Li as entrevistas de David Justino. Entrevistas aos molhos. Muitas. Acerca do colapso na colocação dos professores. Percebe-se a sua preocupação. Diz que fala porque o silêncio é ensurdecedor. Aqueles que deveriam falar estiveram calados. É sintomático que insista sempre no mesmo ponto: os responsáveis pelo colapso foram outros. Os detalhes são de somenos importância. O que interessa é afastar a responsabilidade.
É um exercício desesperado que, por vezes, atinge o patético. Afirma-se solitário, mas não solidário. Afirma-se responsável político, mas não técnico. Assume a paternidade pela arquitectura global da política educativa, que desenvolveu, mas empurra para outros a responsabilidade pelos processos destinados a pô-la em prática.
Explicita, de forma consciente, fracturas profundas no seio do anterior governo. Nada que já não se soubesse. Mas desta vez as fracturas são assumidas por um protagonista dos acontecimentos. Afirma que precisou de 5 anos para se preparar para ser ministro da educação e diz compreender as dificuldades de quem tem de aprender a exercer o cargo “em exercício”. Marca assim a distância face à actual titular do cargo. No fundo confirma que a coligação PSD/PP nunca funcionou, nem funciona, na execução de políticas públicas essenciais. E envia um “aviso à navegação” para o interior do PSD.
Como diz Veiga Simão, numa estranha entrevista à Visão: ”Os partidos não são escolas de pensamento, são escolas de interesses”. Está tudo dito !
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