quinta-feira, fevereiro 25

SPORTING ... FINALMENTE!

O Sporting desta noite merece uma referência especial e um aplauso. Não sei se foi uma redenção ocasional ou o anúncio de uma fase positiva numa época tão conturbada. Ver-se-á no jogo seguinte com o F.C. Porto. Mas derrotar, de forma categórica, o Everton que derrotou recentemente os colossos do futebol inglês é obra.
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CUBA: CONDENAR A TIRANIA

É um facto incompreensível, ou talvez não, que a morte de um preso politico em Cuba, mereça tão pouca atenção em Portugal. É estranho. Será porque uma parte dos defensores da liberdade em Portugal são simpatizantes da ditadura em Cuba? Uma contradição? Coisa de somenos!Chafurdando nas sarjetas  lutam, quase todos, pela sobrevivência económica a pretexto das ameaças à liberdade em Portugal. A condenação das verdadeiras tiranias é um pormenor deixado ao cuidado dos ingénuos! [Imagem daqui.]
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PARECE QUE HÁ QUEM SE PREOCUPE!
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Orlando Zapata Tamayo, operário, de 42 anos, pensava diferentemente do que pensa o seu governo. E dizia-o, o que, em Cuba (e não só), é coisa particularmente perigosa. Foi detido com outros activistas dos direitos humanos em 2003 e condenado a três anos de prisão por "desobediência", entretanto multiplicados por 12 (36 anos!) por persistir em "desobedecer" mesmo preso.

Morreu ontem, após 85 dias de greve de fome em protesto pelas torturas de que era vítima na prisão. Era um dos muitos presos de consciência que, segundo a AI, apodrecem em cadeias cubanas. A mãe, a quem foi entregue o corpo, conta que tinha as costas "tatuadas de pancada". Cuba é um problema que, como muita gente da minha geração, tenho comigo mesmo. Nos anos 60, quando o pesadelo soviético era mais que evidente, a Revolução Cubana iluminou de súbito o nosso sonho de uma sociedade livre e igualitária, e tanto desejámos esse sonho que aceitámos qualquer desculpa para as suas traições. Acordámos dele a custo para descobrir, como Sam Spade em "O falcão de Malta", de Dashiell Hammett, que é chumbo a matéria de que são feitos os sonhos.
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A revolução cubana ao contrário. AUDIO.
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Quién mató a Orlando Zapata?
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Mataram Zapata
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terça-feira, fevereiro 23

CONTRA FACTOS, A NARRATIVA


Marina Edith Calvo

Acho, tenho a firme convicção, que a maioria dos políticos, gestores, dirigentes, cidadãos activos, em todos os campos ideológicos, partidários ou profissionais, são pessoas normais que, no contexto em que lhes é dado trabalhar, dão o melhor que podem e sabem para cumprir com o seu dever. Para além das notícias do dia (as notícias do dia nascem onde?) no quotidiano das nossas sociedades circulam milhões de mensagens, trocam-se milhões de palavras, admiram-se milhões de imagens, iluminam-se rostos, abrem-se sorrisos, sofrem-se dores, movem-se corpos, ardem os desejos, saram as feridas, trabalha-se, estuda-se, reflecte-se, decide-se, ganha-se e perde-se, um novelo complexo de relações e, no entanto, as notícias do dia continuam a obedecer a critérios editoriais, fontes, mãos, ouvidos e recados. Os factos deveriam contar mais do que tudo o resto, situados no seu contexto, contribuindo para valorizar ou desvalorizar os seus protagonistas. Mas Contra factos, a narrativa
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TRANSPARÊNCIA E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA


A TRAGÉDIA NÃO SE ESCONDE


Perante a tragédia que põe a nu as fragilidades do modelo de desenvolvimento da Madeira, tema quase proibido, emerge o Portugal solidário. Suspendem-se as hostilidades políticas que encheram horas nos noticiários dos últimos tempos. A Madeira terá todo o apoio de que necessitar, apoio político e recursos materiais e financeiros, nacionais e comunitários, necessários a uma rápida reparação dos efeitos da tragédia. O continente não regateia meios no apoio à Madeira e os “cubanos” choram a morte dos seus irmãos madeirenses. Mas na Madeira o líder do governo – sem escândalo dos aprendizes/defensores da liberdade de imprensa – apela à contenção da comunicação social, subliminarmente auto censura, esquecendo que as notícias para a média das democracias liberais dependem tão só da importância dos acontecimentos.
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domingo, fevereiro 21

