Alegre e Sócrates
Vi que Alegre preconiza um programa político em que a ética republicana toma a dianteira. O problema desta atitude corajosa (nem outra coisa, dele, seria de esperar) é o de surgir de um candidato perdedor. Toda a campanha para a liderança socialista está condicionada pela "ideologia realista" da maioria dos dirigentes socialistas.A candidatura de Alegre é uma candidatura de contra-poder. A candidatura de Alegre, nos últimos tempos, é uma novidade na política portuguesa. Ferro também o foi mas a direita não lhe perdoou a independência face aos poderes fácticos.
Alegre tem a vantagem de não aspirar, de facto, a ganhar o PS. Afinal o papel desempenhado por Alegre, no PS, está mais próximo do papel desempenhado, no PSD, por Santana, antes de Sampaio lhe ter oferecido, de bandeja, o poder. Ser uma voz crítica e incómoda num partido acomodado.
No país o problema de Alegre é ser penalizado pela opinião pública, ao mesmo tempo, pelo seu papel na "contra-revolução" (efeito esquecimento) e por preconizar, ou mostrar abertura, a uma aliança à esquerda (efeito medo).
No fim Alegre preconiza aquilo que Sócrates não é capaz de defender mas que é capaz de fazer. A fraqueza de Sócrates é a sua força: não tem passado para esquecer, nem futuro para temer.
1 comentário:
É o post mais lúcido que vi sobre esta questão. E a última "estrofe" é de antologia. Mas pergunta-se, porquê? O Ps não quererá ganhar o poder, ganhando o país, ou melhor, fazendo ganhar o país? Ou só lhe basta ganhar o poder? Sem Ferro, não haveria alternativa credivel a José Sócrates? um abraço.
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