sábado, julho 1

DEUS NOS AJUDE!

Posted by Picasa Até agora, no Mundial, tudo corre conforme manda o “sistema”. Já passaram a Alemanha e a Itália. Agora só faltam a Inglaterra e o Brasil. Aviso, desde já, que hoje o post da bola não surgirá logo após o apito final do Portugal-Inglaterra. Não porque a alegria da vitória me tenha embotado os sentidos ou a amargura da derrota me tenha atirado para a mais funda desesperação.

Vou ver o jogo fora tomado de um súbito ataque de crença primária. É que assim o vejo com os mesmos que suaram sangue assistindo ao Portugal-Holanda. Em equipa que vence não se mexe.

Dirão os mais sofisticados blogueiros que nada justifica não publicar um post na hora pois as tecnologias existem para nos servir e não para que se sirvam de nós. Mas não vou reagir guardando um prudente período de nojo entre o fim da função e o exercício da punção. Não é por nada. Não me apetece versar o tema a quente.

E tomei nota da saída de Freitas na véspera da disputa com os bretões e também das pré-claras declarações de Figo: "Se pensamos no título? O nosso principal objectivo é ganhar o próximo jogo, pois não podemos pensar em ser campeões se não conseguirmos bater a Inglaterra.”

UM TRIO DE CARA LISA

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)


Da esquerda para a direita: João Grade, Luís Cruz e Silva e António Pidwell Tavares

Prosseguindo a digressão por esta surpreendente reportagem fotográfica do jantar de extinção do MES (Movimento de Esquerda Socialista), realizado em 7 de Novembro de 1981, eis um trio de cara lisa. Sublinho o encontro das mãos, a transparência dos olhares, a jovialidade, a alegria e o desprendimento que irradiavam nos rostos captados pela câmara do António Pais.

O fim assumido de uma experiência política partidária, com aspectos gratificantes e dolorosos, cumpria uma liturgia na qual a festa se sobrepunha ao luto. Como se cada um de nós estivesse a celebrar o último encontro anunciando uma separação física irreversível e, ao mesmo tempo, o sagrado da reconciliação com o espírito de rebeldia que presidiu à fundação do movimento ao qual quisemos pôr fim.

O João, o Luís e o António, um trio de cara lisa, sorriem. O João e o Luís continuam, certamente, a sorrir. O António morreu jovem tal como jovem tinha morrido, antes, o seu irmão Alberto que é, se não sabiam ficam a saber, o consagrado poeta Al Berto.

sexta-feira, junho 30

CADERNOS DE CAMUS

Posted by Picasa Capa do “Carnets – III”, o último dos volumes, nunca publicado em edição portuguesa

Passaram dois anos e meio quando decidi, nos primórdios do absorto, encetar uma participação num projecto muito apetecível do José Pacheco Pereira, através de um blogue, aberto à participação dos interessados na obra de Albert Camus, que haveria de ser interrompido pouco tempo depois.
Era uma oportunidade para recolher os meus sublinhados da primeira leitura dos “Carnets”, de Albert Camus, que é “o livro da minha vida”. Nunca mais esqueci muitos pensamentos, citações e citações de citações de Camus descrevendo os ambientes, os cheiros, as luminosidades, as vozes, as reflexões e perplexidades de um homem confrontado com as contradições do seu tempo.

Pode ler aqui o primeiro de um conjunto de longos posts que elaborei, em Janeiro de 2004, para o blogue Cadernos de Camus.

quinta-feira, junho 29

... e à volta um rosto paciente e sereníssimo ...

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

(…)
das coisas transmitidas de uma geração pra outra geração
quando a estratégia do prazer era tão minuciosa e forte
que com a astúcia habitual da morte conspirava
mas sempre era possível a surpresa do prazer
independentemente da cíclica multiplicação das represálias
como narrar à noite a última aventura desse dia
ou apenas falar de uns olhos onde havia a água da doçura
e à volta um rosto paciente e sereníssimo
(…)
Ruy Belo

A Margem da Alegria [8]

CHICO BUARQUE

quarta-feira, junho 28

"VIVER POR CIMA"

Posted by Picasa Albert Camus

“A qualquer hora do dia, em mim próprio e entre os outros, eu subia às alturas, acendia aí fogueiras bem visíveis e alegres saudações subiam até mim. Era assim que eu tomava gosto à vida e à minha própria excelência.
A minha profissão satisfazia, felizmente, esta vocação das alturas. Ela livrava-me de toda a amargura em relação ao próximo, que eu sempre obsequiava, sem nunca lhe dever nada. Colocava-me acima do juiz, que, por minha vez, eu julgava, acima do réu que eu forçava ao reconhecimento. Pondere bem nisto, meu caro senhor: eu vivia impunemente. Nenhum julgamento me dizia respeito, não me encontrava no palco do tribunal, mas em qualquer outra parte, nos urdimentos, como esses deuses que, de tempos a tempos, são descidos por meio de um maquinismo, para transfigurar a acção e dar-lhe o seu sentido. No fim de contas, viver por cima é ainda a única maneira de ser visto e saudado pela maioria.”

