sábado, janeiro 14

RESPIRAR FUNDO


- O ar não me falta mais.
- Deve ser porque finalmente você aprendeu a respirar.
- Aprender a respirar?
- Sim. Sabe aquela sua respiração ofegante, ansiosa?
- Era reação. Quando o ar faltava, eu o buscava de todas as formas.
- Mas você precisa controlar os impulsos.
- ... - E ver que o melhor é parar, se concentrar e respirar fundo.

((quando o ar faltar, pare e respire fundo))
Bjitu`z da LuLu

(Parece um blogue simplesmente cor de rosa, mas tem qualquer coisa muito especial. A jovialidade? Os diálogos? A aparente futilidade? O enlace das fotografias com os textos? O Brasil é um mundo repleto de surpresas!)

ZECA AFONSO

Photo © AJA

Traz Outro Amigo Também - Música © José Afonso

TALENTO

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

«Id (Wilde). Il n´y a pas un talent de vivre et un autre de créer. Le même suffit aux deux. Et l´on peut être sûr que le talent qui n´a pu produire qu´une œuvre artificielle ne pouvait soutenir q´une vie frivole.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

sexta-feira, janeiro 13

MEMÓRIAS

Posted by Picasa Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz

Medalha evocativa da inauguração da “Casa Jorge de Sena”, nova sede do INATEL na cidade do Porto, da autoria de José Rodrigues. Nessa sede está depositado o espólio fotográfico de Óscar Coelho da Silva respeitante às actividades da FNAT, instituição que antecedeu o INATEL.

Óscar Coelho da Silva fez uma cobertura fotográfica quase exaustiva, durante um longo período, dos principais eventos da FNAT.

Esse vasto espólio foi comprado ao autor por iniciativa da Direcção do INATEL a que presidi. Ressalvando as vicissitudes pelas quais passam os projectos ousados respeitantes às memórias, em particular, quando herdadas de uma instituição pública que, transfigurando-se, sobreviveu ao Estado Novo (a única?) cumpre preservar o seu património.

Espero que o espólio fotográfico do INATEL e, em particular, a colecção de Óscar Coelho da Silva esteja a ser devidamente cuidada. As notícias não são, no entanto, tranquilizadoras. Espero estar enganado!

CAVACO


Posted by Picasa Uma imagem vale mais que mil palavras

quinta-feira, janeiro 12

"EXPRESSO"

Posted by Picasa Soares retratado na primeira página do “Expresso”.

Desta vez a campanha de Cavaco não precisa de pagar cartazes ostentando propaganda negativa do seu principal adversário. Outros se encarregam de o fazer. As campanhas negativas podem resultar a curto prazo. O pior vai ser depois …

Espero para ver na primeira página, da edição do próximo sábado do “Expresso”, o retrato de Cavaco quando confrontado, por um jornalista, acerca do teor da entrevista de Santana Lopes. Cavaco exibiu – face ao imprevisto – a expressão exterior do seu verdadeiro interior: o pânico da crítica, o pavor ao debate, a morte da política.

Paradoxal, além do mais, uma campanha oficial sem um único debate entre candidatos sendo que um dos cinco – Garcia Pereira – foi afastado dos debates da pré campanha. Uma democracia amputada!

UMA LINHA

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

uma linha só uma linha
é a linha idealizada para ser
lida na fúria da pressa uma linha
só uma linha é o ideal sem mais nada
uma linha desde que seja só minha exacta
precisa na linha das minhas linhas uma linha só
uma linha é uma casa de uma assoalhada uma linha
só uma linha serve para respirar a vida escrever uma linha
seja curva ou recta é o corpo que se adivinha a linha que me resta

Lisboa, 5 de Janeiro de 2006

EM CONSTRUÇÃO

Posted by Picasa Foto daqui

(…)
E há um grande coração em construção


Ruy Belo

HACELDAMA
O Problema da Habitação

Liberdade

Posted by Picasa Delegação do Porto do INATEL (*) – Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz

“Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam.”
Jorge de Sena

Que nada nos falte na grande festa
de celebrar a liberdade reconquistada
pois corre desvairada uma febre lesta
pura e louca de desembainhar a espada.

In “Ir pela sua mão” – Editora Ausência
Maio de 2003

(*) Inaugurada a 13 de Julho de 2001 em substituição das instalações degradadas em que esteve instalada, sem interrupção, desde os anos 40. O INATEL do Porto merecia, 60 anos depois, como instituição que prestou relevantes serviços públicos ao país e à cidade, uma sede moderna e funcional. Convém, no entanto, assegurar que se não destrua a obra, a fidelidade à função que desempenha e o espírito que presidiu à ideia de a denominar “Casa Jorge de Sena”.

terça-feira, janeiro 10

TEATROS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Há coisas de que não falo porque não sei, outras porque não posso, outras porque não quero. Sempre sobram algumas coisas para dizer nos intervalos.

