio Cervantes -2006 - foi entregue hoje ao poeta Antonio Gamoneda
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Thinking Blogger Award

A Helena,

pela tarde, “apanhou-me” nesta corrente e eu, que sempre fujo deste tipo de jogos, desta vez, deixei-me apanhar. Uma vez não são vezes. A dificuldade é conhecida, e revelada, por todos os que se deixam apanhar. Como escolher? Quem escolher? É um exercício de exclusão! Simplesmente um jogo! Vou nomear, por ordem alfabética, cinco blogues seleccionados no grupo daqueles que sempre visito mesmo que me ardam os olhos:

- a defesa de faro

- Aldina Duarte

- Divas & contrabaixos

- hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

- respirar o mesmo ar

[As minhas desculpas por qualquer incómodo.]
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domingo, abril 22

FRANÇA - ELEVADA PARTICIPAÇÃO NAS PRESIDENCIAIS

Le taux de participation au 1er tour estimé entre 82,7% et 84,5%
Forte participação nas eleições presidenciais francesas cuja primeira volta decorre hoje. Facto muito positivo para a democracia em França e no mundo;

Sarkozy e Royal à frente.

AQUI PODE VER AS PRIMEIRAS PREVISÕES DOS RESULTADOS, ÀS 20 HORAS DE FRANÇA: SARKO – 29,5%; SEGO- 26,3%.
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Mais informação acerca dos resultados aqui.
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DECLARAÇÃO DE SÉGOLÈME ROYAL
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Toda a esquerda apela ao voto em Ségolène Royal na segunda volta.
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ONDE ESTÁ

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Às vezes apetece-me oferecer alguma coisa de mim daquelas que se não podem encontrar no mercado e ponho-me a pensar – o quê? Muitas vezes não tenho nada que valha a pena oferecer, não se quadra o desejo com o gesto, nada emerge de dentro que me satisfaça, fico a olhar para as palavras alinhadas, adio, finjo esquecer, ou esqueço mesmo, pois já me tenho esquecido do que não me havia de esquecer. É imperdoável.
Outras vezes sinto aquela sensação que o Ruy Belo – salvo qualquer comparação – tão bem descreveu em três versos do poema REQUIEM POR SALVADOR ALLENDE : (…) Acabara um poema enchia o peito de ar junto da água/sentia-me importante conquistara palavras negação do tempo/o mar era mais meu sob a minha voz ali solta na praia/ (…) e sinto vontade de partilhar o meu prazer.
Antes escreviam-se cartas ou postais, tantos que tenho – trocados entre meus pais – ou enfiava-se a prosápia na gaveta o que – quase sempre – era a mais que merecida sorte da aventura criativa. Pois um dia destes ofereci um poema à Helena e ela, vai daí, “deu-lhe asas”. Um poema, regra geral, para obter os requisitos de publicável, seja lá em que suporte for, dá um trabalho dos diabos.
Todos devem saber que só poucos poemas escapam do lixo e raros – raríssimos – saem à primeira, a mais das vezes, acumulam-se variantes que, sucessivamente, se apagam umas às outras, ao contrário do que acontecia antes com os entrelinhados, emendas e notas à margem da escrita no papel, pois o processo criativo transformou-se radicalmente com o computador, os sites, os blogs e o que mais aí virá.
Não imagino Cavafy, confrontado com a sua selectividade implacável, a escrever nestas máquinas infernais mas não vale a pena tentar agarrar o vento com as mãos…

Eu acumulo mas tenho dias em que me apetece oferecer alguma coisa de mim e, desta vez:

Onde está

Onde está a seara de vento que ondulava
Azul no meu pensamento
Com sons de trigo a escorrer pela eira
E o dia a morrer devagar
À minha beira à vista dos olhares belos
Por vezes tristes de melancolia

Onde se esconderam os gestos antigos
Rasgados e sem medida
Abraçados ao corpo que se despedia
Olhos ao alto num rosto
Cheio de lágrimas
Salgadas do gosto da carne ferida

Onde está a minha vontade desmedida
Que não a encontrei mais
Flamejante a incendiar os sonhos
Impressos a sangue quente
Na ausência habitada
Da tua crença em mim perdida

20/4/2007
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Uma “correia de transmissão”

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Qualquer pessoa minimamente informada, e dotada de bom senso, entende que o único caminho para Portugal, seja qual for o governo em funções, é Acelerar as reformas.

Quando se promove uma Greve Geral pretende-se, certamente, obter um resultado que corresponda ao grave e pesado estatuto daquela forma de luta.

A Greve Geral é, se exceptuarmos a insurreição, a última forma de luta dos trabalhadores conforme os cânones marxistas e/ou anarquistas. Em regra destina-se a derrubar um regime, apear um governo, condenar uma guerra injusta, defender uma legião de injustiçados ou salvar a democracia e a liberdade das ameaças da tirania.

Claro que nada obriga a que concordemos com as políticas deste governo e que nos abstenhamos de as contestar pelas formas que julgarmos mais adequadas.

