terça-feira, fevereiro 6

CADERNOS DE CAMUS - SUBLINHADOS

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Prossigo com as ressonâncias dos meus sublinhados de juventude nos Cadernos de Camus. Esta é a ressonância de um post publicado em 3 de Fevereiro de 2004. Podem encontrar-se pequenas diferenças nos textos introdutórios mas que em nada influenciam os sublinhados pois esses estão mesmo marcados no próprio livro (e bem marcados).

Estes não são os derradeiros sublinhados no Caderno n.º5. O conjunto era demasiadamente longo e por essa razão dividi-o em duas partes. Como em anteriores excertos há casos de citações de citações. Tentei sempre ser o mais claro possível colocando-me do lado do leitor destas notas. Omito, nesta série de sublinhados, a transcrição de um excerto por ser demasiado extenso e apresentar uma configuração que não se enquadra neste formato. O Caderno n.º5, do volume Cadernos III (edição portuguesa), respeita ao período Setembro de1945/Abril de 1948:

“Palante diz com razão que se há uma verdade una e universal, a liberdade não tem razão de ser.”

“É como se fosse absolutamente necessário escolher entre o aviltamento e o castigo.”

“Mas ninguém é culpado absolutamente, não se pode pois condenar ninguém absolutamente I) aos olhos da sociedade 2) aos olhos do indivíduo.”

““Sócrates atingido por um pontapé. “Se um burro me tivesse batido iria porventura apresentar queixa?” (Diógenes Laércio, II, 2I)””

““Para Schopenhaurer: a existência objectiva das coisas, a sua “representação” é sempre agradável, ao passo que a existência subjectiva é sempre dor.
“Todas as coisas são belas à vista e terríveis no seu ser, donde a ilusão, tão corrente e que sempre me impressiona, da unidade exterior da vida dos outros.””

““Problema da transição. Deveria a Rússia passar pelo estádio da revolução burguesa e capitalista, como o exigia a lógica da história? Neste ponto só Tkatchev (com Netchaev e Bakunine) é o predecessor de Lénine. Marx e Engels eram mencheviques. Eles só tinham em vista a revolução burguesa futura.
As constantes discussões dos primeiros marxistas sobre a necessidade do desenvolvimento capitalista da Rússia e a sua tendência para acolherem esse desenvolvimento. Tikhomirov, velho membro do partido da vontade do povo, acusa-os de se fazerem “os paladinos das primeiras capitalizações.””

“Finalmente, á a vontade do proletariado que transforma o mundo. Há por conseguinte verdadeiramente no marxismo uma filosofia essencial que denuncia a mentira da objectivação e afirma o triunfo da actividade humana.”

“Em russo volia significa igualmente vontade e liberdade.”

“Lénine afirma a primazia do político sobre o económico (a despeito do marxismo).”

“Lucaks: O sentido revolucionário é o sentido da totalidade. Concepção do mundo total em que a teoria e a prática são identificadas.
Sentido religioso segundo Berdiaev.”
(Andava eu, certamente, a ler Lucaks)

Extractos, in “Cadernos” (1964-Editions Gallimard), tradução de António Ramos Rosa, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”, Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).
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