Castelo de Guimarães
Cerco de Guimarães por Afonso VII – Setembro ou Outubro de 1127. Primeiros actos de soberania de Afonso Henriques. (Cronologia).
O cerco de Guimarães “inspirou o episódio mais importante da célebre narrativa acerca dos feitos de Egas Moniz, redigida cerca de cento e cinquenta anos depois, segundo parece, pelo trovador João Soares Coelho, que se apresentava como trineto do “Aio”.
(…)
“É verdade que o papel atribuído ao infante na defesa de Guimarães, ainda antes da Batalha de São Mamede, coloca um problema histórico de grande importância. De facto, temos de admitir que, se houve resistência à demonstração de força de Afonso VII, e se a cidade foi defendida pelo infante naquela data, este devia agir em nome de D. Teresa. Por outro lado, se Afonso VII invadiu Portugal nessa ocasião, foi, decerto, na sequência do pacto provisório assinado em Ricobayo, isto é, para resolver o problema da submissão de D. Teresa, até ali deixado em suspenso.”
(…)
... o episódio do cerco de Guimarães tem um significado histórico muito importante. Em primeiro lugar, representa a primeira confrontação dos nobres de Entre Douro e Minho (…) com o rei de Leão e Castela, o que quer dizer que este passou a ter de defrontar o conjunto da nobreza regional portucalense. A questão da vassalagem do Condado Portucalense deixou, por isso, de se poder resolver só por meio de conversações com a rainha. Em segundo lugar, significa que, a partir dali, o infante passou a desempenhar um papel preponderante na evolução dos acontecimentos do condado. Em terceiro lugar, verifica-se que o problema da relação política do condado com o rei de Leão ficava, na prática, suspenso, pelo facto de a submissão vassálica ter sido prestada por quem não tinha autoridade para o fazer; mas a sua aceitação nestas condições significava também que Afonso VII se contentou com uma solução que salvava a honra das partes mas não resolvia o problema de fundo.
De facto, parece ser este último aspecto o que dá sentido histórico ao episódio a que o trovador João Soares Coelho deu forma literária, e que torna Egas Moniz o alegado protagonista de uma solução equívoca.”
(…)
“Se alguma relação existe entre a lenda e a realidade, é apenas a de que a submissão do infante na primeira confrontação com seu primo não foi definitiva. Não sabemos se o “Aio”, fosse ele quem fosse, desempenhou nisso algum papel.”
(…)
“A actuação de Afonso Henriques em Guimarães projectou-o para o centro dos acontecimentos mais importantes do ponto de vista político.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”O cerco de Guimarães””, pgs. 41/43. (12)
Cerco de Guimarães por Afonso VII – Setembro ou Outubro de 1127. Primeiros actos de soberania de Afonso Henriques. (Cronologia).
O cerco de Guimarães “inspirou o episódio mais importante da célebre narrativa acerca dos feitos de Egas Moniz, redigida cerca de cento e cinquenta anos depois, segundo parece, pelo trovador João Soares Coelho, que se apresentava como trineto do “Aio”.
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“É verdade que o papel atribuído ao infante na defesa de Guimarães, ainda antes da Batalha de São Mamede, coloca um problema histórico de grande importância. De facto, temos de admitir que, se houve resistência à demonstração de força de Afonso VII, e se a cidade foi defendida pelo infante naquela data, este devia agir em nome de D. Teresa. Por outro lado, se Afonso VII invadiu Portugal nessa ocasião, foi, decerto, na sequência do pacto provisório assinado em Ricobayo, isto é, para resolver o problema da submissão de D. Teresa, até ali deixado em suspenso.”
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... o episódio do cerco de Guimarães tem um significado histórico muito importante. Em primeiro lugar, representa a primeira confrontação dos nobres de Entre Douro e Minho (…) com o rei de Leão e Castela, o que quer dizer que este passou a ter de defrontar o conjunto da nobreza regional portucalense. A questão da vassalagem do Condado Portucalense deixou, por isso, de se poder resolver só por meio de conversações com a rainha. Em segundo lugar, significa que, a partir dali, o infante passou a desempenhar um papel preponderante na evolução dos acontecimentos do condado. Em terceiro lugar, verifica-se que o problema da relação política do condado com o rei de Leão ficava, na prática, suspenso, pelo facto de a submissão vassálica ter sido prestada por quem não tinha autoridade para o fazer; mas a sua aceitação nestas condições significava também que Afonso VII se contentou com uma solução que salvava a honra das partes mas não resolvia o problema de fundo.
De facto, parece ser este último aspecto o que dá sentido histórico ao episódio a que o trovador João Soares Coelho deu forma literária, e que torna Egas Moniz o alegado protagonista de uma solução equívoca.”
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“Se alguma relação existe entre a lenda e a realidade, é apenas a de que a submissão do infante na primeira confrontação com seu primo não foi definitiva. Não sabemos se o “Aio”, fosse ele quem fosse, desempenhou nisso algum papel.”
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“A actuação de Afonso Henriques em Guimarães projectou-o para o centro dos acontecimentos mais importantes do ponto de vista político.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”O cerco de Guimarães””, pgs. 41/43. (12)
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