Albert Camus“A Queda” (Sublinhados de Ana Alves)

In “Cadernos de Camus”

ZIDANE E O "SISTEMA"

Posted by Picasa O que me levou, na verdade, a escrever este post foi Zidane e a campanha em curso para intimidar Portugal. Estava assumido, ao menos, pelos “nuestros hermanos”, que os “velhinhos” franceses seriam esmagados pela fúria da juventude espanhola. Afinal a sabedoria ganhou à fúria. Que beleza observar a arte de Zidane como se entre ele, a bola e o espaço circundante se desvanecessem as fronteiras e os opositores. Assim acontecem os milagres que podem derrubar todos os “sistemas”.

Após a eliminação da sobranceira Espanha, o estado da arte, imaginando a sujeira dos bastidores [vide algumas arbitragens vergonhosas, a entrevista falsa com Pauleta na imprensa inglesa, as declarações de Parreira ...], é o seguinte:

Das oito selecções sobreviventes, apuradas para os quartos de final, constam duas “out-siders”: Portugal e Ucrânia. Um pequeno país, com uma selecção de grandes jogadores emigrantes, dirigida por um seleccionador brasileiro, e um grande país de emigrantes, rival da Rússia, com um seleccionador que foi um grande jogador da antiga União Soviética. A lógica apontava para que fossem apuradas a Holanda e a Suíça. Mas, no primeiro caso, o árbitro russo Ivanov não foi capaz de eliminar Portugal e, no segundo, os Suíços não foram capazes de eliminar a Ucrânia.

Se o “sistema” funcionar serão apurados para as meias-finais: Brasil, Alemanha, Inglaterra e Itália, a partir dos jogos dos quartos de final cujo calendário é o seguinte: Portugal-Inglaterra; Brasil-França; Argentina-Alemanha e Itália-Ucrânia. O aparelhamento dos quartos de final não permitiu atingir a perfeição pois tem uma disfunção perceptível aos leigos: o Argentina-Alemanha.

Mas imaginem que o “sistema” entra em falência parcial e se apuram: Portugal, França, Argentina e Ucrânia. Teríamos nas meias-finais Portugal-França e Argentina-Ucrânia. Bonito! E imaginem uma final: Portugal-Ucrânia? O “sistema” ficava de pantanas!

Mas não vai ser assim e aposto que a final oporá o Brasil (campeão do mundo em título) e a Alemanha (selecção da casa). Desta forma o mundo continuará a acreditar na justiça praticada entre os homens de boa vontade.

UM TRIO DE BARBA RIJA

(Clique na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: António Silva, Diomar Santos e António Marques.

A reportagem do jantar de extinção do MES, a 7 de Novembro de 1981, um facto longínquo mas original, ainda tem mais algumas fotografias interessantes. Este é um trio de barba rija, típico da época.

Os personagens fotografados estão activos e desempenham papéis interessantes na nossa sociedade. Bem hajam. Não sei se alguma daquelas barbas resistiu à passagem do tempo como é o caso da minha própria.

Um dia, como já contei uma vez, resolvi “dar o salto” escapando ao que julgava uma prisão iminente. Estávamos, está bem de ver, no tempo da ditadura. Isso mesmo: a ditadura. Mas o plano falhou e fui obrigado, após ter cortado a barba, a regressar à base.

Verifiquei ao vivo um fenómeno extraordinário: ninguém me reconheceu. Só fui denunciado quando na Esplanada da Estrela, o meu poiso habitual, pedi a “bica” ao empregado do costume. O homem olhou para mim como se estivesse a ver um fantasma. Afinal a voz era o sinal mais forte da minha identificação. A barba, não!

terça-feira, junho 27

MORALE

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

«Morale. Ne pas prendre ce que l´on ne désire pas (difficile)*.
J´ai toujours espéré devenir meilleur. J´ai toujours décidé de faire ce qu´il fallait pour cela. Si je l´ai fait c´est une outre question.»

* Cf. La Chute : « … on se trouve un jour dans la situation de prendre sans désirer.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

"Percebe"

Posted by Picasa Fotografia de M. G.