O que me espanta é a desfaçatez dos dirigentes da CGTP em convocar uma Greve Geral quando não querem derrubar o regime político, não está na sua mão derrubar o governo, não há iminência de guerra nem de qualquer cataclismo social.

A não ser que a CGTP continue a assumir-se, na velha lógica bolchevique, como uma “correia de transmissão” do partido ao chamado movimento de massas. Mas qual movimento de massas? A federação dos descontentes de todas as reformas necessárias e inevitáveis?

A Greve Geral é, paradoxalmente, uma greve reaccionária, resultado da captura dos interesses do estado por grupos profissionais, organizados de forma corporativa, defensora de privilégios e de inércias prejudiciais ao interesse comum e que em nada beneficia os mais fracos e desprotegidos.

Depois dela, que será proclamada como uma grande vitória dos trabalhadores, a estimativa dos promotores será de uma adesão aí pelos 79,3% e a do governo aí pelos 23,8%, serão anunciadas novas formas de luta … e a vida contínua! Até à próxima claro … sempre com políticas e governos mais à direita que os anteriores!
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APENAS ISSO

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Dai-me ainda outro verão,
um verão do sul, redondo
lento maduro; um verão
de rolas frementes de cio,
de porosa alegria, de luz varrida
pela cal; dai-me
mais um verão rente à sombra
do pátio onde um rumor
cativo do poço sobe aos ramos;
um verão
limpo como o céu da boca;
mais dentro, mais fundo.

Ou por fim o silêncio.
Caindo a prumo.

Eugénio de Andrade

Foz do Douro, 8/1/99
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sábado, abril 21

UM MUNDO SEM DEUS MAS NÃO SEM SAGRADO

Posted by Picasa“Camus et l’homme sans Dieu”

Acabada a leitura de “Camus et l’homme sans Dieu”, de Arnaud Corbic, algumas notas tomadas a partir do seu último capítulo: “Conclusão” subtitulado, significativamente, “Um mundo sem Deus mas não sem sagrado”. *

A obra de Camus lança os fundamentos de uma filosofia do homem sem Deus numa tripla perspectiva: uma maneira de conceber o mundo (o absurdo); uma maneira de existir (a revolta); uma maneira de estar na vida (o amor).

O sentimento do absurdo orienta Camus para a descoberta dum valor – a revolta. Este valor não se situa nem na eternidade religiosa, nem na sua substituição laica, a história, mas, de forma muito cartesiana, no “provisório” que envolve toda a vida do homem e que, por esse facto, representa para ele o “definitivo”.

O projecto de Camus não é somente o de lançar os fundamentos de uma sabedoria de tipo existencial acerca da compreensão individual da revolta mas, de forma mais alargada, de uma sabedoria social e política a partir da compreensão histórica dessa revolta.

Esta passagem da revolta solitária contra o absurdo à revolta solidária contra o mal da história efectua-se pondo em evidência um novo cogito: “Revolto-me, logo somos”.

Em Camus a revolta, no início e no fim, está ligada ao amor. Não é pelo facto da existência ser um absurdo que o homem revoltado deve sucumbir à tentação de tudo negar. É preciso, incondicionalmente, preservar o valor da vida e do humano na sua tripla dimensão, ao mesmo tempo, existencial e individual, histórica e comunitária, mas também, cósmica, negando o que oprime o homem (o absurdo, o mal). Camus tem uma percepção física e metafísica da dignidade humana.

Identificar o inumano (o absurdo, o niilismo, o ressentimento, o mal), fundar o humano (a revolta, o amor), lançar os fundamentos de uma filosofia do homem sem Deus foi a tentativa filosófica e literária de Camus.

Propor uma sabedoria inédita, ao mesmo tempo, individual, colectiva e cósmica contra tudo o que nega o homem, o mutila e tende a destruí-lo é o fio condutor de toda a sua obra.

Os fundamentos desta filosofia do homem sem Deus são a revolta-e-o-amor. Ou ainda, com André Conte-Sponville, o absurdo-a revolta-o amor: 1) o não do mundo ao homem (o absurdo); 2) o não do homem ao mundo (a revolta); 3) o sim originário e último à vida, aos seres, à terra que os dois nãos, com o consentimento subjacente, assumem (o amor).

“Pessimista quanto ao destino humano – afirmava Camus – eu sou optimista quanto ao homem. E não em nome de um humanismo que sempre me pareceu limitado, mas em nome de uma ignorância que tenta não negar nada.”

Em 1957, nas vésperas de lhe ser atribuído o Nobel, ele declarou:

“ao descer de um comboio, um jornalista perguntou-me se me ia converter. Respondi: não. Nada mais que a palavra: não …Tenho consciência do sagrado, do mistério que há no homem e não vejo razões para não confessar a emoção que sinto perante Cristo e os seus ensinamentos. Receio, infelizmente, que em certos meios, em particular, na Europa, a confissão de uma ignorância ou a confissão de um limite ao conhecimento do homem, o respeito pelo sagrado, surjam como fraquezas. Mas se são fraquezas, assumo-as com força …”