Há certas coisas que apetecem o silêncio. No caso que o JPN aborda não sei, não posso e não quero. Faz o pleno.

HACELDAMA

Posted by Picasa "Ogni giorno una poesia". Roberto Fantini. In ARUKUTIPA

Talvez eu espere simplesmente um amigo que de longe venha
capaz de perseguir uma criança pelas ruas à infância reservadas
alheio e silencioso e tão distante como alguma ideia
(…)

Ruy Belo

HACELDAMA
O Problema da Habitação

OBEDIENCE

Posted by Picasa Paula Rego - Obedience, 2000

Uma obra que me aflorou ao espírito a propósito do início da campanha eleitoral para as presidenciais. Aquela imagem de “manequim” que acompanha o cartaz com a frase “Portugal Maior”, recuperada da propaganda do “Estado Novo”, fica para depois.

segunda-feira, janeiro 9

AS SUAS MÃOS

Posted by Picasa Fotografia António José Alegria, do Amistad

As suas mãos sobre o seu peito
eram as mesmas mãos fraternas
que me acariciavam a face revolta

Eram umas mãos impensáveis
lindas de morrer, libertadoras
de tão gentis, generosas e boas

Tais mãos naquele dia que as vi
depositadas sobre o seu peito
eram as minhas mãos sem mim

As suas mãos frias e ausentes
deixaram de ser as minhas mãos
no dia em que sua vida se perdeu

In “Ir pela sua mão” – Editora Ausência
Maio de 2003

(No dia do aniversário da morte de meu pai)

EM CAMPANHA, 1945


Churchill faz o seu discurso final da campanha eleitoral de 1945 num estádio no leste de Londres. O primeiro-ministro, no entanto, perdeu essas eleições para a oposição trabalhista, voltando a liderar o país apenas em 1951.
[Tinha saído vitorioso, em 1945, da heróica resistência da Inglaterra que permitiu às forças aliadas derrotarem o nazi/fascismo].

Terres de femmes

Posted by Picasa Disque Barclay 5291162

Au lendemain d’une tournée triomphale de six mois et deux jours après la fameuse table ronde (6 janvier 1969) entre les trois grands de la chanson française (Léo Ferré, Jacques Brel et Georges Brassens), Léo Ferré embrase les planches de Bobino, à Paris, avec trois chansons rouge révolte et sexe de feu: « Ni Dieu ni maître », « C’est Extra » (le tube de l'année 69) et, en apothéose finale, « Les Anarchistes », un petit chef-d’œuvre enfoui derrière les fagots depuis 1967. Les drapeaux noirs flottent dans la salle. Léo Ferré poursuivra son récital jusqu’au 3 février. [Vi em Lisboa, mais tarde, arrepiante!]

Ci-après, Léo Ferré chante « Les anarchistes » en italien (Gli anarchici)[Source] [Format Windows Media Player]

domingo, janeiro 8

RUPTURA

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

«Votre morale n´est pas la mienne. Votre conscience n´est plus la mienne.» (*)

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

(*) Esta afirmação refere-se, certamente, às divergências com Sartre nas vésperas da ruptura final.

SHARON - DE NOVO

Posted by Picasa W.Horvath: "Spiral of Violence I: Ariel Sharon". Oil on canvas, 50 x 70 cm.

Nunca fui entusiasta das políticas de direita nem dos seus mentores ou executantes. Antes pelo contrário. Não sou, nem nunca fui, sequer um admirador de Sharon.

Mas em todas os tempos houve equívocos na apreciação da acção dos homens. Podemos admirar um homem e detestar a sua política? O tempo permite esquecer e, ao mesmo tempo, matar a paixão que ilude a realidade. Nada de novo.

Sharon é o caso de um homem político nascido na acção, no contexto da crise do Médio Oriente, que na peugada de outros, que o antecederam, tentou encontrar um caminho que está enunciado, no essencial, desde há muito tempo.
Leia-se o que escreveu, nas suas Memórias, Winston Churchill, nos finais dos anos 50:

“A violência contagiosa, ligada ao nascimento do Estado de Israel, vem desde então (1948) agravando as dificuldades do Oriente Médio. Vejo com admiração o trabalho feito ali para construir uma nação, para reconquistar o deserto e para receber inúmeros desafortunados, provenientes das comunidades judaicas do mundo inteiro. Mas as perspectivas são sombrias.