“Percebe” “crustáceo da ordem dos cirrípedes que vive agarrado às rochas e corpos submersos por um comprido pedúnculo comestível …” Dicionário – Academia das Ciências de Lisboa”.

Na imagem, recebida hoje, vislumbra-se um V de vitória, desenhado pelo “percebe”, no fundo de um ambiente de claridade, nas Azenhas do Mar.

Obrigado M. G./ Portugal e Itália / Itália e Portugal/ pode ser que o “pedúnculo” resista até ao fim …

... das coisas transmitidas de uma geração pra outra geração ...

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

e variegados tons ostentam os seus rostos
sob os ramos mais derramados dos chorões
mas prontas a romper em pranto ao simples canto
de uma ave talvez oculta numa umbrosa laranjeira de dezembro
quando flores inominadas de repente começavam a dilacerar-se
na íntima penumbra dos palácios populosos
e doentes doridos indefesos ante os dados dos sentidos
tinham toda a sensibilidade de quem tem a curto prazo a duração ameaçada
e sabiam que a tinham talvez devido às palavras cegas
de algum profeta industriado na indústria de viver
com os pés postos em arroz selvagem e a cabeça vizinha de sinceiros
quando algumas pessoas decidiam sacudir a solidão
e vagabundear por corações alheios sugando-lhes o sangue
embora nos antigos sacrifícios nunca ninguém bebesse o sangue
das vítimas não tivesse também de lhes beber as almas
quando nas casas a confiança da infância ainda não esmorecera
e havia gente interessada no ressurgimento da cartilha da emoção
e já se pressentia a delicada dinastia
das coisas transmitidas de uma geração pra outra geração
(…)

Ruy Belo

A Margem da Alegria [7]

domingo, junho 25

GANHAR, AINDA OUTRA VEZ

Posted by Picasa Fotografia daqui

Este Portugal-Holanda, para o mundial, foi mais do que um jogo de futebol. A selecção portuguesa, mesmo para os que não prezam o futebol, mostrou a faceta vencedora de um país que se relaciona mal com o sucesso.

Espírito de equipa, saber assumir os riscos, coragem, capacidade de sofrer e vontade de vencer. Além da qualidade dos verdadeiros protagonistas de qualquer jogo: os jogadores. Muitos portugueses ainda não entenderam quanto vale esta imagem para a promoção de Portugal no mundo.

Os críticos de Scolari, o “Sargentão”, já perderam seja qual for o resultado do próximo jogo. É que não serve de nada espalhar o perfume de uma arte de mágicos e, no fim, chorar a derrota. Mais vale empunhar as armas que as regras do jogo colocam à nossa disposição e, enfrentando as adversidades, ganhar.

No próximo sábado, depois do Portugal-Inglaterra, volto ao tema.

VIDA E OBRAS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Hesita a mão, a voz, o pensamento;
Vacila o querer, o próprio desejar
Nem sequer exprime o lamento
De às cegas algo procurar.
Se preciso paz, desejo guerra;
Dão-me batalha, tréguas peço;
Vendo certo que meu pensar erra
Calculo em zero o erro que meço.
Que vejo em volta sempre julgo estranho,
Admiro muito, e maravilhado,
Mas avassala-me o enorme tamanho
Da podridão do mundo afogado
Em busca de terrena vã fortuna:
Ri-se de mim a vida inoportuna.

Até agora o que fiz
Em tempos mais descuidados?
Livrinhos que por um triz
Não ficaram embrulhados
Na papelada que jaz
Pela casa baralhada
Onde só descansa em paz
Essa mesma papelada.

Mais mil linhas de escrituras
Que valem mais do que nada:
O que sobra às criaturas
Depois de bem depenada
A invenção que tiveram,
Quando meiada par´cer
Vida que de ter houverem
Conta bem pouco avondada.
Dos trigais orlados de olivedo
Aos imbondeiros para além do mar,
Do jardim das donas e seu lago ledo,
Ao charco dos jacarés a atravessar
Da Estrela às serras onde nasce o Nilo
Arderam meus pés na força da sazão.

O que havia de fazer eu fi-lo
Certo no rumo, incerto na razão
Das rotas que a sorte me indicava:
Debuxo dos Fados bem traçado
Faltava-lhe a linha que o terminava
Quando o portulano me foi dado.
……............................................