MADEIRA

Eu vi este jogo do Real Madrid. Cristiano Ronaldo foi o mais influente e o melhor de todos os protagonistas. E o seu gesto de solidariedade com a Madeira foi, certamente, o mais visto de todos os gestos de solidariedade. [AQUI]
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O DESASTRE DA MADEIRA

O desastre natural na Madeira aplacou as fúrias políticas. Estamos todos de acordo em sair em socorro de uma parcela do país que sofre. O debate acerca do orçamento da Madeira foi levado na enxurrada. Ironia triste: logo após o carnaval o discurso da tragédia sobrepõe-se ao discurso da comédia. O dircurso da solidariedade sobrepõe-se ao discurso do confronto.
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sábado, fevereiro 20

MANOBRAS PRESIDENCIAIS


Ryan Zoghlin

Compreendo que surjam candidatos a cargos políticos que se declarem do outro lado da barricada da política, para além da política ou contra a política ou, ainda mais, além da política partidária. Buscam capitalizar o descontentamento popular que, em certas épocas, perante o aparente desconcerto da política julgam favorecer um discurso apartidário senão mesmo anti-partidos. O problema é que o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação, é o vértice do nosso sistema político, o mais político de todos os cargos políticos num regime democrático de partidos. Este é o busílis da questão. Logo os candidatos a Presidente da República podem apresentar-se como melhor quiserem mas se não quiserem protagonizar um projecto minoritário, derrotado à partida, logo mudarão de discurso e aceitarão de braços abertos os apoios político-partidários. Se querem que vos diga, sem desdenhar de qualquer candidato já no terreno, ou em gestação, pressinto que a esquerda democrática nestas eleições vai passar ao lado... Que aproveite então, liderada pelo PS, para travar um debate aberto, e profundo, em torno das grandes reformas do nosso regime semi-presidencialista - lei eleitoral, regionalização, reforma da organização político-administrativa, sistema de justiça … Quer-me parecer que, nas próximas eleições presidenciais, a direita vai apresentar um candidato único contra uma constelação de candidatos de esquerda. Se o candidato da direita for o que está escrito nas estrelas … logo voltaremos ao assunto em Janeiro de 2016. Salvo se as contingências da vida, de súbito, revirarem tudo do avesso abrindo a incerteza acerca dos resultados da próxima disputa. Nessa altura voltaremos ainda ao assunto em Janeiro de 2011. A seguir atentamente …



sexta-feira, fevereiro 19

Ao ponto a que isto chegou ...


PLÁGIO DIZEM ELES - UMA DENÚNCIA QUE PODE VALER MUITO DINHEIRO MAS AO MENOS A MATÉRIA EM CAUSA FOI PUBLICADA PELOS PRÓPRIOS.
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terça-feira, fevereiro 16

O que os meus olhos viram

Rita Bernstein


Eu vi os partidos extremos da esquerda e da direita obrigarem um governo em apuros a reduzir a receita e aumentar a despesa. A direita tem tendência a reduzir a receita e a esquerda tende a aumentar a despesa. Mas ver os dois extremos coligados para defender ambas as coisas, era coisa nunca vista.

Eu vi o Dr. Jardim propor uma coligação dos partidos extremos da direita e esquerda. O Dr. Jardim costuma dizer coisas espantosas. Mas pensar num governo composto por Paulo Portas, Ferreira Leite, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, é ainda mais espantoso.

Eu vi Felícia Cabrita fazer um “most” jornalístico com a divulgação de processos judiciais sigilosos, tal como fizera nos casos Freeport e Casa Pia. Eu sei como ela consegue obter os segredos mais bem guardados. Mas ver o País pendurado das iniciativas desta mulher, é coisa arrepiante.

Eu vi dois magistrados da província, depois de cuscarem conversas entre jovens negociadores, convencerem-se de que existia um plano para destruir o Estado de Direito. Os jovens apenas falavam de nos livrar da fúria justiceira de Manuela Moura Guedes e seu marido. Achar que o casal Moniz é o Estado de Direito, deve ser anedota.

