Fotografia do amistad de António José Alegria
Uma imagem, certamente de Marrocos, que me faz lembrar o ambiente da minha infância. Os ladrilhos cor de tijolo à vista do mar azul, os odores do mediterrâneo, os dias quentes, as gentes deambulando na azáfama compassada do quotidiano.
Albert Camus descrevia este ambiente da sua Argélia num texto que sublinhei e anotei na minha primeira leitura dos “Cadernos”:
“Abril.
Uma imagem, certamente de Marrocos, que me faz lembrar o ambiente da minha infância. Os ladrilhos cor de tijolo à vista do mar azul, os odores do mediterrâneo, os dias quentes, as gentes deambulando na azáfama compassada do quotidiano.
Albert Camus descrevia este ambiente da sua Argélia num texto que sublinhei e anotei na minha primeira leitura dos “Cadernos”:
“Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros de conversa à espera que venha a noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento."
(Nesta página escrevi à mão em frente a Abril: “3-1968-Faro-Cais”. O ambiente da Argélia natal de Camus tem algo a ver com o ambiente de Faro, a minha cidade natal. Devia ser o período das Férias de Páscoa. Curiosamente nas vésperas do “Maio de 68”)
Extractos, in Cadernos (1962-Editions Gallimard), tradução de Gina de Freitas, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”, Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
Extractos, in Cadernos (1962-Editions Gallimard), tradução de Gina de Freitas, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”, Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
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