
Jean Ferrat
.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça

Impulsionado pelo dever do ofício estou a terminar a leitura atenta de um livro que já deveria ter lido, na íntegra, mais cedo. Não admira, pois sou tardio em tudo. O livro é “O banqueiro dos Pobres” de Muhammad Yunus. A descrição de uma experiência de luta contra a pobreza.


O sacrifício de Guillermo Fariñas tem feito com que desfile no meu pensamento um tema predilecto de Camus: “Revolta. Liberdade em relação à morte. Já não há outra liberdade possível em face da liberdade de matar além da liberdade de morrer, quer dizer, a supressão do medo da morte e a arrumação desse acidente na ordem das coisas naturais. Esforçar-me por isso.” (In Caderno nº5). 

Tenho para mim que vale pena dedicar hoje umas linhas ao Benfica de ontem e ao artífice do seu sucesso. Já repararam que no meio das intempéries das desgraças e das crises o futebol mesmo também em crise não pára. Ainda me lembro quando em Portugal os jogos se jogavam aos domingos à tarde libertos da tirania das receitas da TV e começavam todos, em simultâneo, sempre às 3 da tarde. Era um dos poucos exemplos nacionais de pontualidade uma herança que vinha das ilhas britânicas como o próprio jogo. Mas o Benfica de ontem à chuva confirmou uma expectativa que nos faz também regressar, tal como a pontualidade no horário dos jogos, aos velhos tempos. O Benfica pode mesmo vir a ser campeão mas desta vez a sua mais valia não é originária das colónias mas do mercado sul-americano. Já me tinha dado conta, apesar de todas as oscilações, mas é provável que o Benfica disponha entre os seus de um dos jogadores mais valiosos do futebol mundial: Angel di Maria. O futuro o dirá.
Fotografia daqui
O Sporting desta noite merece uma referência especial e um aplauso. Não sei se foi uma redenção ocasional ou o anúncio de uma fase positiva numa época tão conturbada. Ver-se-á no jogo seguinte com o F.C. Porto. Mas derrotar, de forma categórica, o Everton que derrotou recentemente os colossos do futebol inglês é obra.
É um facto incompreensível, ou talvez não, que a morte de um preso politico em Cuba, mereça tão pouca atenção em Portugal. É estranho. Será porque uma parte dos defensores da liberdade em Portugal são simpatizantes da ditadura em Cuba? Uma contradição? Coisa de somenos!Chafurdando nas sarjetas lutam, quase todos, pela sobrevivência económica a pretexto das ameaças à liberdade em Portugal. A condenação das verdadeiras tiranias é um pormenor deixado ao cuidado dos ingénuos! [Imagem daqui.]

O desastre natural na Madeira aplacou as fúrias políticas. Estamos todos de acordo em sair em socorro de uma parcela do país que sofre. O debate acerca do orçamento da Madeira foi levado na enxurrada. Ironia triste: logo após o carnaval o discurso da tragédia sobrepõe-se ao discurso da comédia. O dircurso da solidariedade sobrepõe-se ao discurso do confronto.

Obama não recuou e recebeu mesmo Dalai Lama na Casa Branca: The President met this morning at the White House with His Holiness the XIV Dalai Lama.
Rita Bernstein
Fui ao cinema num dia frio em boa companhia. Não é banal, nos dias de hoje, ir ao cinema. Ir ao cinema é um reencontro com a magia daqueles que são capazes de inventar um olhar sobre eles próprios, os outros e o mundo. Mesmo quando só mediano Woody Allen é um criador que cumpre com a missão do criador verdadeiro: educar divertindo. Por isso sou um fiel admirador do seu cinema. 
Hiroyasu Matsui
Fotografia de Hélder Gonçalves