Desculpem lá qualquer coisinha mas o Eusébio da Silva Ferreira que um dia foi a imagem de Portugal no Mundo, com a Amália – qual Salazar nem meio Salazar! – Moçambicano, preto assumido, empolgante e modesto, arrebatador e genial, é daquelas pessoas que não merecem morrer.
Eu sei que, como dizia Camus, a imortalidade não tem futuro mas, no caso de algumas pessoas, devia ser aberta uma excepção na ordem natural das coisas do mundo, tornando o futuro numa ideia sem sentido. Pois vem esta prosa ao caso para dizer que fiquei feliz ao ver Eusébio sair do hospital (privado!) e comovido. Ele há fraquezas que duram toda uma vida …
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2 comentários:
Quem não lembra de Euzébio, o outro Pelé, com as mesmas características. E vemerado também pelos brasileiros.
Viva Euzébio.
Um abraço
Naeno
www.poemusicas.blogspot.com
Esta fotografia, para quem não saiba, foi tirada em Maio de 1963, no estádio de Wembley (que já não existe), na final da Taça dos Campeoões Europeus que o Benfica disputou contra o Milão (Milan, chamam-lhe agora).
Foi a terceira consecutiva. E a primeira de muitas que o Benfica perdeu, depois de ter ganho duas, aos grandes Barcelona e Real Madrid.
Foi a primeira de duas em que o Benfica conheceu o sabor da derrota às mãos do cattenaccio de equipas italianas. Com travo, nítido e amargo, de injustiça.
Primeiro, o Milão. Depois, o Inter de Helenio Herrera, Facchetti, Burgnich, Jairzinho, Mazzolla e outros, que em 1965 ganhou 1-0 no seu próprio estádio, sob chuva torrencial, contra nove e com um frango enorme do Costa Pereira.
Neste Milão de 1963, em Wembley, jogava, por exemplo, o Trappatoni, que deu ao pior Benfica das últimas largas épocas, no pior campeonato nacional de que me recordo, o único título dos últimos 13 anos. As voltas que o mundo dá. E o Cesare Maldini, pai do Paolo, que ainda joga.
O Eusébio fartou-se de jogar, como sempre e ainda pôs o Benfica a vencer 1-0. Mas, na segunda parte, o contra-ataque e um brasileiro chamado Altafinni mataram as justas ilusões de quantos torciam por mais uma vitória.
À beira de um jogo com o Sporting, que pode valer um segundo lugar, recordo-me que, nessa altura, com o Benfica, só se discutia o primeiro. Mesmo perdendo. Mas jogando futebol, com o apoio de uma enorme massa de adeptos que nunca precisou de locutores de serviço a gritar "golo" ou de "claques" para encher estádios e fazer a festa.
Saudades? Sim, do que foi bom. Do que devia ser ainda o cimento, a malha de que se tece o presente e constrói o futuro. Tudo, e o mais, que a maior parte dos dirigentes do Benfica de há muito não compreende. Ou não tem querido compreender.
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