um poema simples
denso e cheio de paz
ficaria leve como uma pena ao vento
que volteia, dá mil pinos sem partir,
e na minha cabeça
criar-se-ia um silêncio raro
e crente na exactidão das coisas.
Tal como os ruídos domésticos
fazem o à-vontade
deixaria então partir esta dor
no temporal direito
que quase me tolhe o braço
e com o espaço por ela deixado
faria na cabeça um barco
enorme e vazio
onde tomando o lugar
do tripulante solitário
rumaria em direcção à rua
do verão da minha infância
de regresso ao mar amado.
28 de Dezembro de 1981
28 de Dezembro de 1981
(Fotografia e poema, peças inéditas, respectivamente de Julho e Dezembro de 1981, em homenagem a minha mulher Guida no dia do seu aniversário.)
1 comentário:
Há palavras que se devem fruir em silêncio- belíssimas.
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