Eu vi a comunicação social dizer que não existe liberdade de expressão em Portugal, enquanto usava a liberdade de atacar o poder de forma nunca vista. Eu lembro-me do tempo em que não existia liberdade de expressão. Dizer que ela não existe agora, soa-me deveras estranho.

segunda-feira, fevereiro 15

FUTEBOL - A BOLHA ESPECULATIVA PRESTES A REBENTAR
























Um alerta de JEAN-MICHEL AULAS Presidente do Olympique de Lyon:

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Whatever Works

Fui ao cinema num dia frio em boa companhia. Não é banal, nos dias de hoje, ir ao cinema. Ir ao cinema é um reencontro com a magia daqueles que são capazes de inventar um olhar sobre eles próprios, os outros e o mundo. Mesmo quando só mediano Woody Allen é um criador que cumpre com a missão do criador verdadeiro: educar divertindo. Por isso sou um fiel admirador do seu cinema.

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sexta-feira, fevereiro 12

BOM SENSO E EQUILIBRIO

Fotografia daqui

Acho que a consequência imediata desta campanha para descredibilizar o PM na sequência de outras (ainda se lembram do caso Freeport?) e de outras, que antecederam estas (lembram-se de Ferro Rodrigues – o secretário geral do PS que antecedeu Sócrates?), se destinam a aveludar o caminho por onde a direita espera fazer entrar triunfalmente um “salvador da pátria”. Mas a coisa, desta vez, começa a assemelhar-se ao ensaio geral de uma operação de demolição do próprio regime democrático. Neste caso não há brigadas vermelhas com raptos físicos de primeiros-ministros, à maneira italiana, nem golpes de mão (armada) ao parlamento, com atentados bombistas, à maneira espanhola, mas um sequestro mediático das mais altas figuras do estado incluindo as que ocupam o topo das instituições da justiça. Além da aliança dos extremos, que não constitui especial novidade pois já em França, em tempos, o eleitorado comunista desertou do seu campo em apoio da extrema-direita de Le Pen, há uma faceta nova da campanha doméstica em curso: atar num só molho todas as mais altas figuras do estado democrático, desfazer a imagem de probidade de todas e de cada uma, fazendo-as surgir aos olhos da opinião pública como fracas, titubeantes e coniventes com negócios obscuros sugerindo o seu mútuo encobrimento. Uma coisa é certa que deve ser do conhecimento dos homens de estado: quando a justiça se acobarda, ou se mostra inútil, credibiliza as derivas totalitárias. Os extremos sentem-se estimulados e os democratas de todas as tendências políticas desmoralizam e descrêem na ordem em que acreditam. É preciso que os cidadãos de boa vontade encontrem caminhos para fazer sentir a necessidade, e urgência, de que todos os responsáveis públicos, não só os políticos, façam um esforço extra de bom senso e equilibrio no exercício de todas as suas responsabilidades e funções - - e também aqui.
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quinta-feira, fevereiro 11

Dificuldades


ARTE POÉTICA III


Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenómeno quer ver todo o fenómeno. E apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor.


Sophia de Mello Breyner Andresen - Arte Poética III

quarta-feira, fevereiro 10

O TEMPO E O MODO
























A Fundação Mário Soares, pela sua acção, tem prestado um inestimável contributo para o conhecimento e divulgação da história contemporânea portuguesa. Veja-se a divulgação online da revista O Tempo e o Modo. Clique em Revistas de Ideias e Cultura. [A partir do Almanaque Republicano.]
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terça-feira, fevereiro 9

PARA GRANDES MALES, GRANDES REMÉDIOS!

John Delaney

Quando, por estes dias, oiço falar que a liberdade de imprensa está em perigo dá-me vontade de rir. Não consigo conter a minha perplexidade perante o beco obtuso a que nos conduz a propaganda da direita. No lugar onde eu me encontro, como a maioria dos mortais, tento resolver problemas comezinhos que são muito importantes para todos e cada um. A liberdade e, mais que tudo, a sua perda é um tema muito sério que não deve, nem merece, ser banalizado. Se os partidos da oposição acham que a liberdade de imprensa está em risco devem agir em conformidade com a gravidade do seu juízo: moção de censura ao governo! Para grandes males, grandes remédios. Ou não?
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sábado, fevereiro 6

A VER VAMOS!

