sexta-feira, maio 2

“The show must go on”.


Eu não acredito na infalibilidade das sondagens. Elas fazem parte do jogo político. Estão por dentro e não por fora desse jogo. Esta surge num momento crítico para o PSD. O drama que ela confirma é o da erosão política da direita. Mesmo Cavaco sofre por ter pactuado com o estatuto de inimputável de Jardim. Só pode ser essa a explicação para a queda abrupta da sua popularidade.

O PSD corre o sério risco de entrar num beco sem saída. A sua implosão deixou de ser uma hipótese académica. As eleições directas para a presidência do partido podem agravar as divisões internas, aprofundando a crise de representação política da direita. Pois ninguém pense que o PS – como alguns vaticinam – se possa tornar numa espécie de Partido Institucional.

Realisticamente é possível conceber a sobrevivência do PSD, transitoriamente sob a direcção de Manuela Ferreira Leite, numa lógica de contenção de danos face às eleições de 2009, com o sacrifício da sua ala populista? Uma espécie de regresso ao PSD cavaquista?

Como pode Manuela Ferreira Leite credibilizar um programa, e um discurso político, alternativos ao PS de Sócrates sob o peso da coincidência das mesmas propostas programáticas? As desvantagens de Sócrates não são capitalizáveis por Manuela. As desvantagens de Manuela são capitalizáveis por Sócrates.

É um círculo vicioso, estrategicamente vantajoso para o PS, que só poderia ser quebrado por uma candidatura de ruptura, ou seja, por um candidato de direita, com um programa, ao mesmo tempo, inovador e respeitável e um discurso populista, género “português suave”. O drama é que esse candidato a primeiro-ministro não existe. Ou, pelo menos, não foi ainda revelado.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei, não.

talvez Pedro Passos coelho podesse ser essa pessoa, não para 2009, mas daqui por cinco anos e entretretanto ia fazendo a tarimba na oposição, onde se pena até mais não, seja qual for o partido que esteja nessa posição.