[* A partir dos meus sublinhados no último capítulo da obra em referência traduzidos, livremente, do francês. Fiquei a saber, a propósito da nota biográfica que integra a obra que a biografia recomendada é aquela que me tem servido de referência – a de autoria de Olivier Todd: “Albert Camus, une vie”, Paris, Gallimard, 1996. ]
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BREVE OLÊNCIA

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Estão cerrados todos os jardins,
onde asas voaram e se romperam as pedras.
Como esquecer as estrelas pousadas no verão
e a ciência exacta das flores claras de ar?
Estão cerrados todos os jardins,
queimados da fome, escarlates de treva.
Que tempo esvoaça, lacuna ou máscara,
pelo lento longo suor das noites?
Estão cerrados todos os jardins,
hoje ervas sem pálpebras, gritos sem boca.
Cativeiros de estátuas, deixaram que o tempo
durasse muito tempo, em campo entardecido.
Estão cerrados todos os jardins,
Em palavras vendidas que esconderam o mundo.
Os olhos ruídos soam a sombra
nos risos sem riso, nos corações calados.
Estão cerrados todos os jardins.
A pele cresce, digerimos o vazio.
As palavras articulam-se de ossos.
Mudada em terra, toda água morrerá.
Estão cerrados todos os jardins
e seus lazeres felinos, seus salmos de pé.
É a hora surda de cicatrizes sem beijos,
de muros soterrados e pulsos incolores.
Estão cerrados todos os jardins
e vão nascendo dólmenes e corujas de ouro.
Porque se agita ainda a cauda dos peixes,
buscando fogos extintos no termo dos rios?
Estão cerrados todos os jardins.
A nada a alma se assemelha.
O mar perdeu-se contra as paredes.
Vivemos do que não pudemos viver.
Estão cerrados todos os jardins,
são antigas as novidades do mundo,
obedecemos a ordens, a norte do futuro.
Mas ainda estamos nus. E respiraremos.

Orlando Neves
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O "ESPALDÃO"

Posted by PicasaO “ESPALDÃO”

Ao cimo da rua onde nasci, do outro lado da estrada da circunvalação, ficava o “Espaldão”. Era pequena a distância e foi lá que vi pela primeira vez na minha vida rãs a coaxar nas poças e foi lá que tomei a noção de espaço livre. Aprendi o medo de me encontrar perdido, de regressar a casa tarde demais, de ser repreendido, de me esquecer do tempo, ser apanhado numa emboscada ou correr os perigos que afinal não existiam. As redondezas do “Espaldão”, até aos meus oito anos, compreendiam toda a minha vida: a casa onde nasci, as ruas e os becos, os vizinhos, o estabelecimento e o armazém, o ganha-pão da família, o barbeiro, a feira do Carmo, a igreja, a carroça dos cães, os vendedores ambulantes, a rua de terra, o cheiro das estações e, lá mais acima, um lugar de mistérios. O “Espaldão”, ali ao lado da minha cidade, foi a minha primeira natureza antes de conhecer o que era a natureza. Tudo tão perto e tão longe na cidade que era um lugar limitado pelo meu olhar mas sem limites para a minha liberdade.
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sexta-feira, abril 20

OS PERIGOS DO ESQUECIMENTO

München, 1933

“Não devemos (…) empolar aquilo que por si exprime o pensamento arquiminoritário de um sector que a sociedade isolou.”

José Magalhães, Secretário de Estado da Administração Interna, classificando a atenção mediática que as organizações nacionalista têm obtido de “peditório propagandístico”.·

Público, 20/04/2007 (citado pelo “Expresso” on line)

Penso tudo ao contrário do digníssimo arquimaioritário secretário de estado Magalhães. Relativizar as manifestações do pensamento arquiminoritário nazi fascista é um risco que a democracia não pode, nem deve, correr. Esse é um ensinamento da história.
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MÁRIO SOARES


Na sessão comemorativa do 34º aniversário do PS Mário Soares, o seu fundador, não podia ser mais incisivo quando, numa declaração escrita, fez questão de defender Sócrates não esquecendo Ferro Rodrigues.

Quem sabe nunca esquece e para bom ouvidor …
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TROCA DE PAPÉIS

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ABAIXO A GUERRA

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Pourquoi nous voterons Ségolène

Posted by PicasaSégolène Royal

O apelo/explicação final de Jean Daniel ao voto em Ségolène Royal na 1ª volta das eleições presidenciais francesas do próximo domingo:

(…) Elle (Ségolène Royal) suscite encore des réticences, en partie explicables par la rémanence d’un machisme à la française. Mais son parcours au milieu des embûches et des obstacles, sa résistance aux attaques et aux pièges, le progrès notable de ses interventions sur les plans européen et économique, la présence à ses côtés de certaines fortes personnalités, comme Dominique Strauss-Kahn, et des parrainages qui feront surprise, comme celui de Jacques Delors, tout nous fait espérer que cette candidate sera une grande dame et une vraie présidente. (…)

Espero que a esquerda possa, através de Ségolène Royal, disputar a segunda volta destas presidenciais. A não ser assim a escolha final dos franceses ficaria amputada de uma das suas componentes históricas fundamentais. Mas já não seria a primeira vez …

Se eu fosse francês votava Ségolène Royal.
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