José Blanc de Portugal

In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda



sábado, junho 24

XANANA GUSMÃO

Posted by Picasa Xanana Gusmão

Discurso de Xanana Gusmão ao Povo Amado e Sofredor e aos Líderes e Membros da FRETILIN

Discurso de Xanana Gusmão aos timorenses no dia 22 de Junho de 2006. Um discurso histórico, explosivo e decisivo para a compreensão do que se está a passar em Timor e que aqui publicamos na integra. Na ausência de uma tradução oficial, o PÚBLICO recorreu a uma tradução do escritor e professor de tétum Luís Cardoso a quem agradece. (Foto António Dasiparu/EPA)

Seja qual for o curso dos acontecimentos em Timor, Xanana Gusmão, como Presidente da República e como herói da luta de resistência que conduziu à criação do estado independente de Timor, será sempre a referência determinante no processo político timorense.

Além do mais, como este discurso revela, estamos na presença de um líder natural que incorpora, na sua acção e no seu discurso, o que há de mais profundo na identidade cultural do seu povo.

sexta-feira, junho 23

CAMUS E OS MANDARINS

«12 décembre
Un journal me tombe dans les mains. La comédie parisienne que j´avait oubliée. La farce Goncourt. Aux Mandarins* cette fois. Il paraît que j´en suis le héros. En fait l´auteur pris en situation (directeur d´un journal issu de la résistance) et tout le reste est faux, les pensées, les sentiments et les actes. Mieux : les actes douteux de la vie de Sartre me sont généreusement collés sur le dos. Ordure à part ça. Mais pas volontaire, comme on respire en quelque sorte.
État meilleur. Journée grise. Il pleut sur Rome dont les coupoles bien lavées brillent faiblement. Déjeuner chez F. G. Soir, seul, fièvre passée.»


* Le roman de Simone de Beauvoir.

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard


(Curiosidade rara deste excerto : as relações com Sartre e o grupo dos «Temps Modernes» tinha atingido a ruptura e Camus demonstra, face à atribuição do prémio Goncourt aos « Mandarins », de forma explícita e violenta, os seus sentimentos face aquele grupo a partir de uma obra na qual ele próprio se sente retratado.)

CHOQUE FRONTAL

Posted by Picasa GM informou trabalhadores da Azambuja que irá encerrar a fábrica em Outubro

O que a GM merecia era que o povo português, a partir do dia do encerramento da fábrica da Azambuja, boicotasse os seus produtos.

Uma campanha com um slogan mais ou menos assim: “NEM MAIS UM OPEL NAS ESTRADAS DE PORTUGAL”.

quinta-feira, junho 22

ORDENS E ORÁCULO

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Disse a ave esconjurada:
Vai tu aos confins da Lunda
Não metas pedras na funda
Nem carregues a lingada
Vê a bela desterrada
Incendeia a cidadela
Não olhes p´ra ele nem ela
Depois da praça esturrada.

Foge que o mal não é teu
O que fizeste te escapa
Põe-no debaixo da lapa
O que lá vai já ardeu.
Tens para ti o futuro
Deixa-os lá que eles não acabam
Quando as paredes desabam
Fique apenas o teu muro.

O que a ave disse fiz.
Só não disse o que não quis.

13.12.56

José Blanc de Portugal
In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

MULHERES

Posted by Picasa Livros sobre a igualdade e direitos das mulheres

Cidadania, Género e Educação: (in)visibilidades e (des)igualdades

No dia 22 de Junho de 2006, pelas 15.00 horas, a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular promove, no "Espaço Noesis", Av. 24 de Julho, 140 - C, a Sessão Cidadania, Género e Educação: (in)visibilidades e (des)igualdades, com a presença do Director-Geral da DGIDC e a Presidente da CIDM.

sem título XXXII

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Passar o tempo ver passar o passado no presente
Sonhar com as longínquas memórias nas doridas
Noites anoitecidas a ver passar o tempo sedento
De nos devorar o corpo ainda quente dos afagos
Esquecidos de mãos que vagamente escorregam
Pelo esquecimento como todas as mãos milhões
De sinais passaram e deles já todos esqueceram
Os ensinamentos, o toque, a música, o desespero
Passar o tempo deixar em herança esquecimento
Sabendo que mais nada restará senão só o tempo

18 de Junho de 2006

quarta-feira, junho 21

GANHAR, OUTRA VEZ!

Posted by Picasa Foto©Reuters

Pois é! Ganhamos. É difícil habituarmo-nos a ganhar! Desde o muito bom ao suficiente houve de tudo. Jogamos quanto baste. Terminamos o jogo com 7 ou 8 suplentes a gerir o tempo. O México é a 4ª selecção no ranking mundial.

Dois pormenores que não me passaram despercebidos: depois de uma defesa apertada de Ricardo, Caneira caído sobre ele, abraça-o e beija-lhe a face. Miguel é substituído por Paulo Ferreira e este, ao entrar, beija-o na face. O mesmo gesto entre Figo e Boa Morte! Duas mensagens, subtis e espontâneas, a primeira de solidariedade a segunda de anti-racismo.

