Lembro-me das conversas com o meu filho acerca do seu radical desprezo por Sharon. A certo ponto do processo de paz do médio oriente, com a retirada dos colonatos, esse radicalismo ficou numa encruzilhada.E como os jovens bem informados, despossuídos de preconceitos, são mais ágeis a mudar de opinião, foi ele o primeiro a reconhecer que, afinal, Sharon estaria no caminho certo para o futuro, apesar do seu passado.
Sharon caiu doente e, devo confessar, fiquei triste, apreensivo e revoltado com aqueles que são capazes de desejar a morte do opositor. Mas já devia saber que, mesmo nas culturas ditas civilizadas, é essa uma das leis da política.
(Ver no Glória Fácil: A Maldição)
4 comentários:
Tinhas dito qualquer coisa sobre a bela idade de Sharon, ainda a tempo de fundar um partido e concorrer a chefe de executivo, a propósito da idade de um dos candidatos a PR de Portugal, não tinhas? E onde anda agora esse argumento? Claro, eu ainda posso morrer antes de Mário Soares, mas estava à espera de ver a evolução do teu argumento. Só por puro prazer intelectual, claro.
Um abraço do Turing Machine
A questão da idade cronológica, no caso de Mário Soares, parece-me já ter passado para segundo plano. Todos já entenderam que não é a idade do Dr. Maário Soares que vai decidir estas eleições. Mas voltarei ao tema, mais tarde, a propósito de Sharon, pois não quero enterrar as pessoas antes delas morrerem ...
A questão que há neste momento com Sharon é política: todo um sector político em Israel estava pendente de um único homem e agora, quer ele esteja enterrado quer não, está "pendurado". Esse é o problema de todos os sistemas, regimes, políticas ou grupos que estão dependentes de um "salvador", em vez de se organizarem civilizadamente para que o todo, o conjunto, o movimento, gere as soluções. A debilidade dessa forma de populismo, em Israel como em Portugal, é que pode ter um azar. Mário Soares tem uma racionalidade política do mais alto gabarito, mas, como em tudo, a razão, sob pena de se perder, não pode afastar-se muito do bom senso. O PS e Soares não viram isso. E tu, meu caro Eduardo, também insistes em "atirar para canto" tudo o que não acolha de braços abertos o teu entusiasmo.
PS
Quanto a Sharon, ainda hoje, espero editar um post elucidativo de como a situação do Médio Oriente - com Israel lá dentro - não se alterou, na sua substância, desde o final dos anos 40. O que me interessa em Sharon é sempre o que me interessa, no essencial, na política - o papel dos homens e, em particular, dos líderes, mais do que dos programas. Quanto a Mário Soares idem aspas com a diferença de que no caso de Soares pode estar a acontecer a prova prática de uma escolha política errada por parte do PS. Veremos. O meu entusiasmo não é mais do que uma convicção em movimento.Faz parte de uma concepção optimista da vida cada vez mais temperada pelas suas ciladas. Não deveria ser assim? Talvel, mas a natureza ...
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