Fotografia de Hélder Gonçalves
À entrada do metro de Lisboa está o cobridor
de damas e cavalheiros
de pé e perna cruzada a coçar os testículos
e a fumar para o chão em escarros
pouco límpidos.
O metro pede que chova em cima
do cobridor
que encena a sua rábula cinéfila
e leva aos tomates uma estranha fome
de afecto
melancólica.
Já viajei de metro cobridor um ror de vezes
e eu próprio já supus
que nos meus testículos
o mundo vinha adormecer
com mãos suadas.
Às vezes trocávamos de papel,
cobertos éramos todos
por uma tristeza
severa
que o metro transporta no ar
irrespirável.
Hoje, tomates são de importação ou virtuais
e os cobridores
uma espécie em vias de extinção
na esquina fluorescente do dia descaído
na cabeça da noite que já nem dá para nada.
E sei que no Porto o metro vai ser a descoberto.
Armando Silva Carvalho
[Encontrei aqui uma variante.]
À entrada do metro de Lisboa está o cobridor
de damas e cavalheiros
de pé e perna cruzada a coçar os testículos
e a fumar para o chão em escarros
pouco límpidos.
O metro pede que chova em cima
do cobridor
que encena a sua rábula cinéfila
e leva aos tomates uma estranha fome
de afecto
melancólica.
Já viajei de metro cobridor um ror de vezes
e eu próprio já supus
que nos meus testículos
o mundo vinha adormecer
com mãos suadas.
Às vezes trocávamos de papel,
cobertos éramos todos
por uma tristeza
severa
que o metro transporta no ar
irrespirável.
Hoje, tomates são de importação ou virtuais
e os cobridores
uma espécie em vias de extinção
na esquina fluorescente do dia descaído
na cabeça da noite que já nem dá para nada.
E sei que no Porto o metro vai ser a descoberto.
Armando Silva Carvalho
[Encontrei aqui uma variante.]
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