Os críticos vão ter de esperar até domingo para desancar Scolari. Se ganharmos vão penar mais uns anos!

terça-feira, junho 20

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - GALVÃO TELES E CÉSAR DE OLIVEIRA

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

José Manuel Galvão Teles e César de Oliveira

Nesta fotografia o César canta (ou discursa?) sob a benévola aquiescência do José Manuel. Dois pesos pesados do MES originário que haveriam de sair dele em momentos diferentes. Galvão Teles logo na primeira leva, aquando do I Congresso, em Dezembro de 1974, com o chamado grupo de Jorge Sampaio, para constituir o GIS (Grupo de Intervenção Socialista) e César de Oliveira, posteriormente, para aderir ao MSU (Movimento de Unidade Socialista), à “Fraternidade Operária” e, finalmente, à UEDS, de Lopes Cardoso. Todos, por fim, acabariam por aderir ao PS.

O César de Oliveira era uma figura peculiar por associar um perfil de académico, com obra de mérito reconhecido, ao de “homem do povo”. Lembro-me das suas fúrias tremendas no seio de debates acalorados, batendo com a porta e saindo da sala para, logo de seguida, voltar a entrar. Da sua áurea de “historiador do movimento operário” e o que essa condição representava para os nossos sonhos de jovens aprendizes de revolucionários numa época em que pensávamos ser possível transformar o mundo.

Curiosamente ainda não há muito tempo veio a descobrir-se, através de uma convocatória do Tribunal Constitucional, que o MES, afinal, não tinha sido formalmente extinto. Foi um momento de perplexidade, em particular, para o Nuno Teotónio Pereira que, como primeiro subscritor do processo da constituição do partido, recebeu a dita convocatória.

Deve ter sido o José Manuel Galvão Teles a desembrulhar o imbróglio no qual não estivemos sozinhos pois, ao que parece, o Nuno se encontrou no Tribunal com Magalhães Mota que andava ao mesmo mas pela parte da ASDI (Associação Social Democrata Independente – é assim?).

Ainda houve, no meio deste episódio pitoresco quem se tivesse enxofrado argumentando que o Nuno não tinha nada de “dar baixa” do partido sem antes convocar uma assembleia-geral ou assembleia com poderes para o acto. “Dar cabo” de um Partido dá mais trabalho do que parece!

... e variegados tons ostentam em seus rostos ...

(…)
sem servir de pretexto às mais sentidas manifestações de pesar
quando continuemos já nas casas fabricavam os primeiros licores de frutas
e as jovens concubinas eram simples e sensíveis insolentes mesmo
fiéis a uma moral própria nunca normativa
mas nascida dos actos ou então de decisões a longo prazo
quando em salões aveludados se teciam considerações sobre temas vários
como o da alma o da diversidade e quantidade das flores existentes
enquanto pelas bermas secas se formavam miosótis com um mínimo de cor
e a cúpula das áleas lembraria um dossel de folhas encarnadas
em castelos talvez de paredes ou muros devorados pela hera
onde os cães de indefinidos olhos circundavam e sugavam as pessoas
com uns gestos domésticos não descritos nas palavras dos profetas
invariavelmente loquazes sempre que alguém falava de leões
onde as donzelas ingressavam em silêncios tão cingidos como certas árvores
nalguns finais de tardes com o sol envolto já em nuvens
sobre a terra indecisa agressiva porém nos seus perfumes penetrantes
à hora em que magníficas mulheres como a de sacher-masoch põem pentes nos cabelos
e variegados tons ostentam os seus rostos
(…)
Ruy Belo

A Margem da Alegria [6]

segunda-feira, junho 19

"... ser julgado sem lei."

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

"Aquele que adere a uma lei não teme o julgamento que o reinstala numa ordem em que crê. Mas o maior dos tormentos humanos é ser julgado sem lei. Nós vivemos, porém, neste tormento."

Albert CamusA Queda (Sublinhados de Ana Alves)

In CADERNOS DE CAMUS

domingo, junho 18

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - INÊS E JOSÉ CARLOS

(Clique na fotografia para ampliar)

Inês Cordovil e José Carlos Albino

Uma conversa amena entre duas pessoas dialogantes, amigas do seu amigo. Rostos serenos que não perderam nunca as suas expressões de afabilidade autêntica. Olhando-os retratados e escrevendo os seus nomes não evoco o passado, anuncio o presente.
(Alerta-me o António Pais que é a Isabel e não a sua irmã Inês. As minhas desculpas a ambas mas mantenho tudo o que escrevi.)

LULA