Fotografia de Hélder Gonçalves

Passos Coelho contra posição do PSD na questão das Finanças Regionais

Ninguém deu grande destaque, nem atribuiu demasiada importância, a esta declaração de Passos Coelho. Mas quer-me parecer que ela é prenunciadora de algumas mudanças significativas no panorama político português a curto/médio prazo. A ver vamos como rolam as cenas dos próximos capítulos da novela interna do PSD!


sexta-feira, fevereiro 5

ALMUNIA

Ontem foi um dia pleno de acontecimentos contraditórios. Porque eu próprio estive envolvido num acontecimento com marca positiva quase não deu para dar atenção às notícias. Entre outras só pela noite ouvi a porta-voz do Comissário Almunia tentar branquear a sua declaração incendiária. As declarações dos políticos profissionais, no exercício de funções, nunca são feitas por acaso, nem improvisadas. O João Pinto e Castro identifica, de forma sintética, a natureza do que está em causa no episódio Almunia.
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segunda-feira, fevereiro 1

MANUEL SERRA MORREU

Manuel Serra deve ter sido o dirigente político português que, na segunda metade do século XX, mais participou em movimentos  para derrubar a ditadura. O homem de todas as revoltas. A sua biografia deverá estar a ser, por esta hora, divulgada. No dia em que o telefone soou para me anunciar a morte de meu pai estava reunido com ele para tratar de um assunto profissional: a criação de uma escola profissional. Mais tarde encontrei-o e revelou-me que, nas vésperas dos primeiros Congressos do MES e do PS, em Dezembro de 1974, se tinha reunido com o Vítor Wengorovius para discutir a eventual entrada do MES no PS em apoio à sua corrente que ameaçava derrotar Mário Soares. Nada se concretizou e a notícia foi uma surpresa para mim que nunca ouvira falar em tal diligência. Mas aquele era o tempo em que tudo era possível, o tempo de todas as ousadias. A sua coragem, cívica e física, era notável. Que viva!
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domingo, janeiro 31

FARENSE


Fotografia de Hélder Gonçalves

Juv. Évora 1 - 2 Farense

Os meus amigos menos atentos que me desculpem a minudência: o clube do meu coração foi hoje ganhar “em casa” do primeiro classificado. Não sei mais nada acerca do jogo pois não há relatos acerca de jogos do campeonato da 3ª divisão. Assim como não há notícias, quanto mais relatos, acerca de um sem número de acontecimentos verdadeiramente importantes para cada um de nós. É preciso aprender a viver com a nossa própria ignorância, a ignorância dos outros e a do mundo, assumindo-a como um desafio na descoberta da sua imensa virtualidade. Uma coisa é certa. Se não erro o Farense pode vencer os jogos todos que, se não pagar as dívidas, não sobe de divisão. As dívidas do Farense são uma miséria comparadas com o valor de aquisição, por “clube grande”, de um jogador banal que todos os dias se compra e logo se despacha de empréstimo desde a abertura ao fecho do “mercado”. Será que os chamados clubes grandes já se libertaram de todas as dívidas?
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sábado, janeiro 23

O BE E MANUEL ALEGRE

Qualquer cidadão é livre de manifestar a sua intenção de se candidatar a Presidente da República. Qualquer partido é livre de manifestar apoio à intenção de qualquer cidadão em candidatar-se a Presidente da República. Mas esta dança de palavras do BE manifestando apoio à intenção de candidatura de Alegre embrulhada numa suposta superioridade supra partidária faz-me lembrar coisas tristes. Cada um é livre, em democracia, de afirmar as suas intenções e preferências mas não me venham, num regime de partidos, tentar “vender” a superioridade de candidaturas presidenciais supra partidárias quando todas nascendo da vontade livre dos candidatos são apoiadas pelos partidos. Deixemo-nos, pois, de brincadeiras que a coisa é séria.
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quarta-feira, janeiro 20

ALBERT CAMUS - Alguns apontamentos para Nemésis


Eis outro magnífico texto, acerca de Albert Camus, de autoria de Maria Luísa Malato Borralho, a propósito do cinquentenário da sua morte. Foi publicado, no passado dia 15 de Janeiro, em As Artes Entre as Letras e pode ser lido, na íntegra, AQUI.

