domingo, novembro 6

O gosto é livre, as posses não ...


Paula Rego – Galinhas bebés (série Ovos da Lua), 2005
[gravura e água-tinta, 20 x 21 cm]

Um dia destes esqueci-me dos óculos. Pedi uns emprestados a uma colega. Quase perfeitos na graduação. Mas óculos de mulher. Interessante fenómeno. O seu formato feminino na minha cara não escandalizou ninguém. Ou a minha cara não se deu por achada pelo formato feminino dos óculos.

A minha familiaridade com óculos, aros, hastes, lentes, graduações, dioptrias, miopias, vistas cansadas, bifocais, marcas, formatos e correcções é muito forte. Cresci a ver lidar, no quotidiano, com essa realidade. Um dia, ainda rapaz, atrevi-me a dar uma opinião a uma senhora, bem posta na vida, acerca de uns belos óculos de sol que ela se aprontava a comprar ao balcão por detrás do qual estava o meu pai. Recebi uma resposta seca do género: “meta-se na sua vida!”

E não é que os comprou mesmo. Era uma daquelas peças que, naquele tempo, se vendiam só a gente rica e eu pensava que a gente rica não comprava nada ao balcão. Mandava comprar. Ou que aqueles eram uns óculos apenas de figuração.

Fiquei a saber que não se devem dar conselhos acerca de questões de gosto a ninguém. O gosto é livre, as posses não...

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Que horrível é esquecer os lentes bifocais!!! Eu só tenho um par e cada vez que mudo de bolsa tenho que estar prestando atenção para não esquece-los!