O Noviço e a Abstinência de Preceito
Tenho dificuldade em comer folhas,
mesmo as que eu próprio lavo
com óculos de aumento e rios d´água.
Minha carne quer outra carne,
vermelha entre dourados
de gordura amarela gotejante.
Não me vale saber das excelências do verde,
meu lábio treme à vista de suculências.
Aos rigores da lei
- paulina ou não –
minha fortaleza é a da mostarda.
Um grão.
Na minha recente visita de trabalho a Porto
Alegre entrei na tal livraria e encontrei, além do último livro de Ferreira
Gullar, também o último de Adéla Prado: A Duração do Dia. O poema acima
transcrito ostenta este título extraordinário: O Noviço e a Abstinência de
Preceito.
[Como eu gosto de Adélia Prado desde o dia em que conheci a sua poesia. Este é um post de outubro de 2010 em que se associa um poema de um livro que comprei no Brasil e um filminho no qual se pode ver a mulher e ouvir a sua voz, ao mesmo tempo, firme e doce.]
Sem comentários:
Enviar um comentário