Fez no dia 4 de Janeiro cinquenta anos que Albert Camus morreu. Tinha uns dias antes, terminado uns apontamentos sobre a forma de aforismos: um nunca fechado ensaio sobre o que não convém esquecer, sobre o que convém arrastar ao longo do tempo. Chamara-lhe “Para Nemésis” (Nemésis, a deusa filha da Noite e do Oceano), e dedicara-o a Cerésol, um amigo de longa data. Evocar Camus poderia ser mais um ritual literário. Não é ele que nos move. Mas o pretexto para não o deixar morrer. Porque um escritor morre quando não é lido. E a avaliar pelas leituras das novas gerações que chegam aos cursos universitários de Literatura, a crer nos inquéritos que preenchem, e nos modelos de literatura que incorporam, Albert Camus caiu num indiferente silêncio. Quem é Albert Camus? Um escritor que não queria esquecer em si a amálgama de raças de que todos somos feitos. Amarguravam-no os rótulos, sacudia-os muitas vezes debalde, sobretudo depois de ter recebido o Prémio Nobel. Sempre demasiado filósofo para entrar na cúria dos escritores, demasiado escritor para entrar na quinta dos filósofos, demasiado instintivo para o coro dos existencialistas, demasiado existencialista para o hino dos neo-realistas, demasiado materialista para ser religioso, demasiado religioso para ser materialista.

PENÉLOPE CRUZ


"Ganar dos 'oscars', imposible"
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terça-feira, janeiro 19

UM CÃO CHAMADO BENFICA


Já não vejo pelas ruas cães vadios como no outro tempo em que fazia a pé o caminho de casa até à escola. Vejo cães de companhia, pela trela, presos na perna da mesa da esplanada enquanto os seus donos tomam café. Ladram e assustam as crianças nas entradas dos estabelecimentos. Os cães vadios devem ter sido exterminados ou vejo-os com olhos diferentes de quando era criança. Numa das poucas fotografias na qual pouso, na época da minha adolescência, vejo-me acompanhado por um cão lá de casa que se chamava Benfica. Reconheço a roupa que me cobria o corpo magro. Faz, quase sempre, calor pelas terras do sul. E o Benfica, indiferente, acompanha-me mal sabendo que aquela é uma das poucas roupas daquele tempo do nada acontecer. Um dia os meus pais esqueceram-se, não sei a razão, do Benfica para os lados dos campos de meus avós maternos. Contaram-me que uns dias depois voltaram ao local e lá estava o Benfica, resistente, na paciente espera. Sempre me quis parecer que ficaram roídos de dores na consciência e que foram na busca do acaso ao reencontro. E tudo correu pelo melhor para felicidade de todos e, em particular, do Benfica. Um dia o Benfica morreu mas não me lembro os detalhes. Devem ter-me escondido o infausto evento ou fui eu que me escondi dele. Mas para mim o Benfica, mesmo perdendo-se na ganância de ganhar, nunca morre.

[Também aqui]
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segunda-feira, janeiro 18

NÃO PAGO


Por mim resolvo, de forma simples, a questão do preço cobrado pela leitura de informação on-line: não pago, logo não leio. Admito uma ou outra, rara, excepção por motivo de necessidade absoluta ou paixão incontornável. Na verdade existe informação em excesso, desnecessária e inútil, e já deu para entender que toda a informação verdadeiramente importante acabará por encontrar um caminho alternativo para se me tornar acessível. Os patrões dos media deviam reflectir melhor os caminhos da rentabilização do seu negócio. Também não aceito a publicidade sobreposta que se impõe à vontade do leitor nos sites de notícias. Mudo, de imediato, de sítio. Eu perco a notícia, o site perde um leitor. Haja saúde!

OS TEMPOS: A VIDA E A POLÍTICA


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domingo, janeiro 17

PS - NA FRENTE (POR VIA DAS DÚVIDAS ...)


John Delaney

No MARGENS DE ERRO as últimas sondagens divulgadas (1) (2). Subidas e descidas, as revelações têm o valor que têm, mas há uma que tem mais valor que todas as outras: o PS não quebra e está na frente em todas. A importância deste dado prende-se, além do mais, com a gestão das expectativas. Quem ousar derrubar o governo sairá a perder, ou seja, mais vale fazer acordos do que acirrar os ânimos buscando uma crise política.