A situação das centenas de milhares de árabes expulsos de suas casas, sobrevivendo precariamente na terra-de-ninguém, criada em torno das fronteiras de Israel, é cruel e perigosa. As fronteiras de Israel estremecem em meio a assassinatos e ataques armados, e os países árabes professam uma hostilidade irreconciliável em relação ao novo estado. Os líderes árabes de maior visão não conseguem enunciar conselhos de moderação sem serem silenciados aos gritos e ameaçados de assassinato. É um panorama tenebroso e ameaçador de violência e loucura ilimitadas.

Uma coisa é certa. A honra e a sensatez exigem que o Estado de Israel seja preservado e que essa raça corajosa, dinâmica e complexa possa viver em paz com seus vizinhos. Eles podem levar àquela área uma contribuição inestimável em conhecimentos científicos, industriosidade e produtividade. Devem receber uma oportunidade de fazê-lo, pelo bem de todo o Oriente Médio.” (*)

O depoimento de Churchill – um conservador - não podia ser mais actual e permite entender a evolução das posições políticas de Sharon – da direita radical para o centro moderado – e, como consequência, o processo de criação de um novo partido em Israel que congrega forças oriundas desde a esquerda à direita moderada.

O caso de Sharon ilustra, na perfeição, aquelas situações em que se aplica o princípio em que a força da realidade se impõe à realidade da força. Sharon vai, certamente, sair de cena mas uma solução duradoira para a crise do Médio Oriente não dispensará o seu legado político.

(*) Winston Churchill – (Fevereiro de 1957) In “Memórias da Segunda Guerra Mundial” - Edição brasileira da "Editora Nova Fronteira"

quinta-feira, janeiro 5

Três Boas Razões Para o Meu Voto em Mário Soares

Posted by Picasa Mário Soares por Leonel Moura

A política da direita, nestas presidenciais, é a encenação de um baile de gala pelo resgate da grandeza da Pátria, no qual a candidatura de Cavaco encobre o desejo de vingança dos partidos derrotados nas legislativas, de Fevereiro passado, cujas vozes foram arredadas, à força, da liça presidencial.

Ler na íntegra no “Semanário Económico” ou no IR AO FUNDO E VOLTAR

SHARON

Posted by Picasa Lembro-me das conversas com o meu filho acerca do seu radical desprezo por Sharon. A certo ponto do processo de paz do médio oriente, com a retirada dos colonatos, esse radicalismo ficou numa encruzilhada.

E como os jovens bem informados, despossuídos de preconceitos, são mais ágeis a mudar de opinião, foi ele o primeiro a reconhecer que, afinal, Sharon estaria no caminho certo para o futuro, apesar do seu passado.

Sharon caiu doente e, devo confessar, fiquei triste, apreensivo e revoltado com aqueles que são capazes de desejar a morte do opositor. Mas já devia saber que, mesmo nas culturas ditas civilizadas, é essa uma das leis da política.

(Ver no Glória Fácil: A Maldição)

VOAR


“Quem quer aprender a voar, precisa primeiro aprender a ficar de pé e a andar e a subir e dançar: a arte de voar não se aprende voando!Aquele que ensinar os homens a voar afastará todos os limites, batizará a terra de novo como A Leve.Quem quer se tornar leve e se transformar em pássaro deve se amar.”

O INEVITÁVEL

Posted by Picasa Não sou adepto muito fiel da celebração de efemérides. Cada um de nós as celebra à sua maneira quando não nos esquecemos delas. Não foi o caso do aniversário da morte de Albert Camus no dia 4 de Janeiro de 1960. O post anterior, Bordel, não faz menção à data mas tinha-a presente.

Poucos blogues deram pela efeméride. A Natureza do Mal foi uma honrosa excepção dando a conhecer um texto de Sartre que, nas suas entrelinhas, não esconde o afastamento entre ambos. Camus tinha-se, de forma irremediável, afastado de Sartre a partir de 1952.

Cito a descrição de um episódio chave desse afastamento, segundo Daniel Rondeau, em “Camus ou les promesses de la vie”:

“En novembre de la même année, (1946) “Ni victimes ni bourreaux” paraît à la une de Combat. La rupture avec le communisme, au moment où les informations sur les camps soviétiques se font plus précises (Sartre, alerté par Roger Stéphane, prépare un numéro des Temps modernes sur ce sujet tragique), est consommée. Camus et Sartre vont se réconcilier avant s´affronter à nouveau sur la même question en 1952, et de rompre définitivement.”

quarta-feira, janeiro 4

BORDEL

Posted by Picasa Bordel- Di Cavalcanti (Mestres do Modernismo)

“Le journalisme, selon Tolstoï: un bordel intellectuel.”

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard